Futebol do Amazonas possui 31 times extintos

O historiador Mauro Alencar mostra fotos do seu arquivo pessoal sobre o futebol amazonense – Janailton Falcão

O futebol amazonense antes de chegar a sua era no profissionalismo acumulou muitas histórias para contar. Clubes que existiram e não são conhecidos por muitos torcedores atuais de Nacional, Rio Negro, São Raimundo, Fast e entre outros. Destaca-se nos anos 10 e 20, o Luso Sporting Clube, que deixou de ser time do futebol baré e apenas dedicou-se aos esportes individuais e até hoje possui sua sede social. Porém, largou o futebol em 1951, um ano após a Copa do Mundo realizado no Brasil.

Os maiores vencedores são o Manaós Athletic, que se sagrou bicampeão em 1914/1915, Auto Esporte que faturou os certames de 1956 e 1959, Cruzeiro do Sul bicampeão com os títulos conquistados em 1928 e 1930, Santos com a única conquista de 1958, ano que o Brasil conquistou sua primeira Copa do Mundo, na época que surgiria o rei Pelé para o futebol mundial, clube baré alusivo ao time da Vila Belmiro.

Os times do Manaós Sporting, Comercial, Club Vasco da Gama, Cheik, Barés, Euterpe, Amazonas Sporting Club (Manaus), Amazonas Esporte Clube (Parintins), Brasil, Payssandu, Independência, Internacional, Monte Christo, Racing, Libertador, União Esportiva Portuguesa, Eldorado, Estrela do Norte, Fluminense, Onze Português, Labor, General Osório, Guarani, Educandos Atlético Clube, Tijuca, Princesa Isabel e Guanabara completam a lista de clubes que marcaram época com informações poucos existentes nos dias atuais.

Por incrível que pareça, o Paysandu de Manaus foi fundado primeiro que o homônimo paraense e o Vasco da Gama local foi o primeiro do Brasil. Anos depois seria fundado no Rio de Janeiro o departamento de futebol do Clube de Regatas Vasco da Gama, uma vez que até então a entidade apenas dominava atividades de esportes aquáticos.

A dupla centenária Nacional e Rio Negro são os únicos clubes existentes até os dias atuais que obtiveram o gosto da rivalidade de enfrentar estes 20 clubes já extintos do futebol do Amazonas.

Manaós Athletic foi o primeiro campeão amazonense, ainda na era amadora – foto: domínio público

O primeiro campeão

O Manaós Athletic foi fundado no dia 23 de junho de 1908 por comerciantes, bancários e engenheiros de firmas inglesas espalhadas pela cidade de Manaus, que chegaram ao Estado do Amazonas no final do século XIX, atraídos principalmente pela grande circulação de capital proporcionado pela exportação da borracha. Pioneiros, os ingleses introduziram o futebol baré. No ano de 1903, já disputavam suas partidas na Praça Floriano Peixoto, no bairro da Cachoeirinha, Zona Sul da cidade.

Além do futebol, o clube possuía departamentos de outros esportes apreciados pela cultura britânica, como o tênis e o críquete. Mas, dentro das quatro linhas veio o auge, a agremiação esportiva se tornou de fato conhecida e respeitada, pois o Athletic foi o melhor time de futebol que houve no Amazonas no início do século XX.

Luso Sporting Club

O Luso era uma equipe da colônia portuguesa em Manaus e um dos mais conhecidos do Amazonas, que foi fundado por um grupo de comerciantes portugueses interessados na prática do futebol. Charmoso e tradicionalíssimo por conta da migração lusa na capital baré, o time disputava os tradicionais derby’s contra a equipe de princípio conterrâneo, União Esportiva Portuguesa.

O grupo de fundadores era composto de onze comerciantes sem grandes recursos. No dia 1º de maio de 1912, os portugueses Francisco Gomes Rodrigues e outros, na Rua Monsenhor Coutinho, residência do fundador Francisco Rodrigues, fundaram o Luso Sporting Club. A residência tornou-se sede do clube.

No dia 20 de janeiro de 1934, o clube confirmou definitivamente o licenciamento das competições de futebol, até então organizadas pela antiga Federação Amazonense dos Desportos (Fada).

Campos

O Campo da Rua Floriano Peixoto, onde hoje funciona a empresa Atacadão, Campo do Bosque Club, Campo do Educandos, General Osório e General Carneiro foram os primeiros locais das batalhas futebolísticas do Amazonas. A partir de 1918, o estadual passou a ser disputado no Estádio Parque Amazonense.

