O primeiro craque do futebol catarinense chamava-se Alfredo Hugo Francisco Schlemm, nasceu em Joinville em 1892, filho de Ida Wilhelmine Auguste Ehlke (1870-?) e Friedrich Heinrich August Schlemm (1862-1918), proprietário de um curtume e uma fabrica de sabão.
Alfredo Schlemm era o mais velho entre cinco irmãos e em 1906 foi mandado para o recém-fundado Gymnasio Santa Catharina de Florianópolis, para dar sequencia aos seus estudos, ingressando no 2º ano ginasial.
O Gymnasio Santa Catharina (atual Colégio Catarinense) foi responsável pela introdução definitiva do futebol no Estado quando em 28 de março de 1906, promoveu um animado jogo entre seus alunos maiores. Também foi o único centro de pratica futebolística do Estado até 1911.
Acredita-se que Alfredo participou deste jogo de 28 de março e dos demais promovidos ao longo de todo o ano de 1906. Neste primeiro ano, o colégio, que era comandado por padres jesuítas alemães e tinha a subvenção do Governo Estadual, passava por diversas obras, motivo pelo qual, o jogo não correu com a frequência que se desejava.
Em 1907, com a inauguração do imponente prédio principal e do pavilhão de ginastica, foram construídos dois pequenos campos com traves, fora das dimensões oficiais, mas suficientes para que se criasse um campeonato interno entre os alunos. No campeonato da 1ª Divisão de 1907 (composta pelos alunos maiores), Alfredo Schlemm ganhou o premio de melhor jogador, defendendo a Secão A que foi vencedora na série de jogos realizados contra a Seção B.
Em 1908 foi promovido a chefe da Seção A, uma espécie de capitão do time, e voltou a ser agraciado com o premio de melhor jogador.
Em 1909 não conseguiu alcançar o premio de melhor jogador, mas foi citado entre os quatro demais alunos que mereceram destaque na pratica do futebol.
Em 1910 colocou seu nome definitivamente na história do futebol catarinense, quando foi o autor do primeiro gol oficial do futebol no Estado, quando pela primeira vez, o time do Gymnasio saiu de dentro das dependências do colégio e pisou em um campo de medidas oficiais, para medir forças com um Combinado formado por jovens do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, que estavam em Florianópolis para prestar um concurso publico para ingressar na Alfandega. O placar de 2×1 em favor do Gymnasio, animou ainda mais a disputa do campeonato interno, onde Alfredo apareceu novamente como o chefe da secão A que desta vez, terminou empatada com a Seção B em 140 pontos.
Em 1911, já com 19 anos, era um tanto ‘velho’ para atuar contra os demais alunos, então, preferiu ser o juiz dos jogos da 1ª Divisão. Neste mesmo ano concluiu o 6º ano ginasial, o que lhe garantiu o titulo de Bacharel em Ciencias e Letras.
Em 1912 foi para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Faculdade de Medicina, onde também estavam matriculados diversos jogadores do Flamengo e do Fluminense. Não existem indícios de que tenha participado de qualquer um destes times, talvez até por sua saúde, que nesta época não era das melhores. Em 1914 foi para a Suiça tratar de uma tuberculose e concluir seus estudos em medicina.
Voltou para Joinville em 1920, onde não se envolveu mais com o futebol, ao contrario de seus primos e irmãos, que certamente movidos por sua influencia, tornaram-se ardorosos defensores do Fuss-Ball Club Teutonia (1915-1925) e do Caxias Futebol Clube (1920).
Alfredo Schlemm estabeleceu-se como o primeiro médico psiquiatra de Joinville, sendo responsável por um hospício que entre 1923 e 1942 contava em média com 250 internos. Era discípulo de Carl Gustav Jung, que propunha uma atitude humanista frente aos pacientes. Foi casado com Adelaide de Oliveira (1902-2000), viúva de Erico John, com quem criou as enteadas Dora e Nora e a filha Carmen.
Faleceu em plena atividade, aos 59 anos de idade, em 1951, ano do Centenário do Município de Joinville.
ALFREDO SCHLEMM EM 1911
JOGO DE FUTEBOL NO PÁTIO DO COLÉGIO
Fonte: Colégio Catarinense.