Arquivo do Autor: Jose Ricardo Almeida

Sobre Jose Ricardo Almeida

Nasci na cidade de Nazaré (BA), no dia 28 de março de 1957, ano em que o meu Botafogo foi campeão carioca. Sou casado, tenho cinco filhas e seis netos, moro em Brasília desde o ano de 1972 e pesquiso a história do futebol brasileiro desde que me entendo por gente.

EXCURSÃO DO BOTAFOGO AO NORTE DO PAÍS EM 1927

A 17 de novembro de 1927, a bordo do paquete “Pedro I”, a delegação do Botafogo, do Rio de Janeiro, seguiu para Belém (PA), assim constituída: Chefe – Flávio Ramos; Secretário – Alarico Maciel; Treinador – Ramon Platero; Adido – Sylvio Bernardes e os jogadores Neiva, Baby, Clóvis, Alemão, Otacílio, Orlando, Nestor, Alberto, Aguiar, Pamplona, Rogério, Macarroni, Ariza, Neco, Nilo, Aché, Claudionor e Alkindar (tendo Póvoa seguido depois). Baby e Nilo seguiram com os joelhos machucados. Por outro lado, o Botafogo apresentou três novas aquisições: Póvoa e Alberto, campeões de 1926 pelo São Cristóvão, e o ótimo centro-médio paulista Aguiar, que defendera o Paulistano e que ficou conhecido como o homem dos “passes de veludo”.
Uma semana depois, no dia 24 de novembro de 1927, a delegação do Botafogo chegou a capital paraense, hospedando-se no Grande Hotel, considerada hóspede oficial pelo Governador Dyonisio Bentes.
No domingo, 27 de novembro de 1927, o Botafogo fez a sua estréia em terras paraenses, enfrentando o Clube do Remo, no campo deste. Formando com Neiva, Alemão e Otacílio; Alberto, Aguiar e Rogério; Ariza, Neco (capitão), Alkindar, Aché e Claudionor, o Botafogo venceu por 5 x 1, com dois gols de Ariza e um de Neco, Alkindar e Claudionor, contra um de Santana. O Clube do Remo alinhou Francelísio, Propércio e Evandro (capitão); Lindolfo, Vivi e Pamplona; Formiga, Secundino, Cordeiro, Marinheiro e Santana.
Na quarta-feira, 1º de dezembro, novamente exibiu-se o Botafogo, desta vez contra um combinado paraense formado por jogadores do Clube do Remo, Paysandu e União Esportiva. Com algumas alterações no time que participou do jogo anterior (na zaga o jovem Orlando Pessoa formou a parelha com Otacílio, Pamplona entrou no lugar de Alemão e Nilo reapareceu no lugar de Alkindar), o Botafogo voltou a vencer, por 3 x 1, gols de Ariza, Aché e Nilo, descontando novamente Santana para os paraenses, que formaram com a seguinte equipe: Seabra, Evandro e Abílio; Pamplona, Marituba e Macambira; Formiga, Vadico, Marinheiro, Santana e Arthur Moraes.
Na terceira apresentação, contra o Paysandu, o alvinegro carioca aplicou a goleada de 6 x 2. Este jogo foi realizado no domingo, 4 de dezembro de 1927, e o Botafogo formou com Neiva, Póvoa e Otacílio; Alberto, Aguiar e Pamplona; Ariza, Alkindar, Nilo, Aché e Claudionor. Nilo marcou quatro gols e Alkindar e Aché completaram a contagem. Os gols dos paraenses foram marcados por Cobrador e Oscar.
Na quinta-feira, 8 de dezembro de 1927, o Botafogo enfrentou o União Esportiva, vencendo-o por 3 x 1, tendo jogado Rogério no lugar de Alberto e Neco no de Alkindar. Nilo, duas vezes, e Neco marcaram os gols do Botafogo.
Domingo, 11 de dezembro de 1927, outra vez contra um combinado paraense (desta vez Remo e Paysandu), o Botafogo venceu por 2 x 0, com dois gols de Nilo. As equipes formaram assim: Botafogo – Neiva, Póvoa e Otacílio; Alberto, Aguiar e Pamplona; Ariza, Neco, Nilo, Aché e Claudionor. Combinado Paraense – Seabra, Oscar e Evandro; Bandeira, Marituba e Epifânio; Formiga, Vadico, Pamplona, Santana e Arthur Moraes.
