Por Sérgio Mello
Uma História Gloriosa
No dia 28 de junho de 1930, uma bela matéria do Diário de Notícias (RJ) sobre o Villa Nova Athletico Club, um dos mais festejados clubes filiados à Liga Mineira de Desportos Terrestres (LMDT), que comemorava 22 anos de existência.
O glorioso clube mineiro da cidade de Nova Lima, Minas, que foi fundado no domingo, do dia 28 de junho de 1908, por trabalhadores da mina de Morro Velho, pertencente à Saint John Del Rey Mining Company Limited da cidade de Nova Lima.
A escolha do nome
Nos primórdios da sua história, o município de Nova Lima chamava-se Villa Nova de Lima e os fundadores resolveram homenagear o antigo topônimo e mantiveram, inclusive, a grafia de Villa com dois” L”. Logo no início da sua bela trajetória, o Villa Nova consolidou-se como um dos mais tradicionais e aguerridos times do estado de Minas Gerais e os títulos não demoraram a ser conquistados.
O Leão do Bonfim é um dos mais progressistas e queridos centros esportivos do grande Estado central, cujo valor esportivo vem se firmando lado a lado com a sua ascendência social e material, já tendo o seu nome valoroso ultrapassado as fronteiras das Alterosas, incutindo amizade, valor respeito às maiores sociedades esportivas do país.
A primeira grande vitória
O Villa Nova A. Club teve a sua primeira grande vitória de football, nos campos de football, dois após a sua fundação, quando, em 1910, venceu brilhantemente, por 2 x 1, o até então invencível Morro Velho Athletic Club, veterana e modelar sociedade mineira, e quiçá a mais antiga agremiação esportiva do Brasil, mantida pelos ingleses da companhia que lhe dá o nome. De então para cá tem o clube nova-limense trilhado vertiginosamente a estrada luminosa da gloria.
Na década de 20, o clube viajou até o Rio de Janeiro
Sob a presidência do sr. Agostinho de Mello, em 1920, iniciou o Villa Nova A. Club as suas relações esportivas com os grandes centros: esportivos da Capital Federal, recebendo então a visita amistosa do São Christovão A. C. e já em 1922, na presidência do sr. Álvaro Ribeiro, recebeu festivamente a representação do grande “leader” do football nacional, o Fluminense F. С.
A par do progresso esportivo do club, veio, também, se avolumando o progresso material, cuja principal obra foi a construção, sob a presidência do sr. José Dias de Araujo, da magnifica sede social, suntuosamente instalada em edifício próprio e a continuação da construção das arquibancadas; obra está já iniciada na administração anterior.
Todos os clubes mineiros filiados á Liga Mineira de Desportos Terrestres têm já pisado o gramado villanovense, em lutas amistosas com o pujante e adestrado quadro do alvirrubro, com excepção unicamente do Sport Club Uberaba.
Disputando o campeonato da Liga Mineira, no corrente ano, conquistou o Villa Nova o almejado título de campeão do Torneio Initium da Liga, e é considerado como um dos prováveis detentores do campeonato mineiro, pertencendo ao seu quadro os dois melhores chutadores do atual campeonato, os players Moore e Lêra.
É, pois, o Villa Nova A. Club uma verdadeira escola de desportistas, possuindo nada menos de cinco teams inferiores, inclusive um club, seu filiado, o Palmeiras F. C., de modo que um jogador para alcançar o primeiro team terá que passar por todos os cinco teams do clubs, sendo o Palmeiras que é o team juvenil, o primeiro degrau da escala.
Em 1930, o Villa contava com 2 mil sócios
Compõe-se o quadro social do Villa Nova de mais de 2 mil associados, não obstante existirem em Nova Lima mais duas importantes sociedades esportivas, o Morro Velho A. Club e o Retiro Sport Club, cada um com cerca de mil sócios.
O Villa Nova A. Club é a “menina dos olhos” do povo de Nova Lima, tanto que os “mineiros” da Mina do Morro Velho acabam de prestar espontaneamente, ao Villa, uma significativa homenagem, oferecendo ao club valioso e belo troféu, artístico bronze representando a Victoria, como lembrança dos triunfos ultimamente obtidos pelo 1º team do poderoso grêmio nova limense.
A diretoria do Villa Nova, em 1930:
Presidente – Castor Cifuentes;
Vice-presidente – Omar Wanderley;
2° vice-presidente – dr. José Furletti;
Secretário geral – José Dias de Araujo;
1° secretario – Agostinho Taveira;
1° tesoureiro – Robespierre Magalhães;
2º secretario – Raymundo Lacerda;
2° tesoureiro – Sylvio Wanderley; Orador – major José Gustavo Dias.
Commissão de sports – José Dias, João Carvalho, Cicero Dias e Argemiro Dias.
Auxiliar da direcção sportiva – Massagista e treinador, Manfrido Costa.
A Falange Feminina do Villa Nova, ultimamente formada, tem já prestado muitos valiosos serviços ao club alvirrubro, estando assim organizada a diretoria de 1930:
Presidente – Gercina de Mello Taveira;
Vice-presidente – Maria Roussin Guedes;
1ª secretaria – Lya Wanderley;
2ª secretaria – Olga Magalhães;
1ª tesoureira – Maria Carvalho de Aguiar;
2ª tesoureira – Maria Ribeiro;
Procuradoras – Clelia Santiago e Esmeralda Alves;
Directoras de sports – Gercina Roscoe Gavriloff e Clelia Santiago.
Os associados do Villa Nova A. Club elegeram, recentemente, a sua rainha, a senhorita Geralda Pulcherio, cuja casa real ficou composta das grã-duquesas senhoritas Clelia Santiago, Lili Fonseca e Josepha Rodrigues.
Tricampeão Mineiro na década de 30
O time ostenta muitas conquistas, como título o tricampeonato mineiro de 1933/34/35, Supercampeão em 1951, quando numa célebre final disputada contra o Atlético derrotou após três emocionantes jogos. Outro feito histórico foi a conquista do Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão em 1971, competição que equivale atualmente à Série B.
Note-se que o futebol mineiro venceu as duas primeiras edições do Campeonato Brasileiro com o Villa Nova levando a Primeira Divisão (Série B) e o Atlético ficando com a Divisão Extra (Série A).
O epíteto de “Leão do Bonfim” foi incorporado à equipe na década de 40 pelo chargista Fernando Pierucetti, o Mangabeira, do extinto jornal Folha da Manhã, de Belo Horizonte.
Ele gostava de associar bichos que simbolizassem a alma dos times mineiros e dessa forma nasceram o Galo, a Raposa e o Coelho para designar, respectivamente, o Atlético, o Cruzeiro, e América.
Já o “Bonfim” do apelido é uma referência ao Bairro de Nova Lima onde está sediado o lendário Estádio Castor Cifuentes, na Rua Major Felizardo. Aliás, o nome do Estádio é uma homenagem a um grande benfeitor villa-novense e ex-presidente da agremiação durante a conquista do tricampeonato em 33/34/35. Atualmente, o Estádio Castor Cifuentes tem capacidade para 10 mil torcedores, fruto das melhorias que foram implementadas no decorrer da história.
ARTES: escudo e uniformes – Sérgio Mello
FOTOS: Diário de Notícias (RJ) – Gazeta de Notícias (RJ) – Revista Fon Fon (RJ) – Revista da Semana (RJ) – Revista Manchete – Vida Sportiva (RJ)
FONTES: Diário de Notícias (RJ) – Jornal Minas (MG)