Bordões/Jargões – O estilo incomparável nas narrações esportivas

Ah, os bordões… Cada locutor cria os seus ou melhora outros.
Assim, temos narrações do lugar comum ao criativo, que se consagra junto a torcida.
Afinal, a falta de imagem obriga ao preenchimento da imaginação com a fala, o que não é para qualquer um. Assim, um bom locutor radiofônico tem que ser, também, bom de papo, criativo e rápido de raciocínio, recursos indispensáveis para manter a assistência ligada, sobretudo quando o jogo está entediante. Aí vale prosa, poesia, anedota..
Os jargões criativos, foram capazes de ditar moda entre os amantes do
futebol e deixaram inúmeros discípulos. Abaixo alguns radialistas famosos do Rio e de São Paulo e seus bordões:

VALDIR AMARAL – O relóóógio maarcaaa….
Quando alguém ia bater uma falta, o Waldir narrava assim: o
visual é bom! Tem bala na agulha o Roberto Dinamite! Apontou atirou e é gol. Depois que saía o gol, ele continuava: choveu na horta do Vascão, Roberto! Dez é a camisa dele! Indivíduo competente o Roberto! Tem peixe na rede do São Cristóvão.
JORGE CURI – teeeeeempo e placaaaarr no maaaiooorrr do muuuuundoooo!!!
MARIO VIANNA – o comentarista de arbitragem que, por sua vez, dizia:
gooooool legal. Sou Mário Vianna com dois enes.
Quando o Juiz invertia uma marcação e Mário Vianna era solicitado pelo
narrador para opinar, ele urrava pelo microfone da rádio Globo:
Errrrrrrroooooooouuuu!Errrrrrrroooooooouuuu!
Se algum árbitro apitasse mal uma partida, Mário Vianna
dizia: “hoje este juiz vai comer carne de pescoço”. Sem esquecer que,
quando havia um impedimento, Vianna gritava na cabine da Globo: banheira!.
Fora do contexto, uma história sobre Mário Vianna. Ele era forte como um touro e pertencia a Polícia Especial, que foi extinta e era conhecida pela violência. Quando atuava como Juiz ao terminar uma arbitragem desastrosa, favorecendo ao Botafogo (diziam que era o clube para quem torcia) alguém foi avisá-lo: Mário não saia agora do vestiário, a torcida está enfurecida aí fora a sua espera, no que Mário respondeu: Pois bem, avise a torcida que ela é que tem de se preocupar porque daqui a pouco eu vou sair!
DOALCEI CAMARGO – Lá vem Zico, disparooooooouuu… É gooolll!!!!
ODUVALDO COZZI – para o então reporter que ficava atrás do gol:Fala ô Valdir.
CELSO GARCIA -com o seu famoso bordão: atenção garoto do placar do
Maracanã coloque um para o Vasco, zero para o São Cristovão.

FIORI GIGLIOTTI – Uma das lendas do rádio esportivo brasileiro, abria
suas
transmissões com o bordão: ‘Abrem-se as cortinas do espetáculo. ’Fiori pode ter sido o maior narrador de gols de Pelé, e a narração característica era: Atenção, desce Pelé , é fogo……goooool, uma beleeeeeza de goooool torcida brasileira.
PEDRO LUIS – fez sucesso narrando na Copa do Mundo: “É fabuloso este futebol brasileiro. Quantas vitórias consegue pelos gramados do mundo.” Conseguia com poucas palavras vislumbrar o panorama da jogada. Pedro Luiz, foi altivo, narrou normalmente a derrota do Brasil na copa de 1950 sem deixar transparecer nada. Elogiou os uruguaios legítimos campeões.
OSMAR SANTOS – Extremamente ágil e tecnicamente perfeito nas narrações, ganhou notoriedade pelos jargões que caíam facilmente na boca do povo, tais como ‘ripa na chulipa e pimba na gorduchinha’, ‘é lá que a menina mora’, ‘é fogo no boné do guarda’, ‘pisou no tomate’ e ‘bambeou mas não caiu’. Sem falar, é claro, do inesquecível ‘iiiiiiii que golllllllllllllllll’, a cada vez que a bola balançava as redes. No auge, chegava a pronunciar 100 palavras por minuto sem engasgar nenhuma vez. A dramaticidade que impunha a cada lance era capaz de prender o ouvinte durante a partida inteira.
EDSON LEITE – O meu cronômetro marrrrrca….1o tempo..1 x 0…o Palmeiras vence.
Bola com Dorval, que passa para Pelé que atira para o
arrrrrco….seguuuuura Valdir.
Os famosos Jose Carlos Araujo e Jose Silverio não estão aqui relacionados porque estão em evidência.
Gilberto Maluf

4 pensou em “Bordões/Jargões – O estilo incomparável nas narrações esportivas

  1. Antonio a. Folador

    José Geraldo de Almeida falava, após a narrativa de um gol: BOTA NO MEIO ARMAAANDO !! Grandes narradores.!

  2. Botelho Pinto Durão

    Esqueceram do segundo bordão do Airton Rebelo, que era mais interessante dq o que foi colocado aí.
    Qdo o time sofria o gol, ele zoava o goleiro, dizendo:
    “Não adianta chorar, Leão… A nêga tá lá dentro!!!”

  3. Marcos Falcon

    São 0,11hoas da madrugada de terça feira, e eu sem sono aida estou aqui e por felicidade pude ler este artigo.
    Gilberto.
    Sem comentário ótimo é pouco.
    O futebol é tudo isto, torncedor, juiz, narrador e não apenas jogadores.
    Este blog a cada dia fica melhor e motiva a visitação.
    Abraços.
    Marcos Falcon

  4. Walter Iris

    Gilberto.
    Lembro-me também dos locutares abaixo e seus bordões:
    ANTONIO PORTO – Bola pro mato que o jogo é de campeonato.

    AYRTON REBELO – Ora, ora, ora, prá fora.

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