Arquivo do Autor: Gilberto Maluf

Palmeiras 4 x 2 Corinthians

Estou relembrando este jogo por dois motivos. O primeiro foi a lembrança da chuva que tomamos na arquibancada em 24.07.1977. Lembro-me que foi a única vez que tomei cachaça na saída do estádio. O segundo motivo é que este jogo até hoje é comemorado pela torcida do Palmeiras, haja vista constar no site www.pontoverde.com.br

O Corinthians estava ganhando de 1 x 0, quando Jorge Mendonça empatou para o Palmeiras. Logo após o gol, meio chateado olhei para a outra meta, e vi o goleiro Leão levantando as mãos para o céu.
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Segue abaixo a matéria palmeirense:

Geralmente, as matérias desta seção têm uma grande dose de importância. São conquistas de títulos, vitórias que nos levaram a decisões, grandes goleadas, etc. Porém, quando vencemos nosso maior rival, não importa se o jogo é ou não estratégico ou decisivo.

Um bom exemplo disso aconteceu em julho de 1977, quando Palmeiras e Corinthians se enfrentaram em um clássico normal, válido apenas pelo segundo turno do Campeonato Paulista. Se bem que, apesar de tais circunstâncias, o jogo levou mais de 80 mil pessoas ao Morumbi, o que prova a indiscutível rivalidade entre ambas as equipes.

E a partida começou quente, pois logo no primeiro minuto o meia Basílio – o mesmo que meses mais tarde entraria para a história corintiana ao marcar o gol do título estadual de 1977 – abriu o placar. Sorte nossa que, pouco depois, Jorge Mendonça empatou. A partir de então, uma espécie de letargia tomou conta dos alvinegros, que ainda no primeiro tempo levaram mais dois gols, um deles marcado contra.

Na etapa final, aproveitando-se do desespero corintiano, o Verdão chegou ao quarto gol aos 15 minutos e, daí em diante, apenas administrou a goleada. O segundo do Corinthians só foi ocorrer a dez minutos do fim da partida, e ainda assim apenas por infelicidade do lateral-direito Rosemiro.

O curioso é que, ao contrário do que geralmente acontece após vitórias sobre o time “deles”, daquela vez o Palmeiras entrou em uma péssima fase: apesar de ter ganhado o jogo seguinte – um amistoso com o São José/SP – não venceu mais no Paulistão, perdeu a disputa da Taça Governador do Estado, demitiu o técnico Dudu e só voltaria a ganhar quase três meses mais tarde, já pelo Campeonato Brasileiro.

Confira a ficha técnica da histórica partida:

Competição: Campeonato Paulista/1977
Jogo: Palmeiras 4 x 2 Corinthians/SP
Data: 24/07/1977 – Horário: 11h00
Local: Estádio Cícero Pompeu de Toledo – Morumbi, em São Paulo/SP
Árbitro: Dulcídio Wanderley Boschillia/SP
Público: 79.644 pagantes
Gols: Basílio a 1, Jorge Mendonça aos 9, Ademir (contra) aos 25 e Toninho aos 35 minutos do primeiro tempo. Toninho aos 15 e Rosemiro (contra) aos 35 da etapa final.

Equipes

Palmeiras – Leão; Rosemiro, Beto Fuscão, Mário Soto e Zeca; Pires e Ademir da Guia; Edu, Jorge Mendonça, Toninho (Jair Gonçalves) e Nei (Ricardo).
Técnico: Dudu.
Corinthians/SP – Tobias; Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Givanildo, Luciano (Ruço) e Basílio; Rubens Nicola, Palhinha e Romeu Cambalhota (Edu).
Técnico: Oswaldo Brandão.

O estádio Santa Cruz de Ribeirão Preto

Os anos sessenta marcaram uma virada de página na história do Botafogo F.C. De um time que já dava trabalho aos grandes clubes da capital, que tinham que enfrentar a proximidade da torcida no antigo estádio Luiz Pereira, na Vila Tibério, o Tricolor passava a sonhar ainda mais alto e o primeiro passo para isso era a construção de um novo estádio.

Localizado em uma região até então isolada do Centro de Ribeirão Preto, o Santa Cruz fez surgir um novo bairro – a Ribeirânia. Inaugurado no dia 21 de janeiro de 1968, o estádio particular do Botafogo só perdia em capacidade para o Morumbi. No Santa Cruz podiam se acomodar 60 mil pessoas sentadas e outras 10 mil em pé. Com o passar do tempo, as exigências de segurança foram aperfeiçoadas e hoje o estádio comporta pouco mais de 35 mil torcedores.
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Festividades
Os dias que antecederam a inauguração oficial do Santa Cruz foram de muito trabalho. Um verdadeiro mutirão foi realizado para colocar a casa em ordem. Mas o resultado de tanto trabalho foi compensado com muita festa. Já na véspera a porção tricolor da cidade já respirava o clima da inauguração. Os jornais da época relatam o desfile da seleção da Romênia – a adversária dos botafoguenses, em carreata pelas ruas de Ribeirão. No dia 20 de janeiro também foi lançada a pedra fundamental do que hoje é o Poliesportivo do clube, no antigo Luiz Pereira.

