Nos dias de hoje, uma viagem entre Joinville e Blumenau, distantes cerca de 100 km, demanda pouco mais de 1 hora e meia para ser concluída, seja seguindo pela duplicada BR-101 até se chegar á mortal BR-470, ou seja via BR-101, depois BR-280 e finalmente a SC-414 que corta uma belíssima serra entre os municípios de Guaramirim e Blumenau.
Estes trajetos, todos bem asfaltados, embora perigosíssimos pela falta de rodovias duplicadas, são bem mais acessíveis do que o caminho que Caxias Futebol Clube de Joinville encontrou quando resolveu fazer uma excursão até a ‘vizinha’ cidade em 1928.
Nesta ocasião, qualquer trajeto escolhido era feito por estradas sem qualquer tipo de pavimentação, o que transformava uma simples excursão esportiva numa verdadeira epopeia.
O relato abaixo, extraído do Jornal de Joinville, detalha uma das diversas aventuras futebolísticas registradas em terras catarinenses, lá pelos idos de 1920/30.
Domingo 16 de Setembro de 1928
Em Blumenau:
F.B.C. BLUMENAUENSE 1X4 CAXIAS F.C. (Joinville)
A SAÍDA NO SÁBADO
O Caxias chefiado por seu presidente Irapuan Leal seguiu para Blumenau, animado das melhores esperanças, numa caravana de sete automóveis escalonados, sendo o primeiro carro pertencente ao Sr. Palmyro Vidal, que levou o contador de anedoctas Bento. Além destes e dos atletas, acompanharam a embaixada o tesoureiro Jazer Vieira, o secretário João Lorenzi, os senhores Roberto Schmidlin, Henrique Meyer Jr., Julio Cribari, Otto Schoereder e o tenente Manoel Câmara, que foi como juiz.
A BOIADA ‘CAXIAS’
Todos passaram por várias peripécias até a chegada, devido às más condições do tempo e da estrada, que passava pelas margens do Rio Itajhay. Num dos trechos, a caravana deparou-se com uma boiada composta por onze bois pretos e brancos. Logo todos a apelidaram de boiada Caxias, e para os mais supersticiosos, era um indicio da vitória caxiense no jogo.
A CHEGADA DOMINGO DE MADRUGADA
O Caxias chegou às 3 horas da madrugada (de domingo) em Blumenau, e logo se hospedou no Hotel Wurger na Altona, distante 7 km do centro Blumenau. Faltava ainda o carro de Julio Cribari que trazia o Jazer, Candinho, Manequinho e Amorim.
O AGUACEIRO
Às 10 horas da manhã começou um forte aguaceiro, que pôs em dúvida a realização do jogo. A diretoria do Blumenauense foi buscar os representantes do Caxias, para juntos verificarem as condições do campo, e ao chegaram até ele, mal puderam distinguir o gramado, que estava coberto por um lençol d’água. A solução foi seguirem até o campo do Brasil, que embora também não estava bom, apresentava um melhor aspecto. Desta forma, foi combinado entre as três diretorias, a realização do jogo, no campo do Brasil.
A CHEGADA DO RESTO DO TIME
O Caxias ainda estava receoso pelo atraso do sr. Julio Cribari, já que sem ele, o time só poderia entrar em campo com 9 jogadores. No entanto, as 13:00 horas, todos chegaram são e salvos à Blumenau. O atraso foi motivado por um desarranjo no carro, logo que saíram de Joinville, que fez com que eles retornassem para repará-lo.
O JOGO
Às 16 horas depois do clássico bate-bola no gramado, era chegada à hora do jogo. A sorte de escolher o campo coube ao Caxias. A linha do Caxias que jogava num terreno pior, cheio de lama, não podia firmar-se bem, o que era aproveitado pelos locais. O jogo mais combinado porém, por parte do alvinegro, leva os seus dianteiros a assediar constantemente o arco. Desse modo, Calafate aos 20 minutos, de perto, conquista o primeiro ponto caxiense. Continuam os ataques por parte dos joinvillenses, que perdem mais duas ótimas oportunidades. Os de Blumenau reagem, mas não fosse a afobação, teriam conseguido empatar. O Caxias continua fazendo pressão e consegue mais dois pontos com Pedro Lemos. Não desanimaram os blumenauenses e alguns minutos depois, devido a uma furada de Candinho, que não pode firmar-se no terreno, fizeram seu único ponto. João saiu do arco, mas não impediu que fosse vasado, terminando assim o 1º tempo com 3×1 para o Caxias.
Reiniciado o 2º tempo, o Caxias entra a atacar, procurando aumentar a contagem. Os blumenauenses começam a desenvolver um jogo um tanto pesado, sendo marcadas varias penalidades. A partida foi interrompida duas vezes para atender os jogadores machucados. Prossegue o jogo, e é marcada uma penalidade contra os locais. Há esforço de parte a parte para aumentar a contagem. Num dado momento que se acha caído um jogador local, os blumenauense conseguem um ponto que é acertadamente anulado pelo juiz. Prosseguem os do Caxias com mais investidas, sendo ao faltar dez minutos, conseguem o ultimo ponto, com Pedro Lemos. Atuou de juiz o Sr. Camara que foi imparcial.
Á NOITE
A noite no Hotel, ocorreram brincadeiras com Bento, Manequinho e Candinho, que nos intervalos exigiam uma rodada de chopps. Os senhores Irapuan Leal e Willy Urban discursaram, os directores dos clubes locais também estavam presentes. A exceção de Henrique Meyer e seus acompanhantes, que voltaram na mesma noite, os demais regressariam apenas na 2ª feira pela manhã.
FUGINDO DA ENCHENTE
Conforme era previsto, a embaixada caxiense deixou Blumenau segunda-feira pela manhã, chegando a Joinville de tarde, após uma vigem sob forte chuva. Apenas Julio Cribari, que já teve problemas na ida, não pode retornar. Ao acordar, ele deparou-se com o Rio Itajahy cheio, inundando parte da Rua XV e impedindo que os automóveis passassem. Segundo alguns, foi cômico ver o sr. Jazer Vieira tentando colocar 12 pessoas no carro para não serem víctimas do Rio Itajhay.
O TRAJETO ATUAL
Valeu Sergio!
Abraço!
Meu amigo Cicero… Por um acaso o técnico se chamava Indiana Jones?? rsrrrssrs
Poderia virar filme! rsrss
Parabéns por mais essa história!!
Abração!