ARTIGO DA SEMANA N°28/2009 Um tipo de TerceiroTempo

Ao postar no site São Paulo Minha Cidade qual o maior sacrifício que eu fiz para ir a um estádio de futebol, as respostas e comentários foram diversos e de pessoas que viveram o futebol nos anos 50, lembrando de fatos e jogadas como se fosse hoje.
Segue o resumo da rodada de um domingo, encaminhado pelo historiador Mario Lopomo, um tipo de terceiro tempo.

PORTUGUESA 7 X 3 CORINTHIANS

No dia 25 de novembro de 1951, na certa foi inesquecível tanto para Corinthians como para Portuguesa de Desportos. O placar de 7 x 3, ficou marcado como uma mancha negra na historia do clube do Parque São Jorge.

O Corinthians estava a poucas rodadas para se tornar o campeão daquele ano. Tinha um retrospecto formidável naquele campeonato paulista. Faltando três rodadas tinha o melhor ataque com 74 gols, o Artilheiro, Carbone com 26 gols, tinha feito a maior goleada contra o Comercial da capital, por 9 x 2. Era também o campeão de público e renda.

O jogo estava marcado para as 16 horas. O portão do estádio do Pacaembu foi aberto as 13h30min. Chovia muito e os diretores da Portuguesa queriam adiar o jogo para quarta feira. Também tinha um motivo. Julio Botelho (Julinho) estava lesionado e seria bom para que ele não jogasse com o tornozelo dolorido. Julinho tinha passado o sábado e domingo pela manhã fazendo compressas com gelo. O presidente da federação paulista era contra a transferência da partida, mas estava à espera de um comum acordo das duas diretorias. O presidente do S.C. Corinthians Paulista , Alfredo Ignacio Trindade, foi contra o adiamento da partida, e ainda ironizou: O Corinthians é um time lameiro e tinha mais chance de ganhar o jogo.

Sendo assim o técnico da Portuguesa Osvaldo Brandão, mandou comprar uma garrafa de conhaque Macieira, um dos melhores da época, segundo ele para os jogadores não pegar uma gripe.

O jogo começou e já se via o que ia acontecer. A defesa do Corinthians estava num dia que ninguém se entendia. Nenhum jogador de defesa sabia marcar o jogador que estava sobre sua responsabilidade de marcação. O enorme buraco na defesa corinthiana chamou a atenção do técnico Osvaldo Brandão, que adiantou Julinho, e recuou um pouco Renato, que trazia para fora da área, Alfredo e Julião, sendo autor de vários lançamentos em que o veloz ponteiro luso que estava com o “diabo” no corpo e se aproveitou marcando inclusive quatro gols dos sete conquistados alem de colaborar com outros.

Já no primeiro tempo a Portuguesa vencia por 3 x 1. O primeiro gol saiu aos 35 minutos com Simão centrando e Gilmar quando passou de um lado para outro caiu, e Julinho sozinho marcou de cabeça. Dois minutos depois Simão encobriu Touguinha, dando a Nininho este entrou na área e chutou e o zagueiro Murilo ainda tirou a bola com a mão. Mas Pinga que vinha na corrida chutou para as redes. O juiz acertou em não marcar o pênalti, validando o gol. Aos 43 Cláudio cobrou um escanteio atrasando a Idario este atirou forte rasteiro contra o gol, Carbone e Luisinho deixaram a bola passar. Muca tendo a visão encoberta nada pode fazer. Aos 44 minutos e meio Simão recebeu um passe, toda a defesa corinthiana correu para o lado esquerdo. O ponteiro esquerdo luso viu Pinga completamente a vontade que de cabeça marcou, 3 x 1. No segundo tempo logo aos 11 minutos, Julinho deu a Nininho, que avançou vencendo a defesa corinthiana chutando sem defesa para Gilmar. Aos 18 minutos Baltazar deixou passar um centro de Touguinha e Carbone de cabeça na pequena área marcou. Aos 30 minutos Pinga atirou Gilmar defendeu e largou, Murilo aliviou e a bola foi para Pinga que cruzou baixo e Julinho só teve o trabalho de mandar para as redes. Aos 37 minutos Simão cobrou um escanteio, Gilmar rebateu e Julinho de cabeça marcou outra vez. Um minuto depois Cláudio atirou, Nena rechaçou e Carbone entrou no meio e marcou o terceiro gol corinthiano. No ultimo minuto a Portuguesa marcou mais um tento. Djalma Santos cruzou e Julinho de cabeça marcou no canto esquerdo.

O Corinthians jogou com. Gilmar, Murilo e Alfredo, Idario Touguinha e Julião. Cláudio, Luisinho, Baltazar, Carbone e Mario.

Potuguesa: Muca, Nena e Noronha, Djalma Santos, Brandaõzinho e Ceci. Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão. Tecnico Oswaldo Brandão –

O arbitro da partida foi José de Moura Leite que teve um trabalho cheio de falhas a dano dos dois clubes. Felizmente a contagem não deixa duvidas quanto à superioridade da Portuguesa. A renda foi de 693. 700,00.

A derrota de 7 x 3, frente à Portuguesa foi agravada pelo diretor do Corinthians Manuel dos Santos que agrediu o cronista esportivo Raul Tabajara, quando este dava suas impressões do primeiro tempo da partida elogiando naturalmente os lusos que tiveram melhor desempenho nessa fase.

Destituído dos princípios comezinhos de educação esportiva investiu contra o cronista esportivo desferindo vários golpes de guarda chuva. A diretoria da ACEESP, cobrou do presidente Alfredo Ignácio Trindade, atitude enérgica contra o dirigente.

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A situação do campeonato paulista de 1951 por pontos perdidos estava assim, 1º)Corinthians 5 . 2º) Portuguesa 7, 3º) Palmeiras 9, 4º) São Paulo 11, 5º)Santos 12, 6º)Juventus e XV de Piracicaba 22, 7º) Ponte preta 23, 8º)Portuguesa Santista e Radium 24, 9º)Guarani 25, 10º)Comercial 26, 11º)Ipiranga e Nacional 28, e 12º)Jabaquara 30.

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Em Campinas o São Paulo perdia do Guarani por 2 x 0, com dois gols de penalidade máxima. Guarani: Dirceu, Nenê e Edmundo. Godê, Santo Antonio e Gambá. Dido, Augusto, Romeu, Piolim e Maurinho.

São Paulo Mario, Turcão e Mauro. Bauer, Alfredo e Dino.Alcino, Luis Rosa, Durval, Remo e Lafaiete.

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No Rio de Janeiro o FLA – FLU, teve a vitória do Fluminense por 1 x 0.

Fluminense: Castilho, Pindaro e Pinheiro. Victor. Edsom e Lafaiete. Telê, Orlando, Calyle, Didi e Quincas.

Flamengo: Garcia, Biguá e Pavão. Bria, Dequinha e Bigode. Joel, Hermes Aloísio, Rubens e Esquerdinha.

Gol de Orlando.

Juiz: Alberto da Gama Malcher.

Renda de 1. 139.801,00

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