Pelé vestiu a camisa do C.R.Vasco da Gama em 1957

Eu sou de Baurú mas não tenho idade para ter visto Pelé na cidade. A única vez foi quando o negão desfilou na cidade depois da Copa de 1958. Veio visitar os pais e a cidade fez a homenagem. Ao ver Pelé com a camisa do Vasco no site netvasco.com, lembrei-me que Pelé sempre dizia que seu time de coração quando garoto era o Vasco da Gama. Comecei a ler e realmente a matéria é curiosa e resolvi inserir a matéria tirando o lado fanático do torcedor vascaíno .
Pelé, de vez em quando, para agradar uns e outros, declara que tem alguma simpatia por este ou aquele time ou então deixa que lhe atribuam paixões clubísticas de acordo com as circunstâncias.

Como o mundo do futebol dá voltas , lá pelos idos de 1957, Vasco e Santos formaram um combinado para jogar alguns amistosos. Ficou acertado que, nos amistosos jogados no Rio de Janeiro, o combinado atuaria com a camisa do Vasco; nos amistosos em São Paulo, a equipe atuaria com a camisa do Santos. Seria a chance de Pelé vestir a camisa do Vasco pela primeira vez.

No dia 19 de junho de 1957, Pelé entrou em campo no Maracanã para enfrentar o Belenenses de Portugal. O combinado formou com Wagner, Paulinho de Almeida e Bellini; Urubatão, Braune e Ivan; Iedo (Artoff), Álvaro, Pelé, Jair da Rosa Pinto (Waldemar) e Pepe. Um timaço, que goleou o time português por 6 a 1 com 3 gols de Pelé – um deles driblando toda a defesa adversária.
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Três dias depois, no dia 22/06/1957, o Combinado Vasco/Santos novamente iria ao Maracanã para duelar com um time estrangeiro. Desta vez, o Dínamo de Zagreb, da Iugoslávia. O jogo terminou empatado em 1 a 1, com Pelé deixando sua marca. No dia 26 de junho, o Combinado foi a campo mais uma vez, para empatar com o Flamengo também por 1 a 1. Adivinhe que fez o gol? Ele mesmo, Pelé.
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O Combinado partiu para São Paulo e só faria mais um jogo, contra o São Paulo (1 x 1, gol de Pelé novamente). Porém, os cinco gols de Pelé – na época um moleque de 16 anos – com a camisa do Vasco em apenas três jogos chamariam a atenção de Sílvio Pirillo, então técnico da Seleção, que o convocou para um jogo contra a Argentina no Maracanã. O Brasil perdeu por 2 a 1, mas Pelé entrou no segundo tempo e fez o gol de honra da Seleção Brasileira.

A partir daí, Pelé ficou 20 anos envergando as camisas de Santos, Seleção das Forças Armadas, Seleção Paulista, Seleção Brasileira e Cosmos, equipes pelas quais conquistou 59 títulos e marcou mais de 1200 gols. Depois de aposentado, no entanto, Pelé até vestiu outras camisas.
Entre 1957 e 1974, o Vasco enfrentou o Santos com Pelé 20 vezes. Foram 8 vitórias de cada lado e 4 empates. Quatro destas partidas ficaram marcadas para sempre no coração dos vascaínos (nem sempre por terem tido um desfecho favorável ao Vasco):

1- No Torneio Rio-São Paulo de 1959, o Vasco liderava com certa tranqüilidade a competição e só uma derrota para o Santos no último jogo tiraria o bicampeonato de São Januário (o Vasco havia sido campeão em 1958). Pois o Santos, comandando por Pelé, venceu brilhantemente o Vasco por 3 a 0 e ficou com o título. O jogo foi disputado em 17 de maio de 1959.

2- Em 1963, também pelo Torneio Rio-São Paulo, ocorreu um fato que até hoje é lembrado. Vasco e Santos se enfrentavam no Maracanã e o Vasco vencia por 2 a 0. Passamos a palavra a Pelé: “Naquele dia, o Brito e o Fontana (zagueiros do Vasco) me encheram demais. Quando a bola saía, um deles a chutava para mais longe, aproveitando que, naquela época, não havia tantos gandulas. Depois, falavam: ‘É, crioulo, essa não dá mais…’. Só que, quando faltavam 3 minutos pro jogo terminar, fiz um gol, descontando para dois a um. Faltando dois minutos, fiz outro.
Num programa de TV em 1997, o vascaíno Nélson Piquet encontrou Pelé e declarou: “Uma das poucas vezes que eu fui no Maracanã foi nesse jogo, em que estávamos ganhando de 2 a 0 e ele fez dois gols. Nesse dia eu acho que se encontrasse ele na minha frente, matava ele! Mas depois que soube que ele era vascaíno, eu o perdoei”.

3- No dia 19 de novembro de 1969, o mundo literalmente parou para ver a partida em que poderia sair milésimo gol do Rei, justamente contra o… Vasco. O goleiro vascaíno Andrada fechou o gol naquela partida válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, mas, no segundo tempo, Pelé fez, de pênalti, o gol que até hoje é considerado “o gol do século”. Andrada virou “o arqueiro do Rei” e até a segunda viagem do homem à Lua passou despercebida perto de um acontecimento tão grandioso aqui na Terra.

4- Em 14 de outubro de 1973, o Santos veio ao Rio de Janeiro para encarar o Vasco pelo Campeonato Brasileiro. Seria a primeira vez em que o maior ídolo do Santos estaria frente a frente com o futuro maior ídolo do Vasco: Pelé versus Roberto Dinamite. Muitos achavam que Dinamite, aos 19 anos, iria se intimidar diante do Rei, mas não foi isso que se viu: aos 34 minutos de jogo, o lateral vascaíno Paulo César enfiou na medida para Roberto que, ganhando de Carlos Alberto Torres na corrida, emendou para o gol num sem-pulo indefensável. Pelé foi cumprimentar o vascaíno pelo gol e declarou ao fim do jogo: “Este foi o gol mais bonito que eu vi nesse Campeonato Brasileiro. Se esse garoto for bem trabalhado, será um craque”. Proféticas palavras: Roberto Dinamite se tornaria o maior artilheiro da História do Vasco com 700 gols em 1100 jogos.

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