Por razões profissionais, o mineiro Antônio Tavares Pereira Lima foi residir em São José do Rio Preto (SP), na década de 1940. Lá fundou, em 1946, o América Futebol Clube.
Também por motivos profissionais, Pereira Lima, engenheiro de formação, mudou-se para Araraquara, prestando serviços à Estrada de Ferro Araraquara (EFA).
Com seu dinamismo, insuflou os ferroviários locais para terem o seu clube de futebol, fundando, então, a Associação Ferroviária de Esportes (AFE), em 1950.
Por razões políticas, Pereira Lima afastou-se da Ferroviária muito pouco tempo depois, e não poderia deixar as coisas assim, sem promover outra novidade.
Então, convenceu os dirigentes de dois clubes tradicionalíssimos da cidade – São Paulo e Paulista – a se unirem para a formação de um clube que reunisse maior potencial para tentar o sucesso no profissionalismo.
Fundou, com eles, na fusão de São Paulo e Paulista, a Associação Desportiva Araraquara (ADA).
Aí, a cor azul, que ele sugerira sem êxito para a Ferroviária, na Assembleia de fundação do clube da Estrada, no caso da ADA foi vitoriosa. Isso aconteceu em 1952.
A partir daí, criou-se na cidade de Araraquara a maior rivalidade esportiva de todos os tempos: Ferroviária de um lado, ADA de outro, ambas tentando chegar à Primeira Divisão do Campeonato Paulista.
Dividiu-se a cidade ao meio e os ânimos, no cenário esportivo, se acirraram.
Quando os times grená e azul se enfrentavam os estádios ficavam repletos de torcedores apaixonados.
Até hoje há resquícios dessa rivalidade nos meios citadinos.
Com a ascensão da Ferroviária, que contava com o respaldo financeiro da Estrada de Ferro, a ADA foi perdendo sua vitalidade e disposição para a luta, até que resolveu encerrar suas aspirações no profissionalismo para se devotar, durante algum tempo, ao amadorismo.
O próprio Pereira Lima voltaria à Ferroviária, dirigindo-a novamente, sempre com muita empolgação, uma sua característica inalienável.
Nem foram muitos os confrontos entre ADA e Ferroviária, mas suficientes para fazer vibrar a massa torcedora araraquarense.
O jogo ADA x AFE tornou-se conhecido como FERRO-ADA. A FERRO-ADA completa compreende 11 encontros.
Em 11 oportunidades deu-se a FERRO-ADA, apontando sete vitórias grenás, duas da ADA e dois empates; 31 gols afeanos contra 20 da ADA; sete partidas pelo Campeonato Paulista da Segunda Divisão e quatro amistosos.
Todos os jogos entre ADA e AFE
FERRO-ADA completa
1 – ADA 3 x 4 Ferroviária
10 de agosto de 1952, domingo; Estádio Municipal de Araraquara; Amistoso; Árbitro: Licínio Perseguitti (FPF); Gols ADA: Américo, Lula e Elvo; Gols AFE: Russo (2), Dirceu e Osvaldo. ADA: Alfredo; Montinho e Haroldo; Dirceu, Azambuja (Benjamin) e Izan; Lula, Zeferino (Gaeta), Elvo, Américo e Oliveira. AFE: Sandro; Sarvas e Avelino; Pierre, Gaspar e Porunga; Omar, Luiz Rosa (Dirceu), Russo, Zé Amaro e Dirceu (Osvaldo). Técnico: Zezinho
2 – Ferroviária 0 x 1 ADA
17 de agosto de 1952, domingo; Estádio da Fonte Luminosa, em Araraquara; Amistoso; Árbitro: Abílio Frignani; Gol: Elvo. AFE: Sandro; Sarvas e Avelino; Pierre, Gaspar e Porunga; Omar, Luiz Rosa, Russo, Zé Amaro e Dirceu. Técnico: Zezinho. ADA: Alfredo; Montinho e Haroldo; Dirceu, Lanzudo (Azambuja) e Benjamin (Izan); Lula, Gaeta, Elvo, Américo e Oliveira. Técnico: José de Andrade. Obs.: A ADA vencia por 1 a 0 quando aconteceu um sério desentendimento entre Elvo e o goleiro Sandro. O árbitro tentou expulsar somente o jogador Elvo, no que não concordaram Montinho e os demais jogadores da ADA, que ficaram sentados no gramado até o término da partida. Dias depois, Elvo, da ADA, foi suspenso pela FPF por 120 dias.
