A história do Carrossel Holandes – Mais uma vez o melhor não venceu!!!

A Seleção Holandesa de 1974 revolucionou a maneira de jogar futebol: Criou o futebol 100%

O COMEÇO DE TUDO

Desde a famosa seleção húngara de 1954 que a Europa não produzia uma equipe como aquela – lá se iam 20 anos de futebol. Nem mesmo a bela seleção francesa de 1958 podia ser comparada a ela. E vinha de um pequeno país sem tradição no mundo seleto e exigente do esporte – a Holanda. Tão bom era o time que, mesmo sem conquistar o título da Copa de 1974, na Alemanha Ocidental, entrou para a história como o Carrossel Holandês, que mudou muitas das concepções do jogo até aquela data e abriu novos caminhos para o espetáculo do futebol.

Na verdade, não foi a seleção da Holanda que começou a chamar a atenção da crônica européia, mas o time do Ajax, que na época já era tricampeão de clubes, sendo que no último título com uma eloqüente goleada sobre o Bayern Munich. O Ajax era a base da seleção holandesa; o Bayern era a base da seleção alemã. Muitos cronistas viram com perspicácia que ali podia estar o prenúncio do que seria a final da Copa de 1974. O Ajax tinha um jogador que a unanimidade daqueles cronistas considerava o novo fenômeno do futebol – Johan Cruyff. Sabia fazer de tudo, era uma espécie de homem-equipe. Tinha, também, um treinador chamado Rinus Michels, inteligente, sofisticado e ambicioso, que sonhava em revolucionar o futebol. Michels tinha em mãos, na seleção, um material capaz de ajudá-lo a realizar seus desígnios: Jongbloed, goleiro enorme, de meter medo nos atacantes; Suurbier, na época o melhor lateral-direito da Europa; Krol, zagueiro admirável em qualquer época; Van Hanegen e Neeskens, incansáveis no trabalho de ligação entre a defesa e ataque; na frente, dois pontas velozes e hábeis, Rep e Resenbrink; e no meio deles, Cruyff.

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A Laranja Mecânica, conhecida também como o Carrossel Holandês, da esquerda para a direita: Neeskens, Krol, Van Hanegen, Jansen, Suurbier, Rep, Rijsbergen, Resenbrink, Haan, Jongbloed e Cruyff

Por quê uma seleção de futebol de um país que ocupa pouquíssimo espaço no globo terrestre, que teve duas participações totalmente insignificantes nas Copas de 1934 (derrotada pela Suécia por 3 a 2 no único jogo) e 1938 (também derrotada, pela Tchecoslováquia, por 3 a 0) e sem a menor tradição no mundo futebolístico de repente é seríssima candidata ao título mundial na Copa de 1974 disputada na Alemanha? O período que antecede esta Copa mostra que as coisas não foram assim tão de repente. No intervalo entre a Copa do México em 70, e a Copa da Alemanha em 74, muitas águas passaram pelos moinhos e pontes holandesas. As seleções e times europeus estavam numa fase excelente, enquanto o Brasil ia perdendo seus craques após a conquista do tricampeonato no México.

Logo após a Copa do México em 1970, a Polônia revelava uma seleção muito forte, campeã olímpica de 1972 em Munique. Um futebol força com excelente qualidade de movimentação de bola. O Bayern Munique da Alemanha, Feyenoord de Rotterdam e Ajax de Amsterdam foram colecionadores de títulos na década de 70. Correndo por fora estavam a Suécia, que sempre participou das copas com uma seleção de boa qualidade e a Alemanha Oriental, a Alemanha do outro lado do muro de Berlim, que só viria a ser destruído no início da década de 90 reunificando as Alemanhas.

