Carlos Drummond de Andrade, em suas digressões como sempre poéticas e profundas, se refere aos cronistas esportivos como “bem aventurados que insistem em explicar o inexplicável e racionalizar a loucura”. Usaram e usam frases e termos que analisarmos do ponto de vista usual, foge dos padrões rotineiros no mundo da comunicação. Aliás, só fica aceitável falando aos microfones. No dia-a-dia, não só o diálogo simples ou em âmbito familiar soa como um pedantismo ridículo e alvo de gozações. Vamos às frases e os comentários ficam por conta de vocês:
“Cobrou o escanteio de pé trocado” :
“O placar passou em brancas nuvens”:
“O centro-avante tem cheiro de gol”:
“Escanteio de mangas curtas”:
“Público de regular para bom”:
“Empate com sabor de vitória”:
“A bola beijou o travessão”:
“Gol ao apagar das luzes”:
“A bola explodiu na barreira”:
“A bola procura o artilheiro”:
“O gol está amadurecendo”:
“A bola pegou no pé da trave”:
“Público se faz presente”:
“Vitória magra”:
“Chuva de gols”:
“Jogador prata da casa”:
Invariavelmente, para encerrar as jornadas, eles dizem com toda empáfia: “voltaremos numa outra oportunidade, se Deus assim o permitir, deixando carinhosamente o nosso ‘melhor muito obrigado’”. Fica apenas um comentário: Isso quer dizer que algumas vezes foram dados obrigados não muito bons!!!!
Rui Guimarães de Santa Catarina