A Sociedade Esportiva Palmeiras, teve outro nome e escudo oficial em 1942, quando por força de lei do Presidente Getúlio Vargas, teve que alterar seu nome, que na época chamava-se Societá Sportiva Palestra Itália.
Getúlio, mesmo tendo simpatia aos governos “nacionalistas” europeus da Alemanha, Itália e Japão, por força internacional, teve que aderir aos “Aliados” na 2ª Guerra Mundial. Para mostrar de que lado realmente estava, promulgou leis ditatoriais ao interferir nos nomes das cidades brasileiras e das associações. As cidades não poderiam ter nome iguais, então mudaram de Laranjal, para Laranjal Paulista, de Bragança, para Bragança Paulista, de Rio Preto, para São José do Rio Preto, de Vitória, para Vitoriana, entre muitos outros municípios brasileiros.
As associações não poderiam ter o nome da nação, ou seja, não poderia ter o nome “Brasil”, e os que tinham nomes referentes à Alemanha e Itália deveriam também mudar o nome. Daí, com o medo de desapropriações de seu patrimônio, os “Palestra Itália” de todo o Brasil tiveram que mudar o nome, que revoltou a todos os palestrinos do Brasil.
Mesmo contra a própria vontade, o Palestra Itália “paulistano”, mudou seu nome para “Palestra de São Paulo”. Considerando a palavra grega “Palestra” uma palavra universal.
Mesmo com a mudança, não convenceu as autoridades paulistas ligadas a Getúlio, que exigiu outro nome. “Palestra” também não pode… Vííu…
Então, a “sociedade esportiva” mudou novamente de nome. Agora, por sugestão de Mário Minervino, então diretor do clube, que mantivesse o “P” de Palestra já utilizado nos uniformes, denominando Sociedade Esportiva Palmeiras, homenageando o extinto clube alvinegro, com autorização dos proprios. Ká entre nós, uma bela jogada de “marquetíngue”. Não precisou alterar nada nos uniformes, até porque não mais utilizava o vermelho, descaracterizando a bandeira “tricolore” italiana para satisfação das autoridades “getulísticas”.
Muitos ao contar a história do Palestra/Palmeiras desprezam o nome e escudo deste período, até porque foi um período curto de 6 meses, diríamos assim, principalmente os sites de escudos, que apenas consideram uma variação temporaria do escudo oficial.
Os palmeirenses enaltecem o feito, que no ano conturbado de alteração do nome, o Palestra de São Paulo ficou invicto no campeonato, recordando a partida histórica com o São Paulo FC, que acabou decidindo o título. Os palestrinos entraram em campo com a bandeira brasileira, e foram aplaudidos pelas duas torcidas. Afinal, era a bandeira “nacional” e o Palestra de São Paulo, se apresentava a toda imprensa com um novo nome:
SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS.
E ao final do jogo, com o título conquistado, gritaram a frase de Mário Minervino:
“Morre O PALESTRA LÍDER, e nasce O PALMEIRAS CAMPEÃO ! ”
O Palestra de São Paulo, foi o mais competente da história dos campeonatos paulistas, embora não da forma invicta, pois acabou perdendo o ultimo jogo, já com a “Taça” na mão.
Explico:
Oficialmente os nomes foram alterados conforme o Estatuto do Clube em:
27 de março de 1942 – S.S. Palestra Itália para S.E. Palestra de São Paulo.
Portanto, antes da primeira partida com o Comercial-SP, que foi dia 04 de abril de 1942.
19 de outubro de 1942 – S.E. Palestra de São Paulo para S.E. Palmeiras.
Portanto, depois do término do campeonato, ultimo jogo foi no dia 4 de outubro de 1942.
Muitos, ou todos, atribuem à mudança no dia 20 de setembro de 1942, dia do jogo com São Paulo FC, dia do anuncio oficial a imprensa.
Conclusão, o nome oficial que disputou o campeonato paulista inteiro de 1942, foi a Sociedade Esportiva Palestra de São Paulo.
Isto deve constar nos dados estatísticos da Federação. No livro “O caminho da Bola” e no site da RSSSF não consta.
Este fato explica também porque o famoso jornalista Thomas Mazzoni, palestrino, não cita uma única vez a palavra “Palestra” ou “Palmeiras” nas sua reportagem de 3 paginas sobre o jogo da decisão, na “A Gazeta Esportiva”. Escreveu apenas “o alvi-verde”, o “XI de Og Moreira”, o “XI do Parque Antartica” para falar do clube. Afinal, qual era o nome oficial do vencedor da partida? Mazzoni foi elegante ao não induzir ao erro seu eleitor, pois oficialmente ainda não havia efetuado a alteração do nome.
