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Com o ingresso do Cipec na LDBP (Liga Desportiva de Barra do Piraí), em 1946, o campeonato ganhou novo colorido e o futebol de Mendes, em particular, maior motivação.
Fundado um ano antes, o Cipec criou uma grande rivalidade com o Frigorífico, que o Itacolomy, base do novo clube, não havia conseguido e que se estendeu até fora do futebol. Várias partidas entre ambos assinalaram recordes de público, de acordo com registros feitos pela LDBP na época.
O primeiro jogo realizou-se no campo do Frigorífico no dia 9/6/46, em disputa do Torneio Municipal de Barra do Piraí e terminou com vitória até certo ponto surpreendente do Cipec, pelo escore de 2×0, gols de Rubi e Avahy, um em cada tempo. O Frigorífico marcou um gol por intermédio do centro avante Bilé, quando o placar ainda era 0x0 que foi anulado pelo juiz Walter Gassenferth Jr., Sargento do Tiro-de-Guerra de Barra do Piraí. Os dois quadros formaram co: FRIGORÍFICO: Armando, Osmar e Gonzaga; Roberval, Humberto e Didi; Cherem, Anselmo, Bilé; Leônidas e William. CIPEC: Clóvis, Jair e Abdo; Galo, Hugo e Armando; Lúcio, Avahy, Nenem, Marinho e Rubi. No timo do Cipec jogavam nada menos que sete ex-jogadores do Frigorífico.
Na preliminar, também a vitória coube ao Cipec por 1×0, gol de Dico, que atuou como ponta direita, num jogo em que o Frigorífico dominou durante todo o tempo, perdendo gols incríveis.
Na Segunda partida, no campo do Cipec, pelo returno do Torneio Municipal da LDBP, o Frigorífico venceu por 4×2. Bilé 2 gols de cabeça, e Leônidas, um meia-esquerda que vinha de Ribeirão da Lajes, também 2 gols, assinalaram os tentos do Frigorífico. Rubi e Lúcio marcaram para o Cipec. As duas equipes eram praticamente as mesmas do primeiro jogo, apenas no Frigorífico Paulinho no gol substituiu a Armando, Lair substituiu a Cherem na ponta direita e Cazuza ocupou a ponta esquerda, no lugar de William. Bilé, um centro avante que vinha do Rio de Janeiro, exímio cabeceador, foi quer marcou o primeiro gol do Frigorífico.
De 1946 a 1952, os dois clubes só se enfrentaram em partidas oficiais. Dos 15 jogos marcados pela Liga Barrense, o Frigorífico venceu 9, o Cipec venceu 3 e houve 3 empates. Desse total de jogos, 4 foram realizados no campo do Cipec, do qual o clube local venceu apenas un, 6×0, empatou dois (3×3 e 0x0) e perdeu um (5×1). No seu campo, o Frigorífico venceu sete jogos, empatou dois e perdeu dois.
Apenas duas partidas não chegaram ao término regulamentas. A primeira em 1946 no campo do Cipec, quando o Frigorífico, depois estar perdendo por 3×0 chegou ao empate de 3×3, com 3 gols de Zé Magro. Ele ainda marcaria um quarto tento, anulado pelo árbitro da partida Miguel Vilardo que, por isso foi, ato contínuo, nocauteado pelo Cazuza. O incidente causou a interrupção da partida, já nos seus minutos finais. A Segunda foi em 1950, quando o Frigorífico vencia por 2×1 e um conflito entre os jogadores causou a sua paralisação. Nas duas ocasiões o Cipec se recusou a disputar o restante do jogo, com a conseqüência de perda dos pontos. A vitória do Frigorífico por WxO aconteceu em 1948, quando o Cipec deixou de disputar o jogo programado para o returno do campeonato. O campeonato de 1949 não foi concluído e ão houve proclamação do campeão. Nos campeonatos de 1950 e 1951, os jogos do returno não foram realizados por problemas ocorridos com o próprio desenrolar do certame.
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Momentos antes do início do primeiro jogo entre Frigorífico e Cipec, em 9 de junho de 1946, George Mackenzie Trott, gerente do Frigorífico Anglo (à esq.), e Eugênio Mariz de Oliveira Jr., gerente da Cipec, posam para fotografia, tendo ao lado o veterano Nenem, capitão do time do Cipec EC.
Em disputa do Torneio Início da LDBP, Frigorífico e Cipec se enfrentaram três vezes em partidas que tinha a duração de 30 minutos, divididos em dois tempos de 15. No primeiro em 1947, o Frigorífico venceu por 1×0, no segundo, em 1948, o Frigorífico venceu por 1 gol e 1 corner, contra 1 gol do Cipec. No terceiro, em 1949, o Cipec venceu por 1×0. Os dois primeiros foram realizados no campo do Central e o terceiro no campo do Frigorífico.
