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1913-1930
Não há registros precisos de como surgiu o futebol em Pouso Alegre. O esporte ainda engatinhava no país e era praticado quase que exclusivamente nas escolas, por garotos da classe média. Os imigrantes tiveram papel importante nesta história, trazendo para o Brasil a novidade do esporte que já se espalhava pela Europa. Em Pouso Alegre, o Ginásio São José – atual Colégio São José, fundado pelos padres pavonianos em 1899 – lançou a semente do futebol na cidade, organizando os primeiros times que se tem notícia. Osiogos, disputados apenas entre os alunos do educandário, foram o pontapé inicial para o surgimento do futebol nas terras do Mandu. O marco, contudo, foi a fundação do Pouso Alegre Futebol Clube, em 1913.
Já um esporte bastante popular, o futebol começava a ultrapassar as fronteiras do Ginásio. Um grupo de rapazes se reunia para animadas peladas no campinho de terrra batida, ao lado do Matadouro, perto da linha do trem. Os treinos aconteciam, geralmente, entre sete e oito horas da manhã, pois muitos trabalhavam. Um dia, eles decidiram formar um time e batizá-lo com o nome da cidade. Nascia, em 15 de novembro de 1913, o Pouso Alegre Football Club. A reunião aconteceu na casa de Alfredo Ennes Baganha, que logo foi escolhido como o primeiro presidente do rubro-negro. Ele, juntamente com seus companheiros – João Dantas, Porfírio Ribeiro de Andrade, Pedro Cunha, Eduardo Gouveia, Alfredo Agueda e Pedro Narciso começavam a escrever a história do futebol pouso-alegrense. Ao mesmo tempo outras equipes foram se formando, aumentando consideravelmente o número de praticantes, em toda a região. Por volta de 1920, surgia o primeiro jornal especializado daquela época, o Sport. Os times mais destacados eram o Comercial e o 8º RAM (atual 14º GAC). Nos primeiros tempos o futebol local viveu uma fase de incertezas e era difícil um clube permanecer em atividade por muito tempo. E isto aconteceu também com o PAFC, que caiu no ostracismo por vários anos.
Em 1928 o rubro-negro voltou com força total. Amparado por um grupo de incansáveis diretores, conquistou a sua maior glória, até então. No dia 28 de setembro, reunidos no Fórum local, Alfredo Baganha e José Nunes Rebello, entre outros representantes do PAFC, foi lavrada a ata de compra de um terreno, localizado à rua Comendador José Garcia, por oito contos de réis. Ali seria construído o futuro estádio, um sonho que vinha sendo acalentado há muitos anos. Segundo José Rebello, único remanescente daquela época, o PAFC passou uma lista entre os comerciantes da cidade, cujo montante chegou a seis contos de réis. O resto da dívida foi paga com o empréstimo conseguido junto ao Banco da Lavoura, em promissórias assinadas pelo próprio José Rebello. O PAFC enfim ganhava a sua “casa”, e os jogadores do time se encarregaram de transformar o terreno em um campo de futebol.
1931-1947
O estádio ainda nem estava totalmente pronto, quando os times de São Paulo começaram a descobrir Pouso Alegre. Por aqui desfilaram o Guarani e a Ponte Preta, de Campinas, e o Ypiranga, do formidável Ministrinho, atleta da Seleção Brasileira. Este jogo mexeu com a cidade. O PAFC recebeu o hóspede ilustre, mas não fez cerimônia: venceu, no domingo, por 2×0 e como os paulistas não se conformaram com o resultado adverso, pediram revanche. Na segunda-feira, novo combate, que terminou em 2×2. O PAFC ostentava um time de respeito: Nunes; Lau e Néco; Reis, Alfredo e Miquiça; Jovita, Chiquinho, Câncio, Orlando e Rebello. Outros grandes jogadores daquela época também vestiram a camisa rubro-negra, como lzidorinho Tibúrcio, Hélcias Rocha, Guido Boschi, Braguinha, Tagué, Zé Lima e Lelé Beraldo.
Começavam também os torneios intermunicipais, com equipes de Itajubá, Santa Rita do Sapucaí, Paraisópolis e Ouro Fino. As delegações se deslocavam nos trens da Rede Mineira, e a chegada dos times nas estaçõe provocavam um grande alvoroço nas cidades.
