O primeiro parceiro de Pelé

Resolvi procurar algo sobre o primeiro parceiro de Pelé, o craque Pagão. Vi alguns jogos dele antes da chegada do Coutinho . Dois fatos memoráveis do Santos Futebol Clube eu acompanhei mesmo sendo corintiano. Um deles quando Pelé substituiu o goleiro machucado e ainda defendeu um pênalti. O outro fato aconteceu em 14 de agosto de 1963, o famoso jogo do cai cai e eu também estava no Pacaembu. A torcida do Santos na capital era pequena naquela época e agente ia para ver o Pelé jogar.
Interessante reparar no estribilho final da música que Chico Buarque fez para Pagão
Segue abaixo texto de Viviane Cordeiro Domingos da Silva jornalista, pesquisadora da história do Santos e santista apaixonada.

Paulo César Araújo pode existir muitos, mas Pagão só existiu um. Adepto do futebol-arte, este centroavante foi um dos maiores futebolistas do Brasil na década de 50, ao lado de outros grandes jogadores como Pelé e Pepe.

Rapaz franzino e com o toque de bola refinado, ficou conhecido pelos torcedores adversários como “Canela de vidro”, pois sofria muito com os choques dos zagueiros.

Pagão iniciou sua carreira no Jabaquara Atlético Clube, levado pelo Papa, um descobridor de talentos na cidade de Santos. Depois, passou pela Portuguesa Santista, indo para o Santos no ano de 1955, saindo da Vila Belmiro em 1963 e retornando em 1965. Neste mesmo período teve uma passagem pelo São Paulo, onde deu continuidade ao sucesso que conquistara no time da baixada santista.
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Dono da camisa nove, Pagão conquistou inúmeros títulos no Santos: Campeão Paulista em 1955, 56, 58, 60, 61 e 62; Campeão Brasileiro (Taça Brasil) em 1961 e 62; Campeão Sul-Americano (Taça Libertadores) em 1962 e Campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1959. Com 59 partidas disputadas em 1957, Pagão foi o artilheiro do time, com 34 gols. Já no ano seguinte, o atacante balançou 33 vezes as redes adversárias, sendo o terceiro jogador mais assíduo do Santos, e está dentre os 10 primeiros artilheiros da história do Peixe.

Como ele próprio afirmava, gostava de jogar fora da área. Não ficava estático na frente do ataque – armava e preparava as jogadas, que quase sempre resultava em gol, ou dele, ou do Pelé. Pagão foi o primeiro grande parceiro de Pelé, e sempre servia o Rei praticamente na cara do gol.

Todos estes frutos lhe renderam um admirador digno de ser admirado por toda a nação, o cantor e compositor Chico Buarque de Holanda. Para ele, Pagão é o seu maior ídolo. A paixão era tão grande que Chico, ainda menino e sem dinheiro, ia aos jogos do Santos, no Pacaembu, e ficava esperando a abertura dos portões, após o intervalo, só para ver as incríveis jogadas de Pagão. Até declarou sua admiração pelo jogador em seu DVD Chico Buarque – O Futebol, em sua canção intitulada Futebol.

Após vitórias e conquistas, Pagão teve um fim um tanto desagradável. O jogador, de belos passes, de leveza a cada toque na bola, veio a falecer por falência do fígado em 4 de Abril de 1991, aos 56 anos.

Letra da música escrita por Chico Buarque de Holanda – Futebol

Para estufar esse filó
Como eu sonhei

Se eu fosse o Rei
Para tirar efeito igual
Ao jogador
Qual
Compositor
Para aplicar uma firula exata
Que pintor
Para emplacar em que pinacoteca, nega
Pintura mais fundamental
Que um chute a gol
Com precisão
De flecha e folha seca

Parafusar algum João
Na lateral
Não
Quando é fatal
Para avisar a finta enfim
Quando não é
Sim
No contrapé
Para avançar na vaga geometria
O corredor
Na paralela do impossível, minha nega
No sentimento diagonal
Do homem-gol
Rasgando o chão
E costurando a linha

Parábola do homem comum
Roçando o céu
Um
Senhor chapéu
Para delírio das gerais
No coliseu
Mas
Que rei sou eu
Para anular a natural catimba
Do cantor
Paralisando esta canção capenga, nega
Para captar o visual
De um chute a gol
E a emoção
Da idéia quando ginga

(Para Mané para Didi para Mané para Didi para Mané para
Didi para Pagão para Pelé e Canhoteiro).

Viviane Cordeiro Domingos da Silva é jornalista, pesquisadora da história do Santos e santista apaixonada

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