Wilson Simonal cantou na inauguração do estádio
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No dia 21, um domingo, uma multidão se dirigiu ao Santa Cruz para assistir à apresentação da Esquadrilha da Fumaça e ao show de três grandes ícones da música brasileira daqueles tempos – Altemar Dutra, Wilson Simonal e Jair Rodrigues. Terminada a festa, foi a vez da bola rolar, às 16 horas, com o apito inicial do árbitro Oscar Scolfaro.

O jogo
O Botafogo foi superior aos romenos desde o início da partida e venceu o jogo inaugural por 6 x 2 (o primeiro tempo terminou 3 x 1). O primeiro gol do estádio Santa Cruz foi marcado por Sicupira, aos 8 minutos, aproveitando cruzamento do lateral Márcio. Ainda na primeira etapa, Paulo Leão (aos 18 minutos), Carlucci (de falta, aos 31), e Lucesko (aos 33), marcaram.
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Na segunda etapa, os romenos chegaram a assustar com o gol de Dan, aos 12 minutos, cobrando falta, mas o Botafogo logo tratou de ampliar o marcador, com Paulo Leão (aos 18), Carlucci, de novo de falta (aos 21) e Jairzinho, aos 45 minutos.

O time que defendeu as cores do Botafogo nesta partida foi formado por Dirceu, Zé Carlos (Eurico), Mendes, Roberto Rebouças e Carlucci, Roberto Pinto (Luiz Américo) e Márcio, Jairzinho, Sicupira, Paulo Leão e Totó.

A época
Quando o Botafogo inaugurou o estádio Santa Cruz o prefeito era um jovem Welson Gasparini, que agora, quarenta anos depois, está de novo na prefeitura de Ribeirão Preto. A moeda corrente era o Cruzeiro Novo e o país vivia os primeiros anos da ditadura militar.

O Comercial já tinha o seu moderno estádio Palma Travassos, inaugurado em 1964. No dia da inauguração do Santa Cruz, os comercialinos, entre eles Piter, Nonô, Paulo Bim e Rodarte, se preparavam para fazer um amistoso contra a Francana – o jogo aconteceu três dias depois e terminou com vitória do time de Franca por 2 x 0, na preparação do Alvinegro para a estréia no Campeonato Paulista da Primeira Divisão.

007 era a atração nas salas de cinema
Os cinemas da cidade exibiam filmes como “007 contra Chantagem Atômica”, com Sean Connery no papel de James Bond, e “Ringo não Perdoa”, estrelado por Giuliano Gemma. Na TV se podia assistir programas como “Tremendão e Ternurinha”, com Erasmo Carlos e Wanderleia, e “Um Instante Maestro”, com Flávio Cavalcanti.

Grandes jogos
Em seus quarenta anos de história, o estádio Santa Cruz já foi palco de grandes jogos, como os amistosos internacionais entre Brasil e Chile, em 1981, e Brasil e Polônia, em 1993, as finais do Paulistão de 1995, entre Corinthians e Palmeiras e as finais do Paulistão de 2001, entre o Botafogo e o Corinthians, que culminaram no vice-campeonato para o Tricolor.
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fonte:www.comefogonet.com.br

Pelé fala sobre a Copa de 1958

Em comemoração aos 50 anos do título Mundial.
Quando o Atleta do Século fala, o mundo escuta. Desta vez, a entrevista foi para o jornal O Estado de SP. Aos 67 anos, o Rei comemora o cinqüentenário da primeira Copa conquistada pelo Brasil. Confira alguns dos melhores momentos da entrevista:

Foi nesse rádio que seu pai ouviu a Copa de 50?
E a de 58 também. Em 50 ele estava com os colegas do time (BAC, o Baquinho, time da segunda divisão profissional de Bauru) escutando o jogo no quintal de casa. Quando o Brasil perdeu, ele chorou e eu disse que iria ganhar uma Copa do Mundo para ele. Em 58 ele escutou por esse mesmo rádio nossa vitória na Suécia. E chorou de novo.

E essa TV verde-amarela?
Foi outro prêmio que ganhamos em 58. Você viu como é pesada? Não existia TV no Brasil naquela época, embora a Copa tenha sido toda filmada. Hoje fico pensando nas facilidades de comunicação. Naquela Copa, eu não tinha nem telefone para ligar para meu pai depois da vitória e contar que o rei (da Suécia) tinha descido até o gramado para nos cumprimentar.