Na quinta-feira, 15 de dezembro de 1927, o Botafogo realizou o seu último jogo da temporada em Belém, tornando a vencer o Clube do Remo, por 2 x 1, com gols de Claudionor e Nilo. O Botafogo atuou com Neiva, Orlando e Otacílio; Macarroni, Aguiar e Roberto (Alberto); Ariza, Alkindar, Nilo, Aché e Claudionor.
A 17 de dezembro de 1927, a bordo do “Comandante Ripper”, a delegação botafoguense deixou Belém e partiu para São Luís, Maranhão.
No dia seguinte, abateu o selecionado local por 6 x 0, com dois gols de Rogério (que pela primeira vez se apresentou como centro-avante), Ariza, Alkindar, Aché e Claudionor. A equipe foi esta: Neiva, Alemão e Otacílio; Alberto, Aguiar e Pamplona; Ariza, Alkindar, Rogério, Aché e Claudionor.
Em seguida, para uma série de quatro amistosos, o Botafogo desembarcou em Recife, onde encontrou a mesma torcida exaltada de 1919. Da velha excursão, só dois elementos figuravam na delegação: Nestor e Neco.
O Botafogo estreou em pleno Natal (25 de dezembro de 1927), no campo da Avenida Malaquias, vencendo o Torre, por 4 x 0, com dois gols de Claudionor, um de Neco e outro de Nilo. Formou com Neiva, Alemão e Otacílio; Alberto, Aguiar e Pamplona; Ariza, Neco, Nilo, Aché e Claudionor. Defenderam o Torre: Valença, Juquinha e Hermínio; Dantas (Hermógenes), Pedro e Faustino; Osvaldo, Piaba, Péricles, Chiquito e Hermes.
A 29 de dezembro de 1927, com um gol de Aché, o Botafogo venceu o Santa Cruz por 1 x 0, tendo jogado Póvoa no lugar de Alemão e Nilo entrado no segundo tempo no lugar de Alkindar. O Santa Cruz formou com Valença, Bebé e Mário Rosas; Julinho, Gama e Pedro; Aloísio, Sebastião (Agnello), Zé Tasso, Victor (Costinha) e Perrucci.
O terceiro jogo em Recife aconteceu já no ano de 1928, mais precisamente no dia 1º de janeiro: uma goleada de 5 x 1 sobre o Sport. Nilo marcou três gols, Aché e Neco, um cada. O quadro foi o mesmo que enfrentou o Torre e o Sport atuou com Mário Franco, Joãozinho e Chico Altino; Aureliano, Alarcon e Masinho; Witham (Dubeux), Limão, Péricles, Ary Pires e Aluízio.
No último jogo, no dia 6 de janeiro de 1928, o Botafogo vencia o América, por 1 x 0, gol de Nilo, quando, ao faltarem quatro minutos para o encerramento do jogo, o árbitro marcou um pênalti de Aguiar. Não se conformando com tal decisão, os alvinegros deixaram o campo, sendo o pênalti batido por George, contra o gol vazio, para registrar o placar de 1 x 1. Formou o Botafogo com Neiva, Alemão e Otacílio; Alberto, Aguiar e Pamplona; Ariza, Neco, Nilo, Aché e Claudionor e o América com Ilo Just, George e Gandra; Deoclécio, Gama e Casado; Alarcon, Ralph, Zé Tasso, Eric e Siza.
A 12 de janeiro, no paquete “Pará”, o Botafogo regressou ao Rio de Janeiro.
O Botafogo obteve dez vitórias e um empate, tendo marcado 38 gols e sofrido oito, obtendo um saldo de trinta gols. Utilizou 16 jogadores: Neiva, Otacílio, Aguiar, Ariza, Aché e Claudionor, nos 11 jogos; Alberto, 10; Nilo, 9; Neco e Pamplona, 8; Alkindar, 6; Alemão e Rogério, 5; Póvoa, 4; Orlando e Macarroni, dois.
Foram seus artilheiros: Nilo, 15 vezes; Aché e Claudionor, 5; Ariza e Neco, 4; Alkindar, 3 e Rogério, 2.

