Existem três derrotas no futebol brasileiro que até hoje é difícil de ser digerida por uma grande quantidade de brasileiros de todas as idades:
1ª A derrota para o Uruguai na final da Copa de 1950
2ª A derrota para a Itália na Copa da Espanha em 1982
3ª A derrota para a França na final da Copa de 1998
No dia 05 de Julho de 1982, na cidade de Barcelona na Espanha no acanhado estádio de Sarriá que pertencia ao Espanyol segunda equipe da cidade da região da Catalunha, por um mero detalhe aquele grupo que seria também o grupo da morte naquela segunda fase de mundial teve a presença de Argentina campeã mundial em 1978, Brasil tricampeão do mundo e a Itália bicampeã mundial, por ficarem em segundo lugar em seus grupos na primeira fase Argentina e Itália caíram no grupo do Brasil, mais não era nada demais afinal tínhamos a melhor seleção, o melhor ataque, a equipe dava verdadeiras aulas de futebol arte, encantava não somente no mundial mais desde das eliminatórias quando passou sem problemas por Venezuela e Bolívia e ter vencido três gigantes da Europa em amistosos.
Brasil 1 x 0 Inglaterra em Wembley
Brasil 3 x 1 França em Paris
Brasil 2 x 1 Alemanha Ocidental em Stuttgart
No inicio de 1982 a Seleção iniciou a sua preparação dando um baile na Alemanha Oriental em Natal e depois voltou a vencer a Alemanha Ocidental no Maracanã por 1 a 0 com um gol de Junior, um empate contra o ferrolho suíço no Recife não abalou a confiança do torcedor brasileiro e na despedida do país no último amistoso na cidade de Uberlândia um baile comandado por Falcão na goleada de 7 a 0 sobre a Republica da Irlanda, então mais favoritismo impossível somente a Argentina de Maradona poderia fazer frente e olhe lá contava o Brasil com uma verdadeira constelação de craques em todos os setores da equipe: Leandro na lateral direita, Junior na lateral esquerda, uma zaga de categoria Oscar e Luisinho, dois volantes que eram meias disfarçados de volantes, Cerezo e Falcão, um cérebro um doutor mesmo na meia Sócrates, Zico meia armador meia atacante um gênio e Eder na ponta esquerda, destoava apenas o goleiro Waldir Peres e o atacante Serginho, ouve alguns contra tempos com as contusões de Reinaldo e Careca este último já na fase preparatória, no banco tinha Carlos para o gol, Edinho para a zaga, Batista e Paulo Isidoro, o veterano Dirceu e Roberto Dinamite, era mais que uma equipe era monstruosa a super equipe brasileira. Porém na primeira partida contra a URSS o time começou bem mais nada do gol sair devido a excepcional partida do goleiro Dasajev que pega tudo, um frango do goleiro Waldir Peres, um pênalti de Luisinho em Bessonov que o Castillo não marcou, nesta partida o Brasil não contou com Cerezo suspenso pelas eliminatórias, com Dirceu em campo e não rendendo o que podia no intervalo Paulo Isidoro entra e o time melhora o sufoco é grande e graças a dois golaços de fora da área de Sócrates e Eder a primeira vitória e o país respira aliviado, depois duas goleadas com verdadeiros shows de Zico e Eder contra a Escócia, Zico e Falcão contra a Nova Zelândia, primeiro lugar carimbado ataque fabuloso dez gols em três jogos, apesar da chave ninguém imaginaria que aquele time não seguisse a passos largos rumo ao tetracampeonato do mundo, a Itália passou no sufoco sem vencer ninguém e no saldo de gols numa chave com Camarões, Peru e Polônia, foram três empates, já a Argentina surpreendida pela Bélgica na estréia mais duas vitórias diante a Hungria e El Salvador deram os portenhos o segundo lugar no seu grupo, de camarote o Brasil assistiu “ será “ a vitória surpreendente dos italianos por 2 a 1 contra os argentinos, no dia 02 de julho, o Brasil entra em campo para enfrentar os seus maiores rivais, era o terceiro jogo seguido em mundiais entre ambos o Brasil não perdia para a Argentina fazia doze anos, los hermanos precisando a vitória e com Diego Maradona devendo muito em seu primeiro mundial não foi páreo para o time de Telê e vitória com baile de samba na grande vitória por 3 a 1, o Brasil com um gol a mais de saldo que os italianos, dono da melhor campanha de toda copa, seu ataque em quatro jogos marcando treze gols, sua defesa somente vazada apenas três vezes, cada jogo um espetáculo a seleção brasileira daquele ano era comparada a seleção de 58 e 70, a Hungria de 54 e a Holanda de 74, dia 05 de