(O texto que segue foi extraído da revista Esporte Ilustrado Nº 775, de 12.02.53, edição especial em homenagem ao Vasco da Gama)
Devido à sua apagada atuação no campeonato de 1951, não se acreditava nas possibilidades do Vasco em 52. Fluminense, Flamengo, Bangu e Botafogo, de um modo geral, eram apontados pela cátedra esportiva como favoritos. Esqueceram um pouco o velho “Campeoníssimo”, o que, aliás, não deixou de ser uma vantagem. No futebol, quase sempre, não é interessante ser favorito, porque pode-se trabalhar mais à vontade e sem alarde. Ciro Aranha reassumiu a presidência do clube e Gentil Cardoso foi contratado para técnico. Reajustada a máquina administrativa, com todos os seus departamentos trabalhando em perfeita conexão, teve início a gloriosa jornada, que culminou com a conquista de mais um título, e a volta da hegemonia do futebol guanabarino a São Januário. Supremacia que desde 1945 pertence ao glorioso C.R. Vasco da Gama, com apenas três interrupções na sua série de êxitos: 46, 48 e 51. Em 8 temporadas, 5 títulos!
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Em 1951, o grande sonho de todos os vascaínos – a conquista do tricampeonato – por um desses caprichos do destino, se desfez. Foi um mal ano para o grêmio da Cruz de Malta, o ano do colapso, conforme o dr. Amilcar Giffoni teve ocasião de explicar. Contrariando a opinião, quase geral, de que o seu plantel estava acabado, o Vasco fez uma campanha que primou pela regularidade.
Estreou abatendo o Madureira por 5 a 2; na segunda rodada, venceu o Canto do Rio, por escore modesto, 2 a 1; depois abateu o Bonsucesso por 5 a 2; na quarta rodada logrou o seu primeiro grande resultado ao derrotar o Bangu por 6 a 2. Esteve de folga na etapa seguinte, e na sexta rodada perdeu a liderança e a invencibilidade, devido à derrota ante o Fluminense, por 1 a 0. No domingo seguinte reabilitou-se plenamente, vencendo ao Flamengo por 3 a 2. Derrotou o Olaria, por 2 a 1, e a seguir, empatou com o Botafogo de 1 a 1, perdendo mais um ponto. Depois derrotou ao América por 3 a 0 e ao São Cristóvão por 2 a 1. Terminou o turno em segundo lugar, com três pontos perdidos, a um do líder, o Fluminense.
No returno, venceu ao São Cristóvão, 3 a 1; descansou na segunda rodada; e, na seguinte, vencendo ao Canto do Rio, por 1 a 0, assumiu o primeiro posto, em face da derrota sofrida pelo tricolor ante o Madureira por 2 a 1. Daí por diante foi o ponteiro do certame até ao final, tendo derrotado sucessivamente, ao Botafogo, 1 a 0; Madureira, 3 a 0; Flamengo, 1 a 0; América, 2 a 0; e ao Bonsucesso, 4 a 1. Na nona rodada, empatou com o Fluminense de 2 a 2, mantendo a diferença de 4 pontos do seu mais sério rival. Com a vitória sobre o Bangu, por 2 a 1, sagrou-se campeão, independente do resultado do seu último jogo, contra o Olaria, a quem abateu por 1 a 0.
Lances de um título
Lance do primeiro gol do Vasco no campeonato carioca de 1952, contra o Madureira. O seu autor foi o centro-médio Darcy, do tricolor suburbano, tentando desviar um centro de Chico para Ademir. Irezê ainda chegou a pular para tentar cortar a trajetória do couro
Edmur marcando o primeiro gol do Vasco contra o Bonsucesso, vendo-se Paulista caído e Waldir encobrindo o marcador
O terceiro gol do Vasco contra o Bangu (turno)
O segundo do Vasco contra o Flamengo (turno)
Lance sensacional do empate do Vasco com o Botafogo, marcado por Ademir concluindo um tiro rasteiro de Edmur, apesar dos esforços de Juvenal e Osvaldo
O segundo gol do Vasco contra o Madureira (returno) num tiro possante de Sabará que superou Irezê
Chico marcando o 2º gol do Vasco contra o América no returno
O gol da vitória do Vasco sobre o Flamengo (returno), marcado por Ademir, num passe de Ipojucan
No empate de 2 x 2 contra o Fluminense, Alfredo assinala o primeiro tento vascaíno
Vavá marca o tento que deu o título de 1952 ao Vasco na peleja frente ao Bangu
Fonte:
Esporte Ilustrado Nº 775, de 12.02.1953, edição especial
Edição: Paulo Luís Micali