Você certamente sabe o que os escritores Mario Filho e Nelson Rodrigues disseram sobre a Copa de 58: que ali o Brasil venceu o complexo de inferioridade que tinha desde a derrota de 1950. Concorda?
Na verdade, acho que foi o contrário. Me diziam que em 1950 já estava tudo certo para comemorar a vitória (sobre o Uruguai na final no Maracanã), que o Brasil não tinha respeitado o adversário. Em 58 respeitamos muito os adversários, mas sem medo. Nunca achamos que seria fácil.

Antes da Copa, você se lembra da primeira convocação para a seleção?
Lembro, foi em 57. Lembro que ouvimos pelo rádio e não entendemos se o locutor tinha dito Telê (que então jogava pelo Fluminense) ou Pelé. Por sinal, até então viviam me chamando de Telê ou Pelê. Até o dia em que eu disse: “Olha, Telê é o loirinho, o crioulinho é Pelé”. Eu nem gostava do nome Pelé, porque meu pai havia me dado o nome de um gênio, Edson (de Thomas Edison, inventor americano).

Você teve outros apelidos na seleção de 58, não? Gasolina, Elisa, Amadeu Bicudo…
Gasolina foi ainda nos tempos do Santos, porque eu era muito rápido, explosivo. Elisa era por causa de uma torcedora do Corinthians que gostava de mim e, toda vez que eu chegava ao estádio, me mandava beijos. Amadeu Bicudo é porque eles diziam que tenho boca grande. Aí eu passei a gostar de Pelé… (risos)

E o dia da convocação para a Copa, você lembra?
Lembro, foi muito emocionante, mesmo que eu já esperasse. Eu estava machucado, tinha batido o joelho numa partida contra o Corinthians. Mas o médico, dr. Hilton Gosling, e o Mário Américo (preparador físico) sempre disseram que eu teria condições para jogar. Foi por isso que fiquei fora dos amistosos na Itália.

Você disse que já esperava. Por quê? E por que não tinha ido ao Sul-Americano de 57?
Acho que foi por causa das excursões do Santos. Eu esperava ir para a Copa de 58 porque tinha jogado bem na Copa Roca e também ia bem nos treinos. Eu já era o titular do time.

Já usava a camisa 10? Porque dizem que foi um membro uruguaio da Fifa que determinou os números dos jogadores, pois o Brasil enviou a escalação sem eles…
É verdade. Mas eu já vinha usando a 10, embora às vezes usava a 8… Não era nada fixo. A partir da Copa é que o número passou a ser associado a mim. Viu aquela bola ali? (Aponta para um cubo de vidro com uma bola amarela pequena dentro, com inscrição em inglês.) “Antes dele, 10 era apenas um número”…

Você lembra quanto pesava e media? Era mais franzino do que estaria nas Copas seguintes.
Era, sim. Acho que pesava 68 kg e media 1m70. Com topete, ficava 1m71… (risos)

É mesmo verdade que você gostava de treinar?
Sempre gostei de me preparar fisicamente. Habilidade, dom, muita gente tem. Mas meu condicionamento físico era privilegiado. Eu corria bastante, subia e descia aquelas escadas… E ficava sempre mais um tempo, cobrando faltas, treinando a esquerda. O pessoal ia embora sem ter nada para fazer.

Apesar de titular, você não tinha mesmo condições físicas para o jogo de estréia contra a Áustria?
Eu estava pronto, sim. Não sei se preferiram esperar um pouco por eu ser jovem… O psicólogo, dr. Carvalhaes, havia dito que eu e Garrincha éramos muito jovens, porque a gente vivia fazendo brincadeira, molecagem.

Mas o técnico (Vicente Feola) e o dr. Paulo Machado de Carvalho (coordenador da delegação) também achavam isso?
Não, não achavam. Eles e o Mário Américo sempre disseram que a gente ia jogar. Depois do empate com a Inglaterra, aí eles viram a necessidade. Mesmo na vitória por 3 a 0 sobre a Áustria não tínhamos jogado bem.

Por quê?
O jogo não fluía. Os outros times eram fortes, corriam muito, e nossa qualidade era o toque de bola. Talvez com o Vavá e o Altafini (Mazzola, a quem Pelé se refere sempre como Altafini), que tinham estilos muito parecidos, não estivesse dando certo. E além de mim e do Garrincha entrou também o Zito, que não era tão técnico como o Dino Sani, mas tinha muito fôlego e visão de jogo.

Diz a lenda que Bellini, Nilton Santos e Didi foram pedir para vocês três jogarem, é verdade?
Não foi bem assim. Alguns jogadores eram consultados pela comissão técnica, como o Didi e principalmente o Nilton Santos. O Nilton Santos vivia dizendo para o Feola, até de brincadeira, “o time é Pelé, Garrincha e os outros, senão não vai dar”.

