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Esporte Clube Metropol – Criciúma (SC): escudos diferentes!

O Esporte Clube Metropol é uma agremiação da cidade de Criciúma (SC). A sua Sede fica situado na Praça Nereu Ramos, nº 114, no Centro de Criciúma. Já o Estádio Euvaldo Lodi (atualmente chamado: João Estevão de Souza), com capacidade para 5 mil pessoas, fica na Rua Manoel Machado, s/n (altura do nº 900), no Bairro Metropol, em Criciúma. A mascote: Carneiro. As cores, o clube nasceu alvirrubro, depois passou para aurinegro e por fim, alviverde.

O “Real Madrid Catarinense” foi Fundado na quinta-feira, do dia 15 de Novembro de 1945, com intuito de abafar uma greve de mineiros da Carbonífera Metropolitana.

Breve história

Administrado pelo grupo Freitas/Guglielmi, gradativamente o clube foi crescendo. Neste contexto, a Companhia Carbonífera Metropolitana elevou o Metropol à categoria de time profissional, em 1959. A partir de então, sob o comando do dirigente “DiteFreitas, passou a contratar jogadores profissionais para mesclar com os trabalhadores mineiros que atuavam na equipe.

Assim, chegou no seu auge na década de 60, contando com o invejável aporte financeiro da empresa, logo conquistou o tricampeonato estadual (1960 – 1961 e 1962). O Metropol foi chamado de “Real Madrid Catarinense” pela imprensa de Florianópolis, em alusão ao poderoso Real Madrid, da Espanha, um dos maiores times do mundo naqueles dias. Em 1962, o clube realizou uma vitoriosa excursão à Europa, em campanha de 13 vitórias, 6 empates e 4 derrotas.

No seu pináculo, foi campeão do Campeonato Catarinense da 1ª Divisão cinco vezes: 1960, 1961, 1962, 1967 e 1969. Também faturou os título da Taça Brasil – Zona Sul, de 1968 e no mesmo ano a Taça Brasil – Zona Sudoeste.

Em 1968, o Metropol participou de uma polêmica nacional. Enfrentava o Botafogo nas quartas de final da Taça Brasil, a principal competição nacional de clubes na ocasião. Perdeu por 6 a 1 no Rio de Janeiro. A volta foi disputada em Florianópolis, e o Metropol ganhou por 1 a 0.

No terceiro, o decisivo confronto,  houve empate em 1 a 1. Chovia muito no Rio de Janeiro. O jogo foi encerrado e a CBD mandou o Metropol retornar para Criciúma, até que nova data para o complemento do jogo fosse agendada.

A data realmente foi definida, mas o Metropol não teve tempo para viajar, pois fora avisado na véspera. Assim, o Botafogo foi considerado vencedor e posteriormente sagrou-se campeão.

Excursionou, marcando época com grandes craques e célebres confrontos no velho continente, o que valeu ao time criciumense uma condecoração especial da Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF).

O Metropol sempre mandou seus jogos no antigo Estádio Euvaldo Lodi, denominado João Estevão de Souza desde 1976. Na era profissional, conforme o torcedor Divino Silva, disputou 466 jogos. Foram 265 vitórias, 113 empates e 88 derrotas.

Entre os grandes craques da história do clube, estão o goleiro Rubens, jogador que mais defendeu o Metropol, com 271 partidas; seguido pelo lateral Tenente, com 202 jogos; e pelo zagueiro Hamilton, que atuou 183 vezes. Idésio, o “Tanque“, foi o maior artilheiro, com 140 gols; seguido por Nilso, com 83.

Durante toda a sua atividade no futebol profissional, o Metropol era considerado por muitos como o grande clube da história esportiva de Santa Catarina. Em 1969, após a conquista do campeonato catarinense, o departamento de futebol profissional foi desativado.

Atualmente, o Metropol tem parte da sua estrutura sendo administrada pela Carbonífera Criciúma, passou a disputar apenas competições amadoras. Já o seu ginásio se encontra em estado de abandono.

