Logo após ler o blog do Roberto Pypcak, sobre a trajetória do Noroeste de Bauru, deparei-me com um artigo em flintstones.blogger.com.br na coluna Playground dos Dinossauros, que repasso:
Eu sempre gostei de futebol. Antes até do Brasil conquistar a sua primeira Copa do Mundo. Quando criança, vivia pedindo ao meu pai pra deixar ver os jogos do E.C. Noroeste, de Bauru, que fica na área metropolitana de Duartina… Pra quem não sabe ainda, essa região abrange a grosso modo, uma área que vai de Bauru a Marília… E esses pedidos se tornavam mais veementes quando o meu tricolor vinha jogar. Jogar não, desfilar, em Bauru. Era o tempo do Poy, De Sordi, Mauro – só feras. E todo sao-paulino sabia a escalação do time de cor, que naquela época não mudava por anos.
Num domingo ensolarado, enquanto assistia a um desses jogos entre o Noroeste e o meu São Paulo, de repente notamos uma multidão descendo das gerais e uma fumaceira atrás. Um incêndio havia começado nas gerais. O antigo Estádio Alfredo de Castilho, do Noroeste, era um dos poucos, entre os times da divisão principal, em que as arquibancadas ainda eram de madeira. O fogo estava se alastrando rapidamente. Felizmente era bem longe de onde estávamos. Houve uma correria, os alambrados cairam com a pressão das pessoas que desciam das gerais fugindo do fogo. Uma grande parte dos torcedores invadiram o campo.
Um amigo do meu pai, motorista de praça dos bons, era o adulto que tomava conta da gente nesse dia. Era um sujeito alto, muito calmo e no meio daquela correria ajudou a acalmar as pessoas em volta. Não fiquei sabendo de nenhuma morte nesse incêndio.
Saímos do estádio e fomos direto pro carro dele e rumamos de volta pra Duartina. No meio do caminho, cruzamos com o meu pai que ouvira sobre o incêndio na rádio, e estava a caminho de Bauru todo afobado e preocupado. Só hoje, depois que virei um pai, fui entender o quanto ele devia estar apreensivo. Aliviado por ter nos encontrado, meu pai deu meia volta e seguimos atrás. Em casa, a minha mãe também ficou aliviada e toda sorridente mas disse que eu nunca mais deveria botar os pés num estádio, que coisa mais perigosa onde se viu e coisa e tal. Mas nada de abraços. Japoneses são assim mesmo, não são bons para demonstrar afetos ou sentimentos. E como um bom descendente, sofro do mesmo mal, porém procuro superar isso. Cobri o meu de abraços quando criança e só agora, que ele virou adolescente, é que parei um pouco. Mais por causa dele, que diz não ser mais criancinha …
Quanto ao Noroeste, teve que jogar por um bom tempo no campo do BAC (o time onde Pelé começou a sua carreira) até que o Estádio Ubaldo de Medeiros ficasse pronto em 1960. Um lindo estádio com um desenho arrojado pra época. Depois de alguns anos voltou a ter o nome do antigo estádio. E o jogo em questão, foi retomado quase um mês depois com a vitória sao-paulina por 3×1.
Eu? Depois que cheguei em casa, peguei a minha bola de capotão e saí pra uma pelada na rua com os amigos. Com a camisa do São Paulo, claro.
::: Relembrado por gaijin4ever 3:10 AM