Historiadores

Um dos estudiosos do futebol amazonense, o pesquisador e historiador Gaspar Vieira Neto é um dos exploradores de tamanhas informações pouco descobertas por jornalistas esportivos atuais. Ele conta que gostaria de viver a época e ao mesmo tempo implementa informações no site Wikipedia, lá, está sendo postada há cinco anos páginas destes times antigos de futebol.

Sinto-me impulsionado em estudar nosso futebol. Com certeza queria ter assistido estes times jogarem. Os atletas daquele tempo foram pioneiros do nosso futebol. Eles têm uma importância fundamental para a história esportiva do Amazonas, pois introduziram e consolidaram o esporte mais querido da sociedade daquela época e que ainda é até hoje”, disse Gaspar Vieira Neto, que enfatiza importância dos estudos focados no futebol amazonense.

O historiador Gaspar conta como foi o começo e o que despertou para prosseguir nos aprofundamentos. “Percebi que não havia e não se sabia quase nada sobre os primeiros registros do futebol do Amazonas. Por isso resolvi descobrir o que aconteceu nesse período até então obscuro da história do futebol local”, explicou.

Os passos não foram fáceis, segundo Gaspar a ideia também gera custo, pois estão distantes muitos locais onde podem ser encontrados materiais fotográficos e jornais de época.

“Acabei indo ao Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), direcionado por um colega meu, e lá descobri preciosas fontes de jornais de mais de 100 anos atrás que falavam tudo do futebol daquela época. Sem dúvida para mim foi sensacional aquele momento quando me deparei com materiais “arcaiquíssimos”. Tinha nome de clubes, jogadores e campos que nunca tinha ouvido falar na vida”, contou, referindo-se na descoberta do campo do Bosque, casa do Manaós Athletic.

Agora os esforços do historiadores virará um livro, Gaspar colocará em breve o conhecimento nas ruas de Manaus. “No início não havia um propósito de fazer um livro e sim de tirar algumas curiosidades. Mas a enxurrada de informações eram tantas que resolvi tirar aquelas preciosidades de lá e levar ao conhecimento da sociedade local. Foi aí que resolvi escrever um livro”, citou.

Parceiro de Gaspar na construção de um livro sobre os primórdios do futebol amazonense, o colecionador de arquivos e historiador Mauro Alessandro Alencar conta que não é fácil arquivar documentos dos clubes e garantiu no futuro repassar estes materiais a demais historiados.

Ele trabalha como gari na capital e ao mesmo tempo sonha em poder contribuir para galeria de grandes historiados.
Quero poder ajudar as pessoas que querem colaborar com o nosso futebol. Para mim isso é motivo de muito orgulho. Não vou viver para sempre e quadros, fotos antigas, jornais e revistas de época eu repassarei para uma pessoa que possa cuidar destes preciosos contos do esporte do Amazonas”, disse Mauro Alessandro Alencar, que há 25 anos vem colecionando arquivos em seu humilde apartamento.

 

FONTES: João Paulo Oliveira – Gaspar Vieira Neto – Site do Portal Em Tempo online – Marlon Krüger Compassi

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Sobre Sérgio Mello

Sou jornalista, desde 2000, formado pela FACHA. Trabalhei na Rádio Record; Jornal O Fluminense (Niterói-RJ) e Jornal dos Sports (JS), no Rio de Janeiro-RJ. No JS cobri o esporte amador, passando pelo futebol de base, Campeonatos da Terceira e Segunda Divisões, chegando a ser o setorista do América, dos quatro grandes do Rio, Seleção Brasileira. Cobri os Jogos Pan-Americanos do Rio 2007, Eliminatórias, entre outros. Também fui colunista no JS, tinha um Blog no JS. Sou Benemérito do Bonsucesso Futebol Clube. Também sou vetorizador, pesquisador e historiador do futebol brasileiro! E-mail para contato: sergiomellojornalismo@msn.com Facebook: https://www.facebook.com/SergioMello.RJ

2 pensou em “Futebol do Amazonas possui 31 times extintos

  1. Jonas Cruz

    Olá !
    Vc tem fotos dos jogadores do clube princesa Isabel?
    é que meu pai foi jogador e gostaria muito de ver uma foto dele na época
    o nome dele é João da Cruz mas era conhecido como Curtiça
    desde de já agradeço.

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