O Feyenoord ganhou o Campeonato Mundial Interclubes e a Copa Européia dos Clubes Campeões em 1970; o Ajax ganhou o Mundial Interclubes em 1974, e a Copa Européia dos Clubes Campeões em 1971, 1972 e 1973. E, para manter a tradição, mais um campeonato para o Feyenoord em 1974: a Copa da UEFA. Cruyff, cérebro e capitão do Ajax, jogou oito anos nesse clube, transferindo-se para o Barcelona da Espanha após a Copa de 1974, e merecidamente eleito o melhor jogador do mundo nos anos 1971 e 1973. A base do “dream team” da Holanda 1974 eram jogadores do Ajax e Feyenoord, como um “combinado”. Pela primeira vez na história do futebol holandês conseguia-se uma união entre dois times tão rivais. Mas o objetivo desta união era sublime.

CAMPANHA DA HOLANDA NAS ELIMINATÓRIAS PARA 1974

01 de novembro de 1972 – Rotterdam
Holanda 9 X 0 Noruega

19 de novembro de 1972 – Antuérpia
Bélgica 0 X 0 Holanda

22 de agosto de1973 – Amsterdã
Holanda 5 X 0 Islândia

29 de agosto de 1973 – Deventer
Islândia 1 X 8 Holanda

12 de setembro de 1973 – Oslo
Noruega 1 X 2 Holanda

18 de novembro de 1973 – Amsterdã
Holanda 0 X 0 Bélgica

De 1970 a 1973 a Holanda jogou 23 vezes. Teve 14 vitórias, 6 empates e 4 derrotas. Marcou 61 gols e sofreu 15.
Suas derrotas foram para as seleções da Alemanha Oriental por 1 x 0 em 1970, Iugoslávia por 2 x 0 em 1971 e seleções da Áustria e Finlândia ambas por 1 x 0, atuando com jogadores reservas. Essa foi a temporada de preparação para a disputa da Copa de 1974.

A COPA DE 74

[img:jc11_1_.jpg,full,alinhar_esq_caixa] Cruyff e Rep num dos ataques da “laranja mecânica”

O segredo dessa equipe, era que a posição dos jogadores servia apenas para obedecer à formalidade da escalação, uma vez que, começado o jogo, ninguém mais tinha posição nenhuma. Era, em suma, o próprio carrossel. A primeira vítima foi o Uruguai, que perdeu de 2 a 0 como podia ter perdido de oito ou de quinze. O jogo foi um dos maiores massacres táticos de que o futebol tem notícia. Basta dizer que, lá pelas tantas, Pedro Rocha, o clássico e elegante Pedro Rocha, dominou uma bola no peito e logo olhou para o chão – pois que uma bola dominada no peito por Pedro Rocha deveria estar agora submissa aos seus pés. Mas não estava, e Rocha ficou alguns segundos olhando para o chão, perplexo, à procura da bola. No curtíssimo trajeto entre o peito e os pés de Pedro Rocha, a bola lhe havia sido roubada por três ou quatro holandeses que estavam com ela lá adiante, tramando um ataque. A Holanda jogava assim, defendendo e atacando em ondas, se assim se pode dizer: quatro ou cinco corriam na mesma bola, contra apenas um adversário, e saíam com ela como um bando de colegiais em alegre pelada de recreio.

Alguns observadores viram ali um meio desorganizado e irresponsável de jogar. – Eles não sabem – respondia Cruyff – que toda essa desorganização é meticulosammente ensaiada. E era mesmo. A seqüência de jogos da Holanda consagrou aquele estilo novo, vibrante, mortalmente eficaz e objetivo – uma harmoniosa mistura de futebol-força com futebol-arte. Ao chegar à final, a Holanda se orgulhava de uma campanha inigualável naquela Copa: seis jogos invictos, 14 gols a favor, apenas um contra – e era considerada favorita.

