Na década de 1920, juntamente com o Uruguai, como grandes representantes do esporte na América do Sul, Brasil e Argentina enfrentavam a questão profissionalismo versos amadorismo, principalmente a partir da evasão de craques para a Europa.
Afinal, desde que o futebol caíra no gosto popular, floresceram discussões acaloradas entre os defensores do amadorismo e os adeptos do profissionalismo. Diante das características elitistas que marcavam o meio esportivo, muita gente afirmava que a profissionalização do jogador de futebol poderia acabar com o amor pelo clube e com o espírito de companheirismo.
Na prática, entretanto, ainda nos tempos do amadorismo muitos atletas já recebiam uma série de compensações financeiras para entrar em campo. Para os jogadores mais pobres não havia nenhum impedimento moral em receber uma gratificação, muito pelo contrário. Tais luxos podiam ficar para os jovens abonados da elite. Estes, sim, podiam ficar ofendidos diante da idéia de receber dinheiro para jogar futebol.
Enquanto as discussões transcorriam sem solução aparente, as gratificações corriam soltas. Antes da instituição do sistema profissional, foram aparecendo mil e uma possibilidades de estabelecer prêmios e salários indiretos – ou mesmo diretos – para os jogadores. No Brasil, assim entrou em cena o tão famoso bicho. Surgindo no Vasco da Gama, a expressão referia-se ao valor da gratificação ao jogador, associada aos animais do jogo popular numa clara associação entre o futebol e o sistema de loterias, presente em vários países.
Fonte:Vencer ou Morrer,Gilberto Agostino