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Atlético Acreano, 1973. Em pé, da esquerda para a direita: Belo, Carlão, Tidal, Niltinho, Pitu, Carlinhos e Roberto Araújo (técnico). Agachados: Bené, Bidu, Bolinha, Santiago e Nirval
Cabelos embranquecidos precocemente, o senhor esguio que sobe todos os dias as escadas da Assembléia Legislativa para cumprir mais um mandato dos muitos que lhes foram outorgados pelo povo, apesar de há muito afastado dos campos de futebol, mantém o corpo em forma, como se quisesse mostrar que a qualquer momento poderá voltar a chutar uma bola.
José Elson Santiago de Melo, o volante conhecido por Santiago, natural de Cruzeiro do Sul, começou a carreira de futebolista em 1971, aos 18 anos, no Internacional do Ipase, comandado pelo saudoso professor Gadelha. De futebol elegante, apesar de jogar numa posição que exige disposição para a destruição das jogadas, ele foi eleito logo de cara a revelação do campeonato acreano.
O resultado do ótimo desempenho tornou o Internacional pequeno para Santiago e no ano seguinte ele mudou de casa, migrando para o Atlético Acreano, onde permaneceu por quatro temporadas. “Foi uma boa fase da minha carreira, de muito aprendizado, principalmente porque eu pude atuar ao lado de jogadores consagrados como Tidal, Vale e Bolinha”, diz o ex-craque.
De 1976 a 1979, Santiago defendeu as cores do Independência, mais uma vez ao lado de grandes nomes do futebol local. “Teve um ano que o nosso time era formado por Ilzomar; Belo, Deca, Chiquinho e Henrique; eu, Valdir Silva e Saúba; Tonho, Rui e Laureano. Um timaço para ninguém botar defeito, desses de dar espetáculo e fazer a alegria da galera”, afirma animado.
Em 1980, ano em que casou com D. Zilá, Santiago parou de correr atrás da bola. Mas não se afastou totalmente do esporte e foi ser dirigente da Federação Acreana de Futebol de Salão, onde permaneceu por 8 anos. Depois disso, mais um cargo no futebol: diretor do Departamento de Arbitragem da Federação Acreana de Desportos. “Mas esse foi por pouco tempo”, informa.
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Independência, 1978. Em pé, da esquerda para a direita: Ilzomar, Deca, Belo, Santiago, Chiquinho, Henrique e Ronivon (técnico). Agachados: Valdir Silva, Rui, Laureano, Saúba e Tonho
Os melhores dos anos 70 e 80
Santiago diz ser quase impossível escalar uma seleção dos melhores jogadores da sua época sem cometer injustiças. “Naquele tempo nós tínhamos inúmeros craques, gente de talento, que botava a bola onde queria. Então eu prefiro não escalar. Mas posso citar alguns, por posição”, explica.
Goleiros: Espanhol e Zé Augusto.
Laterais: Mauro e Antônio Maria.
Zagueiros: Neórico, Palheta, Deca e Chiquinho.
Meio-campistas: Emílson, Tadeu, Dadão, Said, Carlinhos Bonamigo e Mariceudo.
Atacantes: Bico-Bico, João Carneiro, Julião, Guedes, Elízio, Danilo Galo.
O melhor técnico? A essa indagação Santiago responde sem precisar pensar muito: Walter Félix de Souza, o Té. “Pela sua dedicação, pelo conhecimento de causa e pelo longo tempo em que dirigiu clubes no Acre. Juventus, Atlético Acreano e Independência, todos em algum momento passaram pelas suas mãos competentes”, diz.
Zagueiros viris e o melhor marcador
Diplomata, como somente um político profissional e de tantos mandatos conquistados sabe ser, Santiago se recusa a citar os nomes dos jogadores mais desleais que teve que enfrentar.
“Os jogadores de antigamente visavam muito a bola. Isso fazia com que o jogo fluísse com desenvoltura e sem muitas agressões. Então, eu não posso dizer que existia gente desleal. O que eu acho é que tinha atleta que fazia da virilidade a sua maior arma. São os casos do Stélio, que jogava no Rio Branco, e do Carlito Viegas, que defendia o Vasco. Quanto ao melhor marcador, no meu ponto de vista esse se chamava Deca. Passar por esse homem era muito difícil”, explica em tom didático.
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Santiago, Garrincha e Ronivon, jogo festivo em 1973
O presente e o passado do futebol acreano
Formado em Educação Física, o ex-craque José Élson Santiago de Melo compara com conhecimento de causa o futebol acreano do passado e do presente.
“Eu diria que no passado o nosso futebol era muito mais bonito, bem melhor disputado, com os craques surgindo a cada temporada. Muitos jogadores daquela época, hoje teriam vaga em qualquer clube do país. Nós jogávamos por amor à camisa. A torcida lotava o estádio, com charangas, bandeiras e isso tornava os espetáculos extremamente motivados. Tudo isso não se vê mais hoje em dia, o que é uma pena”, conclui.
Fonte:Memorial do Craque-AC