CHINESINHO!
Por Lazaro Piunti (ex. prefeito de Itu)
Era 1958. O Brasil ganhara pela primeira vez a Copa do Mundo, com seus craques esbanjando categoria nos gramados da Suécia.
Entre os 22 heróis, estava o piracicabano Mazzola, centro avante do Palmeiras. Único destaque de um time medíocre, depressa a Diretoria o vendeu ao futebol italiano e com o dinheiro montou um elenco poderoso. Do nordeste vieram Zequinha, Aldemar, Géo e o goleiro Aníbal.
Romeiro foi contratado ao América carioca. Julinho Botelho retornou da Fiorentina. Djalma Santos foi adquirido à Portuguesa de Desportos. Com a transação a Lusa comprou o estádio do Canindé.
Do futebol gaúcho o Palmeiras contratou Valdir (Joaquim de Moraes – famoso goleiro). E um garoto baixinho, lépido e forte, que tanto jogava de ponta esquerda ou meia. Seu nome: Sidney Colona Cunha, Chinesinho!
Ele teve uma passagem gloriosa pelo Palmeiras. Um craque completo, disciplinado, habilidoso, inteligente. Bom no desarme, armava as jogadas, municiando o ataque. E também fazia gols!
Menino ainda, morando na roça, eu me encantava com a narração dos jogos de domingo, ouvindo com meu pai no rádio de válvulas.
Chinesinho foi meu ídolo! Um atleta fantástico! Ele ajudou o Palmeiras a fazer frente à máquina santista, comandada por Pelé e seus coadjuvantes Zito, Dorval, Jair, Pagão e Pepe.
Em 1962 Chinesinho e Benê (São Paulo F. C.), disputavam uma vaga para a Copa no Chile. Ambos foram injustiçados. Convocaram Mengálvio.
Então ele se transferiu para o futebol italiano. O Palmeiras ganhou com o negócio uma montanha de dinheiro, suficiente para a construção do lendário Jardim Suspenso e a compra de uma dúzia de jogadores. Nascia a 1ª Academia. Vavá, Servílio, Rinaldo, Djalma Dias e um garoto do Bangu, com a tarefa de substituir Chinesinho: Ademir da Guia!
(Chinesinho comemorando o título de 1959 no Pacaembu em jogo contra o Santos).
Anos após encerrar a carreira, Chinesinho morou algum tempo na Praia Grande. Sentia-se deprimido. O Alzheimer exibia os sintomas iniciais. Um amigo me contou que muitas vezes Chinesinho saía do bar na praia onde jogava dominó e corria até um telefone público, imaginando-se a falar com alguém na Itália, reclamando: -“mi pensione, mi pensione, mi pensione”.
Neste 14 de abril de 2011 Chinesinho morreu pobre e esquecido. Aos 75 anos, preso a uma cadeira de rodas!