3 – ADA 2 x 2 Ferroviária
26 de outubro de 1952, domingo; Estádio Municipal de Araraquara; Campeonato Paulista da Segunda Divisão; Árbitro: João Etzel (FPF); Gols ADA: Aroldo (2); Gols AFE: Osvaldo (2). ADA: Alfredo; Montinho e Izan; Dirceu, Lanzudo e Benjamin; Lula, Edson, Aroldo, Zeferino e Oliveira. AFE: Julião; Sarvas e Avelino; Pierre, Gaspar e Porunga; Omar, Luiz Rosa, Russo, Zé Amaro e Osvaldo. Técnico: Zezinho
4 – Ferroviária 3 x 2 ADA
25 de janeiro de 1953, domingo; Estádio da Fonte Luminosa, em Araraquara; Campeonato Paulista da Segunda Divisão; Árbitro: Antônio Musitano (FPF); Gols AFE: Omar (2) e Vaguinho; Gols ADA: Lula (pênalti) e Jarbas. AFE: Sandro; Sarvas e Espanador; Tiana, Gaspar e Pierre; Omar, Luiz Rosa, Vaguinho, Zé Amaro e Dirceu. Técnico: Abel Picabéa. ADA: Alfredo; Lanzudo e Izan; Gaeta, Antoninho e Benjamin; Lula, Jarbas, Elvo, 109 e Edson
5 – Ferroviária 3 x 2 ADA
27 de dezembro de 1953, domingo; Estádio da Fonte Luminosa, em Araraquara; Campeonato Paulista da Segunda Divisão; Árbitro: Francisco Ceschini (FPF); Gols AFE: Boquita (2) e Tec (pênalti); Gols Ada: Cabelo (2); Expulsões: Vaguinho e Itamar. AFE: Fia; Pierre e Pixo; Dirceu, Gaspar e Henrique; Tec, Augusto, Vaguinho, Zé Amaro e Boquita. Técnico: Caetano de Domênico. ADA: Sandro; Saltore e Avelino; Braga, Itamar e Montinho; Afonso, Jarbas, Cabelo, Waldemar e Oliveira. Obs.: Pela sua atuação, o árbitro foi suspenso por 90 dias pela FPF.
6 – ADA 1 x 1 Ferroviária
14 de fevereiro de 1954, domingo; Estádio Municipal de Araraquara; Campeonato Paulista da Segunda Divisão; Árbitro: Manoel Augusto de Souza (FPF); Gol ADA: Oliveira, 39’ do 2º tempo; Gol AFE: Vaguinho, 42’ do 2º tempo. ADA: Sandro; Saltore e Avelino; Joãozinho, Braga e Monte; Afonso, Cabelo, Elvo, Waldemar e Oliveira. AFE: Fia; Pierre e Tato; Diógenes, Gaspar e Henrique; Augusto, Tec, Vaguinho, Zé Amaro e Boquita. Técnico: Armando Renganeschi
7 – Ferroviária 5 x 0 ADA
13 de novembro de 1955, domingo; Estádio da Fonte Luminosa, em Araraquara; Campeonato Paulista da Segunda Divisão; Árbitro: Benedito Francisco (FPF); Renda: Cr$ 27.140,00; Gols: Paulinho (2), Bazzani, Gomes e Boquita. AFE: Fia; Elcias e Ferraciolli; Dirceu, Pixo e Itamar; Paulinho, Cardoso, Gomes, Bazzani e Boquita. Técnico: Clóvis Van Dick (Capilé). ADA: Mingão; Pimentel e Monte; Joãozinho, Nelson e Tim; Didié, Velasques, tomate, Cabelo e Tom Mix. Obs.: Um dos gols de Paulinho foi assinalado de pênalti. A ADA perdeu um pênalti.
