Zâmbia, uma história de superação

Por Carlos Henrinque.

A seleção de Zâmbia: A superação de uma seleção que há menos de duas décadas chegava ao fundo do poço com a tragédia que acometeu uma talentosa geração de jogadores e que em 2012 deu a volta por cima se consagrando definitivamente no futebol africano. A  Zâmbia é a atual
campeã da Copa Africana de Nações. Primeiramente vamos conhecer um pouco dos Chipolopolos, ou os “Balas de cobre” – o apelido da seleção de é decorrente do cobre ser o principal minério exportado pelo país.

A República de Zâmbia é um país localizado na África austral, cujo clima é o tropical e sua área é de 752.618 km², onde vivem cerca de 12 milhões de habitantes. No futebol, a Associação de Futebol de Zâmbia (FAZ na sigla em inglês) foi fundada em 1929 ainda como Rodésia do Norte, nome do país àquela época antes de sua independência, mas sua filiação à FIFA só veio ocorrer 35 anos depois, em 1964. Mesmo antes de se filiar à entidade máxima do futebol mundial, os zambianos já atuavam nos gramados. A estréia da seleção da Rodésia do Norte se deu em 1946 num amistoso contra a sua vizinha Rodésia do Sul com vitória por 4 a 0 fora de casa.

No período em que a então Rodésia do Norte era colônia britânica pouco se tinha informação a respeito do futebol praticado no país. Não havia uma liga formada, nem organização na estrutura futebolística. Somente a partir da independência, em 1964, é que o esporte começou a tomar corpo e galgar vôos mais altos no continente africano.

Antes de se tornar um país independente, a Zâmbia sequer era convidada ou participava dos qualificatórios para torneios internacionais. Somente a partir de 1970 é que o país começou a participar das eliminatórias para a Copa do Mundo e para a Copa Africana de Nações (CAN). Em 1974 já mostrava sua força conseguindo seu primeiro grande resultado: o vice-campeonato da CAN. Desde então a seleção zambiana vinha  lternando alguns bons resultados com outros ruins. Até hoje jamais conseguiu se qualificar para a disputa de um Mundial.
Entretanto, dentro do continente africano os resultados são mais que satisfatórios. Já participou 15 vezes da CAN, tendo obtido um vicecacmpeonato (1994), três terceiros lugares e em 2012 conseguiu o título continental ao bater a Costa do Marfim na grande final. Além disso ainda tem três títulos da COSAFA Cup (que reúne as seleções do sul africano) e dois da CECAFA Cup (com seleções do leste e do centro africano).

Contudo, até 1993 a história do futebol dos Chipolopolos ainda não era tão conhecida, até que uma tragédia praticamente dizimou toda uma promissora geração que estava surgindo. A seleção de Zâmbia ia enfrentar o Senegal pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994 em Dakar e pegou um vôo num aeroplano Buffalo DHC-5D que partiu da capital Lusaka em 27 de abril daquele ano. Enquanto passava sobre a capital do Gabão, Libreville, eis que o avião cai no oceano Atlântico matando todos os 30 passageiros a bordo – incluindo as 25 pessoas que faziam parte da seleção entre jogadores e comissão técnica. Tempos depois as investigações concluíram que houve falha do piloto, que desligou o motor errado após detectar uma pane em outro equipamento. Acabava o sonho de uma geração que até bem pouco tempo atrás havia mostrado um bom futebol nos Jogos Olímpicos de Seul em 1988, surpreendendo até a tradicionalíssima Itália com uma sonora goleada de 4 a 0. O nome do jogo foi o atacante Kalusha Bwayla, então no Club Brugge da Bélgica, com 3 gols marcados.

Bwayla escapou por pouco de fazer parte da lista dos desaparecidos no acidente aéreo no Gabão, visto que por atuar na Europa (na época do acidente já defendia o PSV Eindhoven/HOL) foi autorizado a se apresentar à seleção apenas no Senegal e não estava no fatídico vôo. Quis o destino que Bwayla, um dos maiores artilheiros do selecionado com 33 gols em partidas oficiais, o que mais vezes atuou com a camisa nacional (100 vezes) e considerado o maior jogador da história do futebol de Zâmbia, desse a volta por cima juntamente com seus compatriotas 19 anos depois e no mesmo local do drama ocorrido. Como atual presidente da FAZ, o ex-atacante viu a seleção de seu país vencer o torneio continental
justamente em Libreville, no Senegal, há menos de 1 km do local do acidente, quase 19 anos depois da tragédia. Após as cobranças de pênaltis que decidiram o título em favor dos “Bala de Cobre”, a emoção tomou conta de jogadores e torcedores, que homenagearam de diversas formas os profissionais mortos em 1993. Mais uma bonita história de superação no esporte para ser contada. Parabéns à seleção de Zâmbia pelo feito inédito.

As estatísticas da seleção que viveu o drama e o auge num intervalo em duas décadas.

FOOTBALL ASSOCIATION OF ZAMBIA

* Fundação: 1929, em Lusaka/ZAM (então Rodésia do Norte)

* Confederação: CAF (Confederação Africana de Futebol)

* Presidente: Kalusha Bwayla

* Apelido: Chipolopolo (Balas de cobre)

* Treinador: Hervé Renard * Uniformes: Camisas e meiões laranjas com detalhes verdes e calções verde com detalhes laranjas (titular); Camisas verdes com listras horizontais em amarelo, preto e laranja na parte esquerda, calções pretos e meiões verdes (reserva)

* Títulos (6): CECAFA Cup (1984 e 1991), COSAFA Cup (1997, 1998 e 2006) e Copa Africana de Nações (2012)

* Primeira partida internacional: Rodésia do Sul 0 X 4 Rodésia do Norte em Salisbury em 1946

* Maior vitória: Zâmbia 9 X 0 Quênia, em Lilongwe/MLU (13.11.78)

* Maior derrota: RD Congo 10 X 1 Zâmbia, em Kinshasa/RDC 22.11.69)

* Maior artilheiro:Godfrey Chitalu (76 gols entre 1968 e 1980)

* Jogador que mais atuou:Kalusha Bwayla (100 jogos de 1983 e 2004)

* Principais jogadores:Kalusha Bwayla, Godfrey Chitalu, Bernard Chanda, Obby Kapita, Simon Kaushi,
Joseph Mapulanga, Christopher Katongo e Emmanuel Mayuka

Fonte: Futebol: uma história para contar

 

 

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