Ardiles – o Revolucionário

Quando o argentino Osvaldo Ardiles se transferiu para o futebol inglês se tornou ídolo do Tottenham Hotspurs. De seus pés saíram os lances mais inteligentes, alguns deles resultando em vitórias memoráveis. Graças a isso, seu clube chegou a novos títulos e passou a atrair, em média 40 mil torcedores por partida. Ídolo e craque respeitado, era tido como o jogador intelectualmente mais bem dotado do futebol inglês. Ardiles acabou vivendo um drama tão inesperado quanto intenso pouco antes de viajar para Buenos Ayres, onde se apresentou para a seleção argentina. Tudo isso porque a Argentina decidiu resolver à força sua centenária discussão com a Inglaterra pela posse das Ilhas Malvinas. A invasão do arquipélago deflagrou uma séria crise internacional e tornou insuportável a vida dos argentinos e ingleses. Nesse clima de guerra, Ardiles jogou sua partida de despedida do Tottenham, contra o Leicester, na cidade de Birmingham. Embora apoiado e prestigiado por seus companheiros de equipe e o presidente do clube, Ardiles estava tenso. Não era exatamente desta forma que ele havia planejado sua despedida do futebol inglês.

Quando Cesar Menotti convocou Ardiles para a seleção argentina que disputaria a Copa do Mundo de 1978 o colocou como titular, ele se impôs graças ao seu futebol clássico, fino e de um vasto repertório que inclui, entre outras coisas, o jeito lépido de evitar as entradas violentas dos adversários.

O homem é um animal capaz de adaptar-se a qualquer ambiente. Na Inglaterra o meio é estranho, mas qualquer jogador pode ser bem sucedido, desde que seja um bom profissional. Jogadores ingleses são mais responsáveis e disciplinados do que os sul-americanos. Quase não há concentração, a temporada é dura, mas existe mais tempo para a família do que no futebol argentino, onde o regime de concentração é muito mais intenso. Ardiles aprendeu muito no futebol inglês. Quando deixou o futebol, era economicamente, um homem independente.
Revista Placar

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