No final da década de 40, mais precisamente em 1947, nascia a Liga Esportiva Municipal de Amadores (LEMA), que teve como primeiro presidente Pardal Vilhena de Alcântara. Os campeonatos, então, passaram a ser promovidos pela entidade, que disciplinou o futebol em Pouso Alegre. O primeiro campeão municipal, pela Liga, foi o Botafogo. No ano seguinte a cidade comemorava o seu centenário de emancipação e um grande torneio foi realizado para marcar esta data. Vieram jogadores até do Rio de Janeiro, trazidos pelo times mais fortes financeiramente. Foi um ano de ouro para o futebol local, como atesta Expedito Kersul, o Mineirinho, que guarda até hoje fotos daqueles tempos. Numa delas, figura o grande goleiro Castilho, do Fluminense e da Seleção, que um dia jogou em Pouso Alegre. Entre os maiores jogadores da cidade estavam Dandão Rosa, Jaime Gaguinho, Jaime Tranchã, Nati, João Píffer, Pedro Cunha (que mais tarde formou-se em odontologia).
1948-1960
Com a criação da Liga, o futebol pousoalegrense ganhou um impulso fenomenal. Havia dois campos em excelentes condições – o do PAFC e o do 14º GAC – onde se realizavam as partidas do campeonato, atraindo enorme platéia. Os times contavam com reforços das cidades vizinhas e as equipes mais tradicionais eram o Palmeiras (presidido por José Almeida de Castro – Zé Ferro), Vasco da Gama (Celso Gama de Paiva), Botafogo (João Rossi), Flamengo (José Correia Borges), Fluminense (Anardino Lima), São Paulo (Alberto de Barros Cobra, o Pinto Cobra), Ponte Preta (Fausto Pompeu) e Bangu (Abel Teodoro Almeida). Entre todos, o único que permanece em atividade é o Bangu, do bairro São Geraldo, que foi fundado em 1954.
Com o PAFC em recesso, na década de 50, coube à Liga administrar o Estádio da Comendador, o que se convencionou a chamá-lo de “Estádio da Lema”. Na presidência da entidade se revezaram José Torres (1934-54), Augusto César de Vasconcelos (1954) e Benedito de Souza (1955-60). Começaram também as obras de amplicação do Estádio, com a construção dos primeiros lances de arquibancada e a mureta que cerca o gramado.
Na década de 60, Aguinaldo Falcão assumiu, em dezembro de 61, a presidência da Liga e iniciou um período de prosperidade no futebol, com a valorização dos campeonatos locais e regionais . Outros campos serviam como opção para jogos de menor porte, como os do Bangu e do Madureira, ambos no São Geraldo. Os torneios reuniam equipes fortíssimas e os títulos ficaram como Palmeiras, em 60 e São Paulo, em 6 1. Mas, um deles se revelou altamente competitivo: o Rodoviário, tricampeão em 62, 63 e 64, que ostentava em sua defesa ninguém menos que o vigoroso Grapete, que mais tarde brilharia no Atlético Mineiro. O time, treinado por Zé Ferro, tinha ainda Edemir, Morais, Edmundo, Tista Costa (atual presidente do Clube Literário), Dayze e Airton. Em 1965, o título passou para as mãos do Veteranos; em 66/67 o Flamengo foi bicampeão; em 68 foi a vez do Cruzeiro e em 69 o Manchester levou o troféu. Durante toda a década pessoas de prestígio em Pouso Algre fizeram parte da diretoria, entre elas João Batista Rosa (orador oficial em 63), Francisco Marino Modesto (secretário em 64), Ângelo Guersoni (consultor jurídico em 61 ) e Ideísio Dantas (diretor social em 60), além de Orfeu Butti, Alberto de Barros Cobra e Urias José de Andrade.
Contudo o nascimento do PAFC para o futebol profissional marcou definitivamente esta década. Em 1967, o rubro-negro disputou a 2ª Divisão Mineira, conquistando o título Chave Sul – e estaria qualificado para as finais do campeonato, com mais cinco equipes – mas perdeu a vaga nos tribunais, por incluir na equipe um atleta em condição irregular. Desmotivado, o time foi mal, sendo eliminado na segunda fase do certame. Atolado em dívidas, fechou para balanço no profissionalismo, só retomando em 1982. No final dos anos 60 outro craque despontou no futebol local, transferindo-se também para o Atlético, o habilidosíssii-no Adãozinho, de tão curta carreira no Galo mineiro.
