O Industrial Mineira Foot-Ball Club foi uma agremiação da cidade de Juiz de Fora (MG). O Tricolor Mariano Procópio e/ou “Campeão do Centenário” foi Fundado na quarta-feira, do dia 08 de Janeiro de 1919, por funcionários da Indústria de Fiação e Tecelagem Mineira.
A sua Sede e a Praça de Esportes, ficava localizado na Avenida dos Andradas, s/n, no bairro de Mariano Procópio, em Juiz de Fora. As suas cores (uma homenagem a bandeira da Grã-Bretanha): vermelho, azul e branco.
Em 1919, ingressou na Sub-Liga Mineira de Desportos Terrestres (SLMDT) de Juiz de Fora. Três anos depois, o Industrial Mineira foi campeão do Centenário do Campeonato Citadino de Juiz de Fora, em 1922. Nos Segundos Quadros se sagrou Tricampeão Citadino em 1922, 1923 e 1924. Nos terceiros Quadros ficou com o vice-campeão em 1923 (perdeu a final para o Sport Club Juiz de Fora por 3 a 1).
Industrial goleou o Sport e ficou com o título de 1922
O título do Centenário de 1922, veio na grande final diante do Sport Club Juiz de Fora. A partida aconteceu no domingo, às 15 horas e 30 minutos, do dia 05 de Agosto de 1923, no campo do Tupy Football Club, situado na Avenida Dr. Francisco Bernardino.
O árbitro foi o Sr. Eduardo Pinto da Fonseca, da Liga Metropolitana, que aceitou a espinhosa tarefa de dirigir a importante peleja. Os seus auxiliares foram os desportistas Antonio Lopes Paranhos e Hugo Zanetti. No final, a atuação do trio agradou as duas equipes.
O delegado da partida foi o Dr. Arthur de Azevedo Filho, da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) e pelo Sr. José Ramos de Freitas, presidente da Liga Brasileira de Desportos (LBD). Como represente da Sub-Liga, serviu o Dr. Miguel Cautiero.
Industrial Mineira: Durval; Duca e Albino; Acyr, Alencar e Very; Dore, Bibi, Tatu, Chiquinho e Álvaro.
Sport Club: Ruy; Sisipho e Negrão; Dante, Canário e xxx; Bacury, Coelho, Tatão, Theodorico e J. Maria.
O Industrial Mineira começou pressionando e abriu o placar logo aos 5 minutos, após Dore soltar uma bomba, sem chances para o goleiro Ruy. O gol fez o Sport equilibrar as ações, porém, aos 20 minutos, Álvaro conseguiu burlar a defesa alviverde, marcando o segundo gol do Tricolor de Mariano Procópio.
O Sport não desanimou e aos 27 minutos, diminuiu por intermédio de Tatão. Contudo, um minuto depois, o Industrial ampliou, novamente com Álvaro. O jogo ficou truncado, com muitas faltas de ambos os lados.
Mas, aos 35 minutos, o Industrial chegou ao 4º gol, por intermédio de Dore, que arriscou um chute do meio da rua, surpreendendo o arqueiro Ruy. E assim, terminou o primeiro tempo.
Na etapa final, o Sport conseguiu ter mais domínio da partida, enquanto o Industrial ameaçava em esporádicos momentos. Porém, o placar permaneceu inalterado. Fim de jogo, o Industrial Mineira goleou o Sport Club por 4 a 1, conquistando o título de Campeão do Centenário.
Na preliminar, o Sport Club de Juiz faturou o título do Terceiros Quadros ao bater o Industrial Mineira por 3 a 1. No primeiro tempo, o Tricolor abriu o placar com Leôncio. Na etapa final, veio a vira do Alviverde, por intermédio de Rosa, duas vezes, e Ximbim. O árbitro foi o Sr. Hugo Zanertti, do Tupynambás.
Elenco do 1º Quadros – Campeão do Centenário de 1922: Durval Gama, Eduardo Xavier, Albino Amaro, Acyr, Alencar Martins, Guilherme Bragança, João Dore, João Acione, João Xavier, Francisco Gomes, Álvaro E. Varsal, Francisco José Lopes, Verydomar Bechtlufft, José C. Maranhas.
Industrial x Palestra Itália
No domingo, do dia 27 de Julho de 1924, o Industrial enfrentou o Palestra Itália (atual Cruzeiro), de Belo Horizonte, na sua Praça de Esportes, situado na Avenida dos Andradas, em Mariano Procópio.
O vencedor desta partida receberia a Taça Rodolpho Neubauer, oferecido pela empresa Parc Royal. Na preliminar o jogo entre os Segundos Quadros do Industrial e Tupy. Infelizmente, faltou o jornal que traria o resultado.
Mas esse confronto teve o jogo da volta, no domingo, do dia 21 de Setembro de 1924, no Barro Preto, em Belo Horizonte. A partida entre Palestra Itália e Industrial Mineira terminou empatada em 3 a 3.
