O Fluminense Futebol Club, de Itajaí, foi fundado em 15 de Abril de 1930, numa das mesas da Confeitaria Modelo, por jovens do comércio e membros da elite local.
A sua primeira diretoria eleita, entre outros cargos, tinha como Presidente de Honra: Evilasio Heusi; Presidente: Arnaldo Heusi e Vice-presidente: Cezar Stamm; Tesoureiro: Aloysio Reyser; 1º secretário: Eduardo Reyser Junior; 2º secretário: Camilo Mussi; Diretor sportivo: Guarino Curico.
Apesar de tricolor, as suas cores eram diferentes do homônimo clube carioca: branco, vermelho e preto. Acredita-se que sua camisa era listrada verticalmente em vermelho e branco, o calção era branco e as meias pretas eram que tornavam o seu fardamento tricolor.
Uma das primeiras deliberações da primeira diretoria eleita foi filiar o clube á Federação Catarinense de Desportos, o que ocorreu rapidamente, graças ao prestigio e á boa condição financeira de seus patronos.
Numa eleição realizada em Junho, promovida por um jornal de Itajahy, mesmo com apenas dois meses de existência, o Fluminense foi eleito o clube de futebol mais simpático da cidade com 3290 votos contra apenas 469 do modesto Treze de Maio F.C., 159 do veterano Marcilio Dias e 100 votos do forte Lauro Muller F.C.
Seu primeiro time era composto de jogadores já consagrados por Marcilio e Lauro Muller e tinha a seguinte escalação: André, Gaúcho e Benno; Victor, Bepe (capitão) e Osmar; Aloizio, Guarino, Nino, Zizico e Lilito.
José F. Pereira “Bepe”, o crack do team
O primeiro jogo que se tem registro aconteceu em 22 de junho, em Blumenau, diante do F.C. Blumenauense, onde a vitória coube ao veterano adversário pelo placar mínimo.
A primeira vitória veio em 6 de Julho, em Joinville, com uma goleada de 5×2 sobre o modesto Recreativo F.C.
No dia 10 de Julho, teve a sua inscrição para o Campeonato Estadual de 1930, aceita pela Federação, sendo alocado na 4ª região, ao lado dos outros dois grandes clubes de futebol da cidade: C.N. Marcilio Dias e Lauro Muller F.C.
Em 13 de Julho, bateu-se amistosamente contra o Marcílio Dias e vendeu muito caro uma derrota por 3×2, enchendo todos de esperança que poderia surpreender no Estadual.
O Campeonato Estadual da 4ª região, iniciou em 20 de Julho, e os seus resultados, listados abaixo, colocaram o Marcilio em 1º lugar, Lauro Muller em 2º e o Fluminense em 3º lugar.
20/07/30 – Estadio da Vila Operária – Lauro Mulller 2×2 Marcilio Dias
03/08/30 – Estadio Dr. Hercilio Luz – Fluminense 0x5 Lauro Muller
10/08/30 – Estadio Dr. Hercilio Luz – Marcilio Dias 9×0 Fluminense
17/08/30 – Estadio Dr. Hercilio Luz – Marcílio Dias 2×0 Lauro Muller
24/08/30 – Estádio da Villa Operária – Lauro Muller 6×1 Fluminense
31/08/30 – Marcilio Dias WOx0 Fluminense (O Fluminense entregou os pontos).
A decepcionante campanha do Fluminense inibiu a sua participação em outros campeonatos oficiais, no entanto, o clube seguiu firme na disputa de jogos amistosos contra os principais clubes da região.
Em 21 de Setembro, foi até Brusque, onde bateu o Paysandu por 2×0.
Em 30 de Novembro, o Paysandú veio até Itajaí e deu o troco: vencendo por 2×1, porém, neste mesmo dia, conseguiu pela primeira e única vez bater o Marcilio Dias: 1×0.
Em 7 de Dezembro goleou o fortíssimo Brasil, de Blumenau por 6×2 na casa do adversário, em contrapartida, na semana seguinte, foi esmagado pelo Lauro Muller por 14×0.
No primeiro semestre de 1931 continuou sua rotina de vitorias e derrotas em jogos amistosos contra os principais clubes de Blumenau, Brusque, Itajaí, Joinville e Mafra.
Em 12 de Julho de 1931, inaugurou o seu estádio próprio, denominado Estádio Felippe Reiser, situado na Rua Uruguay. A inauguração contou com um festival esportivo, cujo jogo de fundo foi vencido pelo tricolor: 5×1 no Paysandú de Brusque.
Em Agosto de 1931 o clube entrou em colapso, que culminou com uma greve dos jogadores, talvez a primeira ocorrida do Estado. Depois disto, nunca mais ouviu-se falar do promissor tricolor itajaiense que simplesmente evaporou-se do cenário esportivo catarinense.
Fluminense em 1930, no Estádio dr. Hercilio Luz.
FONTES:
Foto do time: Acervo da Fundação Genésio Miranda Lins, gentilmente cedida por Fernando Alécio.
Escudo e uniforme: redesenhados com a colaboração do amigo Sergio Mello.
Demais informações: jornais da época e acervo do autor.