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Joel Honorato Santana (ex-Internacional e Marcílio Dias)

por Fernando Alécio
Diretor de Memória e Cultura do C. N. Marcílio Dias

Filho de Honorato Silvério Santana e Martinha Silveira Santana, nasceu em 9 de outubro de 1935, em Itajaí, aquele que seria um dos grandes nomes da história do Clube Náutico Marcílio Dias. Joel Honorato Santana (também conhecido como Joel I para não confundir com o companheiro de time Joel Reis Alves, o Joel II) atuava tanto de médio como de zagueiro e fez sua estreia num jogo oficial de competição com apenas 15 anos de idade.

Ficha de Joel na FCF, com data de nascimento errada. Acervo Fernando Alécio
Ficha de Joel na FCF, com data de nascimento errada. Acervo Fernando Alécio

Naquele 15 de abril de 1951, o Marinheiro do técnico Leleco venceu o Grêmio Esportivo Olímpico pelo Torneio Extra da Liga Blumenauense de Futebol, no Estádio Doutor Hercílio Luz, com o seguinte time: Castro; Ari Cartola e Gaya; Vitor, Joel e Schoenau; Oscar (Sedú), Adãozinho, Dirceu, Wanildo e Rainha (Curitiba). O gol foi marcado por Oscar Maes.

O jovem Joel com apenas 15 anos é o último em pé. Acervo Gustavo Melm
O jovem Joel com apenas 15 anos é o último em pé. Acervo Gustavo Melim

Caxias (1954–1957)

No dia 15 de março de 1954, Joel assinou contrato com o Caxias Futebol Clube, de Joinville, onde viveu momentos de glória, sagrando-se bicampeão catarinense (1954 e 1955). Participou de todas as 14 partidas da campanha do bicampeonato estadual, tendo inclusive marcado um gol no empate em 2 a 2 contra o Palmeiras, em Blumenau, no dia 13 de maio de 1956, em jogo do Campeonato Catarinense de 1955.

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Em pé: Juca, Puccini, Ivo Meyer, Hoppe, Hélio e Joel. Agachados: Filo, Boca, Cleuson, Didi e Carioca.

Além dos títulos estaduais, também conquistou os títulos do campeonato da Liga Joinvillense de Desportos de 1954 e 1955. No time alvinegro, Joel atuou ao lado de Ivo Meyer, com quem anos depois formaria a melhor dupla de zaga da história do Marcílio Dias.

Internacional (1957–1959)

Em 24 de fevereiro de 1957, Joel disputou um amistoso pelo Internacional de Porto Alegre. O adversário foi nada menos que a seleção uruguaia, no Estádio Centenário, em Montevidéu. Apesar da derrota colorada por 3 a 1, o desempenho do catarinense agradou aos dirigentes do time gaúcho, que acertaram a contratação em definitivo de Joel junto ao Caxias. E ele não demorou para conquistar seu primeiro título pelo novo clube: o Torneio Início, no dia 6 de maio.

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Joel posa com o manto colorado. Acervo FGML/Colorização: 1909 em Cores

O primeiro jogo oficial de Joel com a camisa colorada ocorreu em 14 de julho de 1957, no empate em 2 a 2 contra o Aimoré, no Estádio Taba Índia, em São Leopoldo, válido pelo Campeonato Citadino de Porto Alegre. Pela mesma competição, Joel participou de seu primeiro “Grenal”: foi no dia 23 de dezembro, com vitória do Inter por 2 a 1 no Estádio Olímpico.

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Joel no Inter em 1957. Em pé: Ezequiel, La Paz, Florindo, Barradas, Zangão e Joel;
Agachados: Joaquinzinho, Larry, Bodinho, Chinesinho e Canhotinho. Acervo 1909 em Cores

O atleta itajaiense também participou da goleada de 5 a 1 que o time gaúcho aplicou no Santos de Pelé, no amistoso realizado em 25 de setembro de 1958, no Estádio dos Eucaliptos. Em sua passagem pelo Internacional, Joel disputou 55 partidas, sendo presença constante nas escalações coloradas principalmente na temporada de 1958.

