Histórias não contadas do futebol potiguar

Histórias não contada do futebol potiguar

Histórias como essa a seguir, contadas por Lupercio Luiz de Azevedo, em seu livro “A História não contada do futebol Potiguar”, mostram com simplicidade a tradição e importância do futebol para o povo brasileiro. Histórias que, contadas na mesa de um bar, ou na roda de amigos, nas centenas de milhares de quadras e campos espalhados pelo país, pareceriam história de pescador. Mas não são…

.Não sei, não vi e toca pra frente

Mossoró, cidade diferente em todos os aspectos, até mesmo no futebol, nos mostra muita raridade. O ano de 1965 fora espetacular em matéria de futebol, culminando com uma disputa em série “melhor de três” partidas, reunindo Potiguar x Ferroviário. Era o título de campeão mossoroense que estava em jogo. O time tricolor da Estrada de Ferro,vencera a primeira partida pelo placar de 1 a 0 e, pelo futebol que apresentara, dificilmente deixaria escapar o título máximo. No segundo jogo, onde acabou acontecendo o grande caso, novamente o time coral se mostrava bem melhor que o adversário, vencendo-o, na primeira fase, pelo placar mínimo. No entanto, futebol é sempre futebol e uma surpresa viria modificar o andamento da partida, consequentemente, o curso da história e do próprio campeonato. Pelé (o próprio nome já diz tudo), era o mais perigoso e temido atacante do Potiguar, fazendo miséria na defensiva adversária. Várias vezes aplaudido pela torcida presente ao velho estádio da Rua Benjamin Constant, ele desconcertava toda a defesa tricolor, prenunciando desta forma, que o empate estava próximo. Num certo lance, logo no início do segundo tempo, o Pelé mossoroense ao correr com a bola dominada junto à linha lateral das arquibancadas (se é que se podia chamar de arquibancada aquela mureta), ouviu alguém gritar em voz alta:

– Corre Pelé, que o teu irmão está brigando fora do estádio com a polícia e levando uma saraivada de pancadas.

O crioulo não contou conversa. Deixando de lado a bola, pulou a mureta do campo e já fora do estádio, entrou na luta, desta feita, contra a polícia. O pau cantou solto, com o craque tentando de todas as formas, sem resultado, driblar os cassetetes dos policiais. Depois de também entrar na dança, os ânimos foram serenados e Pelé com o couro cabeludo ardendo mais que pimenta no focinho de cachorro, volta ao
campo de jogo, sem que o juiz tenha notado qualquer irregularidade. Por falar em juiz, o famoso João Batista de Amorim (o popular não sei, não vi e toca pra frente…) estava atuando à contento. E seu único pecado, durante toda a partida foi o de não ter observado a saída do atleta de campo, e depois, o seu retorno. O engraçado na história toda, é que ao retornar ao campo de jogo, Pelé recebeu uma bola livre pelo setor esquerdo de ataque do Potiguar, caminha tranqüilo até a entrada da área e na saída do arqueiro, fuzila inapelavelmente, empatando a partida. Logo em seguida, uma jogada parecida, e mais uma vez Pelé,desempatando a partida e dando a vitória ao Potiguar. O juiz do encontro, alheio a tudo que se passara, confirma os dois gols de Pelé. A vibração foi enorme. Houve invasão de campo, com a torcida carregando em triunfo o grande ídolo e
herói do jogo. A vitória do Potiguar acabou forçando uma terceira partida, também vencida pelo Potiguar, que acabou tornando-se o novo campeão mossoroense.

A história passou para o folclore do esporte de Mossoró e servindo de gozação à diminuta e sempre fiel torcida do Ferroviário. Ainda hoje quando
se pergunta ao juiz João Batista de Amorim, o que aconteceu naquele fatídico dia, ele responde:  – Não sei, não vi e toca pra frente…

 

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