Alguns observadores, porém, conhecedores dos labirintos traiçoeiros de uma Copa do Mundo, viam esse favoritismo com reservas, porque do outro lado estava a Alemanha Ocidental, uma equipe consistente o bastante para fazer frente a qualquer adversário. No seu comando estava Helmut Shoen, discípulo direto de Sepp Herberger, responsável pela vitória de 20 anos atrás sobre a fantástica seleção húngara. Assim como Rinus Michels, seu adversário, Shoen tinha à mão um punhado de grandes jogadores: o goleiro Sepp Maier, então o melhor de todos; os excelentes laterais Vogts e Breitner; um forte meio de campo formado por Hoeness, Bonhof e Overath, este último um craque completo; na frente o maior artilheiro da história das Copas, o centroavante Gerd Müller, de precisão cirúrgica na hora de finalizar em gol; e, no plano mais elevado que fosse possível, o capitão Franz Beckenbauer que, de tão altivo e elegante no seu relacionamento com a bola, dizia-se que podia ter sido ele o próprio inventor do futebol. Às vésperas da grande decisão, na confortável concentração holandesa, Rinus Michels saboreava com justiça e prazer, cercado de repórteres do Mundo todo, o sucesso do seu trabalho. Indagado por um dos jornalistas sobre os fatores a que atribuía o êxito de sua equipe, remexeu-se na poltrona com um sorriso que não deixava dúvidas sobre a glória que vivia naquele momento:

– Primeiro – respondeu depois de alguns segundos – , por que a seleção holandesa possui grandes individualidades. Segundo por que essas individualidades se adaptam perfeitamente ao esquema de jogo coletivo. E terceiro, por que tem um técnico chamado Rinus Michels.

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Johann Cruyff, o gênio da Holanda e melhor jogador da Copa de 74.

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PRIMEIRA FASE

[img:20px_Flag_of_Uruguay_svg.png,full,vazio] URUGUAI 0 x 2 [img:20px_Flag_of_the_Netherlands_svg.png,full,vazio] HOLANDA
15 de junho, 1974 – 16:00h
Hannover, Niedersachsenstadion
Público: 53,700
Árbitro: Palotai (Hungria)
Gols: Rep 6′, 85′
HOLANDA: Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen e Krol; Jansen, Van Hanegen e Neeskens: Rep, Cruyff e Resenbrink.
URUGUAI: Mazurkiewicz, Forlan, Jáuregui, Masnik e Pavoni; Montero Castillo, Espárrago e Pedro Rocha; Cubilla (Millar), Morena e Mantegazza.

[img:20px_Flag_of_the_Netherlands_svg.png,full,vazio] HOLANDA 0 x 0 [img:20px_Flag_of_Sweden_svg.png,full,vazio] SUÉCIA
19 de junho, 1974 – 19:30h
Dortmund, Westfalenstadion
Público: 53,700
Árbitro: Winsemann (Canadá)
HOLANDA: Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen e Krol; Jansen, Van Hanegen (De Jong) e Neeskens: Rep, Cruyff e Resenbrink.
SUÉCIA: Hellstroem, Olsson (Grip), Nordgvist, Karlsson e Andersson; Tapper (Person), Graham e Larsson, Edjersted, Edstroem e Sandberg.

[img:20px_Flag_of_the_Netherlands_svg.png,full,vazio] HOLANDA 4 x1 [img:20px_Flag_of_Bulgaria_1971_1990.png,full,vazio] BULGÁRIA
23 de junho, 1974 – 16:00h
Dortmund, Westfalenstadion
Público: 52,100
Árbitro: Bosković (Austrália)
Gols: Holanda – Neeskens (pen) 5′, (pen) 44′, Rep 71′, de Jong 88′; Bulgária – Krol 78′ (g.c.)
HOLANDA: Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen e Krol; Jansen, Van Hanegen e Neeskens; Rep, Cruyff e Resenbrink.
BULGÁRIA: Sataynov, Vassilev, Ikov, Velischov, Penev; Bonev, Stoyanov, Volnov, Panov (Borissov) e Denev (Michailov).