Marcílio Dias (1959–1966)

Em julho de 1959, Joel retorna ao clube que o revelou para se tornar um dos pilares da fase mais gloriosa da história do Marcílio Dias. A reestreia pelo Marinheiro se deu em grande estilo, em 19 de julho de 1959, na vitória por 4 a 2 sobre o Paysandu de Brusque, no Estádio Doutor Hercílio Luz, em jogo do segundo turno do Campeonato Catarinense.

Nos primeiros dois anos após seu retorno, Joel atuava como médio, o volante dos tempos atuais. A partir de meados de 1961, sob o comando do técnico Ada Pfeilsticker, passou a jogar como zagueiro. Ao lado de Ivo Meyer, com quem já havia atuado no Caxias de Joinville, formou aquela que é considerada a melhor dupla de zaga que o Marcílio Dias já teve.

1961 — Joel Reis, Antoninho, Cleuson, Zé Carlos, Ivo Meyer e Joel Santana; Renê, Idésio, Aquiles, Laranjinha e Jorginho.
1961 — Joel Reis, Antoninho, Cleuson, Zé Carlos, Ivo Meyer e Joel Santana; Renê, Idésio, Aquiles, Laranjinha e Jorginho. Acervo FGML/CNMD

Joel conquistou quatro vezes o título da Liga Itajaiense (1960, 1961, 1962 e 1963). Marcou um gol importante no dia 1º de julho de 1962. Marcílio e Barroso duelavam na final do campeonato da Liga Itajaiense e o rival vencia por 1 a 0. Joel, de cabeça, marcou o gol de empate. Idésio Moreira fez 2 a 1 e garantiu o título para o Rubro Anil.

primenta jogador do Metropol, observado pelo árbitro Romualdo Arppi Filho
Joel cumprimenta jogador do Metropol, observado pelo árbitro Romualdo Arppi Filho, em 23 de janeiro de 1962. Acervo FGML/CNMD

Também foi vice-campeão do Campeonato Sul-Brasileiro de 1962, torneio que reuniu os campões e vices dos três estados sulinos. E foi o capitão do time na conquista do Campeonato Catarinense de 1963. De acordo com o livro Torneio Luiza Mello — Marcílio Dias Campeão Catarinense de 1963, Joel atuou em todas as 18 partidas do Marinheiro na competição.

Joel, ao lado de Zé Carlos e Sombra, recebe medalha de campeão do Torneio Luiza Mello da própria senhora Luiza Mello. Acervo
Joel, ao lado de Zé Carlos e Sombra, recebe medalha de campeão do Torneio Luiza Mello da própria senhora Luiza Mello. Acervo FGML/CNMD.

No total, Joel atuou em mais de 240 partidas e fez três gols pelo Rubro Anil, conforme dados levantados pelo pesquisador Gustavo Melim Gomes. O último jogo oficial de Joel com a camisa do Marcílio Dias foi no empate sem gols diante do Metropol, no Estádio Euvaldo Lodi, em Criciúma, pelo Campeonato Catarinense, no dia 17 de julho de 1966.

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Joel faleceu em 11 de outubro de 1997, em Porto Alegre, onde fixou residência após pendurar as chuteiras.

Colaboraram: Adalberto Klüser e Gustavo Melim Gomes

FONTE

Artigo originalmente publicado em Clube Náutico Marcílio Dias – Diretoria de Memória e Cultura.

ALFREDO SCHLEMM – O PRIMEIRO CRAQUE CATARINENSE

O primeiro craque do futebol catarinense chamava-se Alfredo Hugo Francisco Schlemm, nasceu em Joinville em 1892, filho de Ida Wilhelmine Auguste Ehlke (1870-?) e Friedrich Heinrich August Schlemm (1862-1918), proprietário de um curtume e uma fabrica de sabão.