Dizem também que Garrincha tinha sido vetado porque deu dribles demais no amistoso contra a Inter de Milão.
O Feola realmente reclamava de quando a gente driblava muito. Eu mesmo reclamava do Garrincha porque às vezes ele passava por dois, eu sabia que ele ia passar e então eu corria para a área e ele não cruzava, dava outro drible para trás… Eu xingava muito! (risos)

Mas é verdade que o Feola dizia “Do meio para a frente, joguem à vontade”?
Ele se preocupava mais em acertar a defesa. E pedia sempre para a gente ser objetivo. Isso foi fundamental. Ele também sabia que não tinha como evitar que eu, o Garrincha, o Didi e o Vavá fôssemos para cima. Era nossa característica. Mas o Zito marcava muito bem; o Zagallo também, pela esquerda. Os laterais sabiam quando subir e quando não subir.

Ele teria gritado para o Nilton Santos no primeiro jogo “Volta, volta!” quando ele partiu com a bola e foi até marcar o gol. E teria dormido num dos jogos.
Eu não ouvi isso. Até porque o Nilton Santos fazia muito isso no Botafogo, com o próprio Zagallo, que tabelava com ele e cobria suas subidas. O Feola parece que cochilou num momento ali e então pegaram no pé dele. Mas ele via tudo.

O técnico só foi definido em abril, a escalação não tinha números, foram só duas semanas de treino, você e Garrincha só entraram no terceiro jogo. Houve falta de planejamento? Ou o trabalho de Paulo Machado de Carvalho fez diferença? João Havelange era presidente da CBD (atual CBF) desde janeiro daquele ano. Havia uma obsessão em ganhar a Copa?
Tínhamos vontade. E houve um trabalho bastante bom de organização, sim. Tinha comissão técnica pela primeira vez e um grupo excelente de jogadores que se conheciam. Naquela época não havia material como hoje, e nos amistosos nem podíamos trocar de camisa.

O Mazzola fez dois gols na estréia. Mesmo assim, acabou saindo do time para você entrar.
Acho que o Vavá estava melhor para fazer a função de homem de área. Garrincha caía pela direita e Zagallo pela esquerda. O Didi e eu vínhamos do meio, eu mais do que o Didi. Sempre parti em direção à área, mais ou menos como o Kaká faz hoje.

O time tinha Didi, Nilton Santos, Zito, Garrincha e você, os maiores craques. Mas e o Vavá? Ele foi importante com seus 5 gols, não
Claro que foi. Era um grande jogador. Não tinha tanta habilidade, mas não falam aí do Fenômeno (Ronaldo, segundo maior artilheiro da seleção)? Vavá era mais completo do que ele, antes de mais nada porque cabeceava muito bem.

E o papel do Didi?
Ele era o maestro. Sem ele para dar lançamentos e passes o time não teria ido tão bem.

Contra o País de Gales você fez o único gol do time. Uma vez disse que foi o gol mais importante da sua vida. Ainda diz?
Foi, no sentido de que ali tudo se fixou.

Você dá uma puxada na bola, num espaço curto dentro da área. Já tinha feito aquela jogada antes?
Não, imaginei ali mesmo. Foi um meio-chapéu, um… Era a única forma de tirar o zagueiro da jogada.

Você é o inventor de outras jogadas, como a paradinha na cobrança do pênalti e a tabelinha com a canela do adversário. Tem algum lance do futebol atual que você gostaria de ter feito? A pedalada?
Não… O que eu sempre tentei fazer, ficava ensaiando nos treinos, era a carretilha, em que você prende a bola e usa o calcanhar para jogá-la por cima. Mas não saía… O Caneco, ponta do Santos, vivia fazendo isso. Eu nunca tive coragem de tentar num jogo.

Em 24 de junho foi o jogo contra a França. Fontaine não jogava. Mas era o time a bater naquela Copa?
Era o que mais preocupava. Eu me lembro da gente conversando na concentração sobre o jogo deles, que já tínhamos visto. Lembro o Bellini dizendo “O ataque deles é muito bom”, algo do gênero. Respeitávamos muito a França, mas também confiávamos em nós.

A França saiu na frente… Depois o Brasil fez 5 x 2, com três gols seus.
É verdade. Mas aí começamos a jogar melhor e ganhamos até com facilidade. Era o jogo que ia ser o mais difícil e terminou sendo o mais fácil. O futebol é assim.

Seu terceiro gol é o mais bonito que já fez? Um menino de 17 anos dar chapéu dentro da área em Copa do Mundo é algo raro…
É um deles, certamente. Depois na final contra a Suécia eu praticamente fiz outro igual.

No último gol contra a Suécia, de cabeça, a trajetória da bola é proposital? Ela faz uma espécie de parábola por cima do goleiro.
Foi proposital, sim. Raras vezes eu vejo um gol assim. Mas quando a bola vem muito alta, é a melhor maneira de enganar o goleiro, encobrindo até o outro canto.

É verdade que o Paulo Machado de Carvalho disse que o azul era a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida para animar os jogadores?
Também não ouvi isso. A gente não se importou de jogar de azul. (Mostra a camisa numa estante ao lado.) E ela é muito bonita, não?