O fechamento do PAFC acarretou um problema enorme na cidade. A Liga viveu um período dificil co desânimo era geral. A entidade não conseguiu se manter de pé e também sucumbiu, encerrando suas atividades por falta de alguém que se dispusesse a comandá-la. Persistentes, os clubes passaram a organizar os seus campeonatos, no campo do Vasquinho (onde hoje está instalado o Terminal Rodoviário). No final da década de 70, a coqueluche eram os torneios regionais disputados na Lema, e que contavam com jogadores consagrados dos clubes paulistas. A rivalidade entre Pouso Alegre e Borda da Mata se acentuava quando aqui jogavam o Botafogo e o XV de Novembro contra o Mercantil. Jorge Mendonça, Neto, Oscar, Polozzi, Odirlei, Estêvão frequentemente desfilavam pelo gramado da Comendador. Zé Carlos “Espoleta” (revelado nos campinhos da nossa várzea, conquistava o título de campeão paulista com o Santos e iniciava sua trajetória vitoriosa no mundo do futebol. Atualmente, trabalha como treinador no Japão. Surgia, nessa época, uma nova geração no futebol pouso-alegrense (Paulo da Pinta, Betão, Hermínio, Juninho Coldibelli, Amarildo, Silvano) que levariam o nome do PAFC além fronteiras, no começo dos anos 80.
1982-1998
Graças ao trabalho de um empresário amante do futebol e que acreditou no potencial da região, o PAFC voltava ao cenário esportivo. Um grupo de pessoas competentes – Carpinetti, Pinguim, Agostinho, Emani Braga, Gabriel Contrucci dos Santos, Paulo Roberto, Aguinaldo Falcão reativou a Liga e deu força aos torneios municipais, servindo de base para o fortalecimento do PAFC. Em 1983, ainda como time amador, o rubro-negro foi campeão da Copa Sul Mineira, com uma equipe formada sómente por jogadores da cidade. Melhor, conquistou também o seu maior troféu até hoje, o de Campeão Amador do Estado de Minas Gerais, contra mais de 30 cidades concorrentes. A decisão, histórica e inesquecível, foi em Curvelo.O goleiro Juninho, em tarde inspirada, defendeu dois penaltis e levou a cidade ao delírio. A comemoração varou a madrugada de domingo e os jogadores foram recebidos como heróis. Em 1984, o PAFC se profissionalizou novamente, para retornar à Segunda Divisão estadual. Poderia ter alcançado o acesso já na primeira temporada, não fossem os dois penaltis (desperdiçados por Vandinho, contra Fabril e XV de Uberlândia, nos confrontos da fase decisiva. Em 1985 e 86, as boas campanhas foram repetidas, mas o acesso só veio mesmo em 1988. A última partida do campeonato – “a batalha de Três Corações” – não chegou ao seu final e os pontos do jogo, em favor do PAFC, só foram confirmados meses depois, pelo Tribunal da CBF.
Em 1990, o PAFC realizava o seu maior feito no futebol profissional. Disputando o campeonato da Primeira Divisão, com 18 equipes, atingiu a quinta colocação, com um time que jamais será esquecido: Paulo César; Edvaldo, Cesar, Zigomar e Nonato; Alcinei, Paulo da Pinta e Fernando Baiano; Heleno, Carlão e Anderson. No dia 25 de março, jogando a primeira vez no Mineirão, presenteou o Atlético, que comemorava 82 anos de fundação, com uma atuação soberba, derrotando o Galo por 2 a 1. Mas, o Clube não tinha estrutura para manter o elenco supervalorizado e foi se desfazendo de seus melhores atletas. Nos anos seguintes, o time perdeu pouco a pouco a sua identidade com a torcida e nunca mais esteve no pelotão de frente do futebol mineiro. Despencou para o Módulo II – a Segunda Divisão – em 1984 e a cada ano renova o sonho voltar à Primeirona.
No âmbito amador, os campeonatos locais, a partir da reativação da Liga em 1984, passaram por uma total reformulação. Os certames foram crescendo, abrangendo cada vez mais bairros da cidade e área rural, à medida que novos clubes surgiam e se filiavam à entidade. Os torneios com as categorias de base, antes pouco valorizados, ganharam importância fundamental. Vários jogadores foram revelados para o PAFC – Alessandro, Gélo, Fabrício, Valmir e muitos outros. Hoje, a Liga Esportiva de Pouso Alegre presta um serviço mais que social e de entretenimento: realiza cerca de 15 campeonatos por ano, desde o fraldinha, garotos de 10/11 anos, até os atletas mais veteranos, acima dos 34 anos, além do futebol feminino, uma novidade introduzida este ano com resultados animadores. Mais de 30 clubes são filiados, abrangendo um universo de mais de três mil atletas inscritos.
Em 1996, o então prefeito, João Batista Rosa, inaugura o Estádio Manduzão, com capacidade para 30 mil pessoas, considerado o 3º maior estádio de futebol de Minas Gerais.
Fonte:Donizeti Barbosa