Alfredo Schlemm era o mais velho entre cinco irmãos e em 1906 foi mandado para o recém-fundado Gymnasio Santa Catharina de Florianópolis, para dar sequencia aos seus estudos, ingressando no 2º ano ginasial.

O Gymnasio Santa Catharina (atual Colégio Catarinense) foi responsável pela introdução definitiva do futebol no Estado quando em 28 de março de 1906, promoveu um animado jogo entre seus alunos maiores. Também foi o único centro de pratica futebolística do Estado até 1911.

Acredita-se que Alfredo participou deste jogo de 28 de março e dos demais promovidos ao longo de todo o ano de 1906. Neste primeiro ano, o colégio, que era comandado por padres jesuítas alemães e tinha a subvenção do Governo Estadual, passava por diversas obras, motivo pelo qual, o jogo não correu com a frequência que se desejava.

Em 1907, com a inauguração do imponente prédio principal e do pavilhão de ginastica, foram construídos dois pequenos campos com traves, fora das dimensões oficiais, mas suficientes para que se criasse um campeonato interno entre os alunos. No campeonato da 1ª Divisão de 1907 (composta pelos alunos maiores), Alfredo Schlemm ganhou o premio de melhor jogador, defendendo a Secão A que foi vencedora na série de jogos realizados contra a Seção B.

Em 1908 foi promovido a chefe da Seção A, uma espécie de capitão do time, e voltou a ser agraciado com o premio de melhor jogador.

Em 1909 não conseguiu alcançar o premio de melhor jogador, mas foi citado entre os quatro demais alunos que mereceram destaque na pratica do futebol.

Em 1910 colocou seu nome definitivamente na história do futebol catarinense, quando foi o autor do primeiro gol oficial do futebol no Estado, quando pela primeira vez, o time do Gymnasio saiu de dentro das dependências do colégio e pisou em um campo de medidas oficiais, para medir forças com um Combinado formado por jovens do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, que estavam em Florianópolis para prestar um concurso publico para ingressar na Alfandega. O placar de 2×1 em favor do Gymnasio, animou ainda mais a disputa do campeonato interno, onde Alfredo apareceu novamente como o chefe da secão A que desta vez, terminou empatada com a Seção B em 140 pontos.

Em 1911, já com 19 anos, era um tanto ‘velho’ para atuar contra os demais alunos, então, preferiu ser o juiz dos jogos da 1ª Divisão. Neste mesmo ano concluiu o 6º ano ginasial, o que lhe garantiu o titulo de Bacharel em Ciencias e Letras.

Em 1912 foi para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Faculdade de Medicina, onde também estavam matriculados diversos jogadores do Flamengo e do Fluminense. Não existem indícios de que tenha participado de qualquer um destes times, talvez até por sua saúde, que nesta época não era das melhores. Em 1914 foi para a Suiça tratar de uma tuberculose e concluir seus estudos em medicina.

Voltou para Joinville em 1920, onde não se envolveu mais com o futebol, ao contrario de seus primos e irmãos, que certamente movidos por sua influencia, tornaram-se ardorosos defensores do Fuss-Ball Club Teutonia (1915-1925) e do Caxias Futebol Clube (1920).

Alfredo Schlemm estabeleceu-se como o primeiro médico psiquiatra de Joinville, sendo responsável por um hospício que entre 1923 e 1942 contava em média com 250 internos. Era discípulo de Carl Gustav Jung, que propunha uma atitude humanista frente aos pacientes. Foi casado com Adelaide de Oliveira (1902-2000), viúva de Erico John, com quem criou as enteadas Dora e Nora e a filha Carmen.

Faleceu em plena atividade, aos 59 anos de idade, em 1951, ano do Centenário do Município de Joinville.

ALFREDO SCHLEMM EM 1911

 

JOGO DE FUTEBOL NO PÁTIO DO COLÉGIO

Fonte: Colégio Catarinense.