Omar Cardoso errou a previsão sobre quem seria o campeão paulista de 1963

Este artigo estava com título endereçado ao paraguaio Cecílio Martinez , antigo ponta do São Paulo Futebol Clube, que num sábado à noite virou um jogo em cima do Corinthians. Existem jogos que a gente nunca esquece, para alegria ou para tristeza. Mas Cecílio Martinez também induziu, de certa forma, Omar Cardoso ao erro na previsão ao comandar a vitória do São Paulo contra o Palmeiras. Li um relato contado pelo Mario Lopomo, historiador de futebol, no site SãoPaulominhacidade, que vai ilustrar sobremaneira o relato. Vamos a ele:
Nos Estados Unidos, ninguém saía de casa sem olhar o horóscopo. Como tudo que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil, pronto. Foi um tal de aparecer horoscopistas nas emissoras de rádio.
O mais famoso aqui no Brasil era Omar Cardoso. “Bom dia, mas bom dia mesmo!”, era o seu jargão inicial do programa. Muitas cartas ele recebia. A maior parte era de mulheres grávidas, que queriam saber se ia ter um menino ou menina.
Omar Cardoso perguntava: a senhora sabe quando ocorreu a concepção? Dependendo dos meses de gravidez, a senhora sabe o início da concepção.
Outra pergunta comum era: será que o filho(a) será feliz?
Omar Cardoso não perdia tempo, e já ia dizendo: diga a data do nascimento, a hora e se era ano bissexto. Dependendo da lua seu filho ou filha seria assim ou assado, dizia o grande Pitonizo dos anos 1960-70, falecido em 1978. E o povo acreditava piamente. Tinha gente que até brigava em favor do radialista.
Em 1963, por ocasião do Campeonato Paulista de Futebol, a disputa era ferrenha entre Palmeiras e São Paulo. O São Paulo estava na frente do Palmeiras em pontos perdidos, e no último jogo do primeiro turno o São Paulo ganhou por 3×1 numa jornada brilhante de um jogador paraguaio chamado Cecílio Martinez ( olha ele aí ).
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Foi o bastante para que um torcedor mandasse uma carta para Omar Cardoso perguntando quem seria o campeão paulista de 1963. Tinha ainda o segundo turno todo pela frente, e Omar Cardoso disse que não diria o nome, mas ele sabia de antemão quem seria o campeão paulista. “Vou dizer apenas as cores do clube. Meu caro ouvinte: o campeão paulista deste ano tem as cores Vermelha, Preta e Branca.”
O segundo turno começou. O Palmeiras achou que o técnico Geninho não estava bem, o mandou embora e contratou o Silvio Pirilo.
Logo no início do segundo turno em outubro, o Palmeiras goleou a Portuguesa de Desportos por 5×1. Foi a reestréia de Fiori Gigliotti, transmitindo jogos de futebol pea Rádio Bandeirantes. Pedro Luiz e Mario Moraes, estreavam na Rádio Tupi.
O campeonato transcorreu numa luta titânica, e o Palmeiras invicto no segundo turno, foi descontando, até que na penúltima rodada contra o Noroeste de Baurú, no Pacaembu, o Palmeiras se tornou campeão paulista, vencendo o jogo por 3×0. Uma faixa enorme apareceu no gramado: “Os astros não mentem jamais. Mas os verdadeiros astros estão na Sociedade Esportiva Palmeiras”.
Voltando agora somente ao Cecílio Martinez, ele fez parte daquele jogo contra o Santos na fatídica tarde que o Peixe fugiu de campo. Nesta tarde de 15 de agosto de 1963 nós fomos ao Pacaembu para ver o Santos de Pelé e vimos um São Paulo histórico. O ataque tricolor dos 4 x 1 era Faustino, Bene, Sabino, Pagão e Cecílio Martinez. Destes somente o paraguaio está vivo. Como jovem não guarda mágoa, fui com o torcedor santista que não me convidou para ver na TV a final de Botafogo x Flamengo de 1962, último grande jogo do Garrincha. Em 1962 nós estávamos com 11 anos de idade. Para quem não entende, o futebol era o atual video-game.
Mas este paraguaio Cecílio Martinez fez mais uma das suas.
Em 24 de abril de 1965, sábado à noite, com arbitragem de Olten Ayres de Abreu, jogaram Corinthians x São Paulo e eu estava lá. O centro avante Flávio fez 1 x 0 para o Corinthians aos 11 do 1° tempo. Parecia que ia dar Corinthians e aos 35 do segundo tempo saí do estádio para conseguir pegar o ônibus sem tumulto. Indo ao ponto de ônibus seguiam outros torcedores, alguns com rádinho de pilha.
Ouço o barulho de gol aos 39 do segundo tempo….Valter Zum Zum pontadireita do São Paulo empatou o jogo. E aos 41, dois minutos após, outro barulho de gol……Cecílio Matinez.
Para imaginar a minha moral, se passasse um cachorro na minha frente eu ia pedir licença pra ele.
O ponta paraguaio balançou as redes pelo tricolor 17 vezes, segundo o almanaque do São Paulo.
Gilberto Maluf

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