Industrial faz história e vence o Flamengo/RJ
A princípio o jogo estava marcado para o domingo, do dia 02 de Agosto de 1925. No entanto, por compromissos do rubro-negro carioca a partida foi remarcada o domingo, do dia 04 de Outubro de 1925. O vencedor levaria a Taça Bavária, ofertada pelos industriais V. Stiebler & Filhos.
O jogo entre o Industrial Mineira e o Clube de Regatas Flamengo, foi destacado como o maior acontecimento esportivo da cidade de Juiz de Fora, naquele ano. A princípio o árbitro seria o renomado Sr. Leite de Castro, que meses antes tinha apitado o jogo entre Cariocas e Paulistas, sendo considerado pela crítica o melhor árbitro do país. No entanto, quem, de fato, apitou a peleja foi o Sr. Alcides Horta, que teve uma boa atuação.
Enfim, o dia chegou! E, o que parecia impossível aconteceu! Com uma atuação que beirou a perfeição, o Industrial Mineira surpreendeu o Flamengo, e, venceu pelo placar de 2 a 1, na sua Praça de Esportes, na Avenidas dos Andradas, no bairro Mariano Procópio.
O triunfo do “Campeão do Centenário” foi algo muito destacado, uma vez que vencer um gigante carioca, naquela época, de uma equipe mineira era algo raro. Para se ter uma ideia, apenas na década de 30 o Atlético-MG foi vencer um rival da então capital do Brasil.
O 1º gol da partida saiu aos 16 minutos. Lopes avançou e invadiu a área, desferindo um potente chute, obrigando o goleiro Batalha, se esticar todo, espalmando para escanteio. Na sequência, centro na área e Moraes testou de forma inapelável, abrindo o placar para o Industrial.
A partir daí, o “Campeão do Centenário” criou algumas chances, enquanto o rubro-negro pouco ameaçou a meta adversária. Assim, terminou o primeiro tempo, com a vitória parcial de 1 a 0, para o tricolor juizforano.
Na etapa final, o jogo ficou equilibrado, com as duas equipes criando boas chances. Numa delas, o árbitro marcou um pênalti para o Flamengo. Porém, Pennaforte bateu fraquinho e o goleiro Mangueira defendeu, para o delírio da torcida presente.
Depois um fato triste aconteceu. O atacante Lelé, do Industrial, acabou se machucando (depois foi descoberto que foi uma fratura no braço). O jogo ficou paralisado por 15 minutos. O jogador lesionado acabou substituído por Coelho.
Gol de empate: Reiniciada a partida, o Flamengo tratou de pressionar a defesa adversária. Nonó dividiu a bola com a zaga. A bola subiu e Candiota cabeceou firme para empatar o jogo: 1 a 1.
A partida ficou eletrizante com os dois times buscando a vitória todo custo. Contudo, a sorte sorriu para o Industrial. O zagueiro veterano Ducca avançou e centrou na área. A bola sobrou para Chiquinho, que soltou um foguete para marcar o gol da vitória, levando a torcida local ao êxtase!
O presidente do Industrial, Américo Bernardes Fraga, não escondeu a felicidade pela grande vitória, destacando que foi um resultado histórico:
“A maior glória para o desporto mineiro, pois um team do interior abater um team formidável, como é o Flamengo, composto de elementos famosos, inclusive diversos campeões do Brasil. Não é uma glória só para Juiz de Fora, mas sim para todo o estado de Minas“, destacou Fraga.
INDUSTRIAL MINEIRA F.C. 2 X 1 C.R. FLAMENGO
LOCAL: Av. dos Andradas (Campo do Industrial), Juiz de Fora (MG)
CARATER: Amistoso Nacional
DATA: Domingo, do dia 04 de Outubro de 1925
HORÁRIO: 15 horas e 55 minutos
ÁRBITRO: Sr. Alcides Horta
INDUSTRIAL – Mangueira; Jovelino e Ducca; Acyr, Alencar e Tatu; Bibi, Moraes, Lopes, Chiquinho e Lelé (Coelho). Técnico: Ground Committe
FLAMENGO – Batalha; Pennaforte e Hélcio; Hermínio, Roberto e Japonez; Newton, Candiota, Nonô, Vadinho e Angenor. Técnico: o uruguaio, Juan Carlos Bertoni.
GOLS: Moraes aos 16 minutos (Industrial), no primeiro tempo. Candiota (Flamengo) e Chiquinho (Industrial), marcaram na etapa final.
Estrutura de primeira
Em 1926, o clube possuía cerca de 1.100 sócios. A sua sede era reputada a melhor do estado de Minas e uma das melhores do país. O campo passou por uma remodelação, com a troca da grama e a construção de uma majestosa arquibancada.
