Recifense de Santo Amaro, Zequinha defendia na adolescência o Combinado da Vila. Na equipe, também jogavam alguns boleiros veteranos, entre eles Valdomiro Silva, treinador das divisões inferiores do Santa. Em 1956, ao ver o garoto se destacando entre os veteranos, Valdô, como era conhecido entre os tricolores, levou-o para o Arruda. A torcida já lotava o acanhado alçapão da Rua das Moças para ver o novo ídolo do Santa, o goleiro Barbosa.
Oto Vieira, treinador do clube à época, pediu a Valdomiro que indicasse um jogador da equipe de aspirantes para treinar entre os profissionais. E Zequinha foi o escolhido. Entrou no segundo tempo na equipe reserva e tomou conta do treino, chamando a atenção da torcida. Os suplentes perdiam por 2×1, mas o jovem talento acabou empatando o placar, num chute de fora da área, uma de suas principais características.
“Quando me chamaram para treinar entre os profissionais, fiquei meio receoso, mas depois entrei e fiz o gol em Miro. Acabei me soltando. No final, só ouvia os comentários dos torcedores, que foram ao Arruda para ver Barbosa e acabaram tendo uma grata surpresa com a minha atuação. E Barbosa acabou não treinando naquele dia”, recorda, saudoso, Zequinha, que reside em Olinda, nas proximidades do Centro de Convenções.
O eterno ídolo tricolor afirma que não esperava ser profissional, mas o fato acabou se concretizando em 56 quando assinou seu primeiro contrato. Àquela altura, já havia defendido a seleção pernambucana de aspirantes em algumas oportunidades.
“Ele era um jogador de muita técnica, hábil com a bola dominada e que levava o time para o ataque”, descreve o ex-presidente do Santa Cruz Rodolfo Aguiar. Para ele, o supercampeonato de 57 foi o mais importante título da história do Santa Cruz.
O PRIMEIRO SUPER – Em 1957, Zequinha ganharia seu primeiro e único título pelo Santa Cruz, pois, com tanto talento, logo despertaria a cobiça dos clubes do Sul. A conquista do supercampeonato estadual marcou bastante sua carreira e até hoje ele sabe de cor a escalação: Aníbal, Diogo e Sidnei, Zequinha, Aldemar e Edinho, Lanzoninho, Rudimar, Faustino, Mituca e Jorginho.
Após o título, as propostas para comprar o passe do promissor volante tricolor começaram a surgir. O Fluminense, do Rio, chegou a tentar levá-lo, mas não houve acordo financeiro. Zequinha acabou ficando no Arruda até que num fim de tarde do ano de 58, um senhor aproximou-se dele após um treino e foi incisivo: “Você já está pronto para viajar?” Era Oswaldo Brandão, treinador do Palmeiras, que preparava a formação da “Academia”, time que brilhou no final dos anos 50 e na década de 60, cuja escalação Zequinha também sabe na ponta da língua: Valdir, Djalma Santos, Valdemar Carabina (ex-técnico de Santa Cruz, Náutico e Central), Zequinha, Aldemar e Geraldo Scotto, Julinho, Américo, Nardo, Chinezinho, Geo (Romeiro).
O primeiro título histórico daquele timão do Palmeiras foi conquistado em cima do Santos, de Pelé, Pepe e Zito, entre outros. Na decisão paulista de 59, um supercampeonato, a decisão ocorreu numa série de três jogos. “Na primeira partida, houve empate por 1×1. Pelé marcou para o Santos e eu fiz o gol do Palmeiras. No segundo jogo, outro empate, dessa vez 2×2. No terceiro jogo, vencemos por 2×1 e eu sofri a falta que deu origem ao segundo gol”, relembra.
Logo Zequinha virou ídolo em São Paulo e era bastante solicitado para as entrevistas. Jornalistas em início de carreira na crônica esportiva, como Joelmir Beting (hoje especialista em jornalismo econômico) e Benedito Rui Barbosa (autor de novelas da Rede Globo) assinavam matérias especiais com o craque pernambucano para os jornais paulistas.
Zequinha, já em fim de carreira, formou uma excelente dupla de meio-de-campo com o jovem Ademir da Guia, que mais tarde seria conhecido como o Divino. Filho de outro craque, Domingos da Guia, Ademir foi um dos mais clássicos jogadores de sua geração.
Além de Santa e Palmeiras, Zequinha, defendeu Atlético Paranaense e Náutico. Pela seleção brasileira, fez 17 partidas.
Fonte: Arquibancada, esporte compaixão e história