Não é que eu goste, eu sou louco por escudos. Desde pequeno, tinha um olho clínico e um espaço no “disco rígido” cerebral totalmente destinado a isso. Assim, quando falamos de um 9 de Julho de Cornélio Procópio, por exemplo, lembro-me até do bar em que vi o escudo pintado pela primeira vez com 9 anos e o comparo com os que vejo hoje.
Escudos derivam de algo mais antigo, Brasões. Os brasões eram representações fidedignas do que aquela região, família, país etc. tinha. Por isso se vê nos brasões mais antigos imagens de árvores, animais e similares. Os brasões se transformaram em bandeiras, principalmente na Europa, por isso temos tantas bandeiras “iguais”, por assim dizer, com faixas e nada mais.
A questão é que desde os mais remotos tempos um brasão é um brasão, não importando a forma como ele é representado. Antigamente, havia bandeiras, escudos metálicos, moedas, entalhes em madeira, obras de arte e em todas elas os brasões apareciam diferentes, em que pesem ter a mesma forma original.
Mas este louco aqui que vos fala, além de louco por escudinhos de futebol foi fazer geografia e aí, ficou ainda mais obcecado pelas formas, ainda mais ao tomar contatos com os Brasões de Armas de cada nação, de cada povo. Depois da geografia, o golpe final, virei publicitário.
Somando essa combinação de três – inusitados – conhecimentos, eu hoje posso afirmar a vocês que poucos são os clubes que têm, de fato, um só escudo. A dificuldade de reprodução, seja porque os meios são tão distintos como antigamente e a falta de padronização e profissionalismo faz com que tenhamos diversas versões do mesmo escudo.
Antigamente, era normal um clube “mudar” seu escudo da camisa ao bel prazer do uniforme novo da temporada. Imagine colocar nisso outras variáveis como: bordar a mão, reproduzir em escala, redesenhar algo difícil e por aí vai.
O Flamengo não utilizava o CRF na camisa por gosto, mas sim por comodidade. Diga-se o mesmo de Vasco, Cruzeiro e tantos outros.
Mas hoje temos ainda outros dois nefastos vetores: as empresas de material esportivo e os programadores de site. Se formos ficar atentos a isso, veremos que, na regra, os escudos mudam todos os anos, seja por falta de padronização, seja por total desleixo (98% dos casos).
Para ilustrar, aproveitei o site indicado pelo amigo Roberto Saraiva de camisas capixabas e separei alguns escudos do Rio Branco:
Como podemos observar, o mesmo time, quase centenário, tem seu escudo alterado ano após ano, simplesmente porque muda o fornecedor de material esportivo. Imaginem replicar isso aos demais clubes sem esse cuidado!!! De uns anos pra cá, com a profusão de fixas técnicas e papeis timbrados nos sites das Federações isso ficou ainda mais evidente.
Cabe a nós pesquisadores do assunto, tentar separa o joio do trigo e, mais que isso, chegar num “meio-termo” comum pra manter um escudo minimamente padronizado.
Assim, sugiro que antes de colocarmos algo como “novo escudo do fulano” que a gente tenha um pouco de calma. Até porque, o escudo na camisa, que é de fato uma fonte oficial, está longe de ser a fonte mais precisa. Como tudo em pesquisa, precisamos de mais de uma fonte, mas foi só um desabafo de um amante da arte heráldica esportiva.
Amigos
Concordo com todas as colocacoes excelentes, so acrescento um detalhe.Falamos de escudos nacionais, onde mau ou bem temos acesso as informacoes, agora esse hobby de escudos se estende para um universo enorme mundo afora, o tempo me mostrou que sim temos de sempre tentar a veracidade da informacao mas existem casos especificos.Por exemplo na Africa, os clubes sequer possuem uniforme quanto mais escudos, muitas vezes levam nomes de empresas, como saber se existe um escudo especifico do clube-empresa?As vezes surge um escudo de Samoa Americana, como saber a veracidade, claro que a grande maioria nota-se a invencao, mas e complicado.Eu a minha vida toda deste hobby sempre usei o que chamamos a margem de erro, ou seja, existe 50% de chance de um escudo ser verdade ate que se comprove o contrario.Hoje e muito facil um escudo inventado se tornar real.Como a chuva de escudos albaneses, a grande maioria inventado que surgiu ultimamente de todas as divisoes.Um exemplo desse pre-julgamento que as vezes quebramos a cara e o escudo do Unidos de Sao Jose do Calcado do ES, quando apareceu a heraldica do municipio a grande maioria achou que era invencao e no final acabou n sendo, entao todo cuidado e pouco.