SEGUNDA FASE

[img:20px_Flag_of_the_Netherlands_svg.png,full,vazio] HOLANDA 4 x 0 [img:20px_Flag_of_Argentina_svg.png,full,vazio] ARGENTINA
26 de junho, 1974 – 19:30h
Gelsenkirchen, Parkstadion
Público: 55,348
Árbitro: Davidson (Escócia)
Gols: Cruijff 11′, 90′, Krol 25′, Rep 73′
HOLANDA: Jongbloed, Suurbier(Israel), Haan, Rijsbergen e Krol; Jansen, Van Hanegen e Neeskens: Rep, Cruyff e Resenbrink.
ARGENTINA: Carnevali, Wolf (Glaría), Perfumo, Heredia, Sá, Valbuena, Telch, Squeo, Ayala, Yazalde e Houseman (Kempes).

[img:20px_Flag_of_East_Germany_svg.png,full,vazio] ALEMANHA ORIENTAL 0 x 2 [img:20px_Flag_of_the_Netherlands_svg.png,full,vazio] HOLANDA
30 de junho, 1974 – 16:00h
Gelsenkirchen, Parkstadion
Público: 67,148
Árbitro: Scheurer (Suíça)
Gols: Neeskens 7′, Rensenbrink 59′
HOLANDA: Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen e Krol; Jansen, Van Hanegen e Neeskens: Rep, Cruyff e Resenbrink.
ALEMANHA ORIENTAL: Croy, Kitsche, Weise, Branchs, Burbjuweit, Lauck, Sparwasser, Schnupasse, Hoffman, Lowe, Pommerenke.

[img:20px_Flag_of_the_Netherlands_svg.png,full,vazio] HOLANDA 2 x 0 [img:20px_Flag_of_Brazil_svg.png,full,vazio] BRASIL
3 de julho, 1974 – 19:30h
Dortmund, Westfalenstadion
Público: 52,500
Árbitro: Tschenscher (Alemanha Ocidental)
Gols: Neeskens 50′, Cruijff 65′
HOLANDA: Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen e Krol; Jansen, Van Hanegen e Neeskens: Rep, Cruyff e Resenbrink.
BRASIL: Leão, Zé Maria, Luís Pereira, Marinho Peres e Marinho Chagas; Paulo César Carpegiani, Rivelino e Dirceu; Valdomiro, Jairzinho e Paulo César Lima (Mirandinha) .

[img:holxbrasil_1__1.jpg,full,alinhar_esq_caixa] O Carrossel de branco, pronto para enfrentar o Brasil

Uma partida marcada pelo nervosismo de ambas as partes. A Holanda, pelo fato de enfrentar os tradicionais tricampeões mundiais, que não se encontravam taticamente nos primeiros minutos de jogo; O Brasil, que decepcionantemente apelou para a violência fugindo completamente das suas características habituais, querendo disputar a final da Copa a qualquer custo. Seguramente a partida na qual os brasileiros foram mais violentos em todas as histórias das Copas do Mundo.

Fazia frio em Dortmund, com vento e chuva e média de 16 graus de temperatura. Mas em pouco tempo, dentro das quatro linhas, essa temperatura triplicaria.

O curriculum da seleção brasileira, que ainda contava com alguns nomes do grande time tricampeão em 1970, intimidava os holandeses a princípio. Mas, como citou Cruyff em seu livro sobre a Copa de 1974 “Futebol Total” : “Depois de meia hora de dificuldades, despojados já de qualquer temor, sacudindo o complexo de estar à frente dos invencíveis, perdemos todo o respeito por eles e pelo que sem dúvida são e significam na história do futebol”.