Como você compara a seleção de 58 e a de 70?
A de 58, se você analisar jogador a jogador, tinha mais talento, individualmente. Mas a de 70 jogava melhor, era mais compacta. Todo mundo voltava, menos o Tostão e às vezes o Jairzinho. Então saíamos com velocidade, aproveitando os lançamentos do Gérson. A de 58 era mais ofensiva.

O curioso é que ela teve a defesa menos vazada da Copa. Era boa defesa, não?
Era. Tinha o De Sordi pela direita, substituído no último jogo pelo Djalma Santos, e o Nilton Santos pela esquerda, com Bellini e Mauro no meio. Era muito experiente.

O Bellini era capitão, mas pelo que você conta o Zito, o Didi e o Nilton Santos eram os que mais gritavam e orientavam, não?
Eram. O Zito era chato pra caramba… (risos) O Didi vinha falar sempre que a bola parava: “O Zagallo precisa voltar, o Pelé tem de soltar mais a bola”… O Nilton Santos também falava, e o Orlando lá do banco de reservas. Era um grupo muito sério e unido.

Depois de 6 gols em 4 jogos e se consagrar como o rei do futebol, você como jogador ainda melhorou depois de 58 ou já atingiu o patamar?
Melhorei, sim. Eu não cabeceava tão bem ainda e não chutava tão forte com a esquerda. Na Copa de 70 você vê como faço mais essas duas coisas.

Seu ídolo maior era o Zizinho? Por quê?
Porque ele era um jogador completo. Chutava com as duas, cabeceava, tinha velocidade. Eu sempre tentava imitar o que ele fazia.

E você ainda não comemorava os gols com um soco no ar.
É verdade, isso só veio em 59, num jogo contra o Juventus, quando a torcida me vaiava. Foi um desabafo, depois incorporei aquilo.

Você vaiado?
O Santos só ganhava de goleada, especialmente na Vila, e quando o time jogava mal, quando eu não conseguia fazer gol, a torcida ficava decepcionada. Mas não era como hoje, que eles chamam o cara de gênio numa semana e na seguinte o vaiam.

Por quê?
Porque hoje tem poucos talentos. No meu tempo, era preciso esperar um ano, dois anos, até realmente alguém poder dizer quem era craque.

Em sua época e depois, sempre apontaram outros Pelés. Quais você realmente admira?
Eu gostava muito do Di Stéfano.

Melhor que o Maradona?
Melhor. Mais completo e rápido, fazia muito mais gols.

Quem mais?
Ih, falaram do Sívori, do LaBruna, do Dirceu Lopes, do Cruyff…

O Zico foi chamado de “Pelé branco”, e o Ronaldo e o Ronaldinho foram comparados com você quando brilharam no Barcelona.
O Zico realmente foi o mais próximo de mim em estilo de jogo. Batia faltas, dava passes, fazia gols, entrava driblando na área. O Ronaldinho tem muita habilidade, mas decepcionou na Copa. O Robinho também sofreu com essa comparação. Em termos de aproveitamento, acho que o Romário foi o melhor. Esse sabia fazer gols. Meu negócio nunca foi ficar equilibrando a bola na nuca. Eu queria era fazer gols.

É um peso desnecessário sobre eles, não é?
Claro que é. Acho que precisa ter mais paciência. Outra coisa: hoje o jogador precisa pedir para a torcida levantar. A gente fazia a torcida levantar com nosso futebol. Isso não é saudosismo. Realmente havia mais jogadores de qualidade. A gente fazia a bola correr, hoje agora quem corre são os burros. (risos)

E o Maradona?
Foi um jogadoraço, mas veja bem: não chutava com a direita, não cabeceava… não era completo. E tem outra coisa. Por que tantos atletas olímpicos perdem medalhas quando pegos em doping e ele não?

Pelé, qual a melhor foto já feita de você? Aquela do coração feito pelo suor na camisa? Ou aquela da aura de luz ao redor de sua cabeça?
A do coração. Mas a do “anjo” é ótima também. Sabe o que era aquilo? A tuba da banda que executava o hino antes de começar o jogo.

Você deve conhecer a frase de Drummond: “Fazer mil gols como Pelé não é difícil. Difícil é fazer um gol como Pelé.” É a melhor frase sobre você?
É, essa é difícil de superar. Mas eu também gosto da do Fernando Henrique (Cardoso), “o Pelé é o Brasil que deu certo”.