Não ia escrever nada pois tudo ja foi dito sobre o assunto, venho ao menos fazer coro com o Kussa com quem aprendi a tomar muito cuidado com “escudos novos”, não tenho o tamanho do fanatismo, nem o maravilhoso olho clinico dele porem tenho a mesma paixão, eu diria algumas mesmas paixões a minha é comparável a dele no futebol de mesa esporte a qual decidi ajudar e incentivar a maneira que melhor puder hoje sendo dirigente maximo da entidade maior do pais, mas tenho que fazer aqui um reforço sobre o que ele falou, senhores pensem nisto um exemplo latente é o que fizeram com o escudo do Corinthians e me lembro bem quando colocaram a estrela amarela enorme acima das outras o comentário do Rodolfo foi o seguinte, diminuiram o escudo para colocar uma estrela, que absurdo, não existe respeito por história no Brasil infelizmente, mas mesmo assim salve as coisas que despertam em nos esta paixão maravilhosa, que so aumenta o respeito pelos companheiros de blog, abraço a todos, em tempo Roberto muito obrigado.
Rodolfo e amigos
Como no passado, os brasões representavam uma familia ou região, ou até mesmo uma nação, temos hoje os logotipos representando empresas, que quanto mais idetificado pelo seu consumidor, melhor.
Antes, um “Selo Real” ou uma moeda traziam credibilidade de quem as representavam. As empresas tentam o mesmo. Quem tem “tal marca” tem credibilidade daquilo que é ou representa. Vejam a bela história da Ordem da “Cruz de Cristo”, que eram estampadas nas caravelas e outras embarcações.
Os escudos de futebol é a representação moderna de uma “legião” de quem as ostenta. E o fascinio nestas “marcas”, que queimam nossas retinas gravando eternamente em nossas mentes, são poderosos instrumentos de incentivo de mercado, que fomenta muito dinheiro e empregos, não só no mercado de eventos esportivos, mas também de outros mercados, como de confecção.
A evolução grafica evoluiu muito neste ultimo seculo, mas não no mesmo ritmo o conceito das “marcas” e sua importancia na população em geral. Eu acredito que com a internet isto será superado para a grande maioria.
Aqui em minha cidade, editaram um livro comemorativo dos 80 anos da Associação Atlética Botucatuense tendo em todas as paginas o escudo “alterado” por algum desenhista desavisado, e ninguem da diretoria na epoca corrigiu o erro, nem mesmo o jornalista autor do livro.
Eternizaram o erro? Sim e não, pois no proprio livro tem várias fotos demostrando as enumeras formas. E estamos falando do escudo identico ao do Botafogo do Rio, considerado por muitos como o mais belo do mundo e muito fácil de ser reproduzido.
Quanto as camisas antigas, que utilizavam “monogramas”, “cruz”, “estrelas”, não só eram pela tecnologia de estampagem que tinham ao alcance na epoca, mas também a percepção de distancia de identificação da arquibancada, que ficou perdida ao colocarem o “verdadeiro escudo”. Hoje, como as transmissões dos jogos é feitas pela TV e com tecnologias de boas câmeras digitais de “zoom”, esqueceram da visão das arquibancadas.
A qualidade estética das camisas “retrô” eram muito boas, principalmente quando o uniforme se confundia com o proprio escudo, como no casos do Flamengo-RJ, Vasco-RJ, Velez-ARG, River-ARG, Boca-ARG, Palmeiras-SP (época da cruz de savóia e depois o circulo com o “P”), sendo a do Cruzeiro-MG “perfeita”, ao ter apenas as estrelas que compõe a constelação “Cruzeiro do Sul” no céu azul do Brasil, um verdadeiro “manto sagrado”…
Kussarev, como sempre pondera muito bem sobre todos os assuntos, vc o Farah e o Ielo pra mim são referências em prudência sobre escudos “Inéditos”.
Realmente às vezes na ânsia de descobrir um novo escudo acabamos por nos precipitar na publicação. Como exemplo posso citar o escudo do Itinga/MA que primeiro peguei uma cópia com o presidente do clube e para minha surpresa dias depois vi uma versão “oficial” do escudo circulando na net totalmente diferente da primeira. Pasmém !
Outro exemplo é o do Plácido de Castro/AC até já desisti de tentar descobrir qual versão é a correta.
Mas apesar dessas incoerências tenho que afirmar a cada novo escudo (novo clube) ou principalmente a cada escudo de uma equipe desaparecida que conseguimos descobrir, chego quase a ter um orgasmo.
Abraços