ARTIGO DA SEMANA N° 22/2008 Oreco, o único jogador que foi trocado por um muro!.

Sou o único jogador que foi trocado por um muro!”. Foi com essa surpreendente frase que Oreco explicou, em entrevista para o jornal A Gazeta Esportiva, sua primeira transferência da carreira. De certa forma, o valor pode ser considerado bizarro, visto que no futebol atual as transferências giram em torno dos milhões e nem mesmo os jogadores de clubes pequenos, hoje, deixam de ganhar alguns bons trocados. Contudo, foi assim mesmo, pelo simples preço de um muro, que o jogador saiu do pequeno Internacional de Santa Maria para o xará da capital, o Inter de Porto Alegre.

Conta o jogador que, em 1950, o time da capital foi à sua cidade, Santa Maria, para um amistoso contra o time local de mesmo nome. Após o jogo, o treinador da equipe colorada Alfeu gostou da atuação de um jovem zagueiro, alto e de apenas 18 anos, e resolveu contratá-lo. O valor da transferência? Um muro. “Em troca de meu concurso, o Inter mandou construir um muro ao redor do campo”, explicou o atleta.

Natural desta mesma cidade do interior gaúcho, Waldemar Rodrigues Martins, o Oreco, nasceu em 13 de junho de 1932 e desde pequeno já dava seus primeiros chutes numa bola de meia. Em 1949, após ter se destacado no time da escola, foi contratado pelo time da cidade, o Internacional.

Após a fantástica história da troca por um muro, Oreco defendeu o Internacional por sete anos, de 1950 a 1957. Na época, o zagueiro e lateral-esquerdo foi cinco vezes campeão gaúcho pelo colorado, em 50, 51, 52, 53 e 55. Em 56, ganhou o Pan-Americano, torneio disputado pelo Inter no México, em que a equipe gaúcha representava a seleção brasileira.

Em 1957, destacado após as boas atuações e títulos conquistados no Inter, a Portuguesa de Desportos demonstrou interesse na contratação do zagueiro. Quando a Lusa estava pronta para contratá-lo, tendo até enviado um agente para o sul, o técnico Brandão, do Corinthians, também se interessou em contar com o futebol do jogador e correu para contratá-lo. “Enquanto o diretor da Lusa descia para o Sul com o dinheiro na pasta, Brandão já subia de volta com o passe no bolso”, esclarece.

A partir daí, Oreco manteve as boas atuações e passou a ser ídolo no Corinthians, onde permaneceu por oito anos, de 1957 a 1965. No Timão, Oreco não conquistou nenhum grande título, mas o seu prestígio no clube era tão grande que sua ausência no Mundial de 1962 provocou irados protestos do então presidente corintiano Wadih Helou. Para não dizer que não ganhou nada, o zagueiro participou da conquista do clube do Parque São Jorge na Taça dos Invictos de 57, quando a equipe empatou com o Santos de Pelé e ficou definitivamente com o caneco.

Além disso, a simpatia do jogador com o clube foi tanta que, mesmo após ter encerrado a carreira, não hesitava em declarar que o Corinthians continuava sendo o seu clube do coração e, se voltasse a jogar, teria de ser pelo alvinegro.
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Este jogo foi 2 x 1 para o Noroeste, com gols de Paulinho e Araras para o Noroeste e Flavio para o Corinthians, no estádio Ubaldo de Medeiros, em 26/07/1964.
Neste mesmo ano o Corinthians jogava no Parque São Jorge contra os times pequenos nas quartas-feiras à tarde.
Num desses jogos, o Oreco estava fora de forma e gordo. Eu estava lá e vi! A torcida começou a pegar no pé dele e ele não aguentou. Parou a bola e deu uma bicuda em direção à torcida. O Claudio, quarto-zagueiro gaucho do Corinthians, esperto, caiu no chão, simulando contusão e evitando a expulsão do Oreco por atitude anti-esportiva.
Artigo da Gazeta Esportiva
Foto de Milton Neves
Minha presença no Parque São Jorge nos jogos do Corinthians

4 pensou em “ARTIGO DA SEMANA N° 22/2008 Oreco, o único jogador que foi trocado por um muro!.

  1. Galdino Antonio Ferreira da Silva

    Aqui na Bahia tivemos um fato parecido quando a Catuense trocou um onibus pelo jogador Roberto Nascimento que jogava no Botafogo/Ba em 1981.

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