A noite em que Ado entrou no gol do Corinthians

Depois do Náutico, Lula defendeu o gol do Corinthians. Ele chegou ao Parque São Jorge com status de um dos melhores goleiros do país, tanto que chegou a defender o Brasil nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970. Com a chegada de Ado, Lula acabou perdendo espaço no alvinegro. Com a camisa corintiana, entre 1968 e 1970, ele fez 59 partidas e sofreu 60 gols (números do “Almanaque do Corinthians”, de Celso Unzelte). Depois do Corinthians, Lula defendeu alguns times do nordeste, entre eles o Sport Recife, o grande rival do Náutico.
Abaixo foto de uma partida noturna no Maracanã contra o Vasco em 25 de Outubro de 1969, com vitória do Corinthians por 2 x 1, gols de Ivair, Fidélis e Rivelino pela ordem. O juiz foi Agomar Martins. A foto do site Milton Neves só marca o ano de 1969 , mas a definição do jogo é esta por exclusão, já que não jogaria a próxima partida no Maracanã contra o Botafogo.
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Inexplicavelmente para nós torcedores, para mim também, 4 dias depois o goleiro Lula cedeu o lugar para Ado momentos antes da partida contra o Botafogo no mesmo Maracanã. Muitos falaram que ele não estava enxergado à noite, entre outros desmentidos. Era um grande goleiro e achamos muito estranho. Mas Ado entrou, fez grandes defesas, culminando com defesa de pênalti contra o Fluminense no jogo seguinte no Pacaembu. Ado fez aproximadamente 200 jogos pelo Corinthians entre 1969 e 1974. Foi goleiro reserva de Felix no mundial do Mexico em 1970. Certa vez encontrei o ex-centro-avante Bene na Praia Grande – Santos, aquele do gol no último minuto contra o São Paulo em 1967, e ele me falou que nunca na vida tinha visto um jogador ser tão assediado pelas mulheres.
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Esta foto mostra o clássico entre Botafogo e Corinthians no Maracanã jogado no dia 20 de dezembro de 1972. O Fogão venceu por 2 a 1 de virada diante de 68 mil pagantes e frustou o sonho da Fiel de ver o time decidir o Brasileiro. Para isso, bastava apenas um empate. Na foto vemos o goleiro Ado encaixando a bola, protegido por Baldocchi (de costeleta). Ao fundo, à esquerda, Jairzinho observa. Neste dia eu estava na churrascaria Roda Viva com meus amigos de Metrô e fiquei acabrunhado. Era a grande chance que nunca tinha visto.

As fotos são do site Milton Neves

São Paulo x Milan, 1º de Abril de 1951

A Rádio Panamericana colocou no ar a narração forjada, causando desespero na torcida são-paulina.
Segundo a ” trasnsmissão ” , o juiz roubava descaradamente para os italianos que ” jogavam ” pesado, agredindo os brasileiros. Hélio Ansaldo frisa: ” Foi criado todo um clima contra o Milan e contra o juiz, e esse clima foi o que fez com que o São Paulo estivesse perdendo de 4 a 0.
Aí ” caiu a linha ” . Muitos desligaram o rádio antes do final da transmissão fictícia.
Já no Bixiga, bairro de imigrantes italianos, os torcedores comemoraram a vitória do Milan.

O segredo da gravação fora tão bem guardado que nem Consuelo Viegas de Almeida, espos de Geraldo José, sabia da verdade. Ela nos contou que um irmão do locutor, Sebastião José de Almeida, são-paulino roxo, até se sentiu mal durante a irradiação.
Aurélio Campos, que estava no estádio do Pacaembu narrando um jogo pelo Campeonato Paulista por uma emissora concorrente, protestou, exaltado, e disse que o governo, os deputados, “seja lá quem fosse” , deveriam tomar providências, por ser um absurdo o São Paulo ter se submetido a esse vexame de apanhar de 4 x 0, desmoralizando o futebol brasileiro.

Paulo Machado de Carvalho Filho assinala que no dia seguinte alguns jornais brasileiros, principalmente de outros estados, publicaram matéria ” como se o jogo fictício realmente tivesse havido “. Com o cuidado de guardar as devidas proporções, ele compara o episódio à falsa invasão dos Estados Unidos pelos marcianos, programa de rádio de Orson Welles, em 1938, que provocou pânico nos norte-americanos.

Quando a Panamericana informou que se tratava de uma brincadeira do ” Dia da Mentira ” , os jornais se dividiram: os que deram o resultado criticaram a emissora; os que não deram o resultado divertiram-se com a “barriga” dos concorrentes. Quatro dias depois o Diário Popular estampo manchete de sua página de esportes: ” Agora, não é Primeiro de Abril….” o jornal noticiava que o São Paulo perdera para a seleção da cidade de Bruxelas por 2 x 1.