julho ao meio dia horário de Brasília as equipes entram em campo, jogando pelo empate um simples empate mais aquele time jogava pra frente não atuava pelo regulamento, a vitória era o que importava, mais aquele jogo começou de maneira estranha o jogo esta meio amarrado, Leandro e Junior não se soltavam com facilidade e justamente numa fracassada tentativa de subida de Leandro a Itália ataca Cabrini cruza e Paolo Rossi dá inicio a segunda maior tragédia do nosso futebol, o jogo se desenrola aos poucos o Brasil impõe seu ritmo os italianos marcam, apertam, soltam as botinadas, Zico tem a camisa rasgada por Gentile, Serginho perde gol e atrapalha a finalização de Zico, Paolo Rossi marcou aos 8’ e o Brasil com Sócrates empatou aos 12’ o jogo segue com o Brasil tentando o segundo gol e a Itália atrás na espreita como uma hiena na moita Il bambino volta a marcar numa falha do meio campo ele intercepta uma passe de Cerezo e marca na saída de Waldir Peres, ainda no primeiro tempo o Brasil teve chances de empatar e não consegue, começa o segundo tempo e como uma avalanche o Brasil vem com tudo em busca do gol da classificação com Bergomi no lugar de Collovati desde o primeiro tempo a Itália se segura como pode, Zoff segue pegando tudo, mais o time brasileiro não cria muito devido a forte marcação italiana, Gentile praticamente anula Zico, as jogadas pelos flacos com Junior e Leandro não sai, até que se aproveitando deste detalhe Cerezo e Falcão tramam uma jogada sensacional, Cerezo atrai a marcação caindo pelo lado direito, Falcão domina ameaça tocar e puxa para a entrada a ara e fuzila o gol de Zoff, golaço festa no Sarriá festa na Espanha, festa no Brasil festa no mundo todo eram 23’minutos do segundo tempo, porém seis minutos depois ele novamente Paolo Rossi se aproveita de nova bobeira e marca novamente, eram 34’minutos dava e como dava para aquele time dava sim o time se lança a todo o ataque a Itália se tranca como pode fazendo um verdadeiro testugo “ tartaruga em latim “ era como os romanos se defendiam dos ataques dos arqueiros inimigos, a aflição toma conta o tempo via passando, os dos auxiliares ainda dão uma força ao Brasil, anulando o quarto gol da Itália marcado por Antognoni que não houve, se fosse Paolo Rossi ele não marcaria será? Os minutos finais foram dramáticos, 45’minutos bola na área italiana o zagueiro Oscar sobe soberano testa firme no canto a torcida se levanta em todo o mundo seria o gol da classificação! Não Zoff o quarentão goleiro da squadra azurra segura a bola quase que em cima da linha aquele foi o ultimo detalhe daquele jogo, após o lance o arbitro Klein encerra o jogo, festa do lado italiano, superação , honra, jogadores sem falar com a mídia italiana, festejam eles não teriam comprado as passagens de volta, eles seguiram rumo ao campeonato, aqueles dois jogos contra os dois maiores papões do futebol era a vergonha na cara daqueles jogadores, do outro lado a face da derrota configurada pela foto de um garoto chorando no estádio Sarriá, o time saiu de pé, mais cambaleando, desfigurado pela tristeza de uma derrota que ninguém no universo poderia imaginar que poderia acontecer e o Brasil teve a sua segunda maior tragédia no futebol, mais aquele time deixou na memória de quem viu jogar a imagem da alegria, da cumplicidade de todos em dar show, brindar o torcedor com belas jogadas, belos gols, tabelinhas e etc, naquela seleção apenas Falcão e Dirceu jogavam fora, depois do mundial Edinho, Zico, Junior, Sócrates, Batista e Cerezo foram jogar no novo futebol tricampeão do mundo, eles voltaram a se juntar três anos depois para levar o Brasil a mais uma Copa conseguiram mais um ano depois contusões e a idade não deixaram o show continuar.
Edinho zagueiro reserva em 82 quando esteve aqui treinando o Vitória me disse que toda vez que ele que defendia a Udinese, olha para ele e ria e fazia com os dedos os números de gols daquele dia, o mesmo ele fazia toda vez que enfrentava Falcão, Junior, Zico, Dirceu, Sócrates e Batista, ao voltar ao Brasil para jogar no Flamengo, Edinho disse que uma vez retornou a Itália e estava num restaurante quando o garçom se dirige a ele e pede para olhar a mesa ao lado, lá estava ele Il Bambino fazendo o sinal que o marcará por sua vida os três gols que marcou naquele dia 05 de julho de 1982.
Texto: Galdino Silva