O Frigorífico marcou 35 gols e sofreu 28. Zé Magro que participou apenas de 11 partidas (ele inclusive não participou dos dois primeiros jogos, por causa de problemas de joelho), marcou 14 gols – 40% do total marcado pelo time e média de 1,4 gols por jogo – foi o principal artilheiro deste clássico. Sem considerar que na partida realizada em 1948, vencida pelo Frigorífico por 3×1, Zé Magro, além de ter marcado o primeiro gol, em disputa de bola com Coelho e Abdo levou aqueles defensores do Cipec a marcarem contra sua própria meta, apavorados com a presença do artilheiro do Frigorífico na área. Os outros gols do Frigorífico foram marcados por Lair (4), Leônidas (2), Bilé (2), Didi (2), Cazuza (1), Paulinho (1), Saninho (1), Pedrão (1), Magela (1), Cherem (1), Ceoca (1), Avahy (1), Roberval (1), Coelho (1) e Abdo (contra, 1).
Pelo Cipec marcaram Rubi (7), Vavinho (6), Lúcio (4), Lenine (3), Avahy (2), Orlando (1), Legel (1), William (1), Galo (1), Jair (1) e Roberto (1).
Os resultados desses jogos foram o seguinte:
1946 – Frigorífico 2×0 Cipec – Campo do Frigorífico
Frigorífico 4×2 Cipec – Campo do Cipec
Frigorífico 5×2 Cipec – Campo do Frigorífico
Frigorífico 3×3 Cipec – Campo do Cipec
1947 – Frigorífico 3×4 Cipec – Campo do Frigorífico
Frigorífico 5×1 Cipec – Campo do Cipec
Frigorífico 0x6 Cipec – Campo do Cipec
Frigorífico 2×1 Cipec – Campo do Frigorífico
1948 – Frigorífico 3×1 Cipec – Campo do Frigorífico
Frigorífico WxO Cipec – Campo do Cipec
1949 – Frigorífico 3×1 Cipec – Campo do Frigorífico
1950 – Frigorífico 2×1 Cipec – Campo do Frigorífico
1951 – Frigorífico 3×2 Cipec – Campo do Frigorífico
1952 – Frigorífico 2×2 Cipec – Campo do Frigorífico
Frigorífico 0x0 Cipec – Campo do Frigorífico
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Equipe que marcou a primeira vitória do Frigorífico contra o Cipec pelo returno do Torneio Municipal de 1946, da LDBP. Em pé: Ernesto Azado (técnico), Lair (ponta direita), Pedrão (meia direita), Bilé (centro avante), Leônidas (meia esquerda), Cazuza (ponta esquerda), Didi (médio esquerdo) e Licurgo (médio esquerdo). Agachados: Roberval (médio direito), Osmar (zagueiro direito), Paulinho (goleiro), Gonzaga (zagueiro central), David (zagueiro central reserva) e Humberto (centro médio), cortado na foto. Bilé (2) e Leônidas (2) fizeram os gols da vitória do Frigorífico por 4×2.
Entre aspirantes (ou segundos quadros, como eram chamados), foram disputados 16 jogos: 15 oficiais e um amistoso. O Frigorífico venceu 13 jogos. O Cipec um – exatamente o primeiro, e houve 3 empates. O segundo time do Frigorífico que participou do primeiro jogo, perdendo por 1×0, era formado por Betinho I, Betinho II e Fernandos; Vicente, Jujuba e Baiano; Ary, Gilson, Nilton, Luiz Silva e Lélio.
Depois de um hiato de 8 anos, Frigorífico x Cipec voltaram a se defrontar amistosamente a partir de 1960, quase sempre em jogos que tinham caráter beneficente. Foram disputadas 10 partidas. O Frigorífico venceu 3, o Cipec 2 e houve 5 empates.
O Frigorífico marcou 11 gols por intermédio de Adilson (4), Salvador (1), Tarrachinha (1), Hugo (1), Legut (1), Neném (1), Getúlio (1), e Lelei (1). Para o Cipec, que também conseguiu 11 gols, marcaram Amaral (3), Antônio Paulo (3), Fernando (2), Darcy (2) e Burica (1).
