Os ” canhões ” do futebol

Comecei a ver futebol nos estádios em 1962. Tento colocar neste texto
somente o que veu vi
dos jogadores que batiam forte na bola, tendo como prelúdio o ano de 1962.
Como contribuição externa uma história que li e um relato de um amigo.
Naquela época, quem batia forte e enviezado era o Pepe do Santos. Tive o
privilégio de estar atrás do gol dos portões monumentais do Pacaembu num
jogo Corinthians x Santos nos anos 60. Teve uma falta na meia-lua da grande
área.
Fez-se silêncio no Pacaembu,
naquela época a torcida do Santos ainda era pequena, e o medo era todo da
torcida corinthiana,
pois Pepe iria bater. Quando ele bateu a falta, a bola fez uma curva
fantástica e
bateu no travessão. Deu para ouvir o barulho da bola chocando-se com a
trave. Foi a única vez que ouvi o barulho de uma bola na trave. Que paulada.
Contou-me um amigo que no Maracanã transcorria o jogo (match) Vasco x
Santos e o
juiz marca falta (antigamente “foul”) contra o
Vasco., isto no primeiro tempo ( ou no primeiro half-time).
A marcação da falta? Um pouco além do meio de campo.
Pepe sai correndo da ponta esquerda e pede para bater. Pois bem, Pepe
correu e bateu tão forte que até hoje o goleiro procura a bola.
Pepe fez mais de 400 gols. Um portento. Sem contar que a decisão com o Milan
em 1963 ele praticamente ganhou o segundo jogo para o Santos no Maracanã
com duas fantásticas cobranças de falta.
Lembro-me de ter lido também de Quarentinha, centroavante do Botafogo, e de
uma história
com o Didi num jogo Botafogo x Fluminense. Falta na meia-lua e Didi foi
arrumar a bola
par bater. Castilho, goleiro do Fluminense, disse que não queria barreira,
pois conhecia o jeito de Didi bater por cima da barreira. Didi tomou pouca
distância da bola e falou para o Quarentinha: Eu finjo que bato, saio e
você manda a bomba, que está sem barreira. Quarenta veio e mandou bomba e
quase arrancou uma orelha do Castilho. Gol.
Teve um jogador do Botafogo de Ribeirão Preto, o Carlucci, que era um
verdadeiro animal
pra bater falta. Num jogo no Parque São Jorge contra o Corinthians ele fez
um gol da altura do meio de campo, derivado para a lateral e foi o gol da
vitória do Botafogo. Carlucci era famoso no interior de São Paulo.
Mais para a frente surgiu aquele que considero um fantástico cobrador de
falta: Nelinho do Cruzeiro. A bola que ele mandava desafiava a lei
da física, fazia que ia para um lado e acabava no outro lado. Certa vez, do
bico da grande área, quase sem ângulo fez um gol com uma trajetória quase
impossivel. O melhor que vi.
O Neto também foi ótimo , mandava verdadeiros ‘scuds’ para o gol
adversário. Do Paraná veio nos anos 90 o Gralak, que em termos de violência
acho que não perdia para ninguem. Mas não tinha boa pontaria, mas quando
acertava, um abraço.
Não posso deixar de lembrar de Rivelino, também sensacional, Ademar
Pantera, Jorge Mendonça,
Branco, Roberto Carlos, Eder, entre tantos outros.
Gilberto Maluf

5 pensou em “Os ” canhões ” do futebol

  1. Marcos Galves

    Em 1962 Jair Rosa Pinto entrava no ocaso de sua brilhante carreira mas foi um dos grandes chutadores do futebol brasileiro, daí o alcunha de “Coice de Mula”. Outro um pouco antes mas contemporâneo de Jair foi o Perácio. Na década de 30 o zagueiro Pedro Grané tinha o apelido de Canhão 402.

  2. Alexandre Martins

    EDER ALEIXO TAMBÉM MANDAVA SUAS BOMBAS.LEMBRO QUE NA SEMIFINAL DO CAMPEONATO PAULISTA DE 1986 ENTRE CORINTHIANS E PALMEIRAS;EDER FEZ UM GOL OLÍMPICO.BATEU O ESCANTEIO DA PONTA DIREITA E A BOLA ENCOBRIU O GRANDE GOLEIRO CARLOS.
    UM CHUTE PODEROSO,MUITO FORTE,COM UMA PONTARIA PRECISA.
    O GRALAK,CITADO POR VOCÊ,UMA VEZ FEZ UM GOLAÇO NO ZETTI.O SÃO PAULO VENCIA O CORINTHIANS,QUANDO FOI MARCADA UMA FALTA RELATIVAMNETE DISTIANTE DO GOL TRICOLOR.GRALAK PEGOU A BOLA E DISPAROU UM CHUTE CERTEIRO.A BOLA ESTUFOU AS MALHAS DO SÃO PAULO,BEM NO ÂNGULO SUPERIOR ESQUERDO DO GOL DEFENDIDO POR ZETTI.

  3. Gilberto Maluf

    Muito interessante a lembrança dos dois pontas do América, o Nilo e o Eduardo. O Nilo veio para O Palmeiras junto com o Djalma Dias e o Eduardo para o Corinthians. E eram jogadores de técnica apurada. Vi muitos jogos do Eduardo. Ele participou da quebra do tabu contra o Santos.
    Não me lembrava mais do Alemão. O Orlando dava umas pauladas da lateral.
    Valeu.

  4. Walter Iris

    Além dos “canhões” acima citado, lembro dos seguintes:
    Nilo – ponta esquerda do América, no final da década de 50 e até meados da década de 60 – Tinha um tremendo chute. Quem sofria com ele era o goleiro Manga, do Botafogo. Lembro-me de um América x Botafogo. Falta na intermediária, o Manga não quis barreira e foi buscar a bola dentro do gol. O Manga ficou revoltado com o gol tomado, que esmurrava de raiva a bola.
    Alemão – zagueiro-central do América na década de 70. Irmão do goleiro Manga. Diziam que o Manga agarrava muito porque treinava com o Alemão, que chutava tijolos para o Manga defender. O chute do Alemão era tão forte que, em um jogo América x Flamengo, o falecido Almir “Pernambuquinho” teve a idéia de fazer também uma barreira atrás da bola, para impedir que o Alemão não ganhasse velocidade ao chutar a bola. De nada adiantava esse expediente. Ninguém me contou, eu assisti. Durante um Torneio Início, que quando terminava empatado, um jogador de cada time era escalado para bater 3 pênaltis cada, o Alemão bateu um pênalti com tamanha violência no travessão, que a bola voltou e caiu quase no meio de campo do Maracanã.
    Orlando Lelé – lateral-direito – Santos, América e Vasco.
    Eduardo – ponta esquerda – América e Corinthians – Esse com certeza foi um dos maiores batedores da falta que vi. Pena que tenha morrido em 1969, em um acidente automobilístico, juntamente com o lateral Lidu. Dificilmente a batia faltas para fora. Era gol, batia na trave ou o goleiro defendia. Era meu amigo de infância e o seu chute forte tinha um segredo. Ele treinava em casa, chutando bola de basquete.
    O maior de todos para mim foi o Nelinho. Não tinha distância ou posição. Batia faltas bem de qualquer lugar.

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