Os brasileiros apelam. Marinho Peres barra Jansen rispidamente, Rivelino provoca Rep, Valdomiro atinge deslealmente Neeskens com um pontapé por trás, Marinho Chagas passa o jogo inteiro intimidando Cruyff como disse anos atrás, que fez tudo para ser expulso junto com o capitão holandês e que nada adiantava, “o homem era frio”, Marinho Chagas de novo revida uma entrada de Suurbier, Marinho Peres soca Neeskens – isso tudo nas costas do juiz. Os holandeses até que deram alguns trocos, mas estavam mesmo preocupados em jogar futebol e ir para a finalíssima com a Alemanha Ocidental, que vencia a Polônia por 1 a 0 num jogo também bem disputado. As tentativas de ataque brasileiras eram desorganizadas, e o goleiro brasileiro Leão evitava, como podia, o pior.

Enquanto isso, Neeskens, aos 6 minutos do segundo tempo abre o placar através de uma rápida infiltração, após combinação com Cruyff. Este, aos 20 minutos marca 2 x 0 com um tiro rasteiro e indefensável, definindo o jogo.

Minutos antes do término, o desespero final: Luís Pereira quase parte Neeskens em dois, sendo expulso. E o técnico Zagalo, que menosprezava o “futebol alegrinho” jogado por uma das melhores seleções de todos os tempos, declarando estar preocupado unicamente com a final contra a Alemanha Ocidental, e que “podia fazer um suco dessa imensa laranja”, já se achando finalista, teve que engolir suas palavras, reconhecendo: “caímos diante de um futebol de primeira linha”. Entrevistado em 1994, quando a seleção brasileira enfrentaria novamente a seleção holandesa na Copa dos Estados Unidos, Zagallo, com uma letra “l” a mais em seu nome e na função de Coordenador Técnico, justificava suas palavras 20 anos depois dizendo que “precisava dar moral à minha equipe na época”.

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Luís Pereira foi expulso após entrada violenta em Neeskens

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A BATALHA FINAL

E mais uma vez o melhor não venceu!!!

O dia 7 de junho de 1974 é uma data inesquecível para o futebol holandês. Era a primeira vez, após dez Copas do Mundo, que a Holanda chegava a uma finalíssima para a disputa do título mundial. Era a favorita e tinha a opinião geral a seu favor. Logo nos primeiros instantes da partida, exatamente aos dois minutos, após vários passes trocados pela laranja mecânica numa tentativa de enervar os alemães ocidentais promovendo um “olé”, Cruyff penetra na área, perseguido por Vogts, sua sombra, e sofre pênalti. O árbitro inglês Jack Taylor não quer nem saber que são apenas 2 minutos de jogo: assinala acertadamente a marca fatal. Johan Neeskens, camisa 13, batedor oficial de pênaltis e o artilheiro dos momentos difíceis, chuta de pé direito e vence Sepp Maier à meia altura, para o conforto das esposas dos jogadores holandeses, presentes com seu apoio, no Estádio Olímpico de Munique, marcando então seu 5º gol na Copa.

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O gol de Neeskens de pênalti abria a contagem.

Holanda um a zero. O que muitos previam começava a se tornar realidade. Mas o placar parcial a seu favor parecia ter dado uma tranqüilidade excessiva à equipe holandesa, inexperiente em finais de Copa, jogando contra uma equipe competente, que estava atuando em sua casa e com o apoio incessante de sua torcida. Os alemães ocidentais, orientados dentro das quatro linhas pelo capitão e principal jogador Franz Beckenbauer, também conhecido como o “Kaiser”, tentavam se recuperar do golpe aos poucos, tendo como apoio 80% da massa. Um pouco antes do empate alemão, a tranqüilidade excessiva holandesa começava a prejudicar a própria equipe. O meio de campo Van Hanegen mostrava isso, agredindo Gerd Müller com um empurrão violento jogando-o ao chão, nas costas de Jack Taylor, mas recebia cartão amarelo após ser dedurado pelo bandeirinha uruguaio Ramón Barreto. Aos 25 minutos de jogo, pênalti de Jansen em Holzenbein quando este tentava se infiltrar pela área via ponta esquerda. Paul Breitner, o batedor oficial da Alemanha Ocidental converte em gol e a história do jogo então mudaria. A armadilha do técnico Helmut Shoen, discípulo de Sepp Herberger, o técnico alemão campeão mundial de 1954, começava a funcionar.

