edição 2017 do Campeonato Catarinense tem um desafio extra para os times pequenos do Estado. Caso nenhum deles se sagre campeão, serão completados 25 anos sem a taça levantada por uma equipe de menor expressão. Atlético Tubarão, Inter de Lages, Barroso, Metropolitano e Brusque são os desafiantes dos cinco grandes. Em níveis diferentes de preparação, os times menores sabem que uma conquista é improvável, mas a palavra de ordem é lutar.
Um exemplo que serve de inspiração é a equipe de 1992 do Brusque, último campeão entre os pequenos. A taça foi levantada no estádio Augusto Bauer em 13 de dezembro daquele ano, após final contra o Avaí. Um dos destaques daquele time, o meia Palmito diz que a conquista foi a mais importante de sua carreira.
— Eu já havia sido campeão catarinense seis vezes, cinco pelo Joinville e uma pelo Criciúma, mas essa foi a mais especial, justamente por ser em uma equipe média. Em time grande, ser campeão é obrigação. Aqui não era — conta.
O jogador lembra que o time era formado por atletas experientes, que foram se entrosando aos poucos. Uma prévia do que aconteceria no fim do ano ocorreu pouco antes, com o primeiro lugar da Copa Santa Catarina. Palmito aponta como ponto de virada a eliminação do Criciúma, que havia sido campeão das duas primeiras fases do torneio, pelo Avaí.
— Foi uma injeção de ânimo. Tínhamos uma equipe forte e que passou a confiar cada vez — lembra.
Força da torcida
Outro ponto que Palmito considera essencial para a conquista foi o apoio da torcida. Após anos de rivalidade com Carlos Renaux e Paysandu, a cidade inteira abraçou a equipe.
— A torcida jogava junto e nos deu um suporte muito grande. Foi uma das bases do time — afirma Palmito, que marcou 13 gols na competição, terminando como vice-artilheiro, atrás de Zé Melo, do Inter de Lages.
Na final contra o Avaí, um gol de Cláudio Freitas na prorrogação selou o título, após uma vitória de cada time. O carinho foi tão grande que ele decidiu ficar na cidade depois de terminar a carreira de jogador. Há 22 anos, trabalha no Sesc da cidade. Atualmente, é gerente da unidade e uma espécie de embaixador do time campeão em 1992.
Palmito Ajudou a organizar o encontro de 20 anos da conquista em dezembro de 2012. Dois anos mais tarde, viu o primeiro companheiro de equipe morrer: o atacante Jair Bala faleceu em novembro de 2014. No mesmo ano, no entanto, Palmito recebeu o título de cidadão-honorário de Brusque. Para esse ano, pretende participar do encontro de 25 anos, o que ele diz ser mais uma prova da união daquele grupo. A torcida, agora, é para que a cidade de Brusque possa comemorar mais um título, porém ele sabe da dificuldade.
— Os pequenos mudaram pouco em estrutura e os grandes subiram muito de nível. É preciso de investimento para diminuir essa diferença, que está cada vez maior — opina.
Mauro Ovelha se agarra à esperança
Atual técnico do Brusque, Mauro Ovelha sabe o caminho das pedras. No comando do Atlético de Ibirama, ele chegou perto do título por duas oportunidades, sendo vice-campeão em 2004 e 2005. Foi a última vez que um pequeno chegou às finais. Em 2011, Ovelha levantou a taça na Chapecoense, que ainda não tinha a projeção nacional de hoje. Para o treinador, ainda é possível que um time pequeno seja campeão caso haja um trabalho muito bem encaixado, porém a dificuldade é maior do que nunca.
— A gente vive um momento diferente. Hoje a diferença de orçamento é muito grande, Mas é futebol. Não que seja impossível, mas é muito mais difícil — diz.
Ainda segundo Ovelha, o primeiro objetivo do Brusque para o Estadual é conseguir uma vaga na Copa do Brasil, assim como ocorreu no ano passado. Ele ainda conta que existe um fio de esperança no título, pois trata-se de uma competição mais curta.
— Sonhar não custa nada. O trabalho precisa encaixar. Se fosse numa competição longa, não seria possível. No tiro curto ainda dá, embora seja uma tarefa muito complicada. Vamos brigar pelo nosso espaço — finaliza.
FONTES: NSC Total – Revista Placar