O São Cristóvão Athletico Club (Atual São Cristóvão de Futebol e Regatas) é uma agremiação da cidade do Rio de Janeiro (RJ). A sua Sede social e o Estádio Figueira de Melo, ficam localizados na Rua Figueira de Mello, 200, no Bairro de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. A sua maior conquista foi o título do Campeonato Carioca da 1ª Divisão de 1926.
História do São Cristóvão
Clubes de origem e fusãoFoi fundado no bairro de São Cristóvão em 12 de outubro de 1898 o Club de Regatas São Christóvão, dedicado ao remo. Em 5 de julho de 1909, surgiu oSão Christóvão Athletic Club, que se restringia ao futebol, e disputava o campeonato metropolitano – sua 1ª partida foi disputada em 1 de agosto de 1909, vencendo o Piedade F.C. por 5 a 1.
A união de ambos deu origem ao atual São Cristóvão de Futebol e Regatas em 13 de fevereiro de 1943 – um novo clube, que herdou do clube de futebol a fama conseguida nos campos, já campeão carioca e com bom desempenho nos gramados.
Campeão Carioca de 1926
Em 1918, 23 e 24, o São Cristóvão terminara o Campeonato Carioca em 3ºlugar, já mostrando sua força. Mas, ainda assim, no início do Carioca de 1926, os favoritos eram Vasco, Flamengo e Fluminense.
Na estréia, o São Cristóvão mostrou força e venceu o Botafogo por 6 x 3. No entanto, o time da Figueira de Melo perdeu de 6 x 2 do Fluminense na rodada seguinte e reforçou sua condição de azarão. Aos poucos, porém, a estratégia do técnico Luís Vinhaes começou a se fazer notar.
O treinador era discípulo do uruguaio Ramón Platero, campeão com o Vasco em 1923 e 24. Ambos tinham por princípio impor treinamento intenso aos jogadores, com enfoque no preparo físico e na força para os padrões ao amadorismo da época.
No caso de Vinhaes, ainda deve-se acrescentar o discurso motivacional apurado. Mesmo sem resultados brilhantes, o São Cristóvão foi colhendo pontos. Venceu Vila Isabel (3 x 2) e Vasco (2 x 1) apertado antes de deslanchar com um acachapante 5 x 0 sobre o Flamengo.
O time seguiu com sua campanha consistente e discreta, com vitórias sobre Syrio e Libanez (3 x 1), Brasil (8 x 2), América (3 x 1) e Botafogo (4 x 3) e empate com Bangu (2 x 2). No início do segundo turno, o São Cristóvão venceu o Fluminense por 4 x 2 e se colocava como candidato ao título.
Uma derrota para o Vasco (2 x 3) complicou a situação, pois os cruzmaltinos já se colocavam como principal concorrente na competição. Ainda assim, com vitórias consecutivas sobre Vila Isabel, Brasil, Syrio e Libanez e Bangu colocaram o clube da Figueira de Melo em situação confortável.
A equipe tinha 27 pontos ao lado do Fluminense. O Vasco estava com 29, mas tinha duas partidas a mais e já encerrara sua participação. Em 19 de setembro de 1926, o São Cristóvão empatou em 4 x 4 com o América e se beneficiou da derrota do Fluminense para o Flamengo por 2 x 0.
Com isso, bastaria ao Alvinegro vencer o desinteressado Rubro-negro na partida decisiva. Os dois times já haviam se enfrentado no returno com vitória flamenguista por 3 x 1. No entanto, o jogo foi interrompido e cancelado, dando essa nova chance ao São Cri-Cri.No jogo decisivo, realizado em 21 de novembro de 1926 no estádio da Rua Paysandu, o São Cristóvão sobrou em campo.
Com o artilheiro Vicente em jornada inspirada, o time da Figueira de Melo fez 5 x 1 e conquistou, pela primeira e única vez, o Campeonato Carioca. Com os três gols na decisão, Vicente passou o vascaíno Russinho e ficou com a artilharia do torneio. Abaixo, a Ficha técnica do jogo que deu o título para o São Cri-Cri:
C.R. FLAMENGO (RJ) 1 X 5 SÃO CRISTÓVÃO A.C. (RJ) | |
LOCAL | Estádio da Rua Paysandu, na Rua Paissandu, no Bairro do Flamengo, na Zona Sul do Rio (RJ) |
DATA | Domingo, do dia 21 de Novembro de 1926 |
CARÁTER | Campeonato Carioca de 1926 |
ÁRBITRO | Carlos Martins da Rocha |
FLAMENGO | Amado; Pennaforte e Hélcio; Favorino, Flávio (Alfredo) e Japonês; Allemand, Aché, Nonô, Fragoso (Vadinho) e Moderato. |
SÃO CRISTÓVÃO | São Cristóvão: Paulino; Póvoa e Zé Luiz; Julinho, Henrique e Alberto Corrêa; Oswaldo, Octávio, Vicente, Arthur e Teófilo. Técnico: Luís Vinhaes |
GOLS | Allemand (Flamengo); Octávio, duas vezes, e Vicente, três tentos (São Cristóvão) |
Depois do título carioca, o técnico Luís Vinhaes ganhou espaço. Em 1934, foi o treinador da seleção brasileira na Copa da Itália. Em 1933, levou o Bangu a seu primeiro título carioca.
