GAUCHÃO DE 1994, UMA TARDE DE RECORDES

Na melhor demonstração de como não administrar o futebol, a data de 11 de dezembro de 1994 entrou para a história do futebol gaúcho, brasileiro e mundial com três jogos do mesmo clube sendo disputados pelo mesmo campeonato dentro do mesmo dia, no mesmo estádio e em seqüência. Pode parecer um conto, porém faz parte de nossas histórias do futebol brasileiro.

Neste ano o campeonato gaúcho já se apresentava desorganizado, tendo sido disputado durante todo o ano, com 23 equipes que se enfrentaram em turno e returno, tendo por este motivo recebido a alcunha de “o interminável”.

Por falta de datas devido às competições que disputava neste ano, o Grêmio Football Porto Alegrense, duas vezes Campeão Brasileiro e Campeão Mundial de clubes protagonizou uma agonia nesta tarde quente de dezembro em Porto Alegre. Em uma operação que mobilizou mais de 300 funcionários do clube, 12 profissionais da arbitragem, 48 jogadores por parte do Grêmio, mais os atletas dos três clubes que vieram a Porto Alegre cumprir tabela, além de 247 espectadores que serviram mais como testemunhas deste triste espetáculo, tendo em vista que não alterariam mais nada na classificação do campeonato, comparando-se a meros amistosos.

Às 14 horas, com um calor insuportável, começa a tarde de jogos com o Grêmio enfrentando o Clube Esportivo Aimoré de São Leopoldo. Aos 25 minutos de jogo o árbitro Villy Tissot, em uma atitude de muito bom senso, para o jogo por três minutos e autoriza que os jogadores bebessem água a beira do gramado. A temperatura marcava 45º ao sol, fazendo com que o jogo praticamente não tivesse lances de gol. Os times formaram assim:

Grêmio: Murilo; Cristian, Luciano, Éder e Júlio César; Puma, Alexandre e André Muller; Tefo (Juliano), Escurinho e Rodrigo Gasolina.

Aimoré: Rogério; Martins, Aládio, Márcio e Marquinhos; Aílton, Clóvis e Lindomar (Oberti); Leco, Márcio Cruz e Ânderson.

O jogo termina com o placar de 0x0.

Às 16 horas, o segundo jogo, arbitrado por Leonardo Gaciba e com o time considerado titular do Grêmio vencendo ao Futebol Clube Santa Cruz, de Santa Cruz do Sul, nos acréscimos do segundo tempo. A Temperatura atingiu seu ápice de 48º ao sol, durante a partida.

As equipes: Grêmio: Danrlei; Ayupe, Scheidt, Agnaldo Liz, Arílson; Pingo, Jamir, Jé (Émerson); Fabinho, Jacques (Ciro) e Carlos Miguel.

Santa Cruz: Gilmar; Édson, Itamar, Alamir e Varta; Carlos, Sídnei e Áureo; Caio (Alceu), Paulo Roberto e Eldor.

Com muita movimentação e gols marcados o jogo foi o mais empolgante da tarde. Os gols foram marcados por Agnaldo Liz aos 4’, Paulo Roberto aos 14’, Carlos Miguel aos 20’, Paulo Roberto aos 50’, Ayupe aos 52’, Áureo aos 60’ e Fabinho aos 92’.

Às 18 horas dá-se início ao ultimo jogo da tarde. A temperatura já estava bem mais amena e o jogo bem regular. O Grêmio veio a campo para enfrentar ao Grêmio Esportivo Brasil de Pelotas. O árbitro do jogo foi Paulo Felippe e as equipes formaram assim:

Grêmio: Aílton Cruz; Jairo Santos, César, Cristiano e Duda; André Vieira, Wallace e Émerson (Jacques); Carlinhos, Ciro (Juliano) e Cristiano Santos.

Brasil: Cássio; Júnior, Silva, Rogério e Marcelo; Marquinhos, Dido (Sassia) e Cléber; Jabá, Nazarildo (Netinho) e Martins.

O jogo terminou 1×0 para o Grêmio, com gol de Jacques aos 69’.

Dos 48 atletas relacionados pelo técnico Luis Felipe Scolari para as três partidas, Jacques, Ciro e Émerson participaram de dois jogos, porém o goleiro Émerson, Márcio Santos, Ricardo, Alessandro, Vânderson e Paulo César não entraram em campo. Houve uma expulsão, Juliano no último jogo.

A diretoria do Grêmio tomou todos os cuidados legais para que os jogadores não atuassem mais de 90 minutos nas partidas e não ferir a legislação esportiva, tendo conseguido cumprir a tabela e entrando mais uma vez para a história. A tarde de jogos teve incríveis R$ 690,00 de renda.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Banco de Dados de Hemeroteca Pessoal.

Jornal Correio do Povo. Porto Alegre, diversas edições de 1994.

Jornal Zero Hora. Porto Alegre, diversas edições de 1994.

Revista Placar, diversas edições de 1994.

Um comentário em “GAUCHÃO DE 1994, UMA TARDE DE RECORDES

  1. Mauricio Neves

    Eu estava em Porto Alegre para uma audiência, e estava almoçando na Churrascaria Barranco. À uma da tarde liguei para o fórum para confirmar a audiência, e o cartório disse que não sairia por falta de intimação das testemunhas. Beleza, pedi um chopinho para acompanhar a picanha, e às 14 horas um amigo me ligou: “- Aí, tá começando uma maratona de três jogos no Olímpico, bora lá?” Cheguei no estádio no intervalo do primeiro jogo, e não havia cerveja que aplacasse o calor. Só a partida do meio foi boa mesmo, mas valeu por presenciar um dia inusitado. Bela lembrança, Renato!

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