Desde as primeiras negociações com o Clube Náutico Almirante Barroso, a força da história do clube no futebol de Santa Catarina, e na cidade de Itajaí como um todo mexeu com a diretoria do Sport Club Litoral. O Barroso acolheu com carinho o projeto de implantação do Litoral em sua sede e foi impossível ficar alheio ao orgulho e à nostalgia presente em cada conversa com os torcedores.
Para Adriano Cipriano, presidente do Litoral “é muito importante não perder a nossa identidade e simbolizar todas as cidades do litoral que representamos desde a fundação do clube. Por outro lado, foi impossível ficar indiferente ao carinho com que fomos recebidos pela torcida do Barroso”.
A solução foi, em parceria com o Clube, a partir de um documento de cessão de uso da marca, estrear na segunda-divisão do catarinense com o nome Clube Náutico Almirante Barroso, usando a tradicional camisa verde e branca, e com o Sport Club Litoral por trás responsabilidade administrativa e financeira das questões relacionadas ao futebol profissional.
Clube Náutico Almirante Barroso para o biênio 1931-1932
O clube, que estava fora do futebol profissional desde 1972, lembra com carinho dos anos em que Roberto Picolé, Mima, Pereirinha e muitos outros brilhavam nos clássicos estaduais e conquistavam o aplauso da torcida. Lilo Orsi, presidente do Clube Náutico Almirante Barroso acredita que o retorno ao campeonato é uma forma de resgatar a história.
“Todos os dias nossos sócios se lembram com carinho de quando traziam a família pra assistir os jogos e torcer pelo time. É uma satisfação muito grande poder resgatar essa tradição entre os sócios e proporcionar para eles a oportunidade de compartilhar essa experiência com seus filhos e netos”.
A camisa branca e verde apareceu no futebol profissional de Santa Catarina em 1949, mas a história do Barroso começou 30 anos antes dessa bola rolar no gramado. A Fundação do Clube Náutico Almirante Barroso foi firmada no Grande Hotel, às 18 horas do dia 11 de maio de 1919, depois de mais de 40 membros do recém fundado, Clube Náutico Marcílio Dias solicitarem os seus desassociamentos.
A saída em massa aconteceu porque parte do Clube não concordava com a eleição da madrinha dos dois primeiros barcos do rubro-anil, chamados “Yara” e “Yarê”. A eleição que terminou em empate entre Marieta de Moro e Virgínia Fontes, acabou pela escolha da primeira candidata e a demissão de quase metade dos sócios.
O Clube Náutico Almirante Barroso, fundado para a prática do remo, logo adquiriu seus barcos e tornou-se o conterrâneo rival de Marcílio Dias. Naquele ano, o futebol já tornou-se parte da história dos clubes de forma inusitada. A diretoria do irmão mais velho convidou seu adversário para um jogo de futebol e acabou recebendo uma negativa do Barroso, que limitou-se a enfrentar o rival somente sobre as águas. O remo rendeu ao Barroso conquistas de expressão estadual em 1920, 1921, 1927 e 1928.
A pedra fundamental da sede havia sido colocada 49 dias após a fundação do Clube, em 29 de junho de 1919. A construção foi rápida. Em 1920 o Barroso já inaugurava sua primeira sede, em uma das esquinas da Rua Pedro Ferreira. O primeiro jogo oficial entre os dois clubes foi 12 anos antes do Barroso iniciar suas atividades no futebol profissional. Em 1937, em 28 de julho, um incêndio grave destruiu parcialmente as instalações da sede e queimou totalmente dois barcos do Clube.
Os primeiros jogos profissionais do Barroso iniciaram por volta de 1940, e o primeiro jogo de que se tem registro foi contra o Riachuelo de Florianópolis, no qual o clube de Itajaí perdeu de 4 a 2. O investimento no futebol estava apenas começando. 1919 foi um ano especial para os amantes de futebol do Barroso. O Clube firmou parceria com o Lauro Muller Futebol Clube e no mesmo ano conquistou o Campeonato Itajaiense promovido pela Liga Itajaiense de Desporto.
Poucos anos depois, a parceria se desfez e o Barroso deu continuidade às atividades, inaugurando em 1956 o Estádio que era conhecido com Estádio na Rua Silva. Naquela época, a sede social do Barroso ainda não estava no mesmo terreno.
Em 1959 o Barroso levantou novamente a taça de Campeão Itajaiense. A final foi disputada contra o Marcílio Dias e contou com diversos jogadores queridos pela torcida, como Roberto Picolé. Em 1963, o rival revidou, tirando do Barroso o título de Campeão Catarinense que, apesar disso teve seu vice-campeonato estadual muito comemorado. Na década de 60, uma pesquisa popular apontava o Clube Náutico Almirante Barroso como o favorito da cidade.
Em 1972 o Barroso encerrou as atividades no futebol profissional cumprindo a missão de revelar jogadores como o goleiro Diogo e o lateral esquerda Alvacir, ambos vendidos para o Corinthians, além de jogadores convocados para a seleção catarinense como Nelinho, Elio, Deba, Mima e Godeberto.
A partir daí o Clube dedicou-se à prática futebol amador e construção de sua nova sede. A nova área foi projetada ao lado do Estádio da Rua Silva que ganhou iluminação e passou a se chamar Estádio Camilo Mussi, em homenagem ao presidente que inaugurou o campo. O projeto contava ainda com piscina, quadra de tênis, salão de festas, sala de jogos, sala de ginástica e espaços diversos para confraternizações.
Em 2010 um reencontro marcou os 150 de Itajaí, craques de seus dois clubes mais famosos se uniram para relembrar o clássico Barroso X Marcílio em um amistoso no gigantão das avenidas. Em campo, pelo Marcílio jogaram Paulo, Mazinho, Nico, Reginaldo, Calinho do Parque, Dão, Lili, Nilson, Murilo, Joaquinzinho, Carlão, Amauri, Jorge Luís, Dalmo, Caloca e Antônio Augusto.
Defendendo o time alviverde estavam Wilson Santos, Alcir Bebê Valdecir, Mário Cesar, Joel, Zequinha, Luiz, Paulo José da Silva, Juquinha, Roberto Picolé, Adão Goulart, Paulo Fabeni, Sergio, Geraldo, Janilton Victorino, Vanildo, Walter, Vladimir, Antoninho, Checo, Sergio Mafra e Mario Furtado.
FONTES: Site do Clube – Página no Facebook “História do Futebol de Santa Catarina” – Acervo de Osni Meira