Na da década de 1950, o Avaí trouxe do Olímpico, de Blumenau, o ponta-esquerda que chamavam de Nanico, naturalmente pela sua estatura. Rápido, veloz, chutava com tanto efeito que foi apelidado de Nanico do Efeito. E bota efeito nisso!
Avaí x Guarani, campeonato da cidade, jogo igual, restam poucos minutos. Se terminar empatado, vai à prorrogação. Torcida azurra tensa no Adolfo Konder, e não era pra menos!
Eis que numa jogada rápida, Nanico é derrubado na área: pênalti. Era gol, porque ninguém tinha sido capaz de defender um pênalti cobrado por ele. Com o jeito peculiar de bater na bola, ela saía rodopiando, com efeito mortal.
Saul Oliveira, o técnico, já comentava com os reservas: “É, com este gol, está de bom tamanho. Pelo menos vencemos”.
Inacreditável! Era a primeira vez que aquilo acontecia! Nanico dá um peteleco e o goleiro Berimbau segura a bola, abraçando-a contra o peito.
Saulzinho, o técnico, escabelou-se no banco, surpreso, mas mantendo a postura. Os adversários davam salto de alegria. Empatar com o Avaí? Era demais! Jogadores avaianos queriam comer vivo o tal Nanico do Efeito. Só ele estava tranquilo, olhando para o goleiro abraçado à bola.
O juiz, também surpreso, mandou que o goleiro recolocasse a bola em jogo. Nanico do Efeito fixou os olhos no goleiro Berimbau. Orgulhoso e certo de que acabara de defender o pênalti do homem do efeito, Berimbau bateu a bola no chão, mas, oh! Livre dos braços que a prendiam, a bola, ao quicar no chão, possuída por um estranho efeito, saiu como uma perereca aos pulos e foi parar dentro das redes. Gol: 1 a 0 para o Avaí. Todos correm para o Nanico cheios de alegria, mas ele, soltando um monte de palavrões, não aceitou os abraços, voltando solenemente ao meio do campo.