Clube traça planos para retornar aos gramados em 2021

A Fundação Municipal de Esportes (FME) de Criciúma está fazendo parte do reinício dos trabalhos do Esporte Clube Metropol. Com o apoio do órgão municipal, a agremiação iniciou os trabalhos de categorias de base na quarta-feira, dia 26 de fevereiro de 2020, no Estádio João Estevão de Souza.

Desde 2019, quando iniciou a preparação para o retorno do Metropol, a FME dá suporte e estreita a parceria com o clube, a fim de auxiliar na formação de atletas. Uma das ações foi auxiliar diretamente na estruturação das escolinhas. “Desde que fomos procurados, nos colocamos à disposição para auxiliar da forma em que fosse possível neste trabalho de reestruturação. Conhecemos a grandiosa história do Metropol e estamos felizes em estarmos fazendo parte dela”, frisou o gestor do esporte criciumense, Nícola Martins.

O atual presidente, José Carlos China Vieira, ressaltou a importância do retorno das atividades com a base. “Hoje foi um dia histórico para todos nós, pois reiniciamos os trabalhos no clube após mais de 30 anos. O Metropol reabre suas portas com um projeto social muito grande, a médio e longo prazo”, afirmou.

O presidente do clube destacou ainda que, apesar do principal objetivo ser trabalhar com garotos da base, e o retorno deverá acontecer em 2021, quando pretende disputar o Campeonato Catarinense da Série C.

Tenho dito que sonhar grande ou primeiro dá o mesmo trabalho. Por isso, vamos continuar trabalhando e buscando apoio, para que a marca Metropol possa repetir os feitos do passado”, revelou.

FONTES: Engeplus (Fabrício Júnior) – Federação Catarinense de Futebol: “Campeões e Vice-campeões do Futebol Catarinense” – “A Generosidade do Campeonato catarinense de Futebol: o Estadual mais Equilibrado do País”, de Douglas Tajes Jr. – “Esporte Clube Metropol Prepara Retorno”, de SATC educação e tecnologia – Divino Silva

Colaboração: Rodrigo Oliveira – Cícero Urbanski

FOTOS: Página no Facebook “História do E.C. Metropol” – livro “85 de Bola Rolando”, de Maury BorgesFabrício Júnior (Engeplus)

Desenho dos escudos, uniformes e mascote: Sérgio Mello

Esporte Clube Cerâmica Henrique Lage – Imbituba (SC): Fundado em 1948

O Esporte Clube Cerâmica Henrique Lage foi uma agremiação do município de Henrique Lage (atualmente chamado de Imbituba), situado no litoral sul do estado de Santa Catarina.

A localidade, que fica a 90 km da capital, em outubro de 1949, a Assembléia Legislativa do Estado mudou o nome “Imbituba” para “Henrique Lage“, sendo que em 6 de outubro de 1959, através de Projeto de Lei de autoria do então Deputado Ruy Hülse, que transformou-se na Lei nº 446/59, “Henrique Lage” passou a denominar-se novamente “Imbituba“.

Ganhou status de município no sábado, do dia 21 de Junho de 1958, pela Lei Estadual nº 348/58, ocorreu a segunda emancipação de Imbituba, então denominada Henrique Lage. O município foi instalado em 5 de agosto de 1958, tendo como Prefeito Provisório o sr. Walter Amadei Silva.


Portão de entrada do Estádio Dr.João Rimsa, localizado no Distrito de Vila Nova – Imbituba – SC

Breve História

Fundado na sexta-feira, do dia 27 de Agosto de 1948, pelo engenheiro João Rimsa, diretor gerente da fábrica Cerâmica Henrique Lage. As suas cores eram vermelha e branca.

A sua Sede e o Estádio João Rimsa – que foi inaugurado no domingo, do dia 18 de maio de 1952 – ficavam localizados no Bairro Vila Nova, e tinha um túnel que ligava o vestiário ao gramado. Atualmente o local pertence ao Vila Nova Atlético Clube, uma agremiação amadora do município.

O Cerâmica Henrique Lage disputava as fases regionais da Liga Lagunense de Futebol e da Liga Tubaronense de Desportos (atual: Liga Tubaronense de Futebol), que davam vagas ao Campeonato Catarinense da Primeira Divisão. Lembrando que as ligas municipais eram subordinadas pela Federação Catarinense de Futebol (FCF). A grande rivalidade girava entre Cerâmica Henrique Lage com o Imbituba Atlético Clube.

