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MÁRCIO MALVADO

O zagueiro-central Márcio,do Santos,passa pela sala de imprensa na Vila Belmiro e o técnico Daltro Menezes pede que se sente ”Repita aqui o que temos falado com você”.Márcio ajeita melhor os seu 1,82m e 78 Kg na cadeira e abaixa a cabeça.Terá que falar sobre lago condenável, e isso o constrange.”É, vocês tem me alertado porque ando me excedendo na violência, e que isso pode prejudicar minha carreira.Claro que você tem razão.Mas eu tenho me esforçado para maneirar”.
Os amigos andam preocupados com o futuro de Márcio Antonio Rossini, 21 anos – e co a integridade física dos atacantes abalroados por ele.Da última vez que Márcio foi a Marília – cidade de onde saiu para o Santos – Nelson – seu pai, pediu que nunca mais repetisse a voadora que aplicou nas pernas do centroavante Careca, do Guarani”Vi pela tevê e temi pelo Careca”, exclamou Nelson.
Aquele lance foi o mais recente numa carreira curta, porém já marcada pela violência.
Nos últimos dois anos,Márcio foi expulso quatro vezes – uma no Marília e três no Santos – todas por jogo bruto ou agressão.
Mas que razões levariam um rapaz bem educado,gentil e cheio de amigos a se transformar em campo?.”Um becão não pode dar moleza”, defende-se ele.É o meu estilo, sou entanto, que tem recorrido aos calços e encontrões mais vezes,”porque o nosso meio campo marca muito pouco e deixa tudo para o último homem”.
De qualquer forma, o brilho nos olhos e o quase imperceptível sorriso denunciam seu orgulho por se sentir respeitado pelos atacantes.
— Ele é um jogador tão jovem.Respeitado, e mesmo, temido.No último jogo contra o Juventus,o centroavante Geraldão – alto e troncudo como ele — chegou a arrepiar em uma dividida” Até gozei da cara do Geraldão”,gaba-se.
“Falei: o que é isso,garoto,está preocupado.?”
Em 1977,titular aos 17 anos,protagonizou um estrepitoso duelo com Serginho, do São Paulo, 1,90m de altura.Foram tantas as soladas e cotoveladas e tão brutais os choques entre os dois, que a torcida, constrangida, invadiu o campo para participar da guerra.”Desde então,eu e o Serginho nos respeitamos muito em campo”.afirma Márcio.
Quem recuar até a infância de Márcio não encontrará nenhuma cena que contradiga quadro atual.Quando bebê,ele ganhou um concurso de robustez.Aos seis anos,já montava a cavalo, caçava passarinhos e recusava companhia da avó para ira à escola —considerava-se homem suficiente para andar sozinho.Detestava gatos;matava o que conseguia pegar.
Foi meia-direita — até os 13 anos, mas um dia concluiu que não adiantava reclamar da violência das defesas, que isso era inerente ao jogo”Resolvi passar para o outro lado”,conta.
“Transformei em beque-central.”
Mas não há técnico que possa se queixar do seu desprendimento.Em 1979, por exemplo,o Marília precisava ganhar do Santo André para não cair para a Segundona e ele, com o tornozelo inchado,fez questão de jogar.Comandou vitória de 4 x 1 e,no fim do jogo, foi expulso por dar um soco o goleador Da Silva.Não há,igualmente,quem lhe negue a capacidade de ser solidário:há tempos,ao ver um garoto das divisões inferiores do Santos passando frio,presenteou-o com a própria blusa.
E quem procurar saber o que passa na cabeça de Márcio em seu momentos de violência,verá que está é,uma parte,resultado de sua extrema sensibilidade.É quem procurar saber o que se passa na cabeça de Márcio em seus momentos de violência,verá que está é, em parte,resultado de sua extrema sensibilidade.”Antes daquele jogo”,revela.”Fiz menção de cumprimentar o Careca e ele nem ligou.Puxa,nós éramos amigos na Seleção de Novos de 1979 e aquele mascarado não quis me cumprimentar.Depois, na primeira bola, ele me acertou e fiquei esperando as desculpas.Que nada,o cara me ofendeu.Quando a oportunidade apareceu, resolvi dar a voadaora.”
O técnico Daltro Menezes contempla aquela magnífica massa muscular postada a sua frente e aconselha:”Você precisa encontrar um ponto de equilíbrio para se transformar num dos grandes zagueiros do Brasil. Ou pode não chega a nada”.No entanto, se não mudar, o rapaz está a caminho de deixar de ser conhecido como Márcio, o Mavaldo, para passar a ser chamado de Márcio,o Açougueiro.Depende dele.

Fonte: revista Placar 1981

Dirran – Um talento do futebol…

Dirran (com “biquinho” para pronunciar num francês correto) – Jogador do Rio Grande do Norte meio agalegado/sarará. Era entroncadinho e tinha as pernas curtas.

Há alguns anos, quando o Clube Atlético Potengi ainda jogava no Machadão contra o Potyguar de Currais Novos, na 2ª divisão do Campeonato do Rio Grande do Norte, um jogador atleticano se destacava fazendo dribles desconcertantes, lançamentos perfeitos e fazendo gol.

O narrador da Rádio Poti não cansava de gritar:

“Dirran é um craque”, “Dirran é uma revelação do futebol norte-riograndense”. E era Dirran prá cá, Dirran pra lá …

No final do jogo, o Clube Atlético Potengi perdeu por 3 x 1, mas o destaque daquele jogo foi o jogador Dirran.

