O Esporte Clube São José foi Fundado na sexta-feira, do dia 28 de Janeiro de 1938, na localidade de Goitacazes e, após uma passagem pela Divisão de Amadores da Liga Campista de Desportos até 1944, no ano seguinte passaria para a de profissionais aonde viria se tornar campeão campista em 1952, no primeiro certame dessa categoria promovido em Campos.
Moradores mais antigos do lugar até hoje recordam, com saudade, jogadores como Valtinho, Soares, Basílio, Cambaíba, Orlando, Custódio, Altivino, Eraldo, Amaro, Hugo Ilmo, Heraldo, campeões profissionais daquele ano, assim como outros jogadores saídos de suas fileiras para jogarem mais tarde em outros clubes da cidade.
Foram fundadores do São José os Srs. Álvaro Barcelos Coutinho, Adahyl Bastos Tavares, Cleveland Cardoso, Antônio Ribeiro do Rosário, José Antônio de Carvalho, Aluísio Maciel, Zurlinden Cardoso, Manoel Martins Manhães Júnior, Antônio Pereira Nunes, Sérgio Viana Barroso e Júlio e Raul Souto Mayor, que, em muito, foram ajudados pelo Sr. Gonçalo Vasconcelos, um dos sócios da Usina São José na época.
A área para o estádio, que chegou a ser chamado de Estádio da Vitória, foi cedida pela direção da usina, onde mais tarde o clube ergueu também a sua sede social. O São José chegou a desenvolver o basquete e o vôlei, mas foi mesmo o futebol que o consagrou perante a torcida campista. Tom-Mix e Bóia bem antes e mais recentemente Chico, Odílio, Aires, Aílton, Índio, Santana e César, foram alguns de seus maiores jogadores.
O primeiro presidente foi o Sr. Álvaro Barcelos Coutinho e de sua Diretoria fizeram parte os Srs. Adahyl Bastos Tavares (vice), Antônio Ribeiro do Rosário e José Antônio de Carvalho (1º e 2º secretários), Francisco Azevedo e Thieres Gomes de Azevedo (1º e 2º tesoureiros), Aluísio Maciel (diretor de esportes), Antônio Pereira Nunes (orador) e do Conselho Fiscal, Cleveland Cardoso, Capitão Aprígio Barcelos, Sebastião Neto, Manoel Manhães Martins Júnior, Clóvis Barcelos Coutinho, Raul Souto Mayor, Jovelino Nogueira, João Henrique Alves, Zurlinden Cardoso, João Batista França, Luís Nogueira, Francisco Claudino Filho, Jorge Andrade e Sérgio Viana Barroso.
Sobre o São José, ainda, vale a pena transcrever matéria publicada em março de 1970, pelo tablóide Madrigal, de Goytacazes, que obedecia a direção de Olívia Gonçalves e era secretariado por Sílvia Linhares Gomes. A tal matéria, de página inteira, dizia o seguinte:
“O Esporte Clube São José, para os que não sabem, teve uma passagem fulgurante pelo futebol campista em sua Divisão principal e é detentor de um título invejável, incapaz de ser igualado por outra agremiação em Campos: primeiro campeão de profissionais. Isto ocorreu no ano de 1952, ou seja, 40 anos após a fundação do Internacional FC (e também do Goytacaz, Campos e Rio Branco), o primeiro clube a ser criado no município, constituído em sua maioria de elementos locais, incentivados por uns ingleses que àquela época vieram para a fábrica de tecidos da Lapa. Exatamente 40 anos depois de sua implantação, o futebol campista deixava de ser amador (amadorismo marrom) para tornar-se profissional.
Foi o início de uma nova era, de um novo estado de coisas, acompanhando a evolução e o que já era fato consumado em outros centros mais adiantados, notadamente São Paulo e Rio, a adoção do profissionalismo. Esperava-se que com o novo sistema, viesse à solução para diversos problemas que afligiam a todos. O principal deles era o êxodo que se verificou da metade até o final da década de 40, quando mais de uma equipe de atletas campistas se espalhavam pelos clubes cariocas: Valdir Negrinhão, Hélvio, Pinheiro, Didi, Mílton Barreto, Moacir, Ananias, Alcino, Lamparina, Manoelzinho, Maneco, Heitor, Tite, Chico Leão, Cinco, Paulinho, Arturzinho, e outros ainda juvenis que para lá seguiram atraídos pelo fascínio do poderoso futebol carioca. E o mais lamentável, é que os melhores jogadores se transferiram e os clubes de origem não recebiam mais do que dois contos de réis.
Essas considerações se justificam, já que estamos abordando o fim do amadorismo marrom e o início do profissionalismo, quando o São José obteve a sua consagração e o seu mais expressivo título.
O Colosso ou Milionários de Goytacazes, como fora cognominado à época, preparou-se convenientemente para disputar a Divisão Principal. O trabalho teve início em 47, quando Itamar Almirante Dias substituiu Saturnino Monteiro Filho na presidência do clube. Era o saudoso tempo dos ingleses, quando Mr. Sladen, na direção da fábrica, deu todo apoio ao movimento desencadeado para formação de uma grande equipe de futebol. O Estádio da Vitória, construído no período difícil da II Grande Guerra, fora inaugurado em 8 de maio de 1945, dia do seu término, que passou a ser considerada a data de fundação do EC São José. Com a colaboração de bravos companheiros, como o saudoso Jacy Sampaio (tesoureiro), Ari Bráulio Machado (vice-presidente), Hélio Gomes Monteiro, Luís Gonzaga de Sousa e outros, Itamar conseguiu elementos de valor do futebol campista (Nélio, Cláudio, Adão, Hugo, Heraldo, Ovilson) e mais tarde Orlando e Custódio, vindos de Cambuci, que com os de casa formaram a grande equipe, igual ou superior às melhores existentes em Campos e em todo o Norte do Estado.
Algumas dificuldades foram contornadas, mas somente em 48 o São José pôde elevar-se à categoria principal da Liga Campista de Desportos, graças também a um excelente trabalho da imprensa que deu todo apoio à pretensão dos dirigentes do São José. Aloísio Bastos, da Folha do Povo, e Everaldo Lima, do Monitor Campista, foram os que apoiaram incondicionalmente o clube de Goytacazes.
Em 1949 o São José conseguiu um honroso segundo lugar, e só não foi campeão por descuido. Tinha, na fase decisiva do certame, tudo para laurear-se, mas praticamente perdeu o título numa partida lamentável contra o Rio Branco.
Em 1950-51 houve certo desânimo em face da perda do título em 49, quando teve tudo para vencer. E o grande ano mesmo, quando o conjunto se apurou e adquiriu maturidade, foi o de 1952. A equipe estava no auge de sua forma física e técnica. Houve um trabalho sério, criterioso, de Cid Pinto de Andrade (diretor de futebol) e João Francisco Dumas (ex-craque do Americano) na época treinador, sob a presidência do saudoso Norberto Siqueira Barreto, e o Colosso levantou brilhantemente o I Campeonato Campista de Profissionais.
A decisão, foi também (como em 49) contra o Rio Branco, e ainda na Avenida 7 de Setembro. Ao fim de partida memorável, teve início a longa e gloriosa viagem de volta, em passeata festiva. Houve festa em São Gonçalo, e a nossa Lyra São José, diante do portão principal do Estádio, em meio à multidão, veio homenagear os vitoriosos. O povo, em delírio, cantava e dançava nas ruas.
Alegria incomum, quase indescritível, e cenas comoventes como talvez jamais Goytacazes tivesse presenciado. Os festejos perduraram até o carnaval, quando um grande préstito, com torcedores, dirigentes, atletas e até mesmo um carro de bois, foram à cidade, aplaudidos ao longo do caminho não obstante a chuva daquele domingo de carnaval, e desfilaram pelas ruas centrais.
O carro de bois, sob o comando do capitão Delfino, desceu pela Avenida 7 e Bulevard, e por pouco não causou alguns estragos. Era um fato inédito no centro da cidade. Valtinho, Custódio, Altivino, Ilmo, Hugo, Tom-Mix, Eraldo, Soares, Orlando, Amaro, Heraldo e Basílio, e ainda Evaldo, Cambaíba, Crioulo e outros, participaram da gloriosa jornada.
Chico Bento e Cidoreco, formavam com Basílio o trio de Tocos, foram escoltados pelos diretores e jogadores até a sede daquele distrito, até então nosso mais terrível adversário. Ali, eram as cenas de confraternização, as lágrimas, os abraços sem fim. O grande capitão da equipe e artilheiro do campeonato foi o nosso saudoso Amaro Barbosa.
No período áureo da existência do São José, muitos trabalharam, lutaram e até se sacrificaram, na assistência e no apoio constante ao grande time. Na presidência ou em outros cargos igualmente importantes, além dos já citados, é de justiça ressaltar outros nomes como José Gonçalves da Silva, Gilberto Batista Vieira, Volgran Silvano, Antônio Pires, Wilson Campinho, Pedro Tavares, José Pinheiro Filho, o saudoso Paranhos, Carola e, no ano de ouro, a figura ímpar de desportista e de cidadão, Norberto Siqueira Barreto, o presidente da Vitória, símbolo da persistência, que encarnava o espírito altaneiro, a polidez, o entusiasmo e a bravura da gente goitacá”.
Fonte: Paulo Ourives