Um clássico e a história de um torcedor

Em 08 de dezembro de 1983 Corinthians X Palmeiras disputaram uma das semifinais do Paulistão de 1983. No primeiro jogo, a marcação individual de Marcio sobre Sócrates deu certo, garantindo o empate de 1 x 1. Mas na segunda partida, bastou uma jogada individual do Doutor para dar a vitória ao Corinthians. O jogo terminou 1 x 0 para o Corinthians.
Mas vou relatar a epopéia que vivi neste jogo. Eu tinha acabado de vender meu carro e estava esperando o Nelinho, dono da agência , arrumar um bom ” usado ” . Enquanto aguardava ele me emprestou um Dodge Polara, uma verdadeira bicheira para ir ao jogo. E mandou eu ter cuidado com o podrão. Fomos eu e dois amigos pro jogo. Pegamos um trânsito terrível, o Dodginho começou a rajar o motor, pensei que não iria conseguir chegar no Morumbi. Para quem não é de São Paulo, ir ao Morumbi no começo da noite de um dia de semana é problemático.
Chegando no estádio, compramos numeradas superiores. Aí um dos amigos resolveu pular o muro e ir para as cativas. E me chamou……vêm que tá mole. Quando eu estava em cima do muro, literalmente, um tenente da PM estava passando e gritou: Desce! Do lado de dentro meu amigo falou: Pula! Que dúvida cruel. O tenente falou: se você pular para dentro vou te buscar. Desci , vai fazer o que. O tenente dobrou meu braço como se eu fosse um marginal e me botou pra fora do estádio, pelas rampas do setor 5 das numeradas. Mas o pior é que eu chamava ele de “ seu guarda “ .
E tem mais: a minha jaqueta com a chave do podrão estava com o meu “ mui amigo “ que estava rolando no chão de rir.
E não tinha mais ingresso….comecei a ficar desesperado. Aí eu vi um guarda que presenciou tudo e falei para ele: Chamei-o de Tenente e disse: – o senhor viu o que fizeram comigo, minha chave tá lá dentro, minha jaqueta, eu tenho que entrar, por favor.
O guarda olhou pra mim e viu que eu não era marginal e me deixou entrar.
Foi um sufoco.
Mas passado tudo isso, depois do jogo, peguei o carro pra voltar e o motor parecia uma britadeira. Quando fui devolver, o dono da agência falou que eu tinha estourado o motor dele. Pode? Mas eu acho que tive um pouco de culpa, porque acendeu a luz verde do motor. Acho que era falta de óleo ou a cebolinha não estava funcionando . A luz verde acendeu na avenida Cidade Jardim totalmente parada pelo trânsito. Se eu fosse deixar aquela bicheira ali naquela hora, iam me prender. Ninguém iria chegar no estádio.
Esta é mais uma das situações que creio todos vivemos um pouco no futebol.
Gilberto Maluf
ET: Se o carro não fosse uma bicheira, certamente pararia quando acendeu a luz verde.
ET: O “ mui amigo “ era um palmeirense . O outro, um amigo corintiano, que também riu do episódio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *