Duelos de ” Gente Grande “

Jair Marinho x Paraná
Caçapava x Serginho Chulapa

Nos meus 58 anos de idade, no que se refere ao futebol, foram 45 anos em São Paulo e 5 anos no Rio de Janeiro. E nestes anos todos acompanhei alguns duelos entre atacante x defensor que saiam ” lascas ” .

JAIR MARINHO X PARANÁ
Jair Marinho:
Ao ver um Gordini Willys, automovel do início dos anos 60, lembrei-me de Jair Marinho lateral direito do Fluminense que foi comprado pelo Corinthians na época.
Ele ficou tão contente que montou no seu Gordini e fez a viagem pela Dutra em 5 horas até São Paulo no seu possante. Foi o que falou à reportagem ( Gozado como tem coisas que a gente nunca esquece ).
Jair Marinho, foi lateral-direito do Fluminense, Corinthians, Portuguesa de Desportos e campeão do mundo pela Seleção Brasileira no Chile, em 1962, como reserva de Djalma Santos.
Daí surgiu a idéia de narrar um pouco destes confrontos.
[img:Nair__Felix_e_Jair_Marinho.jpg,resized,vazio]
Paraná:
Paraná, que protagonizou duelos com Jair Marinho, após aparecer para o futebol no São Bento, em 1964 foi negociado com o São Paulo FC, onde jogou até 1972. Em 1966, disputou a Copa da Inglaterra pela Seleção Brasileira.
No Tricolor, Paraná foi vice-campeão paulista em 1967, bi-campeão paulista em 70 e 71 e colecionou elogios de toda a imprensa paulista.
[img:Djalma_Santos_e_Paran__.jpg,resized,vazio]
Djalma Santos e Paraná, no Pacaembu, em 1965. O mascote loirinho e “zaroinho” é hoje jornalista esportivo. Trata-se de Mauro Beting
Foto histórica do Paraná
[img:S__o_Bento_com_Paran__.jpg,thumb,vazio]
O São Bento em 1961 no estádio Humberto Reale, que já não existe mais. Em pé estão Gibe, Paulinho, Atílio, Julião, Salvador, Ceci e o massagista Navarro; agachados vemos Paraná, Raimundinho, Picolé, Mickey e Bazaninho

O DUELO
Pois bem, Paraná e Jair Marinho eram fortes e raçudos e não levavam desaforo para casa. Vou dizer uma coisa, se você estivesse vendo o jogo do alambrado ficaria assustado com as divididas que eles davam. Os cronistas da época falavam que era suicídio entrar numa dividida daquelas.
Mas nunca machucaram um ao outro, somente foram expulsos algumas vezes.
Sobre a seleção de 1966 que Paraná participou, os saudosos Geraldo Bretas e Mario Moraes falavam que Paraná nunca foi craque, mas jamais afinou , sendo um bravo num grupo desunido e pipoqueiro.

CAÇAPAVA X SERGINHO CHULAPA
Caçapava:
Nascido no dia 26 de dezembro de 1954, em Caçapava do Sul (RS), Caçapava, depois do Internacional atuou no Corinthians (fez 148 jogos e marcou 5 gols), Palmeiras, Vila Nova de Goiás, Novo Hamburgo (84), Ceará (84 e 85) e Fortaleza (86 e 87) e foi algumas vezes convocado para a Seleção Brasileira.
Os principais títulos como volante foram: campeão Brasileiro em 75 e 76 pelo Internacional, campeão gaúcho pelo Inter em 74, 75, 76 e 78, campeão Paulista pelo Corinthians em 79 e campeão cearense pelo Ceará em 84.
Matheus queria Falcão, mas….
Pouco antes de contratar Caçapava, o presidente corintiano Vicente Matheus tentava a contratação do meio-campista Falcão, à época a principal estrela do Internacional. Como o Colorado não tinha planos de perder seu melhor jogador para um time brasileiro , Falcão fora negociado posteriormente com a Roma, Matheus teve de se contentar em trazer o raçudo volante do Inter. “O melhor era o Falcão, mas o Caçapava estava também entre os melhores”, contava Matheus.
[img:joelho_do_ca__apava.jpg,thumb,vazio]

Serginho:
Sérgio Bernardino, o Serginho Chulapa, nascido no dia 23 de dezembro de 1953, centroavante do São Paulo, de 1974 a 1983, do Santos, de 1983 a 1984, Corinthians em 1985 , do Santos de 1986 a 1989 e da Seleção Brasileira na Copa de 82.
Uma passagem emocionante de Serginho Chulapa
e-mail abaixo no dia 27 de agosto de 2006.
“Não me lembro exatamente a data, mas foi aproximadamente em setembro de 2004. Eu e meu marido, Claudio (palmeirense) estávamos em um festival na quadra do “Cabeça” (Palmeirense) chamada “Gold Ball”, na Vila Sabrina (zona Norte de SP). O Serginho (Chulapa) estava lá também assistindo aos jogos e nós começamos a conversar sobre futebol e eu comentei que meu pai e meu irmão eram fãs de carteirinha dele, que sempre torceram por ele, seja lá onde ele estivesse.

Ele disse para trazê-los ali para conversarem, mas meu irmão mora em Minas (Divinópolis) e meu pai, que sofrera um derrame, não andava mais. Ele (Serginho) simplesmente disse para seu amigo que ia comigo na casa do meu pai falar com ele, perguntou se dava pra ir a pé ou não. Na hora ficamos (eu e meu marido) sem ação, pois ele foi muito sincero e espontâneo em querer conversar com meu pai. Levamos ele lá e quando chegamos meu pai estava na cama e sozinho em casa (minha mãe tinha saído).

Eu entrei no quarto primeiro e disse pro meu pai que tinha uma pessoa que queria falar com ele. Meu pai virou-se e neste instante o Serginho entrou e meu pai, que não andava nem se mexia direito, quase se levantou da cama. Ele ficou tão emocionado que achei que teria outro derrame.

Eles conversaram muito e meu pai disse que aquela visita foi melhor que qualquer remédio. O Serginho pediu o nosso endereço para mandar uma camiseta do São Paulo (pois meu pai e meu irmão são são-paulinos), mas eu não achava nada para anotar e acabei anotando em um pedaço de papel tão pequeno que acho que ele perdeu. Ele nos deu seu número de telefone para que nós o convidássemos para um churrasco. Ele conversou muito com meu pai, beijou várias vezes sua fronte e disse pra ele ter coragem e lutar contra sua enfermidade, pois nesta época ele estava muito depressivo.

Nós ficamos tão emocionados com esta atitude, que não pegamos autógrafo nem tiramos foto. Ninguém na minha rua o viu entrar ou sair de casa, nem minha mãe voltou de onde tinha ido…… Nós acabamos não tendo coragem de convidá-lo para o churrasco que prometemos e ele deve ter perdido o pequeno papel que anotei nosso endereço para ele mandar a camisa.

Logo depois disso ele se mudou para Santos quando assumiu a comissão técnica do Clube. Infelizmente meu pai morreu no dia 21 de agosto de 2005 mas nós não esquecemos o quanto ele fez bem para o meu pai naquele dia e meu irmão que mora em Minas se mordeu de inveja por não estar presente.

Um abraço a você e sua equipe e se você encontrar com o Serginho mande um grande beijo pra ele de nossa família.

Eloísa Helena Ramos Dias Shinohara”
O DUELO
Todo jogo Corinthians x São Paulo, não escapava um jogo sem que o Caçapava, logo no primeiro encontro com o Serginho ,não desse uma entrada duríssima, passível até de expulsão. Serginho estrilava e esperneava, mas o Caçapava não era expulso nesta primeira jogada.
O que se via era o Serginho sempre evitando dividir a bola com o Caçapava.
Que cacetada diziam os cronistas na época. Para o Serginho deixar barato é porque Caçapava não era brincadeira não.

Fonte: Montagem e lembranças da época de Gilberto Maluf
Fotos e currículos do Milton Neves

3 pensou em “Duelos de ” Gente Grande “

  1. Gilvanir Alves

    Como havia, grandes duelos, no passado entre bom zagueiros e grandes atacantes,acompanhamos nos dias de hoje como´por exemplo: Robinho x Lugano no ano de 2002, a classe de Robinho contra a deslealdade do zagueiro uruguaio.

  2. Marcos Galves

    Gilberto,

    A foto do São Bento é de 1962. Mickey ainda é vivo (está com mais de 80 anos e ainda bate a sua bolinha). Gibe, Ceci, Salvador, Raimundinho, Picolé e Navarro já faleceram. Julião está com Mal Alzheimer, Bazaninho e Paraná moram em Sorocaba. Paulinho veio da Portuguesa Santista e depois voltou para lá.
    Só não sei o paradeiro do Atílio. Essa foi a base do time que ganhou a “Segundona” de 1962.

    Grande abraço,

    Marcos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *