O Esporte Clube Rio Branco de Santa Vitória do Palmar (RS) é outra agremiação que completou 100 anos de existência em 2012. Tudo começou no dia 12 de Janeiro de 1912, quando um grupo de jovens vindos da cidade de Castillos no Uruguai, liderados por Mário Correa que viria a ser o primeiro presidente, chegou a Santa Vitória para administrar uma fazenda que haviam recebido de herança e juntamente com alguns amigos da cidade, fundaram o E. C. Rio Branco.
O nome foi escolhido em virtude de ser o Barão do Rio Branco, na época Ministro das Relações exteriores do governo brasileiro, a pessoa mais importante nas relações entre Brasil e Uruguai. O Barão comandou um movimento para cedencia de parte da Lagoa Mirim e do Rio Jaguarão, que pertenciam ao Brasil, para o Uruguai através do tratado de Petrópolis em 1910.
E o clube que fora fundado por uma maioria de uruguaios que agora chegavam para morar no Brasil, recebeu as cores verde e amarelo, justamente por serem as cores oficiais do país que os estava recebendo. E o Rio Branco enfrentou muitas dificuldades nos primeiros tempos, em 1916 a sua sede foi destruída durante um incêndio e ali se perderam os estatutos e as atas, inclusive a ata de fundação, além de outros documentos históricos.
Esta afinidade entre uruguaios e brasileiros que existia no E. C. Rio Branco fez com que a maioria dos jogadores uruguaios que atuaram em Santa Vitória vestisse justamente a camisa do Leão da Coxilha. Exemplos destes foram Soto, Gusman, Sanvicente (que tem seu nome imortalizado por um clube do Chuy – Uruguai, o Sanvicente) e Almada entre outros, todos grandes jogadores.
Foi apenas durante a ditadura de Getúlio Vargas, décadas depois, que o vermelho foi incorporado. Na época o presidente sancionou um Decreto – Lei que proibia qualquer agremiação de utilizar as cores da bandeira nacional. O interessante é que as cores não podiam ser usadas exclusivamente, ou seja, um time não podia ter verde e amarelo como cores oficiais, mas se além destas uma terceira cor (desde que não fossem o azul e o branco, também presentes na bandeira) fosse incluída o problema estava solucionado.
A escolha da nova cor se deu inspirada pelo Grêmio Atlético Farroupilha da cidade de Pelotas que também tivera de acrescentar uma nova cor, pois também utilizava o verde e o amarelo e que, além disso, fora obrigado a mudar de nome, pois se chamava Regimento, coisas que um governo exageradamente nacionalista, e que foi classificado por muitos de fascista, não poderia aceitar.
A estreia da nova camiseta do Rio Branco, que agora virara o Tricolor da Coxilha, foi em uma partida amistosa contra o próprio Farroupilha. Foi aí que nasceram os dois uniformes tradicionais do Rio Branco. O uniforme número um que tinha uma camiseta branca com listras horizontais verde, amarelo e vermelho e o segundo uniforme, onde as três cores apareciam em listras verticais, igual ao uniforme principal do Farroupilha.
O primeiro pavilhão do Leão da Coxilha, da década de 1930, era de madeira e ao redor do campo havia um muro feito com chapas de zinco, os famosos latões do Rio Branco, que produziam um barulho estrondoso quando a bola era chutada para fora com muita força. Era um verdadeiro luxo para a época, pois os outros times tinham muros de madeira.
Pelo lado de fora havia uma linha de arame para que as pessoas não chegassem perto e danificassem os latões. O zinco durou até a década de 1960 quando se iniciou a construção do muro que perdura até hoje. Já o pavilhão de madeira durou mais, foi até o final da década de 1970, quando uma comissão paralela a diretoria foi encarregada de construir um novo pavilhão, que seria o maior da cidade.
O projeto era ousado, a comissão que era formada por Homero Vasquez Rodrigues (Presidente), Hélio Chiesa (Vice-presidente), Nelson Martino de Oliveira (Tesoureiro) e Ari Joaquin Torino, o Ducha (Secretário), mostrara estar a frente de seu tempo e pediram a Arquiteta Leila Gasal que projetasse não apenas um pavilhão, mas um que tivesse cobertura e que na parte debaixo abrigasse ainda um restaurante, seria um verdadeiro precursor das modernas arenas com seus Shopings e praças de alimentação e tudo isso em uma cidade com cerca de trinta mil habitantes.
A obra foi comandada pelos engenheiros João Messias Gasal e Albano Mespaque, mas por coisas do destino, e que são comuns em países pobres, acabou faltando dinheiro e no ano de 1983 foram concluídas as obras, porém, sem o restaurante, a cobertura e os banheiros. Mesmo assim, a torcida do Leão da Coxilha se vangloria até hoje por ter o maior pavilhão da cidade, seja em altura, comprimento ou ainda em capacidade de público.
Por essas e outras que muitas vezes as finais são disputadas no Campo de Rio Branco, mesmo que ele não seja um dos finalistas. Na década de 1940 e 1950 destacaram-se grandes nomes como: Remes Estol (Remito), João Melo, que era Half esquerdo, o equivalente ao volante dos dias de hoje), o ponteiro direito Alfredo, Quinca e Mário Maragalione que era Ponteiro esquerdo e teve votação unânime em uma pesquisa realizada em 2000, apenas com pessoas que tinham mais de 70 anos, para apontar os melhores do século em Santa Vitória. O E.C. Rio Branco fica na Rua Mirapalhete, s/n, no Centro da cidade gaúcha.
Fonte: http://ecriobranco.blogspot.com.br/
Foto: Antônio Carlos Alves Nunes
Valeu amigo Ielo! Obrigado pelo incentivo!
Um grande abraço
Sergio,
Excelente artigo.
Abs.