Assim, no cadastro dos clubes participantes, tem que constar a Sociedade Esportiva Palestra de São Paulo em 1942, e é claro, seu respectivo escudo e uniforme. No caso dos uniformes, são iguais para todos na época: Palestra Itália, Palestra de São Paulo e Palmeiras), com exceção do escudo da camisa, sem o “I” de Itália.
Assim, o Palestra de São Paulo tem 100% de aproveitamento:
uma participação – um título de campeão paulista.
Veja a campanha vitoriosa da Sociedade Esportiva Palestra de São Paulo:
20 jogos, 36 pontos, 17 vitórias, 2 empates, 1 derrota,
65 gols Pró, 19 gols contra, Saldo de gols: 46
Jogos do Campeonato Paulista de 1942:
04/04/1942 – Comercial (da capital) 0 x 6 Palestra de São Paulo
12/04/1942 – Portuguesa 1 x 1 Palestra de São Paulo
19/04/1942 – Palestra de São Paulo 4 x 2 Ypiranga
03/05/1942 – Palestra de São Paulo 3 x 0 Juventus
10/05/1942 – Palestra de São Paulo 3 x 2Santos
17/05/1942 – Palestra de São Paulo 3 x 2 São Paulo Railway
31/05/1942 – Palestra de São Paulo 2 x 1 Portuguesa Santista
07/06/1942 – Palestra de São Paulo 6 x 0 Hespanha
14/06/1942 – São Paulo 1 x 2 Palestra de São Paulo
28/06/1942 – Corinthians 1 x 1 Palestra de São Paulo
19/07/1942 – Palestra de São Paulo 3 x 0 Hespanha
26/07/1942 – Palestra de São Paulo 3 x 2 São Paulo Railway
02/08/1942 – Juventus 0 x 4 Palestra de São Paulo
09/08/1942 – Ypiranga 1 x 4 Palestra de São Paulo
16/08/1942 – Santos 2 x 5 Palestra de São Paulo
23/08/1942 – Palestra de São Paulo 6 x 0 Comercial
08/09/1942 – Palestra de São Paulo 4 x 0 Portuguesa
13/09/1942 – Portuguesa Santista 0 x 1 Palestra de São Paulo
20/09/1942 – São Paulo 1 x 3 Palestra de São Paulo (jogo da decisão)
04/10/1942 – Corinthians 3 x 1 Palestra de São Paulo
Jogo da decisão:
20 de setembro de 1942 – Pacaembú
Juíz: Jaime Janeiro Rodrigues
Palestra de São Paulo: Oberdan; Junqueira e Begliomini; Zezé Procópio, Og Moreira e Del Nero; Cláudio Christovam de Pinho, Waldemar Fiúme, Lima, Villadoniga e Echevarrieta. Tc: Del Debbio
São Paulo:Doutor; Piolim e Virgílio; Lola, Noronha e Silva; Luizinho Mesquita, Waldemar de Brito, Leônidas da Silva, Remo e Pardal. Tc: Vicente Feola
Gols:Cláudio Christovam de Pinho (19), Waldemar de Brito (24) e Del Nero (42) do 1ºt; Echevarrieta (14) do 2ºt
O São Paulo retirou o time de campo antes do final da partida por não concordar com pênalti marcado para o Palestra de São Paulo, após espulsão de um jogador tricolor.
Classificação: P G W D L GF GA GD
1. Palestra de São Paulo 36 20 17 2 1 65 19 46
2. Corinthians 33 20 15 3 2 78 29 49
3. São Paulo 32 20 15 2 3 77 28 49
4. Ypiranga 24 20 10 4 6 55 44 11
5. São Paulo Railway 19 20 8 3 9 48 61 -13
6. Juventus 19 20 9 1 10 42 46 -4
7. Santos 18 20 7 4 9 59 51 8
7. Portuguesa 18 20 8 2 10 44 52 8
9. Portuguesa Santista 10 20 5 0 15 39 60 -21
10. Comercial (SP) 7 20 3 1 16 34 94 -60
11. Hespanha 4 20 1 2 17 30 87 -57
O “Torneio Início” foi realizado em 1 de março de 1942, o vencedor foi a SS Palestra Itália.
O Palestra de São Paulo teve um jogo antes, pelo término do Torneio Quinela de Ouro, sendo sua primeira partida: 28/03/1942 – Corinthians 4 x 1 Palestra de São Paulo
Dizem os “octo-palmeirenses” que na verdade a sigla SEP, significa
“Sempre Eternos Palestrinos”.
Fontes: sites da RSSSF, Porcopédia, Palestrinos e Oficial do Palmeiras
e o Livro “O caminho da Bola”, de Rubens Ribeiro.
Em Curitibanos-SC existe o Palestra que utiliza este escudo.
Só não tenho certeza se a inscrição “de S. Paulo” foi trocada para “Curitibanos” ou inexiste a referência.