A brincadeira da Emissora de Esportes serviu para comprovar que depois do rádio ter iniciado as transmissões diretas, os jornais passaram a utilizar as informações radiofônicas , numa inversão da época da “gilete press”.

fonte: livro O Rádio Esportivo em São Paulo

Geraldo José de Almeida, narrador da Copa 70 pela TV

Geraldo José de Almeida começou no rádio em 1936, como locutor comercial. Dois anos depois, estava no rádio esportivo e fez a maior parte de sua carreira na rádio Record, até passar, em 1963, para a televisão.
Dono de grande capacidade de comunicação, conseguiu adaptar-se à linguagem da TV e foi um dos poucos narradores do telejornalismo esportivo a dar certo no novo meio de comunicação.
Ficou conhecido por seu entusiasmo exagerado. São dele as frases: ” Vamos minha gente”, “Lindo! Lindo! Lindo!” , “O que que é isso, minha gente?”, “Por pouco pouco, muito pouco, pouco mesmo!”, ” De ponta de bota” e o mais comum: “mata no peito e baixa na terra”.
Na televisão, nos jogos da Copa de 1970, quando a seleção brasileira ganhou definitivamente a Copa Jules Rimet, criou a expressão “Seleção Canarinho”, aproveitando a cor amarela da camisa da equipe do Brasil.
Respeitado como profissional competente, era criticado por sua paixão declarada pelo São Paulo. Em 08 de fevereiro de 1943, o jornalista que assinava na Folha da Noite, de São Paulo, com o pseudônimo de ” EL Sordo ” , a coluna ” No mundo do Rádio”, ataca Geraldo José de Almeida. O cronista qualifica o radialista como um dos melhores locutores de futebol, que se dedica com amor à sua especialidade mas é ” declarada, clara e indiscutivelmente um speaker que torce de corpo e alma para o São Paulo Futebol Clube”.
Isso depois de afirmar que locutores/torcedores “(…) ficam com voz embargada quando a bola está defronte da meta de seu clube predileto, guaguejam quando esta meta é vazada, vociferam contra o juiz, dizem desaforos aos elementos do outro quadro…”O jornalista Raul Duarte sai em defesa dele e observa que o radialista foi o único narrador a assumir a paixão por seu clube.
Na transmissão das partidas, Geraldo José de Almeida, lembra Hélio Ansaldo, fantasiava bastante a jogada, dava apelidosa todos os jogadores, aos times e até à seleção.Alguns desses apelidos:

Pelé – “Craque Café”
Servílio – ” Bailarino ”
Jairzinho – ” Furacão da Copa”
Tostão – ” Mineirinho de Ouro ”
Everaldo – ” Gauchão ”
Vavá – ” Peito de Aço ”
Rivelino – ” Garoto do Parque ”
Bauer – ” Coca Cola “.

De todas as expressões que criou, Geraldo registrou somente ” Seleção Canarinho “.

Fonte: Livro A Bola no Ar, o Rádio Esportivo em São Paulo , de Edileuza Soares

Geraldo José de Almeida, narrador da Copa 70 pela TV

Geraldo José de Almeida começou no rádio em 1936, como locutor comercial. Dois anos depois, estava no rádio esportivo e fez a maior parte de sua carreira na rádio Record, até passar, em 1963, para a televisão.
Dono de grande capacidade de comunicação, conseguiu adaptar-se à linguagem da TV e foi um dos poucos narradores do telejornalismo esportivo a dar certo no novo meio de comunicação.
Ficou conhecido por seu entusiasmo exagerado. São dele as frases: ” Vamos minha gente”, “Lindo! Lindo! Lindo!” , “O que que é isso, minha gente?”, “Por pouco pouco, muito pouco, pouco mesmo!”, ” De ponta de bota” e o mais comum: “mata no peito e baixa na terra”.
Na televisão, nos jogos da Copa de 1970, quando a seleção brasileira ganhou definitivamente a Copa Jules Rimet, criou a expressão “Seleção Canarinho”, aproveitando a cor amarela da camisa da equipe do Brasil.
Respeitado como profissional competente, era criticado por sua paixão declarada pelo São Paulo. Em 08 de fevereiro de 1943, o jornalista que assinava na Folha da Noite, de São Paulo, com o pseudônimo de ” EL Sordo ” , a coluna ” No mundo do Rádio”, ataca Geraldo José de Almeida. O cronista qualifica o radialista como um dos melhores locutores de futebol, que se dedica com amor à sua especialidade mas é ” declarada, clara e indiscutivelmente um speaker que torce de corpo e alma para o São Paulo Futebol Clube”.
Isso depois de afirmar que locutores/torcedores “(…) ficam com voz embargada quando a bola está defronte da meta de seu clube predileto, guaguejam quando esta meta é vazada, vociferam contra o juiz, dizem desaforos aos elementos do outro quadro…”O jornalista Raul Duarte sai em defesa dele e observa que o radialista foi o único narrador a assumir a paixão por seu clube.
Na transmissão das partidas, Geraldo José de Almeida, lembra Hélio Ansaldo, fantasiava bastante a jogada, dava apelidos a todos os jogadores, aos times e até à seleção. Alguns desses apelidos:

Pelé – “Craque Café”
Servílio – ” Bailarino ”
Jairzinho – ” Furacão da Copa”
Tostão – ” Mineirinho de Ouro ”
Everaldo – ” Gauchão ”
Vavá – ” Peito de Aço ”
Rivelino – ” Garoto do Parque ”
Bauer – ” Coca Cola “.

De todas as expressões que criou, Geraldo registrou somente ” Seleção Canarinho “.