Mas o time, na década de 50, obteve alguns resultados impressivos, como o empate em 3 a 3 com o Avaí (vice-campeão Estadual daquele ano), no sábado, do dia 23 de junho de 1951.

Depois a sonora goleada imposta ao Hercílio Luz Futebol Clube, de Tubarão, no domingo, do dia 28 de Dezembro de 1952, pelo placar de 6 a 0. Entre os craques, se destacavam Tonico, João, Lauro Avelar, Lando, Gaya, Itamar, Lanterna, Evandro, entre outros.

Torneio Início de 1952

Em junho de 1952, o Cerâmica Henrique Lage se sagrou campeão do Torneio Início, organizado pela Liga Tubaronense de Desportos (LTD), realizado no seu Estádio João Rimsa, no distrito de Vila Nova, em Imbituba.

O Cerâmica Henrique Lage jogou pela 1ª vez na capital catarinense, na noite de quinta-feira, do dia 25 de Março de 1954. O amistoso estadual, terminou com vitória para Bocaiúva Esporte Clube pelo placar de 3 a 1, no Estádio Adolfo Konder, na Praia de Fora, em Florianópolis (SC), na Rua Bocaiúva, s/n, no bairro Praia de Fora.

Após um bom primeiro tempo, quando foi para o vestiário com um empate em um gol, na etapa final, o Cerâmica não resistiu e acabou derrotado. Apesar do revés, no geral, a equipe alvirrubra fez uma boa apresentação.   

 BOCAIÚVA E.C. (SC) 3  X  1 CERÂMICA HENRIQUE LAGE (SC)
LOCALEstádio Adolfo Konder, na Praia de Fora, em Florianópolis (SC)
CARÁTERAmistoso Estadual
DATAQuinta-feira, do dia 25 de Março de 1954
HORÁRIO21 horas e 40 minutos
RENDANão divulgado (Bom público)
ÁRBITROGerson Demaria (FCF)
BOCAIÚVATatú; Walter e Aldo; Romeu, Jair I e Adão; Carriço, Oscar, Jair II (Rodrigues), Crina e Zacky (Jair II). Técnico: Paraná
CERÂMICATonico; Paulo (Rubens) e Luiz; Chico, Percy e Adir; Olavo (Rosalvo), Itamar, Branco, Mauro e Suíço (Nivaldo).
GOLSOscar aos 21 minutos (Bocaiúva); Olavo aos 36 minutos (Cerâmica), no 1º Tempo; Oscar aos 21 minutos (Bocaiúva); Crina aos 42 minutos (Bocaiúva), no 2º Tempo.
PRELIMINARNos Aspirantes, o Bocaiúva venceu o time misto do Guarani por 3 a 2.

Após esse confronto, o Cerâmica Henrique Lage engatou mais cinco confrontos contra os times da capital e fez bonito! Na tarde de domingo, do dia 23 de Maio de 1954, goleou o Paula Ramos, do técnico Barão por 3 a 0.

Empatou em 2 a 2 com o Atlético. Depois voltou a enfrentar o Atlético e acabou derrotado por 2 a 1. Os dois últimos jogos foram marcantes. Após o golear o Atlético por 5 a 1, o Avaí realizou dois amistosos diante do Cerâmica.

Na noite de terça-feira, 07 de dezembro de 1954, no Estádio João Rimsa, no Bairro Vila Nova, em Imbituba, o Cerâmica Henrique Lage bateu o Avaí por 2 a 1.

A revanche aconteceu 48 horas depois, na noite de quinta-feira, 09 de dezembro de 1954, no Estádio Adolfo Konder, na Praia de Fora, em Florianópolis. E, novamente, o Cerâmica Henrique Lage voltou a vencer o Avaí e pelo mesmo placar: 2 a 1.

Os gols saíram na etapa complementar. Branco abriu o placar aos oito; Rodrigues empatou aos 12 para o azurra; e, novamente, Branco marcou o tento da vitória nos últimos minutos de jogo para o time imbitubense.  