Fontes:
A História do Clube do Remo, de Ernesto Cruz
O Futebol no Botafogo 1904-1950, de Alceu Mendes de Oliveira Castro
Arquivos dos pesquisadores Manoel Raimundo do Amaral e Carlos Celso Cordeiro.

A EXCURSÃO DO YPIRANGA, DA BAHIA, AO NORTE/NORDESTE, EM 1926

Em agosto de 1926, quando a Liga Baiana de Desportos Terrestres – LBDT treinava a seleção da Bahia para o Campeonato Brasileiro de Seleções e o certame baiano estava suspenso, o Ypiranga, de Salvador, excursionou pelo norte e nordeste do Brasil.
Entre os dias 8 e 19 de agosto de 1926, o campeão baiano jogou em Belém.
Sua estréia aconteceu num domingo, 8 de agosto de 1926, contra a Seleção do Pará, no estádio do Clube do Remo.
A seleção paraense formou com Seabra, Evandro e Oscar; Sandoval, Vivi e Brito; Vadico, Secundino, Marinheiro, Barradas e Santana. O Ypiranga alinhou: Budetti, Silvino e Arlindo; Badaró, Gregório e Francisco; Lago, Joãozinho, Popó, Henrique e Sandoval.
A seleção paraense foi a vencedora do jogo, por 1 x 0, gol do ponteiro remista Santana.
Jogando na quinta-feira, 12 de agosto, União Esportiva e Ypiranga empataram em 1 x 1.
A seguir, venceu o Clube do Remo por 4 x 0 e se despediu de Belém no dia 19 de agosto, perdendo para o Paysandu por 2 x 1.
Em São Luís, fez três jogos na última semana de agosto, vencendo o Luso Brasileiro por 3 x 0, no dia 24, empatando com o Tupan em 1 x 1 (26.08) e vencendo a seleção maranhense por 4 x 1, no dia 29 de agosto.
Finalmente, entre 5 e 9 de setembro, em Recife, a convite do Náutico, a delegação baiana desembarcou nesta capital, para a disputa de três amistosos.
Eis as fichas técnicas dos três jogos (publicadas no jornal A Província):

Náutico 0 x 3 Ypiranga
Data: 05.09.1926
Público: 3.000
Renda: 8:000$000.
Local: Estádio dos Aflitos
Árbitro: Carlos Rios, auxiliado por Leite Bastos e Bulhões Marques.
Gols: Marinheiro (16:20), Popó (17:20) e Marinheiro (17:21).
Náutico: Lula, Heleno e Cleside; Natalício, Hermes e Isnard; Ivan, Fernando, Abelardo, Limão e Lobo.
Ypiranga: Budetti, Silvino e Arlindo; Francisco, Gregório e Badaró; Sandoval, Marinheiro, Popó, Lago e Daltro.

Torre 0 x 0 Ypiranga
Data: 07.09.1926
Local: Estádio dos Aflitos
Árbitro: José Fernandes Filho – Zezé
Torre: Valença, Pedro e Heleno; Arnaldo, Hermes e Dantas; Napoleão, Chiquito, Péricles, Piaba e Oswaldo.
Ypiranga: Budetti, Arlindo e Silvino; Francisco, Gregório e Badaró; Sandoval, Marinheiro, Popó, Lago e Daltro.

Santa Cruz 1 x 0 Ypiranga
Data: 09.09.1926
Renda: 2:000$000.
Local: Estádio dos Aflitos
Árbitro: André Costa
Gol: Sebastião.
Santa Cruz: Mario Franco, Mario Rosas e Juquinha; Casado, Adhemar e Tancredo; Aluízio, Fernandes, Sebastião, Agnello e Bulhões.
Ypiranga: Budetti, Arlindo e Silvino; Francisco, Popó e Badaró; Sandoval, Marinheiro, Lago, Joãozinho e Daltro.
Acompanhem o gol do jogo, na versão do jornal: Tancredo chuta a pelota para a frente. Fernandes ataca e passa a Sebastião, que numa bela virada conquista, às 17 horas e 20 minutos, o único gol da tarde. Por causa deste gol, Sebastião passou a ser conhecido como Sebastião da Virada.

Atuaram no Ypiranga durante a excursão: Budetti, Silvino, Arlindo, Badaró, Gregório, Francisco, Lago, Joãozinho, Marinheiro, Popó, Henrique, Daltro e Sandoval. O técnico do Ypiranga foi André Costa.

Fontes:
Livro “Popó O Craque do Povo”, de Aloildo Gomes Pires;
História do Clube do Remo, de Ernesto Cruz;
Arquivos pessoais dos pesquisadores Manoel Raimundo do Amaral e Carlos Celso Cordeiro.

EXCURSÃO DO SÃO CRISTÓVÃO AO NORDESTE EM 1927

Campeão carioca de 1926, o São Cristóvão realizou uma temporada vitoriosa ao Nordeste do Brasil, nos meses de janeiro e fevereiro de 1927.
A delegação carioca embarcou no dia 24 de janeiro de 1927, com destino a Salvador (BA), onde realizou os seguintes jogos:
30.01.1927 – 2 x 1 Ypiranga
02.02.1927 – 4 x 1 Vitória
06.02.1927 – 3 x 1 Botafogo
11.02.1927 – 3 x 3 Bahiano de Tênis
13.02.1927 – 3 x 0 Combinado de Salvador
Logo depois, partiu rumo a Recife, onde disputou mais três amistosos, com os seguintes resultados:
17.02.1927 – 5 x 0 Santa Cruz
20.02.1927 – 5 x 1 Sport
22.02.1927 – 3 x 1 Torre
Retornou ao Rio de Janeiro em 26 de fevereiro de 1927.
Foram oito jogos, com sete vitórias e um empate. Marcou 28 gols e sofreu 8.

Fonte: Almanach Esportivo 1928, de Thomaz Mazzoni.

Protegido: JOGOS TREINOS DA SELEÇÃO BRASILEIRA EM 1950 (2ª parte)

Fonte: A Gazeta Esportiva

No dia 1º de junho de 1950, no Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, a Seleção Brasileira que se preparava para disputar a Copa do Mundo daquele ano, enfrentou os quadros do Bangu e do Flamengo, que foram convidados pela C.B.D.

CONTRA O BANGU

Primeiramente, o treinador Flávio Costa colocou em campo o considerado time principal, que usando camisetas azuis jogou com os banguenses. A equipe de Moça Bonita foi um adversário difícil para o selecionado “A” da CBD. Houve bastante luta, os jogadores correram e se empenharam ardorosamente, sendo bom o resultado da prática. Exibindo um futebol convincente, os rapazes selecionados abateram os adversários pela contagem de 3 x 1, sendo que na primeira fase registrou-se um placar de 1 x 1.

MARCADORES

Conquistaram tentos os seguintes jogadores: Chico, aos 13 minutos, com esplêndida virada. Ismael, aos 30 minutos, empatou para o Bangu. Na fase complementar, o oportunista Baltazar conquistou mais dois tentos para a seleção, aos 2 e aos 38 minutos. Os pontos conquistados pelo centro avante corintiano foram marcados em belo estilo, sendo que o segundo foi realmente excepcional, de vez que o jogador colocou com bastante classe a pelota no fundo das redes.

AS EQUIPES

A seleção “A” treinou assim constituída: Barbosa, Augusto e Juvenal (Nena); Eli, Danilo e Bigode (Alfredo); Maneca, Zizinho, Baltazar, Ademir (Jair) e Chico. BANGU: Luiz (Pedrinho), Rafagnelli (Mendonça) e Sula; Walter, Mirim (Elói) e Irani (Pinguela); Djalma, Menezes (De Paula), Simões (Calixto), Ismael (Joel) e Moacyr.

De um modo geral, todo quadro “A” esteve bem, notando-se apenas uma ligeira indecisão entre os zagueiros. Também o centro-médio Danilo não foi muito feliz, marcando mal o adversário. Entretanto, Barbosa, Alfredo e Eli estiveram bem, Augusto está progredindo e Alfredo foi melhor que Bigode. No ataque, todos apresentaram um bom futebol, sendo que Zizinho, Baltazar e Jair foram as figuras mais destacadas. É necessário frisar que a entrada de Jair, substituindo Ademir, melhorou bastante a linha de frente, pois o popular “Jajá” esteve em tarde magnífica.

A SELEÇÃO “B” ESMAGOU O FLAMENGO

O segundo treino do dia, entre o quadro “B” e o Flamengo, caracterizou-se por um amplo domínio do selecionado. A equipe do Flamengo atravessa uma fase desfavorável, o que levou a partida para um campo bastante fácil para a representação secundaria da CBD. A defesa e o ataque dos convocados agiram muito bem, devido talvez à fragilidade adversária. Verificou-se o placar de 6 x 1 a favor do selecionado, que ganhava no primeiro tempo por 4 x 1.

OS ARTILHEIROS

Hélio abriu a contagem para o Flamengo, mas o avante Pinga, aos 7 minutos, empatou e iniciou a série dos tentos dos “pupilos” de Flávio Costa. Ipojucan aos 12, Pinga aos 20 e 29 minutos estabeleceram 4 x 1 no primeiro tempo. Jair e Rodrigues, respectivamente aos 12 e aos 17 minutos, completaram o marcador na fase final 6 x 1.

OS QUADROS

A equipe “B” entrou em campo com a seguinte constituição: Castilho, Nilton Santos e Mauro; Bauer, Rui (Brandãozinho) e Noronha; Friaça, Ipojucan (Pinga), Adãozinho, Pinga (Jair) e Rodrigues. Flamengo: Claudio, Osvaldo (Gago) e Jair; Biguá, Bria e Valter; Aloísio, Arlindo (Quiba), Hélio, Lero e Esquerdinha.

OS MELHORES

Como tivemos oportunidade de frisar, todos os elementos do quadro agiram de modo satisfatório. O zagueiro Mauro realizou na tarde de hoje seu melhor treino, conseguindo impressionar bastante. O jovem paulista não apresentou uma falha sequer. A intermediaria esteve num mesmo plano bom, e na linha Adãozinho, Pinga e novamente Jair foram figuras máximas, bem auxiliados pelos pontas Friaça e Rodrigues.

Protegido: JOGOS TREINOS DA SELEÇÃO BRASILEIRA EM 1950

Fonte: Gazeta Esportiva

CONTRA OS GAÚCHOS

A Confederação Brasileira de Desportos, atendendo às necessidades do treinamento dos craques convocados, e de acordo com o preparador Flavio Costa, convidou a Federação Gaúcha de Futebol para enviar ao Rio de Janeiro uma representação de futebol, a fim de realizar com o quadro “A”, em São Januário, uma partida treino.
A representação sulina chegou ao Rio de Janeiro em 3 de junho, pela Panair, às 16 horas, com 22 homens. Os jogadores visitantes ficaram hospedados no Vasco da Gama.
No mesmo dia 3 de junho, os jogadores brasileiros foram submetidos a exercícios individuais, no Gavea Golf Clube.

O JOGO

Esse encontro foi levado a efeito na tarde de 4 de junho de 1950 e, além de apresentar o placar de 6 x 4 a favor do selecionado, veio evidenciar que os nossos craques ainda se encontram em fase de recuperação. De fato, a equipe da CBD, principalmente no primeiro tempo desentendeu-se completamente, desaparecendo, por diversas vezes, ante o “onze” sulino. A retaguarda do quadro principal dirigido por Flavio Costa falhou hoje de maneira incrível, somente vindo a se firmar no segundo tempo, quando a linha media foi inteiramente substituída;
O jogo foi iniciado às 15 horas e terá como árbitro o sr. Mario Viana.

OS MÉDIOS DO SÃO PAULO E O ATACANTE JAIR SALVARAM A SELEÇÃO

Como dissemos, na etapa inicial, a equipe “A” não apresentou o mínimo entendimento em suas linhas, devido ao fracasso total da defesa. O centro médio Danilo, sem marcar o adversário e infeliz ao extremo em várias jogadas confundiu inteiramente seus companheiros. Eli e Alfredo que completavam o trio médio nada puderam fazer para reter a ofensiva contrária. A zaga Augusto e Mauro não conseguiu também boa atuação nestes 45 minutos iniciais, salvando-se, somente, na retaguarda o arqueiro Barbosa. No segundo tempo, Flavio Costa colocou no gramado Bauer, Rui e Noronha, que vieram dar novo alento ao quadro brasileiro. Pode-se dizer mesmo que os componentes sãopaulinos salvaram o quadro “A”, firmando uma defesa inteiramente nula. Também Jair, que aos 20 minutos da fase complementar integrou a ofensiva, contribuiu para um melhor desempenho dos nossos.
Quanto ao quadro gaúcho, atuou de maneira convincente, fazendo notar que possui ótimo jogo de conjunto e grandes valores individuais. O jogador Hermes constitui-se hoje um espetáculo a parte, na linha de ataque sulina, conquistando os 4 tentos do seu bando e exibindo magnífico futebol.
Conforme tivemos oportunidade de ver, a primeira fase foi bastante infeliz para o quadro que representará o Brasil na Taça do Mundo, de vez que as falhas da defesa prejudicaram todo o jogo do “onze”, lançando a confusão sobre todos os setores. Os gaúchos, aproveitando o desentendimento dos jogadores convocados souberam atacar com precisão e marcar 3 tentos. O grande valor do atacante Ademir permitiu que também a nossa ofensiva consignasse 3 tentos, igualando o marcador.
Hermes, o goleador dos gaúchos, marcou o primeiro tento de sua série aos 14 minutos. Barbosa defendeu parcialmente um pelotaço desse meia-direita, que na recarga conquistou o tento. Ademir, recebendo de Maneca, empatou aos 16 minutos, e o mesmo Ademir, demonstrando a sua grande capacidade, voltou a marcar, aos 30 minutos. Logo após, aos 32 minutos, Hermes recebeu de Balejo e igualou o placar. Ademir aos 43 minutos, em sensacional chute desferido de longe, venceu o goleiro Ivo e estabeleceu o 3×2. Hermes, disputando um parco a parte de Ademir, voltou a empatar a peleja aos 44 minutos.

VITÓRIA DA SELEÇÃO NA FASE FINAL — 6 x 4

Apresentou-se o esquadrão da CBD no segundo período com a linha media inteiramente modificada, razão pela qual pôde estabelecer o equilíbrio de ações e o caminho para o domínio. De fato, pouco a pouco o nosso selecionado foi-se impondo até conquistar uma vitoria por 6 x 4. Também Jair foi outro grande valor. proporcionando a possibilidade desse triunfo.
Hermes conseguiu, aos 5 minutos, nova vantagem para os gaúchos. Aliás, seria esse o quarto e ultimo ponto dos sulinos nessa partida.
Zizinho, elemento que vinha se desinteressando pela partida, aos 19 minutos, conseguiu o quarto tento dos comandados de Baltazar. Aos 31 minutos, o meia-esquerda Jair, da altura da linha média adversária, cobrando uma penalidade, colocou o selecionado em vantagem. É interessante frisar que o pelotaço desferido pelo “Jajá” desnorteou inteiramente o goleiro contrario, que se atirou para um canto e a pelota entrou pelo outro… Novamente, Jair, aos 41 minutos veio ampliar a contagem a favor dos “pupilos” de Flavio Costa, recebendo um passe de Baltazar.

OS QUADROS

Os dois esquadrões atuaram na tarde de hoje com as seguintes constituições: Seleção “A”: — Barbosa; Augusto e Mauro; Eli (Bauer), Danilo (Rui) e Alfredo (Noronha); Maneca, Zizinho (Ademir), Baltazar, Ademir (Jair), e Chico. Gaúchos: — Ivo; Nena e Jony; Hugo, Ruarinho e Heitor; Balejo, Hermes, Adão, Mojica e Ariovaldo (Api). Nena e Adãozinho tiveram permissão para integrar a equipe da Federação Sul Riograndense aliás qual estão vinculados. Aliás, esses dois elementos cumpriram destacadas atuações.

AS ATUAÇÕES INDIVIDUAIS

Analisando o desempenho na partida de hoje dos nossos craques, temos:
Barbosa não foi culpado dos tentos sofridos, pois os seus companheiros de defesa falharam. Augusto e Mauro — não se houve muito bem esta zaga apresentada por Flavio Costa. Entretanto, no segundo tempo, melhorou bastante. Eli, Danilo e Alfredo. A péssima atuação do centro-médio levou os dois companheiros de ala à desorganização. Assim talvez tenha sido Danilo o culpado do fracasso da fase inicial. Bauer, Rui e Noronha. Os três integrantes do selecionado paulista reequilibraram o nosso sistema defensivo. Dessa forma, contribuíram de maneira categórica para o triunfo. Maneca trabalhou bastante e regularmente. Entretanto, foi um pouco abandonado. Zizinho disputou boa peleja na fase inicial, mas pouco a pouco foi perdendo o interesse, tendo sido acertada sua substituição. Baltazar não repetiu as suas atuações anteriores, Ademir e Jair — foram as figuras máximas do esquadrão da C.B.D., realizando grandes jogadas. Chico — da mesma forma que Maneca agindo de forma irregular.
No quadro gaucho, os convocados Nena e Adãozinho foram figuras de destaque. O zagueiro demonstrou segurança e decisão nos lances dentro da área, barrando varias investidas contrarias. Hermes foi a revelação, marcando 4 tentos, apresentando ainda uma estupenda atuação. Ariovaldo, Ruarinho e Mojica foram outros bons elementos.

O SR. JULES RIMET EM SAO JANUÁRIO

Assistiu ao jogo da representação brasileira frente aos gaúchos o sr. Jules Rimet, presidente da FIFA, e que veio ao Brasil, afim de assistir aos jogos da Copa do Mundo.

RENDA

Um público bastante numeroso compareceu ao estádio do Vasco da Gama, tendo a renda do encontro atingido a importância de Cr$ 111.970.00.

TESOURINHA E BIGODE CONTUNDIDOS

O ponta direita Tesourinha foi poupado na pratica de hoje (3 de junho), pois está com o joelho bastante inchado. Desta forma, não existem quase dúvidas sobre o corte desse jogador da seleção. Friaça deverá disputar com Maneca a posição.
O médio Bigode que se encontra com músculo distendido sentiu a contusão, retirando-se logo no inicio do treino de hoje.

PRESENTE O SR. PAULO DE CARVALHO

O sr. Paulo de Carvalho, dirigente do São Paulo F. C. e diretor das “Emissoras Unidas” da Capital bandeirante, encontra-se nesta Capital, em viagem de negócios e aproveitou a ocasião para assistir ao treino de hoje, em São Januario. A reportagem esteve com o desportista bandeirante que declarou ter apreciado a movimentação do exercício e o futebol posto em pratica pelos craques convocados.

Perfil do Membro – José Ricardo Almeida

Nome: José Ricardo Caldas e Almeida

Idade: 50 anos

Data de Nascimento: 28/03/1957

Localidade: Nazaré (BA)

Estado Civil: Casado

Filhos: cinco.

Profissão: Bancário, aposentado desde 15 de julho de 2007.

Preferências no blog: Qualquer coisa relacionada a história do futebol brasileiro.

Especialidades no Blog: Tento passar para os amigos do blog um pouco da história do futebol brasileiro e torço para que, com a ajuda de todos, essa história fique a mais completa possível.

Time de Futebol: Botafogo.

E-mail: josericardo.almeida@terra.com.br