Vendo aquele sucesso todo do jogador atleticano, um jovem repórter da Rádio Poti foi fazer uma entrevista com o craque na beira do gramado e foi logo perguntando:

“Você tem parentes na França? Esse seu nome é de descendência francesa?”.

O jogador, olhando espantado para o repórter, respondeu:

“Não sinhô, meu apelido é Cú de Rã, mas como num pode falar na rádio… então, eles abreveia”.

Hector Castro – O Primeiro grande Herói de uma Copa

Em todas as Copas sempre temos heróis e vilões, sejam jogadores, treinadores ou juizes, em 1930 no Uruguai muitas expectativas com a realização do primeiro mundial e logo na sua estréia, os donos da casa que inauguravam o Estádio Centenário em um jogo contra o Peru, adversário conhecido do continente o que poderia ser um jogo fácil, tornou-se uma angustia os bicampeões olímpicos não conseguiam encontra o caminho das redes peruanas, o goleiro Pardón segura tudo o que pode. Maquillon e Galindo se superam na defesa, enquanto Lavalle e Neyra tornam-se pesadelos para a zaga uruguaia, em sem atacante titular Anselmo que se recuperava de uma contusão, estava escalado em seu lugar o jogador Hector Castro “El Divino Manco”como era conhecido carinhosamente por não ter a mão direita, que perderá aos 13 anos ao se acidentar numa serra elétrica, isto porem não o impediu de seguir a carreira de jogador apesar do sonho de ser cirurgião, aos 19 anos iniciou sua trajetória de sucesso no futebol caudilho em 1923 e no ano seguinte já fazia parte do time campeão olímpico em Paris, bicampeão em 1928 Hector não era um titular absoluto fazia parte de um grupo seleto e era o reserva imediato do ataque, naquela tarde de 18 de julho Hector fez o gol da vitória celeste frente aos peruanos, era o primeiro gol uruguaio numa Copa era o primeiro gol do grande Estádio da América do Sul, depois deste jogo Hector voltou a reserva com o retorno de Anselmo para os jogos seguintes contra Romênia e Iugoslávia, ele retornou ao time justamente na final contra a rival Argentina para mais uma vez brilhar, o jogo estava duro e quente e os argentinos venciam por 2 a 1 ao final do primeiro tempo, no segundo o Uruguai veio pra cima com tudo e virou o placar para 3 a 2 e a pressão muda de lado, agora são os portenhos que pressionam e os uruguaios que se defendem heroicamente e lá na frente Castro luta contra a defesa Argentina, o jogo se aproxima do fim a ânsia e temor pairam sobre o estádio num ultimo lance a Argentina perde a bola e o Uruguai parte ao ataque rapidamente a bola é alçada na área e Castro menor que o zagueirão Della Torre e fumina o goleiro Botasso era o gol do alivio era o gol do título, após o gol ouve-se um som do relógio pois naquele tempo que terminava a partida era o marcador e não o arbitro festa celeste era a coroação máxima de uma equipe que dominava o mundo por seis anos. Foram apenas quatro jogos mais a Taça estava em boas mãos e em dois deste quatros jogos um jogador de raça de gana de vencedor pois jamais se deixara abater-se por ser um deficiente com sua determinação e coragem escreveu com letras maiúsculas seu nome na grande galeria de heróis de mundiais.

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Raul Hector Castro
Nascido em 29/11/1904 em Montevidéu
145 gols na carreira entre Nacional e a Seleção Uruguaia
Inicio da carreira em 1923
Encerrou em 1935
Faleceu em 15/09/1960

fontes: Texto Galdino Silva
Dados: NOV9, Histórias das Copas de Orlanda Duarte

Sentado, de pernas cruzadas e controlando uma bolinha de papel com o pé esquerdo.

Meus amigos, Canhoto (ex-meia direita ), formou famosa dupla com Canhotinho no Palmeiras na década de 40. Só estou aqui falando dele porque trabalhei com ele na Siderúrgica Aliperti em São Paulo nos anos 60. Aliás ele foi contratado nos anos 50, perto dos 40 anos de idade, para ajudar o Clube Atlético Siderúrgica Aliperti na segunda divisão de profissionais.
Já em fins dos anos 60 ele continuava no Aliperti trabalhando no setor administrativo. Ele costumava ir ao setor onde eu trabalhava e gostava de conversar sobre futebol, era muito alegre.
Então, sentado e de pernas cruzadas, amassou uma folha de papel e com o pé esquerdo ( de sapato ) começou a controlar a bolinha por várias vezes sem deixá-la cair no chão. Repito, de pernas cruzadas. E rindo.
Será que somente por este exemplo podemos generalizar e afirmar que é por essas e outras que os craques antigos eram bem melhores que os atuais?
Acho que tínhamos uma maior quantidade de melhores jogadores , sem dúvida.
Seu apelido de Canhoto nasceu no Belenzinho, bairro da zona leste de São Paulo, onde nas peladas só chutava de canhota, mesmo jogando pelo lado direito.
Depois de ser campeão paulista em 1940 e em 1945, Canhoto jogou também no América do Rio e no Ypiranga (SP).- Almanaque do Palmeiras.

Abaixo, Canhoto e Durval do Juventus
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