 AVAÍ F.C. (SC) 1  X  2 CERÂMICA HENRIQUE LAGE (SC)
LOCALEstádio Adolfo Konder, na Praia de Fora, em Florianópolis (SC)
CARÁTERAmistoso Estadual
DATAQuinta-feira, do dia 09 de Dezembro de 1954
RENDANão divulgado (Bom público)
ÁRBITROJoão Sebastião da Silva (FCF)
AVAÍTatú; Waldir e Danda; Fausto, Manara e Jaci; Fernando, Wallace (Moraci), Bolão, Rodrigues e Jacó.
CERÂMICAJoão; Paulo e Paulo Sá; Adir, Adão e Léo; Neri, Itamar, Branco, Nascimento e Olavo.
GOLSBranco aos oito minutos (Cerâmica); Rodrigues aos 12 minutos (Avaí); Branco aos 43 minutos (Cerâmica), no 2º Tempo.
PRELIMINARBangu (campeão amador de 1954) 2 x 3 Figueirense (aspirantes, reforçado de cinco titulares do time principal).

Assim, o Cerâmica Henrique Lage saiu desses confrontos com os times da capital com vantagem. Foram seis jogos, com três vitórias, um empate e duas derrotas; marcando 11 gols, sofrendo nove e um saldo positivo de dois.

FONTES: Município de Imbituba/SC – Página no Facebook “Memórias de Imbituba” – O Estado de Florianópolis (SC)

FOTOS: Acervo de João Batista Inácio

ESCUDO E UNIFORME REDESENHADO: Sérgio Mello

PESQUISAS: Sérgio Mello e Cícero Urbanski

Postal Telegráfico Futebol Clube – Florianópolis (SC): Fundado em 1939

O Postal Telegráfico Futebol Clube foi uma agremiação da cidade de Florianópolis (SC). O “Colorado dos Correios” ou “Rubro-anil” foi Fundado na sexta-feira, do dia 23 de Junho de 1939, por funcionários do Departamento Regional dos Correios e Telégrafos

Na quinta-feira, do dia 19 de Julho de 1951, a Federação Catarinense de Futebol (FCF), concedeu a filiação do “Rubro-anil“. No mesmo ano, conquistou o título do Campeonato Amadorista da cidade de Florianópolis.

Cinco anos depois, voltou a ser campeão, em 1956. Aliás, nesse ano, o clube fez história. No domingo, do dia 09 de Dezembro  de 1956, o Postal Telegráfico aplicou a sua maior goleada, ao bater o Ipiranga do Saco dos Limões, pelo impressionante placar de 13 a 1, válido pelo Campeonato Amadorista da capital.

O clube foi um dos fundadores da Federação Catarinense de Futsal (FCF), no domingo, do dia 25 de Agosto  de 1957. Os demais fundadores: Doze de Agosto, Bocaiúva Esporte Clube, Atlética Barriga Verde, Associação dos Torcedores do Clube de Regatas Flamengo e Clube Universitário Catarinense.

Colorado dos Correios” ainda faturou o Tetracampeonato da capital nos anos de 1959, 1960, 1961 e 1962. Chegando ao total de seis canecos citadinos!

Após dominar o futebol amador da capital, o Postal Telegráfico buscou dar um passo mais ousado e decidiu se profissionalizar e ingressou no Campeonato Citadino de 1963.

E, logo na 1ª temporada, o “Colorado dos Correios” fez uma belíssima campanha terminando na 3ª colocação, só atrás do Avaí e Figueirense. No returno, empatou com o Avaí (1 a 1) e venceu o Figueirense (2 a 1). O Postal Telegráfico ainda participou do Campeonato Catarinense em 1964 e 1965.


FONTES: Adalberto Klüser – Osny Meira – Jornal O Estado de Florianópolis – Site da Federação Catarinense de Futsal – Acervo de Cesar Garcia

CIP campeão catarinense de 1938

por Fernando Alécio

Em maio de 1931, instalava-se na Rua Blumenau, em Itajaí, a Companhia Itajahyense de Phosphoros. Mais conhecida pela sigla CIP, a empresa foi idealizada pelo industrial Antônio da Silva Ramos e formada com capital de investidores de Itajaí e Blumenau.