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Paul Breitner engana Jongbloed e empata.

Berti Vogts, que viria a ser o técnico da Alemanha na Copa de 1994, chuta à queima-roupa e perde um gol feito, evitado pela excelente defesa de Jongbloed. Minutos depois a defesa laranja, num instante de desatenção, permitia a Gerd Müller, aos 42 minutos ainda do primeiro tempo desempatar o jogo após um passe vindo da direita, chutando da meia lua. Krol não consegue evitar o arremate. A rápida jogada pela direita e o bom posicionamento do atacante alemão colocam a Alemanha Ocidental em vantagem no placar: Alemanha 2 a 1.

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O artilheiro Gerd Muller vira o jogo em 2 x 1.

No segundo tempo, as coisas começavam a mudar.
A Holanda tentava se reorganizar na partida, atacava constantemente criando inúmeras oportunidades de gol, mas a bola negava-se a entrar. Breitner salva um gol quase em cima da linha.
O incansável ataque do carrossel dá muito trabalho ao grande goleiro Sepp Maier, mas o alemão estava impressionante na partida. O artilheiro Gerd Müller ainda faria um gol anulado por Jack Taylor.

Num raro minuto de desatenção da defesa holandesa, Holzenbein ataca pela esquerda e sofre novo pênalti cometido por Jansen, a mesmíssima jogada do primeiro tempo quando se deu o empate, mas dessa vez o juiz inglês Jack Taylor não marca nada. E Maier, cuja atuação foi irrepreensível, quase se contundia com uma entrada de Cruyff e se irritava com Neeskens, mas foi acalmado pelo maestro Franz Beckenbauer, que então detinha o controle do jogo. Talvez a Holanda mereceu o empate pelo futebol que apresentou no segundo tempo. Talvez a Alemanha chegara à final contando com a caprichosa ajuda da sorte, sem dúvida um fator necessário a toda equipe que aspira à vitória.

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A defesa alemã resiste às incessantes investidas holandesas à sua meta.

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FICHA DO JOGO

[img:20px_Flag_of_the_Netherlands_svg.png,full,vazio] HOLANDA 1 x 2 [img:20px_Flag_of_Germany_svg.png,full,vazio] ALEMANHA OCIDENTAL
7 de julho, 1974 – 16:00h
Munique, Olympiastadion
Público: 75,200
Árbitro: Taylor (Inglaterra)
Gols: Holanda: Neeskens 2′ (pen); Alemanha Ocidental: Breitner 25′ (pen) Müller 43′
HOLANDA: Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen (De Jong) e Krol; Jansen, Van Hanegen e Neeskens: Rep, Cruyff e Resenbrink (René Van der Kerkhof).
ALEMANHA OCIDENTAL: Maier, Vogts, Shwarzenbeck, Beckenbauer e Breitner; Bonhof, Hoeness e Overath; Grabowisky, Muller e Holzeinbein.

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Mas o Futebol Total mostrado nessa Copa do Mundo foi, sem dúvida, apresentado pela fantástica Laranja Mecânica, ou Carrossel Holandês, como preferirem definir a seleção holandesa, a última das grandes seleções reveladas num Mundial.
Restaram para a Holanda dois consolos: o primeiro, de ter perdido para uma grande equipe, que atuava em sua própria casa, com o calor de sua torcida; o segundo, de ter entrado para a história do futebol como um alegre carrossel de colegiais, que tinham o prazer de jogar futebol.”

Fontes:
http://br.geocities.com/laranjamecanica74/
http://pt.wikipedia.org
www.varaldeideias.com

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