8 – ADA 4 x 2 Ferroviária
18 de dezembro de 1955, domingo; Estádio Municipal de Araraquara; Campeonato Paulista da Segunda Divisão; Árbitro: João Rela Filho (FPF); Gols ADA: Maravilha, Monte (2), ambos de pênalti, e Cabelo; Gols AFE: Boquita e Cardoso. ADA: Mingão; Cinzeiro e Monte; Joãozinho, Nelson e Alípio; Paulinho, Cabelo, Maravilha, Mário e Tom Mix. AFE: Fia; Elcias e Ferraciolli; Dirceu, Pixo e Itamar; Paulinho, Cardoso, Bazzani, Marinho e Boquita. Técnico: Clóvis Van Dick (Capilé)
9 – ADA 2 x 4 Ferroviária
15 de janeiro de 1956, domingo; Estádio Municipal de Araraquara; Campeonato Paulista da Segunda Divisão; Árbitro: Catão Montez Júnior (FPF); Renda: Cr$ 60.000,00; Gols ADA: Tom Mix e Maravilha; Gols AFE: Pixo, Gomes (pênalti), Cardoso e Dirceu. ADA: Mingão; Cinzeiro e Monte; Joãozinho, Nelson e Alípio; tomate, Cabelo, Maravilha, Waldemar e Tom Mix. AFE: Fia; Elcias e Ferraciolli; Dirceu, Pixo e Itamar; Paulinho, Cardoso, Gomes, Marinho e Boquita. Técnico: Clóvis Van Dick (Capilé)
10 – Ferroviária 4 x 1 ADA
11 de março de 1956, domingo; Estádio da Fonte Luminosa, em Araraquara; Campeonato Paulista da Segunda Divisão; Árbitro: Benedito Francisco (FPF); Renda: Cr$ 11.320,00. Gols AFE: Boquita (2), Cardoso e Bazzani; Gol ADA: Maravilha. AFE: Fia; Elcias e Ferraciolli; Dirceu, Izan e Itamar; Paulinho, Cardoso, Gomes, Bazzani e Boquita. Técnico: Clóvis Van Dick (Capilé). ADA: Mingão; Monte e Cinzeiro; Joãozinho, Nelson e Alípio; Paulo, Didié, Maravilha, Waldemar e Tom Mix. Obs.: Aos 4’ do 2º tempo, o goleiro Fia defendeu um pênalti cobrado por Monte.
11 – ADA 2 x 3 Ferroviária
29 de abril de 1956, domingo; Estádio Municipal de Araraquara; Amistoso em comemoração à conquista de campeã da Segunda Divisão, com a entrega de faixas aos jogadores da Ferroviária. Foi a última FERRO-ADA. Árbitro: Casemiro Gomes (FPF); Renda: Cr$ 27.000,00; Gols AFE: Gomes (2) e Paulinho; Gols ADA: Izan (contra) e Tom Mix. AFE: Fia; Izan (Elcias) e Ferraciolli; Dirceu, Pixo e Itamar; Jaime (Paulinho), Cardoso, Gomes, Bazzani e Jarbas (Marinho. Técnico: Clóvis Van Dick (Capilé). ADA: Mingão (Jairo); Monte e Cinzeiro; Catô (Joãozinho), Braga e Tim (Alípio); Paulo, Didié, Cabelo (Pimentel), Waldemar (Velasquez) e Tom Mix.
Fontes:
Arquivo do Prof. Antônio Jorge Moreira (Museu do Futebol e Esportes de Araraquara – Arena Fonte Luminosa)
Araraquara Futebol e Política, Luís Marcelo Inaco Cirino – Pontes, 2008
Texto: Vicente Henrique Baroffaldi
Edição: Paulo Luís Micali