No período de 1932 a 1939, produziu 148.300 caixas, cada uma contendo 120 pacotes e cada pacote 10 caixinhas com 55 palitos em média. Os fósforos eram comercializados com as marcas “Triumpho”, “Faísca”, “Libertador” e “Corsário”. Irineu Bornhausen, um dos principais acionistas, ocupou o cargo de diretor-presidente por vários anos.

Ofício timbrado do CIP em 1937. Acervo Adalberto Klüser/OsniMeira

A fábrica abrigava cerca de 150 operários em 1940 e era uma das principais fontes de arrecadação do município, possuindo também uma fecularia em Tubarão. Além de contribuir com o progresso econômico de Itajaí, a Companhia Itajahyense de Phosphoros, liquidada na década de 1950, deixou um importante legado na área esportiva: deu origem ao glorioso CIP Foot-Ball Club, agremiação que entrou para a história do futebol catarinense.

Conforme registram os estatutos, o CIP F.C. foi fundado em 27 de outubro de 1936, por iniciativa de Francisco Medeiros, Alfredo Medeiros e Eugenio Cypriano Abelino, tendo por finalidade a prática dos esportes em geral, em particular o futebol. O clube adotou as cores vermelha e preta, teve Antônio da Silva Ramos como primeiro presidente e passou a mandar seus jogos num campo próximo à fábrica, na Rua Blumenau.

Prédio da fábrica de fósforos na Rua Blumenau. Reprodução Jornal do Povo

Campeão do Vale do Itajaí

Em maio de 1938 teve início o certame regional da Associação Sportiva do Vale do Itajaí (ASVI), entidade fundada no ano anterior e da qual o CIP foi um dos idealizadores. Tratava-se de um autêntico campeonato do Vale do Itajaí, contando com equipes de Itajaí, Brusque e Blumenau.

Com uma campanha impressionante, o CIP faturou o título com 13 vitórias e apenas uma derrota. A conquista do time da Rua Blumenau foi festivamente comemorada num animado piquenique organizado pela diretoria do clube na então praia de Piçarras.

Campeão Catarinense

A conquista do campeonato regional da ASVI deu ao CIP o direito de disputar o Campeonato Catarinense de 1938, que foi realizado somente no ano seguinte. Na época, apenas os campeões regionais participavam do certame estadual. O adversário do time itajaiense nas semifinais foi o tradicional Avaí, campeão de Florianópolis, que já havia sido campeão catarinense cinco vezes (1924, 1926, 1927, 1928 e 1930). A última conquista estadual do Avaí havia sido obtida ao vencer na final outro time de Itajaí, o Marcílio Dias.

O primeiro embate entre CIP e Avaí foi designado para o dia 5 de fevereiro de 1939. No campo da Rua Blumenau, os jogadores itajaienses não se intimidaram ante a maior tradição do time da Capital e aplicaram uma goleada de 4 a 0. A pressão dos locais sobre os visitantes foi tamanha que os quatros gols saíram logo no primeiro tempo. Couceiro (duas vezes), Villa e Nanga foram os autores dos tentos.

No segundo tempo, o panorama se inverteu com o Avaí indo para cima, mas o goleiro Geninho fez grandes defesas e manteve inalterado o placar do primeiro tempo. O goleiro cipiano foi considerado o melhor homem em campo.

Diploma conferido ao jogador Alberto Correia. Acervo FGML

O jogo de volta foi marcado para 5 de março de 1939. Mesmo debaixo de uma chuva torrencial que caía sobre o antigo Estádio Adolpho Konder, em Florianópolis, o CIP apresentava uma boa atuação e chegou a estar vencendo por 2 a 0 (gols de Vitório e Pavan), mas o Avaí conseguiu empatar, aos nove minutos do segundo tempo.

Logo após o empate do time da casa, o árbitro Leovegildo Amaral Alves suspendeu a partida por falta de visibilidade e alagamento do gramado devido ao temporal. Enquanto a bola rolou, a partida foi marcada por lances duros, jogadas violentas e pouca disciplina. Com a suspensão do jogo, a Federação Catarinense de Desportos (FCD)agendou para 11 de março a continuação dos 36 minutos faltantes, ocasião em que o Avaí fez o terceiro gol e venceu o jogo por 3 a 2.

Armando, Humaytá e Victorio, jogadores do CIP

A vitória do Avaí forçou a realização de uma terceira partida para decidir a vaga na final, pois na época não era levado em consideração o saldo de gols. A FCD marcou a partida logo para o dia seguinte, 12 de março, em Florianópolis. Num jogo muito movimentado, o CIP saiu na frente com Vitório, mas o Avaí virou com Saul e Sapo ainda no primeiro tempo.

O Rubro-Negro voltou para a segunda etapa determinado a remontar o placar e alcançou o objetivo com gols de Pavan e Couceiro aos seis e oito minutos. “Justa e merecida vitória do CIP”, reconheceu em letras garrafais a página esportiva do jornal O Estado, de Florianópolis, na edição que circulou em 14 de março de 1939.

Pavan, Alberto e Lico, jogadores do CIP

O título de campeão catarinense de 1938 seria decidido em jogo único entre CIP e Atlético de São Francisco Sul, que na outra semifinal eliminou o Caxias de Joinville também em três jogos (6×1, 1×2 e 3×0). Assim como o CIP, o time francisquense, fundado em 1931, disputava pela primeira vez a final do certame estadual. A grande decisão foi marcada pela FCD para 2 de abril, em Florianópolis, mas devido às chuvas a data foi alterada para 16 de abril.

Manchete do Jornal do Povo, de Itajaí

O CIP abriu o placar logo nos primeiros minutos de jogo através de Couceiro e ampliou na segunda etapa com Nanga. O adversário tentou pressionar para buscar o empate, mas esbarrou na heroica resistência cipiana, que tinha como principal guardião o veterano zagueiro Luiz Avellar Pereira (ex-Marcílio Dias), o Lico, cuja atuação foi muito elogiada tanto pela crônica esportiva de Itajaí quanto pela imprensa de Florianópolis.

Devido ao jogo excessivamente violento praticado pelo time de São Francisco do Sul, dois de seus jogadores foram expulsos. O livro Almanaque do Futebol Catarinense comenta que “o rubro-negro itajaiense triunfou na bola e no pau. Seus atletas receberam elogios ‘pela exuberância e energia com que souberam batalhar ante a agressividade brutal’ dos francisquenses”.

Manchete do jornal O Estado, de Florianópolis

O time que subiu ao gramado do Estádio Adolpho Konder e derrotou o Atlético de São Francisco por 2 a 0 formou com Geninho; Lico e Humaytá (Villa); Soto e Alberto; Fatéco, Victorio, Couceiro, Pavan, Nanga e Armando. Há fontes que propagam equivocadamente a informação de que o campeonato catarinense de 1938 teria sido decidido em três jogos. Trata-se de erro, pois a competição teve jogo único na fase final em 16 de abril de 1939.

Soto, jogador do CIP. Acervo FGML

Além do título estadual de 1938, outro legado deixado pelo CIP foi ter revelado ao futebol catarinense o craque Nildo Teixeira de Mello, o Teixeirinha, considerado um dos melhores jogadores do Estado em todos os tempos. Embora tenha atuado por pouco tempo com a camisa rubro-negra, em 1942, coube ao CIP a honra de ter sido o seu primeiro clube.

O CIP continuou disputando as competições da ASVI até 1943. Em 1944, desapareceria para sempre do cenário das competições oficiais do futebol catarinense. O destino dos troféus e demais artigos e documentos históricos do CIP é desconhecido.

Hino do CIP

Companheiros sempre firme

Para o inimigo vencer

Nosso CIP glorioso

Muitas glórias há de ter

Venceremos com bravura

E com toda lealdade

Aos vencidos respeitamos

Dando prova de amizade

Se vencidos, saberemos

A derrota festejar

Também é uma vitória

A derrota suportar

É dever do nosso team

Para todos ser gentil

Lutar sempre com heroísmo

Para glória do Brasil

Fonte

Artigo “Memórias do Futebol: CIP Foot Ball Club”, de Fernando Alécio, Adalberto Klüser e Gustavo Melim. Publicado no Anuário de Itajaí — 2017. Editora da Fundação Genésio Miranda Lins, 2017.