Foi uma festa a primeira partida de futebol
A banda tocou durante o primeiro jogo oficial de futebol em São José do Rio Pardo. Depois da partida, o time pagou um copo de cerveja aos presentes no Club Recreativo Riopardense.
O assassinato de Euclides da Cunha, em 15 de agosto de 1909, abalou profundamente a cidade onde fizera amigos e era considerado uma glória municipal pela reconstrução da Ponte Metálica e pela publicação do livro “Os Sertões”, grande parte escrito em São José do Rio Pardo.
No fim desse ano, vários jovens rio-pardenses sonhavam em criar uma sociedade esportiva, o que se concretizou em meados de janeiro de 1910, quando fundaram o Club Foot-Ball, cuja diretoria ficou assim constituída: presidente – Guilherme Kulhmann, diretor do Grupo Escolar Dr. Cândido Rodrigues; secretário – Pedro Isaac de Souza; tesoureiro – Dr. Costa Júnior e diretor esportivo Eurico Cruz. (1)
Em março já estava escolhido o nome do clube: Sport Clube Euclides da Cunha em homenagem ao saudoso escritor.
Os primeiros treinos foram realizados no campinho do Largo do Grupo Escolar, atual Praça Barão do Rio Branco.
O entusiasmo dos esportistas logo propiciou a formação de dois times — o vermelho e o branco — sendo titulares Melchior do Amaral Mello (capitão), Arlindo Juliani, Totó Freire, Joaquim Nogueira, Paulo Corrêa, Orlando Peixoto, Caetano Caruso, Orlando de Lima, Euclides de Souza, Jacinto Parisi e Sílvio Nogueira. Os reservas eram Samuel Mendes (capitão), Calimério, Braghetta, Destro, Cobra, Marçal, Perrela, Fernando, Oswaldo, Vitório, Lídio, Umberto e Geraldo.
O Sport construiu seu campo no Parque da Caixa d’Água, no local onde hoje está a Estação Central e estacionamento do Hospital.
A grande área do parque foi urbanizada pelo prefeito João Baptista Moreira de Souza, em terreno cedido por Honório Luís Dias que também foi o benemérito doador do terreno para a construção da Santa Casa de Misericórdia, atual Educandário São José, conforme escritura de 2 de agosto de 1907. (2)
Outras contribuições recebidas para a construção do campo foram: a renda de um espetáculo cinematográfico no Theatro São José, oferecido por Eurico Cruz e Empresa Gaumont, as primeiras mensalidades pagas pelos sócios esportistas, além de uma doação importante — a bola — oferecida por José Estevão, da Casa Flora Brasileira.
A festa da inauguração do pequeno estádio realizou-se no dia 22 de maio de 1910 quando, ao som da banda do Grêmio Musical Riopardense (3), ocorreu o jogo do time branco contra o vermelho, vencendo este por 3 a 0.
Ao fim, as duas equipes e o público, à frente da banda do Grêmio, seguiram para o Club Recreativo Riopardense, onde o “team vencedor ofereceu um copo de cerveja às pessoas presentes”. Com a excursão de 18 de junho a Mococa assinala-se o primeiro encontro sério com um time de outra cidade. “Houve empate de 0 a 0. Voltaram encantados”, escreveu o cronista de “O Rio Pardo”. (4)
ANOTAÇÕES
(1) Pedro Isaac de Souza, Valêncio Bulcão e outros euclidianos participaram da primeira Romaria à cabana, em 15 de agosto de 1912; Eurico Cruz foi o fundador da primeira empresa rio-pardense de cinema ao inaugurar, em 1909, uma sala fixa de projeções cinematográficas no Theatro São José.
(2) Em 1935 a Santa Casa permutou o prédio e o terreno do antigo hospital como Asilo de Orfãos por um prédio na rua Benjamin Constant, que havia sido doado pelo coronel Oliveiros Fernandes Pinheiro.
(3) O Grêmio Musical Riopardense foi criado em 1910, sendo professores de música Melchior Amaral de Mello e Valêncio Bulcão, o qual, além de músico, compositor e regente de banda, foi jornalista. Em 1910, era proprietário do jornal “O Rio Pardo”.
4) O Club Recreativo Riopardense foi fundado em setembro de 1901. Em 1909 sua sede era na Francisco Glicério.
RECORTE
“O Sport Club Euclydes da Cunha foi a primeira associação esportiva fundada nesta cidade, graças aos esforços do inteligente moço professor Melchior do Amaral Mello. O comerciante José Estevão, proprietário da Casa Flora Brasileira, ofereceu a primeira bola. Começaram os treinos no largo do Grupo Escolar. Depois, o coronel Honório Dias cedeu um terreno pegado à Caixa d’Água, lugar onde está construída em parte a nova Santa Casa. Por meio de subscrições, foi angariada, em poucos dias, a soma necessária para construção do campo. Inaugurou-se com grande assistência (não se pagava), jogando o primeiro contra o segundo quadro. O nosso clube não conheceu o prazer de uma vitória, pois em todos os encontros, ou empatava ou perdia, quer no seu como nos campos dos adversários. Perdeu para Casa Branca em diversos jogos e para Mococa em alguns, empatando em outros”. (Joaquim Nogueira em entrevista a Fausto Prado Olyntho para a revista “Colméia”, 1930).
Antigo time de futebol dos anos 1930. Em pé, Adhemar de Almeida, os três seguintes não identificados e Leonardo Trovatto. Agachados: Bicudo (Pomeranzi), não identificado, Waldemar Poggio, José Ary Ribeiro (Zé Gato) e José Aguiar.
Fonte: Cidade Livre do Rio Pardo
excelente texto, toninho! tenho, em meu catalogo, data de fundação de varios clubes da cidade. se quiser, posso lhe enviar.