Botafogo F.C. 24 x 0 S.C. Mangueira

Nem Mangueira apagou o Fogão

Era uma tarde de domingo, há quase 103 anos, no dia 30 de maio de 1909, onde foi marcado por um recorde, que até hoje nunca foi superado: a maior goleada da história do futebol Brasileiro, em competições oficiais: Botafogo F.C. 24 x 0 Sport Club Mangueira. O Campeonato Carioca, que estava na sua quarta edição, abria a terceira rodada do turno, e o Botafogo recebia o Rubro-Negro Tijucano no Estádio, na Rua Voluntários da Pátria (primeiro campo).

 

Estádio Voluntários da Pátria, localizado na Rua Voluntários da Pátria (atualmente próximo à COBAL), em Botafogo, na Zona Sul do Rio (RJ)

A partir desse momento contaremos os batidores desse momento marcante na história do Botafogo e fatidico para o Mangueira. Na década de 80, uma das poucas pessoas que conhecia o SC Mangueira, o advogado Manuel Maria de Paula Ramos, revelou fatos que ficaram gardados por mais de oito décadas.

O time da Tijuca era o suprassumo  do amadorismo. A ideia inicial era que o Mangueira servisse como uma praça de lazer para os moradores das redondezas. Sem a preocupação de trabalhos físicos e táticos, o time estreava no Estadual. No seu primeiro jogo, derrota, mas num jogo duro, quando perdeu para Haddock Lobo por 3 a 2.

 

O time do Botafogo de 1909

Tesoureiro, que nunca jogou, foi para o gol

Então, no dia 9 de maio, o Mangueira enfrentaria o poderoso Botafogo, na casa do adversário e a partir daí Paulo Ramos relata as razões para a acachapante goleada, que consta tanto na Fifa quanto no Livro dos Recordes. Segundo ele, vários jogadores não compareceram ao jogo e para não perder por W.O. começou um verdadeiro cata-cata para formar o time. No lugar do goleiro,  teria jogado o tesoureiro do clube, chamado de Manuel e alguns dirigentes. O detalhe bizarro era que até aquele momento, o Sr. Manuel jamais tinha jogado no gol.

 

S.C. Mangueira: Em pé: Mila, Soares e Teixeira; Ajoelhados: Agassiz, Albertino e Almeida; Sentados: Renato, Carlos Lebre, Valter, Aguinaldo e Telêmaco.

“Aquilo foi um acidente. Na verdade o clube não dispunha de gente para qaquele jogo e teve quemobilizar os próprios diretores para tapar o buraco. O goleiro, por exemplo, foi o tesoureiro Manuel, que nunca tinha agarrado no gol. Esse fato talvez explique por que o Mangueira tomou tantos gols”, revelou Paulo Ramos à Revista Placar

A explicação para a entrada de pessoas nos lugares do jogadores deve-se ao fato, que na época existia pouca divulgação do futebol e os árbitros tinham apenas uma carteira, sem foto (artigo de luxo na época), com os dados. Daí, a explicação para que a escalação constasse os nomes dos jogadores titulares. A apesar de todo esforço, o Mangueira entrou em campo com somente dez jogadores.  

Após os primeiros 40 minutos de jogo (naquela época uma partida de futebol tinha duração de 80 minutos), o Botafogo já vencia por 9 a 0. Mais bem preparados em relação aos adversários que estavam fora de forma, veio o segundo tempo e a histórica goleada de 24 a 0, que até os dias de hoje jamais foi igualada, nem pelo Íbis-PE, que nas décadas de 70 e 80, foi considerado o pioro time do mundo.       

 

 

BOTAFOGO            24       X         0          SC MANGUEIRA

 Local: Estádio do Botafogo, na Rua Voluntários da Pátria

Competição: Terceira rodada do Carioca de 1909

Data: Domingo, no dia 30 de maio

Árbitro: Antônio Miranda

Público e Renda: Não divulgados

 BOTAFOGO: Coggin, Raul Rodrigues e Dinorah; Rolando de Lamare, Lulú Rocha e Edgard Pullen; Henrique Teixeira, Flávio Ramos, Monk, Gilbert Hime e Emmanuel Sodré.

 SC MANGUEIRA: Luiz Guimarães, José Perez e Carlos Mongey; Victor, Jonas Cunha e Justino Fortes; Alberto Rocha, João Pereira, Menezes e Maranhão.

 Gols: Gilbert Hime (nove), Flávio Ramos (sete), Monk (dois), Lulú Rocha (dois), Raul Rodrigues, Dinorah, Henrique Teixeira e Emmanuel Sodré, todos com um gol.

 Ordem dos gols: Gilbert Hime, Gilbert Hime, Gilbert Hime, Monk, Dinorah, Gilbert Hime, Gilbert Hime, Flávio Ramos, Flávio Ramos, Flávio Ramos, Gilbert Hime, Emmanuel Sodré, Gilbert Hime, Raul Rodrigues, Lulú Rocha, Gilbert Hime, Flávio Ramos, Gilbert Hime, Monk, Henrique Teixeira, Flávio Ramos, Flávio Ramos, Lulú Rocha e Flávio Ramos.

Este post foi publicado em 01. Sérgio Mello, História do Futebol, Rio de Janeiro em por .

Sobre Sérgio Mello

Sou jornalista, desde 2000, formado pela FACHA. Trabalhei na Rádio Record; Jornal O Fluminense (Niterói-RJ) e Jornal dos Sports (JS), no Rio de Janeiro-RJ. No JS cobri o esporte amador, passando pelo futebol de base, Campeonatos da Terceira e Segunda Divisões, chegando a ser o setorista do América, dos quatro grandes do Rio, Seleção Brasileira. Cobri os Jogos Pan-Americanos do Rio 2007, Eliminatórias, entre outros. Também fui colunista no JS, tinha um Blog no JS. Sou Benemérito do Bonsucesso Futebol Clube. Também sou vetorizador, pesquisador e historiador do futebol brasileiro! E-mail para contato: sergiomellojornalismo@msn.com Facebook: https://www.facebook.com/SergioMello.RJ

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *