Campeonato Potiguar 1942 – Os clubes se rebelam contra o Paysandu, um testa-de-ferro do ABC

Clubes participantes:

  • ABC Futebol Clube
  • ALECRIM Futebol Clube
  • AMÉRICA Futebol Clube
  • Centro Esportivo FORÇA E LUZ
  • Clube ATLÉTICO Potiguar
  • PAYSANDU Sport Club
  • SANTA CRUZ Futebol Clube

Quem era o Paysandu

O Paysandu foi fundado em 1927 a partir de uma dissidência do América, disputou apenas o campeonato de 1928, e foi reorganizado anos depois para o campeonato de 1937. Desde sua reorganização, pairavam suspeitas de que se tratava de um clube mantido por baixo dos panos por Vicente Farache, eterno mecenas e mandatário de facto do ABC. Coincidência ou não, o Paysandu nunca tirou um ponto sequer do ABC em jogos de campeonato. Vejam a lista de confrontos entre os dois a partir de 1937: 10 jogos, 10 vitórias do ABC, sendo três delas entregas de pontos (WO).

CampeonatoDataEquipePlacarEquipe
1937domingo, 13/06/1937ABC5-0Paysandu
1937sábado, 04/09/1937ABC9-1Paysandu
1938domingo, 15/05/1938ABC4-2Paysandu
1938domingo, 04/09/1938ABC9-1Paysandu
1939domingo, 21/05/1939ABC6-0Paysandu
1939data desconhecidaABC1-WOPaysandu
1940domingo, 25/08/1940ABC1-WOPaysandu
1941domingo, 03/08/1941ABC2-1Paysandu
1941domingo, 08/02/1942ABC1-WOPaysandu
1942domingo, 12/07/1942ABC4-0Paysandu

As suspeições dos demais clubes em relação ao Paysandu atingiram seu nível máximo em 1942. Mais do que nunca, em 1941 o Paysandu foi decisivo no título do ABC: conquistou três pontos preciosos contra o Santa Cruz, evitando que o clube fosse campeão e ainda por cima quebrando sua invencibilidade, e novamente perdeu os dois jogos contra o ABC – no segundo jogo, o clube azul sequer entrou em campo, tendo recorrido ao velho instituto da entrega de pontos.

Dessa forma, o Atlético, apoiado por Alecrim, América, Força e Luz e Santa Cruz, ingressou com um pedido de desfiliação do Paysandu, atitude que desencadeou uma crise sem precedentes na Federação Norte-rio-grandense de Desportos, que culminou na suspensão de jogos e no eventual abandono do campeonato de 1942.

Em represália a esse movimento dos demais clubes, alguns esportistas do ABC – seu diretor Vicente Farache e alguns atletas – sabotaram a preparação da seleção do Rio Grande do Norte, que foi facilmente abatida no Campeonato Brasileiro pela seleção da Paraíba logo na primeira fase.

Em 12 de outubro, na reta final de resolução da crise, o Conselho Geral da FND se reuniu e suspendeu o Paysandu por 3 anos, e em 19 de outubro foi eleito para a presidência da Federação um militar paulista, o Capitão José Porfírio da Paz, figura histórica do São Paulo Futebol Clube, que estava servindo em Natal naquele período. Por fim, em 12 de fevereiro de 1943, um ato da presidência da FND anulou todas as partidas e cancelou o certame de 1942.

TORNEIO INÍCIO

Domingo, 10/05/1942
Local: Estádio Juvenal Lamartine, Natal/RN

Quartas de final

Jogo 1, 13h30 – SANTA CRUZ 0-1 ATLÉTICO
Árbitro: Hermes Marques de Amorim
Gol: Ubarana

Jogo 2, 14h05 – PAYSANDU 2-0 FORÇA E LUZ
Árbitro: Salatiel Silva
Gols: Pajeú e Tico

Jogo 3, 14h40 – AMÉRICA 2-0 ALECRIM
Árbitro: José Gomes de Carvalho

Semifinais

Jogo 4, 15h15 – ABC 5-0 ATLÉTICO
Gols: Taperoá (2), Badof (2), Simão

Jogo 5, 15h50 – PAYSANDU 0-2 AMÉRICA

Final

Jogo 6, 16h40 – ABC 0-2 AMÉRICA
Gols: Stephenson, Piri.

Campeão do Torneio Início: AMÉRICA

CAMPEONATO POTIGUAR 1942

Fórmula de disputa: pontos corridos em turno e returno.

Tabela do primeiro turno:

DataMandantePlacarVisitante
domingo, 17/05/1942Alecrim3-1Atlético
domingo, 24/05/1942Santa Cruz4-2Força e Luz
domingo, 07/06/1942Paysandu3-1América
domingo, 14/06/1942Força e Luz0-10ABC
domingo, 21/06/1942Atlético1-3Santa Cruz
domingo, 05/07/1942América1-2Alecrim
domingo, 12/07/1942ABC4-0Paysandu
domingo, 19/07/1942Atlético4-3Força e Luz
domingo, 26/07/1942Santa Cruz3-6América
sábado, 01/08/1942Alecrim2-2Paysandu
domingo, 09/08/1942ABCAtlético
domingo, 16/08/1942América9-3Força e Luz
domingo, 23/08/1942Alecrim2-2Santa Cruz
domingo, 30/08/1942PaysanduAtlético
domingo, 13/09/1942Força e LuzAlecrim
domingo, 20/09/1942AtléticoAmérica
sem data originalSanta CruzPaysandu
sem data originalAlecrimABC
sem data originalABCSanta Cruz
sem data originalAméricaABC
sem data originalForça e LuzPaysandu

Em 24/07/1943, o Conselho Geral da FND se reuniu e resolveu, por maioria de votos, suspender o Paysandu Sport Club, tendo em vista as suspeitas de irregularidades e beneficiamento ao ABC Futebol Clube. Em 30/07/1943, o mesmo Conselho Geral destituiu o presidente da FND, Gentil Ferreira de Sousa. Ainda não conseguimos encontrar a publicação desses atos oficiais nos jornais da época.

As partidas de campeonato entre os dias 09/08 e 20/09 foram adiadas por atos de Gentil Ferreira de Sousa como presidente da FND. Mas, como os demais clubes já o desconheciam como presidente da federação, foram disputadas algumas dessas partidas de campeonato.

Em 03/08/1942, a Presidência da FND, através do Ato nº 07/1942, publicado no jornal A República de 04/08/1942 e abaixo transcrito, anulou as resoluções do Conselho Geral do dia 24/07/1942:

Ato nº 7

O Presidente da Federação Norte-riograndense de Desportos, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo estatuto em vigor e

considerando que o Conselho Geral reuniu-se em sessão extraordinária no dia 24 de julho passado;

considerando que somente os clubes em dia com os cofres da Federação podem tomar parte nas deliberações do Conselho Geral;

considerando que, pelo art. 76 do estatuto, as resoluções do Conselho Geral são nulas, desde que para elas tenha discutido e votado representante de clube em débito para com a Federação;

considerando que o filiado Paisandú Esporte Clube requereu a anulação das decisões da referida sessão do Conselho Geral para o que juntou certidão competente provando que o filiado América Futebol Clube estava em débito para com a Federação no dia da realização da supracitada sessão do Conselho Geral e considerando o art. 25, letra e, do estatuto vigente,

RESOLVE anular as resoluções do Conselho Geral do dia 24 de julho passado, bem como os efeitos delas decorrentes.

Natal, 3 de agosto de 1942.

Gentil Ferreira de Souza
Presidente

Em 09/08/1942, segundo notícia divulgada pelo jornal A República em 11/08/1942, a diretoria da Confederação Brasileira de Desportos se reuniu para deliberar sobre a situação da FND:

A CRISE NO FUTEBOL POTIGUAR

RIO, 9 – A diretoria da C.B.D., ontem, reunida sob a presidência do sr. Luiz Aranha, tomou conhecimento da crise que se manifestou na Federação Norteriograndense de Desportos e resolveu realizar diligências a fim de esclarecer a situação. Nesse sentido, serão solicitadas informações pela entidade máxima dos dirigentes do futebol naquele Estado. Como é do conhecimento dos nossos leitores, vários clubes da F. N. D., insinuando haver o Paisandú A. C. (sic) se deixado derrotar pelo clube A. B. C., e como não lograssem a convocação do Conselho Superior pelo presidente da Federação, sr. Gentil Ferreira de Sousa, resolveram depô-lo, passando a presidência ao sr. Sílvio Tavares, vice-presidente e deliberaram, ainda, eliminar o Paisandú. Levado o caso ao conhecimento do Conselho Regional do Rio Grande do Norte, resolveu este intervir, determinando fosse reintegrado o presidente, sr. Gentil Ferreira de Sousa, no que não foi obedecido, tanto assim que a C. B. D. recebeu, ontem, comunicação da eleição do sr. Porfírio da Paz, antigo esportista de São Paulo, para a presidência da Federação Norteriograndense. A Confederação somente poderá agir em caso de recurso legal impetrado pelo sr. Gentil Ferreira de Sousa.

Em 10/09/1942, o jornal carioca Diário de Notícias publicou que Gentil Ferreira de Sousa recorreu à CBD, que conheceu do recurso e o reconduziu à presidência da FND, mas manteve a suspensão ao Paysandu decidida pelo Conselho Geral, notícia replicada pelo jornal A República em 13/09/1942:

Reconduzido ao seu posto o presidente da Federação Norte-Riograndense de Desportos

Anuladas, pela diretoria da C. B. D., todas as resoluções tomadas pelo Conselho Geral daquela entidade nortista, na sessão em que foi destituído o sr. Gentil Ferreira de Souza

RIO, 10 (Pelo Aéreo) – O “Diário de Notícias”, em sua edição de hoje, divulga o seguinte:

“A diretoria da Confederação Brasileira de Desportos, em sua reunião de ontem, deu provimento ao recurso interposto pelo sr. Gentil Ferreira de Sousa contra o ato do Conselho Geral da Federação Norte-riograndense de Desportos que o destituiu da presidência dessa entidade. A sessão foi presidida pelo sr. Teixeira de Lemos, vice-presidente, tendo comparecido os srs. Célio de Barros, secretário-geral, Pizarro Filho, tesoureiro, Castelo Branco, presidente do Conselho Técnico de Futebol, além do representante da Federação Norte-riograndense, sr. Paulo de Carvalho. A sessão terá prosseguimento no próximo sábado às 14 horas.

A resolução da diretoria da C. B. D. está assim redigida:

‘A diretoria da Confederação Brasileira de Desportos, conhecendo do recurso interposto pelo dr. Gentil Ferreira de Sousa, da resolução do Conselho Geral da Federação Norte Riograndense de Desportos, que, em reunião de 30 de julho último, o destituiu da presidência da mesma Federação, e usando o poder que lhe confere o art. 76, do Estatuto, resolve:

1º – Anular todas as resoluções do Conselho Geral, tomadas na referida reunião.

Não foi publicada nota da respectiva convocação, nem se provou ter sido feita por ofício aos seus membros competentes, inclusive o presidente da Federação, que devia também presidi-la.

2º – Anular o ato nº 7 do presidente da Federação tornando sem efeito a resolução do Conselho Geral, tomada na reunião de 24 do mesmo mês.

Ainda quando tivesse o presidente da Federação competência para anular qualquer resolução do Conselho Geral, e ainda quando estivesse em mora com a entidade um dos clubes que dela participaram, certo é que os quatro restantes contra os quais nada se arguiu representavam a maioria do Conselho, sendo legal, portanto, a sua resolução.

3º – Mandar que o presidente reintegrado reúna, mediante prévia convocação e dentro dos dez dias úteis que se seguirem à comunicação da presente, o Conselho Geral, para conhecer do pedido de desfiliação do Paisandú Esporte Clube e deliberar a respeito de tudo quanto julgue necessário aos interesses da Federação dentro de sua competência.’”

O mesmo ofício da CBD foi republicado no jornal A República em 17/09/1942 por ordem do Ato nº 16 do presidente reconduzido da FND.

Com a aproximação do Campeonato Brasileiro de Seleções, a FND resolveu, como de praxe, suspender definitivamente o campeonato em 19/09/1942, que já tinha na prática sido paralisado pelos sucessivos adiamentos de partidas durante a crise. A estreia da seleção do Rio Grande do Norte foi marcada pela CBD para o dia 11/10/1942, em Natal, contra a seleção da Paraíba, partida mais tarde remarcada para a cidade de João Pessoa.

Em 27/09/1942, o Diário de Notícias (RJ) divulgou que as determinações da CBD não foram cumpridas: o presidente reconduzido Gentil Ferreira de Sousa não convocou o Conselho Geral, em desacordo com o determinado pela CBD, e os outros cinco clubes (Alecrim, América, Atlético, Força e Luz e Santa Cruz), como consequência, enviaram à CBD protestos contra a atuação de Gentil Ferreira de Sousa. Em 29/09/1942, o mesmo jornal divulgou que a CBD, em reunião no dia 28/09/1942, resolveu destituir novamente Gentil Ferreira de Sousa da presidência da FND, determinando que o vice-presidente assuma a presidência e convoque o Conselho Geral da entidade no prazo legal.

Em 08/10/1942, O Diário divulgou que alguns jogadores do ABC, entre os quais Gageiro, Tico, Edgar e Acácio, não compareceram ao último treino da seleção potiguar em 07/10/1942; que Gageiro e Tico estariam exigindo roupas, sapatos e dinheiro para se integrar a equipe; que Vicente Farache – diretor do ABC, mecenas histórico do clube e mandatário de facto do alvinegro – se negou a fornecer material a seus jogadores, não só para os treinos mas também para a partida contra a seleção paraibana. Contudo, havia outros jogadores do ABC presentes no treino – Joãozinho, Badof e Saravoti. De fato, os quatro primeiros não viajaram à Paraíba e os três últimos compareceram à viagem e entraram em campo. O placar do jogo foi Paraíba 6×0 Rio Grande do Norte, quebrando uma invencibilidade histórica da seleção potiguar contra a vizinha seleção paraibana. É bastante possível que esse ato de sabotagem de esportistas do ABC esteja ligado à crise em curso, como retaliação aos demais clubes.

Em 28/10/1942, o jornal Diário de Notícias (RJ) divulgou que a diretoria da CBF, em reunião no dia 27/10/1942, solicitou esclarecimentos à FND sobre as resoluções tomadas pelo Conselho Geral da entidade, após a destituição definitiva de Gentil Ferreira de Sousa. Em 30/10/1942, o mesmo jornal divulgou que, no dia 29/10/1942, um telegrama da FND para a CBD comunicou que, no dia 12 do mesmo mês, o Conselho Geral da FND se reuniu e deliberou pela exclusão do Paysandu Esporte Clube por 3 (três) anos e que, em Assembleia Geral de 17 de outubro, foi eleito para o cargo de presidente da FND o Capitão José Porfírio da Paz.

O campeonato não foi retomado após o fim da crise. Outros eventos esportivos e amistosos iam sendo realizados a cada domingo. Por fim, o Ato nº 023/1943 da Presidência da FND, publicado no jornal A Ordem de 16 de fevereiro de 1943 e abaixo transcrito, anulou todas as partidas e cancelou o certame de 1942:

  • Biblioteca Nacional (jornais A Ordem e Diário de Notícias)
  • Repositório do LABIM/UFRN (jornal O Diário)
  • Material de pesquisa de Arthur Pierre dos Santos Medeiros (jornal A República)

Ato nº 23

O Presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo art. 25, letra f, do estatuto em vigor,

considerando que o campeonato oficial da cidade de 1942 foi interrompido desde o dia 2 de agosto de 1942 em virtude dos atos ns. 6, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 17 do mesmo ano;

considerando que o referido campeonato teve, apenas, nove (9) jogos realizados, constantes da respectiva tabela e relativos ao primeiro turno;

considerando que o estádio desta Federação requer algumas e inadiáveis benfeitorias, naturalmente antes do início da temporada desportiva do corrente ano;

considerando que o prosseguimento do campeonato de 1942 não atende aos interêsses da administração desta entidade, além do que dificultará o preparo prévio dos clubes para o campeonato do corrente ano;

considerando que é pensamento da atual diretoria desta entidade seja promovida a temporada desportiva do corrente ano dentro dos prazos determinados pelo estatuto e regulamento em vigor;

considerando que os filiados Clubes (sic) Atlético Potiguar, América F. C., Santa Cruz F. C. e Alecrim F. C., pelos seus representantes se pronunciaram coletivamente e contrariamente ao não prosseguimento (sic) do campeonato de 1942;

considerando que o cancelamento do campeonato de 1942 e consequente anulação dos jogos já realizados condizem, não apenas com os interêsses desta Federação, mas também com os daqueles filiados, os quais, em conjunto, já o solicitaram a esta entidade;

considerando que os aludidos filiados, pelos seus delegados, constituem a maioria dos membros do Conselho Geral desta federação; e considerando o pronunciamento sobre o assunto da Confederação Brasileira de Desportos, em o ofício 227/43, assim redigido: ‘Ilmo. Sr. Presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol. Acusando o recebimento do seu of. n. 18/43, venho informar a essa filiada que esta Confederação apenas opinou que prosseguissem na disputa do Campeonato de 1942, até seu término, como determinava a tabela. Essa orientação, não constituindo lei, poderá ser aceita ou não por essa Entidade, de acôrdo com seus próprios interesses. Valho-me do ensejo para assegurar a V. S. a certeza de meu elevado apreço. (a) Manoel Furtado de Oliveira – Subsecretário’;

RESOLVE cancelar, no interêsse desta Federação e da maioria dos clubes que lhe são filiados, o campeonato oficial da cidade de 1942 e, consequentemente, anular todas as disputas realizadas, na vigência daquela temporada desportiva.

Natal, 12 de fevereiro de 1943

Capitão José Porfírio da Paz
Presidente

FONTES:

Escudos de 1925 e 1937: Pinheirense Esporte Clube – Belém (PA)

Por Sérgio Mello

Pinheirense Esporte Clube é uma agremiação do Distrito de Icoaraci, pertencente à cidade de Belém, capital do estado do Pará. A sua Sede social está localizada na Rua Manoel Barata, nº 130, no bairro Ponta Grossa, em Icoaraci/PA.

O “General da Vila” foi Fundado na terça-feira, do dia 08 de dezembro de 1925, por um grupo de operários da Usina Conceição, que desejava dar a Pinheiro uma agremiação sócio esportiva, onde nas horas de folga livres do ensurdecer da maquinaria e abençoado pela Imaculada Conceição.

Capa do Estatuto

Os operários fundadores liderados por Martinho Silva, foram os seguintes: João Sururina, Sátiro Rodrigues, João Faustino, Raimundo Saturnino dos Santos, Manoel Pereira da Silva, Eustáquio Campelo, Osvaldo Cintra, Tobias, Mestre Anésio e tantos outros.

Seis anos depois, foi reorganizado no domingo, do dia 08 de fevereiro de 1931, com sede na Vila Pinheiro, em Nazaré, em Belém/PA se destina:

a) a criar, incentivar e desenvolver os esportes terrestres em geral, promovendo e organizando torneios sempre que julgar oportuno e seus recursos o permitirem;

b) proporcionar aos seus associados, divertimentos uteis, proveitosos e benéficos;

c) cuidar do desenvolvimento físico de seus associados, criando diferentes secções de esportes, à medida que seus cofres o auxiliarem;

d) instituir concursos esportivos a juízo da Diretoria.

Art. 2º – O Pinheirense E. Club, como pessoa jurídica de direito privado, tem personalidade e patrimônio distinto dos seus associados, sendo a Diretoria responsável perante estes por todo o seu ativo e passivo.

Art. 3º – Os sócios não respondem pelas obrigações que os representantes do clube contraírem expressa ou intencionalmente em nome deste, sendo apenas responsáveis pelas suas joias, mensalidades e subscrições a que concorrerem.

Pinheirense manda seus jogos no Estádio Abelardo Conduru, com capacidade para 3 mil pessoas, situado na Rua Santa Isabel, s/n, em Icoaraci, em Belém (PA). As suas cores: azul e branco.

Jogou o Campeonato Paraense pela primeira vez em 1955. Foi perdendo espaço no futebol profissional masculino, porém esteve em evidência com o futebol feminino em âmbito nacional.

As campanhas de 2012 e 2013 creditaram o Pinheirense a ser, de acordo com o Ranking da CBF de Futebol Feminino de 2013, o sétimo melhor time do Brasil. Hoje o clube é 14º colocado.

Em 2016, o Pinheirense conquistou um título inédito na sua história: o Campeonato Paraense da Segunda Divisão com 100% de aproveitamento. Assim, voltou à elite, representando a Vila Sorriso de Icoaraci no Parazão 2017.

Estatuto: Acervo de Itamar Gaudencio Gaudencio

ARTE: desenhos dos escudos, uniformes e a bandeira – Sérgio Mello

FONTES: Estatuto do Pinheirense – Federação Paraense de Futebol (FPF) – O Liberal (PA)

Escudo de 1996: Alecrim Futebol Clube – Natal (RN)

Por Sérgio Mello

Alecrim Futebol Clube é uma agremiação da cidade de Natal (RN). A sua Sede fica localizada na Rua dos Caicós (antiga Avenida Sete), nº 1.722, no bairro Alecrim, em Natal/RN.

História

Fundado no domingo, do dia 15 de agosto de 1915, por um grupo de rapazes formado por Lauro Medeiros, Pedro Dantas, Cel. Solon Andrade, José Firmino, Lauro Medeiros, Humberto Medeiros, Gentil de Oliveira, José Tinoco, João Café Filho, Juvenal Pimentel e Miguel Firmino.

O local da fundação foi o sítio Vila Maria, pertencente a Cândido Medeiros, na atual Rua General Fonseca e Silva, próximo da atual Igreja São Pedro em Natal/RN, no então longínquo bairro do Alecrim (na época o bairro era considerado zona rural de Natal-RN)Lauro Cândido de Medeiros foi o 1º presidente.

A ideia inicial que motivou a fundação do clube esmeraldino tinha como objetivo principal ajudar de forma filantrópica as crianças pobres do bairro que lhe deu origem. Com efeito, o clube esmeraldino fundou e manteve uma escola noturna para essas crianças.

Dessa forma o Alecrim atendia a um apelo de uma campanha nacional patrocinada pelo Presidente da República do Brasil Venceslau Brás, que tinha como objetivo erradicar o analfabetismo no país.

No início o time era formado por negros e índios

Além do mais, na época, jogadores e torcedores de ABC e América de Natal faziam parte da elite da cidade, enquanto o Alecrim FC era composto basicamente por negros e descendentes de índios (moradores do bairro), o que os expunham a todo tipo de preconceito, que aliás, era muito comum no início do desenvolvimento do esporte bretão em nosso país.

O Vingador

Alecrim nos anos 60 era chamado de “o vingador” do futebol do Rio Grande do Norte, pois os times de outros estados quando vinham a Natal ganhavam de ABC e América de Natal e perdiam para o esquadrão esmeraldino.

Exemplo de força do clube verde nesta década foi o caso do Rampla Júnior do Uruguai que numa excursão ao Brasil estava invicto: 0 a 0 com o Americano (RJ)2 a 1 no Democrata de Governador Valadares (MG)2 a 0 no Fortaleza (CE)1 a 1 com o Treze (PB)2 a 2 com o Náutico de Recife; vindo a perder finalmente para o Alecrim por 1 a 0 com gol do artilheiro Rui.

Único Presidente da República a jogar num clube de futebol

Alecrim é o único clube da história do futebol brasileiro que teve um (futuro) presidente da república jogando em suas fileiras. Trata-se de João Café Filho18º presidente do Brasil (1954-1955)Café Filho foi goleiro titular da onzena “periquito” em 1918 e 1919.

Mané Garrincha

Alecrim teve a honra de ter contado com Garrincha por uma partida, foi no dia 4 de fevereiro de 1968, no estádio Juvenal Lamartine. O craque das “pernas tortas”, usou a camisa 7 do Alecrim num amistoso contra o Sport de Recife, que venceu por 1 a 0, gol de Duda.

Com público de mais de 6 mil pagantes, e renda de Cr$ 21.980,00, o Alecrim formou com: Augusto; Pirangi, Gaspar, Cândido e Luizinho; Estorlando e João Paulo; Garrincha (Zezé), Icário, Capiba (Elson) e Burunga.

rubro-negro pernambucano jogou com: Delcio; Baixa, Bibiu, Ticarlos e Altair; Valter e Soares; Bife, Cici, Duda (autor do gol) e Canhoto. Nesse amistoso, o Sport lançou, para testes, os jogadores Garcia (pertencente ao Riachuelo de Natal) e Evaldo (pertencente ao América de Natal).

Augusto; Pirangi, Gaspar, Cândido e Luizinho; Estorlando e João Paulo; Garrincha (Zezé), Icário, Capiba (Elson) e Burunga

Grandes personagens

Os grandes dirigentes, baluartes e abnegados da história do Alecrim foram: Bastos Santana, Severino Lopes, Lauro Cândido de Medeiros, Humberto Medeiros, Cel. Veiga, Cel. Pedro Selva, Silvio Tavares, Clóvis Motta, Joca Motta, Cel.Veiga, Walter Dore, Brás Nunes, Rubens Massud, Wober Lopes Pinheiro, Gabriel Sucar, Cel. Solon Andrade, além do grande patrono Monsenhor Walfredo Gurgel.

Sete vezes campeão Potiguar

clube potiguar é heptacampeão estadual: 1924, 1925, 1963, 1964, 1968, 1985 e 1986Quatro vezes campeão do Torneio Início (1926, 1961, 1966 e 1972); e um título do Campeonato Potiguar da 2ª Divisão de 2022.  

Verdão é o 3º clube potiguar com maior número de participações na Série A, com 3 participações. Ao todo são 11 participações em campeonatos nacionais, sendo as mais recentes a Série D, em 2011, e a Copa do Brasil de 2015.

Participou da elite do futebol nacional em 1963, 1964 e 1986, sendo o único representante do estado nas três ocasiões. Nas primeiras participações do Verdão, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF), ainda denominava o Campeonato Brasileiro de “Taça Brasil”. Em 1986, na terceira participação, já era chamado de Brasileiro.

ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello

Colaborou: Adeilton Alves

FOTOS: Tribuna do Norte

FONTES: site do clube – texto de Carlos Alberto N. de Andrade, Prof. da Universidade do Estado do RN

Clube Atlético Osasco – Osasco (SP): Fundado em 1914!

Por Sérgio Mello

Clube Atlético Osasco foi uma agremiação do município de Osasco, localizado na Região Metropolitana da cidade de São Paulo. Fica a 15,5 km da capital do estado de São Paulo. A localidade conta com uma população de 728.615 habitantes, segundo a prévia do censo (IBGE/ 2022).

Fundado na quarta-feira, do dia 14 de Outubro de 1914, o ‘Club Athletico Osasco’, sendo o 1º Clube social de Osasco. A sua Sede social ficava na Rua Erasmo Braga (antiga Rua André Rovai), nº 900, no bairro Presidente Altino, em Osasco/SP.

Até meados dos anos 20 era apenas um clube de futebol e não possuía uma sede. Foi o Coronel Delfino Cerqueira que em 1925, emprestou ao presidente do Clube Atlético Osasco, Dante de Lúcia, 12 contos de Réis, o que era muito dinheiro na época.

O dinheiro deveria ser utilizado pelo clube para construir sua sede na antiga Rua André Rovai, hoje Erasmo Braga. O dinheiro foi para pagar ao empreiteiro José Rodrigues.

O clube passaria a ter outras dependências no mesmo loteamento na Rua “O”, esquina com Rua “Q”. Dez metros de frente por 50 da frente aos fundos, entre os lotes 66, fundos do lote 67 ao lado.

Alguma coisa saiu errada e o clube teve que devolver o dinheiro com quase 10 anos de atraso, para a viúva do Coronel. Assim, podemos concluir que nada do que foi vivido pelos munícipes da capital deixou de ter seu “eco” no distrito de Osasco.

O desenvolvimento econômico, a vanguarda cultural, a ocupação urbana e populacional também aconteceram em Osasco. E só para começar a nova década (1931), o distrito e a capital iniciam com a sua população triplicada e com isso Osasco sai dos seus 4 mil habitantes em 1920 para 10 mil em 1930.

Osasco derrotou o São João de Jundiahy

No domingo, do dia 20 de fevereiro de 1921, o Osasco enfrentou, em amistoso, fora de casa, o forte time do São João Football Club, de Jundiaí/SP. Na partida entre os Segundos Quadros, empate em 2 a 2. No jogo de fundo, o Club Athletico Osasco venceu pelo placar de 2 a 1.

O Primeiro Quadro do C. A. Osasco estava assim constituído: Rovai; Mario e Beppe; Foretaleza, Paulo e Alvim; Morino, Arthur, Horacio, Thadeu e Carlin.

Sede social do C.A. Osasco

Colaborou: Moisés H G Cunha

ARTE: desenhos dos escudos e uniformes – Sérgio Mello

FONTES & FOTOS: Hagop Garagem – A Gazeta (SP)

Sport Club Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ), fundado em 1936!

Por Sérgio Mello

O Sport Club Rio de Janeiro foi uma agremiação da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Um grupo de 30 jovens apaixonados pelo ‘esporte bretão’ Fundaram no final de agosto de 1932, no bairro da Tijuca, o Sport Club Rio de Janeiro.

A sua 1ª diretoria era composta pelos srs. Linneu de Freitas, José Garcia, Waldemar Bonelli, Alexandre Fiani e Álvaro Sampaio. O “Mundo Esportivo” foi escolhido pela diretoria para ser o órgão oficial do clube.

Posteriormente, o clube foi reorganizado no domingo, do dia 1º de Março de 1936. A sua Sede social ficava localizado na Rua Maria Amália, nº 29, no bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio/RJ. A sua Praça de Esportes ficava situado na Rua Ferreira Andrade, nº 122, no bairro do Cachambi, na Zona Norte do Rio/RJ.

Além do futebol, o Sport Club Rio de Janeiro possuia uma equipe forte no basquete. Como fonte de renda, o clube arrecadava com as mensalidades dos sócios, assim como os eventos na sede como música dançante, carnaval, etc.

No sábado, do dia 6 de novembro de 1937, em assembleia geral, foi definido a nova diretoria, que foi empossada no sábado, do dia 4 de Dezembro do mesmo ano. A diretoria foi composta com os seguintes membros e os seus respectivos cargos:

Presidente – Miguel Diab;

Vice-presidente – Octavio Amaury;

1º secretário – Miguel Pedreira;

2º secretário – Mario Pedreira;

1º Thesoureiro – Paulo Carreiro;

2º Thesoureiro – Oswaldo Loureiro;

Diretor de Football – Odilon Araujo;

Diretor de Basketball – Hélio Baptista.

Documento: Acervo de Auriel de Almeida

ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello

FOTO: A Manhã (RJ)

FONTES: A Batalha (RJ) – Correio da Manhã (RJ) – Jornal dos Sports (RJ) – Mundo Esportivo (RJ) – O Jornal (RJ)

São João Futebol Clube – Mogi das Cruzes (SP): Fundado em 1930

Por Sérgio Mello

O São João Futebol Clube é uma agremiação da cidade de Mogi das Cruzes, situado na Região do Alto Tietê a 61 km da capital do estado de São Paulo. A localidade conta com uma população de 449.955 habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2022.

O Alvinegro Mogicruzense foi Fundado no domingo, do dia 07 de Setembro de 1930. A sua Sede social está localizado na Rua Elgin, nº 341, no bairro São João. O Campo fica no bairro da Vila Ressaca, ambos em Mogi das Cruzes/SP.