Os resultados foram os seguintes:
1960 – Frigorífico 0x2 Cipec – Campo do Frigorífico
1961 – Frigorífico 2×2 Cipec – Campo do Cipec
1965 – Frigorífico 2×2 Cipec – Campo do Frigorífico
Frigorífico 0x0 Cipec – Campo do Frigorífico
Frigorífico 1×1 Cipec – Campo do Cipec
1966 – Frigorífico 0x0 Cipec – Campo do Cipec
Frigorífico 1×2 Cipec – Campo do Frigorífico
1967 – Frigorífico 2×1 Cipec – Campo do Cipec
Frigorífico 2×0 Cipec – Campo do Frigorífico
1976 – Frigorífico 1×0 Cipec – Campo do Cipec
No total, entre oficiais e amistosos foram realizados 25 jogos. O Frigorífico venceu 12, empatou 8 e perdeu 5. Marcou 46 gols e sofreu 39. Entre juvenis, os dois clubes 17 vezes. Ocorreram 6 vitórias do Frigorífico, 5 vitórias do Cipec e 6 empates. O frigorífico marcou 28 tentos e o Cipec 26.
Também houve um jogo entre equipes de dente de leite, realizado no campo do Cipec, que terminou com a vitória do Frigorífico por 1×0.
A história dos jogos Frigorífico x Cipec ficou marcada por muitos episódios extra-campos que instigaram ainda mais a grande animosidade que sempre existiu entre seus dirigentes e torcedores. Um deles foi o ‘caso Armando’ envolvendo a atuação deste goleiro do Frigorífico na partida em que o Cipec venceu por 6×0, uma semana depois de ter perdido a decisão do Torneio Municipal por 5×1. Neste jogo, dois gols do Cipes foram marcados por Jair e Galo em faltas cobradas na sua própria intermediária. Outro, ficou conhecido como ‘seqüestro do Magela’, com comentários de uma tentativa de suborno por Cr$ 1.100,00.
Houve também uma polêmica gravação da Copa Amaral Peixoto, que a LDBP conferia transitoriamente ao seu campeão. Ao conquistar o título de 1952, ano da emancipação, o Frigorífico, um pouco por picardia e provocação, acrescentou a gravação do seu nome e expressão ‘Primeiro Campeão do Município de Mendes’. Em 1953 o Cipec se sagrou campeão, mas se recusou a receber o tradicional troféu, revoltado com a insólita inscrição feita pelo seu rival no ano anterior por considerá-la um esbulho ao seu privilégio de ser aclamado, o primeiro do município.
No final de 1950, Zé Magro estava afastado do futebol. Resolvera parar por razões pessoais. O Cipec chegando ao final do campeonato daquele ano com um ponto de vantagem sobre o Central e dependia tão somente de suas forças para conquistar o ambicionado título. Para isso bastava vencer o seu último jogo, contra o Frigorífico. Didi, capitão do time do Frigorífico, mais do que os outros jogadores, tinha uma profunda antipatia pelo Cipec. Ele costumava assistir aos jogos daquele time, da linha férrea, acima do campo, onde só entrava vestindo a camisa do Frigorífico. Inconformado com essa possibilidade, decidiu provocar os brios do time do Frigorífico. Sua primeira providência na semana que antecedeu o jogo, foi procurar Zé Magro e fazer-lhe um apelo para que jogasse aquela partida decisiva. Após recusas iniciais por não se sentir em condições, Zé Magro finalmente decidiu aceitar o desafio:
‘Tá bem. Se depender de mim eles não serão campeões’.
Naquela semana, Zé Magro empenhou-se nos exercícios físicos, que prolongavam pela noite com demorados passeios de bicicleta, que não deixaram de chamar a atenção de todos.
Resultado do jogo, que não chegou ao final porque o Cipec se retirou de campo: Frigorífico, 2×1. Dois gols de Zé Magro!!!
Grande craque!!!
Didi, ou Didi Bacalhau eram os apelidos de Waldir Ferradini, um dos mais completos jogadores de futebol que passaram pelo Frigorífico. Magro, mas muito valente, era quase imbatível no jogo aéreo e chutava forte e com extraordinária precisão tanto de pé direito quanto de pé esquerdo. O fato de não ter sido atraído pelo futebol profissional não deixa de causar estranheza. A sua não convocação para a seleção Fluminense que disputou o Campeonato Brasileiro de 1944 foi muito criticada. Circulou mesmo uma versão que o jogo Frigorífico x Oliveiras, de Niterói, realizado estádio Caio Martins como preliminar de um jogo-treino daquela seleção, fora programado pela sua direção técnica propositalmente para que pudessem observar a atuação de Didi. Inclusive o centro avante titular do selecionado fluminense, Vadinho, teria integrado o ataque do Oliveiras justamente para forçar o jogo sobre Didi, que abatido pela responsabilidade acabou realizando talvez, a pior partida de toda sua vida. O Oliveiras venceu por 5×1. Em 1952 foi transferido do Frigorífico Anglo para Belo Horizonte, onde chegou a treinar no América Mineiro.
Fonte:
Frigorífico A.C. – 1917 a 1977 – Uma trajetória gloriósa, de Nilo Garcia da Rosa