O clube ainda dispunha de uma quadra de tênis e uma piscina de water-polo (pólo aquático). A sua diretoria composta da seguinte forma:
Presidentes de Honra – Ernest Gepp, Francis Wright e Harry Sutcliffe;
Presidente – Américo Bernardes Fraga;
1º Vice-Presidente – Aquilino Gomes da Silva;
2º Vice-Presidente – Guilherme Ormrod;
1º Tesoureiro – Antonio Domingues Silva;
2º Tesoureiro – Matheus Clemente (reeleito);
1º Secretário – Reynaldo Madeira de Ley (reeleito);
2º Secretário – Valentim Dilly;
Procurador – Alberto Krentzfeld (reeleito);
Presidente da Comissão de Sports – Harry Sutcliffe (reeleito);
Conselho Fiscal – Acyr Delphim Fonseca, Aristides Sogno (reeleito) e Pedro Giovanetti (reeleito);
Suplentes – José de Landa, Pedro Hansen e José Koehler (reeleitos);
Ground Committe – Domingos Sirimarco, Felippe Schaefer e Guilherme Franck (reeleitos).
Industrial goleia o Villa Isabel/RJ
No domingo, do dia 16 de Maio de 1926, em amistoso nacional, o Industrial Mineira recebeu o time carioca do Villa Isabel Football Club, na sua Praça de Esportes, na Avenida dos Andradas. Novamente, o “Campeão do Centenário” triunfou ao golear o seu oponente pelo placar de 4 a 1.
No primeiro tempo, o Industrial foi pra o intervalo com a vantagem de 1 a 0, com gol de Tatú. Na etapa fina, logo a um minuto e meio, novamente Tatu ampliou. Depois, Lopes fez o terceiro do time da casa.
Os cariocas diminuíram por intermédio de Gallo. Porém, logo depois, de novo Lopes fez o quarto gol, dando números finais a peleja.
INDUSTRIAL MINEIRA F.C. 4 X 1 VILLA ISABEL F.B.C.
LOCAL: Av. dos Andradas (Campo do Industrial), Juiz de Fora (MG)
CARATER: Amistoso Nacional
DATA: Domingo, do dia 16 de Maio de 1926
HORÁRIO: 15 horas e 30 minutos
ÁRBITRO: Sr. Jayme Motta (Sub-Liga)
INDUSTRIAL – Durval; Jovelino e Peçanha; Acyr, Alencar e Octavio; Bibi, Tatú, Moraes, Lopes e Maranhas. Técnico: Técnico: Ground Committe
VILLA ISABEL – Briani; Jobel e Pedro; Gradim, Sylvio e Evencio; Bonitinho, Tulher, Mintho, Gallo e Fernandes.
GOLS: Tatu (Industrial), no primeiro tempo. Tatu (Industrial), Lopes (Industrial), Gallo (Villa Isabel) e Lopes (Industrial), marcaram na etapa final.
PRELIMINAR: os juvenis do Industrial e Tupy, empataram em 1 a 1.
Clube fecha a porta em 1930
O Industrial Mineira seguiu disputando as competições citadinas e amistosos nacionais, como por exemplo, diante de um Combinado da Guanabara, Sport Club Internacional, de Petrópolis (RJ), entre outros.
Porém, na terça-feira, do dia 15 de Julho de 1930, o clube fechou às portas. Na década de 50, surgiu o Esporte Clube Industrial Mineira. Porém, não foi encontrado provas que essa agremiação tinha alguma relação com o anterior, apesar das cores e o modelo de escudo serem similares.
Algumas formações:
Time base de 1919: Santos (Henrique); Nelson e J. Lopes; Xodó (Albino), Orestes e Dias; Pires (Roque), Bruno (Eurico), Aché (Britto), Parisi (Guyatá) e Germano.
Time base de 1922 e 1923: Durval (Creosotagem); Duca e Albino; Acyr (Coelhinho), Alencar e Very; Dore, Bibi (Tatu), Lopes, Chiquinho e Álvaro.
Time base de 1925: Mangueira; e Ducca; Acyr, Alencar e Tatu; Bibi, Moraes, Lopes, Chiquinho e Lelé (Coelho).
Time base de 1926: Durval; Jovelino (Raul) e Peçanha (Ducca); Acyr, Alencar e Tatu (Octavio); Bibi, Moraes, Lopes, Chiquinho (Maranhas) e Lelé.
Time base de 1928: Durval; Ducca e Lopes; Oliveiras, Bibi e Octavio; Geraldo, Moraes, Bianco, Chiquinho e Egydio.
Desenhos do escudo e uniforme: Sérgio Mello
FOTO: Acervo de Cleber Franck Pessoa
FONTES: Pharol (MG) – A Noite (RJ) – Jornal do Commercio (RJ) – Site Toque de Bola – Museu Mariano Procópio – Livro “A Epopéia dos Vencedores” de Halber Alvim Pedrosa