Fonte: Livro A Bola no Ar, o Rádio Esportivo em São Paulo , de Edileuza Soares

Quem não conheceu a geral do Maracanã, não viveu o Rio. (Nelson Rodrigues)

Espaço mais democrático do futebol brasileiro, a geral do Maracanã ficou conhecida por reunir torcedores dos grandes cariocas sempre com alegria. Era o local onde personagens fantasiados expunham seu amor ou indignação de forma criativa, onde a violência sempre passou longe, o cantinho do maior estádio do mundo que as TVs procuravam para ilustrar suas transmissões e quebrar o tédio durante os jogos chatos. E olha que mal dava para se ver o jogo de lá. Infelizmente, a geral sucumbiu à modernidade. E, em 2005, começou a ser destruída para que ganhasse corpo o processo de modernização do maraca. Seus 30 mil lugares foram reduzidos para 18 mil, de cadeiras.

A medida fez parte do novo conjunto de leis imposto pela Fifa segundo o qual ninguém pode assistir a jogos de futebol em pé. Assim, nunca mais se viram figuras travestidas no maior do mundo de Lula, Bin Laden, Superman, Capitão Aranha e outros tantos.

Hoje, o Maracanã tem capacidade para 90 mil pessoas. Embora lindo e confortável, perdeu o folclore dos geraldinos. É o futebol cada vez mais elitizado.

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Clássico entre Fluminense e Bangu em 1963 no Maracanã. Estão no lance tentando o gol pelo Bangu, Bianchini (camisa 8) e Roberto Pinto (10). Tentando afastar o perigo da zaga Tricolor vemos Joaquinzinho (9), Altair (6), Oldair (4) e Castilho (sob a trave). No fundo da foto, a saudosa geral do maior estádio do mundo. Por esta foto, é possível imaginar a dificuldade de visão que os geraldinos tinham no estádio antes de sua reforma de 2005. Mas para eles, o que valia era ficar bem pertinho do gramado e de seus ídolos
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Ademir de Menezes (camisa 9) em ação durante a Copa do Mundo de 1950. O atacante foi artilheiro da competição realizada no Brasil para delírio do povão que se esprimia na geral do Maracanã.

Tive a felicidade de trabalhar cinco anos no Rio, comparecendo quase todos os domingos, às vezes sábado também, ao Maracanã. ( Vinicius Coelho )

Muitas vezes sem trabalhar, nosso grupo ficava se deliciando observando a turma da geral. Voltei para Curitiba e fui trabalhar na TV Paranaense, que no começo não era afiliada da Globo. A programação era sustentada pelo Luiz Alfredo Malucelli, que vendia a transmissão dos jogos e lá ia eu, Brasil afora, principalmente para narrar os jogos do Maracanã.

As cabines ficam poucos metros acima da geral. Era um divertimento. Folclore do estádio, folclore do futebol do Rio, folclore de um povo. As duas torcidas juntas, brincando, gozações simultâneas, a alegria do Maracanã. Torcedores fantasiados, pintados, com maquiagem especial de acordo com a importância da partida.

Agora acabaram com a geral. O ingresso custava três reais. Como é que agora eu vou poder vir ao Maraca, disse um torcedor, e outros e outros. Um dia, lá na redação, comentávamos sobre a geral e Nelson Rodrigues deu a frase: quem não conhece a geral do Maracanã, não viveu o Rio.

MAs a FIFA exige que todos os torcedores tenham lugares marcados para se sentarem.
Mas o que que o “Geraldino” tem a ver com isso?
O torcedor que freqüenta a Geral não quer saber de ficar sentado.
Ele que ir ao “Maraca” fantasiado.
Quer ver o craque de perto.
Quer levar a faixa com sua mensagem.
Quer comemorar o gol bem perto do seu ídolo.
Sem os torcedores da Geral, por melhor que o clássico seja, parece que o jogo fica sem alma, sem coração.
Foi na Geral que Rondineli, zagueiro do Flamengo, ganhou o apelido de Deus da Raça.
Pra lá que Romário correu após marcar o gol que levou a seleção à Copa de 94, nos Estados Unidos.
Certamente não existiu lugar melhor no mundo para ver os dribles de Garrincha ou os elásticos de Rivellino.
Abençoado foi o torcedor vascaíno que pôde ver da geral o chapéu e o gol de Roberto Dinamite no clássico contra o Botafogo.
No início da década de 70, trocaram a Concha Acústica do Pacaembu pelo atual Tobogã.
Até hoje ela é lembrada com saudosismo, como marca do futebol romântico que já não existe mais no país.
De uns anos pra cá, o torcedor carioca está proibido de freqüentar seu habitat, seu lugar de festa.
Agora resta torcer para que daqui a alguns anos, a Geral do Maracanã também não vire apenas a lembrança do futebol alegre que existia no Brasil.
Por Marcelo Rozenberg/Milton Neves
JP/Bruno Vicari