Outros grandes momentos no futebol
Além do Carioca de 1926, o São Cristóvão também conquistou o Torneio Início em 1918, 28, 35 e 37 e foi ainda vice-campeão em outras seis ocasiões: 1920, 1925, 1927, 1938, 1940 e 1964, num total de dez decisões disputadas neste tradicional torneio. Também ficou com o vice-campeonato estadual em 1934.
O São Cristóvão teve ainda os artilheiros dos campeonatos cariocas de 1919 (Braz de Oliveira, 24 gols), de 1926 (Vicente, 26 gols), de 1928 (Vicente, 20 gols) e de 1943 (João Pinto, 26 gols).
Em 2 de julho de 1919, o São Cristóvão goleou o Mangueira por 11 a 1, com o seu jogador, Brás de Oliveira, marcando nove gols, recorde no Campeonato Carioca até os dias de hoje, compartilhado com Gilberto Hime, do Botafogo.
Um título marcante foi o do Torneio Municipal de 1943. A competição era forte e o São Cristóvão teve de superar, em pontos corridos de um turno, América, Bangu, Bonsucesso, Botafogo, Canto do Rio, Flamengo, Fluminense, Madureira e Vasco.
Em 1937, quando disputava o Campeonato Carioca pela antiga Federação Metropolitana de Desportos (FMD), ao lado do Vasco, Botafogo e Bangu, entre outros, houve a pacificação do futebol do Rio de Janeiro, dividido em ligas, e os clubes da FMD se juntaram aos outros para a disputa do Campeonato Carioca já pacificado.
Em 1953, o São Cristóvão sagrou-se campeão do Torneio Quadrangular Cidade de Campinas, disputado contra Guarani, Ponte Preta e o America Football Club, do Rio de Janeiro.
A maior atuação do São Cristóvão no Maracanã foi em 29 de março de 1975, quando enfrentando o Clube de Regatas Flamengo, de Zico, quando começou perdendo por 2 a 0 e numa reação sensacional venceu o partida por 3 a 2, inclusive com 2 gols anotados pelo ex-jogador flamenguista Fio Maravilha.
São Cristóvão na Copa do Mundo
O São Cristóvão já mandou cinco jogadores para defender o Brasil em Copas do Mundo. Em 1930, foram Zé Luiz, Doca e Teófilo. Em 1938, Afonsinho e Roberto. Este último marcou um dos gols da vitória brasileira por 2 a 1 sobre a Tchecoslováquia, tornando-se o único jogador cadete a marcar em uma Copa.
O São Cristóvão possui um cartel que inclui 124 partidas internacionais, tendo a sua 1ªpartida internacional ocorrida contra marinheiros do cruzador inglês Orotawa, com vitória dos alvos por 4 a 1, em 17 de julho de 1917.
No mesmo ano, em 19 de novembro, nova vitória, agora contra marinheiros do couraçado uruguaio Uruguay, por 6 a 1, tendo a sua primeira excursão ao exterior ocorrido em 1937 e as mais vitoriosas, à Europa e África, ocorridas na década de 1950.
Grandes nomes do futebol que passaram pelo São Cristóvão
Ao entrar na sede de futebol, na Rua Figueira de Melo, é possível ler – pintado em letras garrafais –, a frase: “aqui nasceu o fenômeno”. O “fenômeno” em questão é o centro-avante Ronaldo, campeão de duas Copas do Mundo pela Seleção, um dos maiores jogadores de todos os tempos – que foi revelado nas divisões de base do São Cristóvão. Para as gerações mais novas, o jogador tem sido o mito que alimenta os brios do time.
Mas outros nomes marcantes começaram por ali: o meia Djalminha, ex-Flamengo, Palmeiras e La Coruña-ESP; Lauro, ex-lateral do Cruzeiro; João Paulo, ex-ponta esquerda do Santos; Cao, ex-goleiro do Botafogo; Sena, ex-centroavante do Palmeiras e Bahia; Jordan, ex-lateral do Flamengo; entre outros. Não custa lembrar que o craque Leônidas da Silva, o Diamante Negro, também já vestiu a camisa dos cadetes.
Na comissão técnica outros nomes de peso: Carlos Alberto Parreira, ex-técnico da seleção (Parreira, aliás, começou como preparador físico do time e estreou como treinador no São Cristóvão, logo depois de formado em Educação Física e um pouco antes de ser convidado para ser técnico de Gana); e Sebastião Lazaroni, técnico da Seleção na Copa de 1990.
FONTES: Revista O Cruzeiro – Site do clube
Olá meu amigo, Becker, boa noite!
Encontrei na BN.
Como vc bem lembrou há páginas faltando.
Uma pena!
Mas há possibilidade da BN repor essas páginas.
A questão é saber quando?
Forte abraço!
Excelente matéria, como sempre!
Uma pergunta: vc conseguiu essa revista “O Cruzeiro” inteira? Porque o exemplar digitalizado na Hemeroteca da BN está com páginas faltando, justamente na parte inicial do artigo sobre o São Cristóvão…
Abraço e parabéns!