De madrugada, uma passagem contada por Airton Gontow, 47 anos, que é jornalista e cronista.
Estávamos no Sujinho, tradicional reduto da noite paulistana, com a bisteca mais famosa da cidade. Era a noite do jogo do Internacional de Porto Alegre contra o São Paulo, no Morumbi, pela Taça Libertadores. Percebemos alguns colorados, discretos e disfarçados no meio daquele bar lotado de são-paulinos cabisbaixos pela derrota em casa. Lá pelas três da manhã um grupo se aproximou da mesa: “Jamelão, somos gaúchos e teus fãs. Tu podes dar um autógrafo para a gente?” Jamelão olhou fixo para eles e disparou: “só se vocês acertarem qual é a minha musica predileta!”. Cheio de generosidade, deu uma dica: “é do Lupicínio”.
“Nervos de Aço””, exclamou um. “Vingança”, disse outro. “Esses moços, pobres moços, ah se soubessem o que eu sei…”, cantarolou um terceiro. Após mais tentativas, ele finalizou a conversa: “Você erraram, não tem autógrafo”. Deu um leve pontapé em mim por baixo da mesa e começou a cantarolar: “até a pé nós iremos, para o que der e vier, mas o certo é que nós estaremos, com o Grêmio onde o Grêmio estiver”. Os colorados olharam atônitos. Ele abriu um largo sorriso e disse: “sou gremista em Porto Alegre, santista em São Paulo e, principalmente, vascaíno no Rio, mas vocês estão de parabéns pela bela vitória. Para quem dou os autógrafos?” Todos rimos saborosamente…
Este pequeno relato certamente deve ser tratado como curiosidade. Mas julguei oportuno inserir porque quando estava lendo fiquei imaginando qual a música preferida do Jamelão entre tantas do Lupicínio Rodrigues. Quando li ele cantarolar o hino do Grêmio vi que era um final surpresa. Pelo menos para mim.
E quanto aos gauchos, deve estar tudo bem, afinal , os dois grandes de lá foram campeões mundiais e os torcedores do colorado devem até ter achado graça do Jamelão em noite de vitória do Internacional.
Gilberto Maluf