O clube conta com uma ala, onde foi criada a Grêmio Recreativo Escola de Samba São João, a mais tradicional do carnaval na cidade, tendo como patrono Waldemar Costa Neto (Boy) e já contou com João do Pulo como padrinho.

O São João teve grandes jogadores da várzea entre eles Tesoura e Lelico e foi campeão da Liga Mogiana de 2024 na categoria Veterano.

Na sexta-feira, do 24 de Setembro de 1965, foi comemorado o 405º da fundação da cidade de Mogi das Cruzes. Nesta data, por meio do então prefeito da cidade, Carlos Alberto Lopes o São João F.C. foi considerado de Utilidade Pública Municipal.

ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello

FOTO: Acervo de Waldomiro Junho

FONTES: Leis Municipais –Futebol Café

Foto Rara de 1949: Estádio do Maracanã – Rio de Janeiro (RJ)

Vista áerea do Maracanã

Na época, a construção do estádio foi muito criticada por Carlos Lacerda, na época Deputado Federal e inimigo político do durante mandato do então General de Divisão e Prefeito do Distrito Federal do Rio de Janeiro, Marechal Ângelo Mendes de Moraes, pelos gastos e, também, devido à localização escolhida para o estádio, defendendo que o mesmo fosse construído em Jacarepaguá.

Ainda assim, apoiado pelo jornalista Mario Rodrigues Filho, Mendes de Morais conseguiu levar o projeto para frente. Na área escolhida, situava-se uma arena destinada à corrida de cavalos. A concorrência para as obras foi aberta pela prefeitura do Rio de Janeiro em 1947, tendo como projeto arquitetônico vencedor o apresentado por Miguel Feldman, Waldir Ramos, Raphael Galvão, Oscar Valdetaro, Orlando Azevedo, Pedro Paulo Bernardes Bastos e Antônio Dias Carneiro.

O projeto vencedor previa um estádio para 155.250 pessoas, sendo 93 mil lugares com assento, 31 mil lugares para pessoas em pé, 30 mil cadeiras cativas, 500 lugares para a tribuna de honra e 250 para camarotes. O estádio ainda contaria com tribuna de imprensa com espaço para 20 cabines de transmissão, 32 grupos de sanitários e 32 bares.

No total, a área coberta do estádio atingiria 150 mil m², com altura total de 24m. As obras iniciaram-se na segunda-feira, do dia 02 de agosto de 1948, data do lançamento da ‘pedra fundamenta’. Trabalharam na construção cerca de 1.500 homens, tendo se somado a estes mais 2.000 nos últimos meses de trabalho. Apesar de ter entrado em uso em 1950, as obras só ficaram completas em 1965.

Em seu projeto original, o Maracanã tinha seu formato oval, medindo 317 metros em seu eixo maior e 279 metros no menor. Media 32 metros de altura, o que corresponde a um prédio de seis andares, e a distância entre o espectador mais distante o centro do campo era de 126 metros.

A cobertura protegia parcialmente as arquibancadas em toda a sua circunferência. Na cobertura foram montados os refletores, que funcionavam a vapor de mercúrio. Desde 1962, até as reformas realizadas na década de 2000, a medida do gramado era de 110 por 75 metros.

Havia um fosso que separava o campo das cadeiras inferiores que media três metros de profundidade com bordas em desnível. O acesso ao gramado dava-se por meio de quatro túneis subterrâneos que começavam nos vestiários. Existiam cinco vestiários no estádio, sendo utilizados normalmente apenas três, um para cada time que disputa uma partida de futebol e outro para a arbitragem.

Sua inauguração deu-se com a realização de uma partida de futebol amistosa entre seleções do Rio de Janeiro versus São Paulona sexta-feira, do dia 16 de junho de 1950, vencida pelos paulistas por 3 a 1.

O meio-campista da equipe carioca, Didi, do Fluminense, foi o autor do 1º gol no Estádio Municipal (que depois ganhou o nome de Mario Filho, popularmente conhecido por: Maracanã) e o Osvaldo Pisoni foi o 1º goleiro a sofrer gol no estádio.

FONTE: GuarAntiga – Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro – site Estádio Maracanã

Um VASCO na República do Congo?

Nos anos 80, surgiu uma equipe revelação que fez história no futebol congolês, o Kotoko de Mfoa Football Club de Brazzaville, na República do Congo, desbancou os grandes clubes do país e levantou a taça em 1983. O clube teve uma passagem de oito anos pela elite nacional e hoje se encontra extinto. Os “porcos-espinhos“, como eram conhecidos, deixaram uma grande curiosidade marcada na história. Porque usaram a camisa do Vasco da Gama em um campeonato?

Time com a camisa original

Com a camisa do Vasco nos anos 80

FONTE: https://sportnewsafrica.com/