Cinquentenário é da fundação do Grêmio Esportivo Maringá, o primeiro time profissional do município. Hoje, Grêmio de Esportes Maringá e Grêmio Esportivo Maringá Limitada brigam para provar quem é o herdeiro desse primeiro clube.

Tudo indica que 2011 será marcante e, ao mesmo tempo, polêmico para o futebol de Maringá. É neste ano que o primeiro time profissional do município, o Grêmio Esportivo Maringá, completará 50 anos. E será polêmico porque duas equipes brigam para provar que são as herdeiras legítimas do clube que faliu em 1971, depois de vencer um campeonato nacional e dois estaduais, cujos troféus desapareceram. Na disputa estão o Grêmio de Esportes Maringá e Grêmio Esportivo Maringá Limitada– time que pretende voltar à 3ª Divisão do Campeonato Paranaense de Futebol.

O presidente e técnico do Grêmio de Esportes de Maringá, Aurélio Almeida, é categórico ao dizer que o clube é o mesmo de 1961, apesar de os nomes serem diferentes. Ele, que comprou os direitos do time em 2002, já planeja as comemorações do cinquentenário, que inclui a inauguração de um centro de treinamento, de um museu e até de um monumento. Para o acervo do museu, está buscando fotos, uniformes e os troféus desaparecidos. “Temos a informação de que esses troféus estão com torcedores no Paraná, São Paulo e Minas Gerais”, contou. “O próximo passo é checar a autenticidade para, depois, tentar recuperá-los.”

Já o presidente do Grêmio Esportivo Maringá Limitada, Elnio Silveira Pohlmann, discorda, também categoricamente. Alega que o clube de Almeida não está prestes a completar 50, mas, sim, 13 anos, porque foi fundado em 1998, após uma divisão da diretoria de outro clube, também chamado Grêmio de Esportes Maringá, fundado, originalmente, pelo próprio Pohlmann, em 1974. “Esse clube [o de 1974] não tem nada a ver com o Grêmio Esportivo Maringá [que completará 50 anos]”, afirmou. “O Grêmio de 1974 foi fundado a partir da equipe que integrava o Esporte Clube Operário, um time amador.”

A história é um convite à confusão. Segundo Pohlmann, o Grêmio Esportivo Maringá nasceu em 1961 e morreu dez anos depois afogado em dívidas. Em 1972, ele mesmo tentou ressuscitar o clube, mas não deu certo, porque ninguém queria encarar o desafio. Resultado: o clube foi reaberto, mas sem time, enquanto resolvia as pendengas financeiras, que incluía dívidas a todos os hotéis da cidade e 22 ações trabalhistas. “Como os torcedores sentiam falta de um time como o Grêmio, fundamos outro, o Grêmio de Esportes Maringá, que estreou vencendo o Atlético Paranaense por 2 a 0”, lembrou.

Em 1976, quando os impasses financeiros foram superados, o Grêmio Esportivo Maringá voltou à ativa, mas com outro nome: Grêmio Esportivo Paranaense (GEP) – se o nome não fosse trocado, os dois grêmios teriam a mesma sigla (GEM). Pohlmann assumiu a presidência desse novo e antigo time e passou adiante a presidência do outro grêmio – mesmo assim, se manteve na diretoria, em vários cargos diferentes ao longo dos anos. Em 1987, o então GEM também se endividou e faliu, sobrando apenas uma diretoria. Em 1988, o GEP pôde então voltar ao nome original, participando de algumas competições.

“Em 1998, houve uma dissidência na diretoria do Grêmio de Esportes Maringá, da qual surgiu o Grêmio Maringá Sociedade Civil, conhecido como o atual Grêmio de Esporte Maringá, do qual o Aurélio Almeida comprou os direitos em 2003”, disse Pohlmann. Almeida, porém, bate o pé. Segundo ele, o time é o mesmo e está prestes a provar que foi o vencedor da Copa dos Campeões da CBD, em 1969 – a possibilidade está ancorada no fato de que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu considerar os títulos nacionais de 1959 a 1970 como sendo do Campeonato Brasileiro.

Para provar a vitória do time maringaense, Almeida prepara um dossiê com reportagens e fotos da época para entregar em breve à CBF. Nela, mostra que o Grêmio Esportivo Maringá foi o vencedor do título, porque, após vencer o Sport, os outros dois times classificados, Santos e o Flamengo, desistiram da competição. “Esse título será motivo de muito orgulho para os maringaenses”, comemorou. “Os troféus sumiram para provar a vitória, mas o dossiê será mais do que suficiente para provar que nós fomos o campeão brasileiro naquela época”.

Procura-se

Uma das últimas pessoas que viu os três troféus (dois dos campeonatos estaduais de 1963 e 1964 e um do campeonato brasileiro de 1969) do Grêmio Esportivo Maringá foi Pohlmann. Ele contou que esses prêmios estavam juntamente do troféu que o Grêmio de Esportes Maringá conquistou em um campeonato estadual de 1977, em uma sala que tinha no centro de treinamento de aproximadamente cinco alqueires deste último time, em 1987. As taças estavam lá, porque Pohlmann tinha ligação com os dois times. “Quando o clube faliu, um zelador levou embora os quatro troféus”, lembrou. “Depois disso, não sei o que aconteceu.”

Recentemente, com a repercussão da notícia de que Maringá pode ser considerada o campeão brasileiro de 1969, Almeida recebeu a notícia de que dois dos quatro troféus estariam em outros estados – o da Copa dos Campeões em São Paulo e um do campeonato estadual em Minas Gerais. Os outros dois ele já sabia que estavam em Maringá. Ele disse que vai checar a autenticidade e, em caso positivo, tentar reavê-los para expor no museu do cinquentenário do Grêmio de Esportes Maringá. “Os torcedores estão pedindo dinheiro para devolver as taças”, contou. “Um deles chegou a pedir R$ 30 mil.”

Fonte: http://www.gazetamaringa.com.br/online/conteudo.phtml?tl=1&id=1082105&tit=Maringa-completa-50-anos-de-futebol-em-busca-de-trofeus-perdidos