Histórias paulistas de assistir o Vídeo Tape do jogo sem saber o resultado.

Assunto: Res: Tape sem saber o resultado

No estado de São Paulo, no final dos anos 60, assistíamos aos tapes dos jogos de quarta-feira à noite logo após o apito final do juiz. Era tempo de chegar da escola e sentar na sala, sem saber o resultado.
Como nos anos 60 não tínhamos jogos televisionados ao vivo como temos hoje à larga, à fartar, reporto-me àqueles tempos. Tem gente que antigamente prefiria ver os Tapes sem saber os resultados.

Será que o sofrimento era menor? Partindo da premissa que um bom torcedor só gosta de seu time e não tem qualquer simpatia por nenhum outro, ou quanto muito uma leve simpatia por outro, haverá sempre em campo pelo menos um time que o torcedor não goste ou outro que simplesmente abomine.
Naqueles tempos, mesmo vendo tapes de outros times sem saber o resultado, a gente sempre tomava partido de um time.
Certo ou errado? Acho que na maioria das vezes era assim.
A rivalidade sem dúvida é maior dentro do estado onde está o time do seu coração.
Depois vem a rivalidade interestadual, Rio x São Paulo, Rio Grande do Sul x Minas Gerais e assim por adiante.
Antes de entrar mais uma vez neste assunto, imaginem um pênalti para o seu time do coração já entrando madrugada afora, como era costume. E o gol saia e você pulando de alegria à 1h da manhã que nem um bobo na sala.

Mandei minha história, coforme segue, de ver o tape sem saber o resultado no site sãopaulominha cidade, e recebi algumas histórias divertidas e reais.

Antes lembrando que Alexandre Santos era o apresentador e narrador. Quando saía o gol, ouvíamos a vinheta: O melhor futebol do mundo nº. 13 (TV Bandeirantes).

Às vezes a gente ficava vendo o tape na esperança de que o nosso time fosse ganhar o jogo. Uma noite, meu irmão chegou mais tarde e deu uma dica indesejada: “Se eu fosse você não assistia este tape”. Pronto, com certeza o time tinha perdido, e desliguei a TV.
Mas como tem sacanagem em tudo, tenho um amigo corinthiano que sofria nas mãos do irmão palmeirense, pois na época o Palmeiras sempre levava vantagem. Eles também assistiam aos tapes sem saber o resultado. Meu amigo corinthiano aprontou uma boa pra cima do irmão palmeirense. O palmeirense estava vendo o tape do Palmeiras sem saber o resultado, quando chegou o irmão corinthiano:
– Quer saber o resultado?
– Não, não me fale que quero ver o jogo todo.
– Tá bom. Mas que time largo o Palmeiras, como dá sorte, não?
Ah, o palmeirense ficou todo animado vendo o tape.
A coisa foi indo, o adversário faz 1 x 0. Que é 1 x 0 quando se sabe que o time vai ganhar, pensou o palmeirense. Pra encurtar, 40 minutos do segundo tempo, o cara já estava um pouco preocupado, mas confiante numa virada histórica de 2 x 1. 45 minutos do segundo tempo, ele finalmente percebeu que entrou numa roubada, e suas orelhas devem ter ficado do tamanho da de um asno.

Respostas à minha história

Em 1967, jogavam Palmeiras x Corinthians, numa quarta feira à noite. eu estava na TV Excelsior e o reporter Rubens, (não me lembro o sobrenome)estava chegando do Pacaembu depois de gravar o teipe. Perguntei quanto tinha sido o resultado, e ele sabendo que eu era palmeirense, me mandou ver o Tape. Quando cheguei em casa já estava no segundo tempo 1×1, e o Peirão de Castro narrando. Faltando poucos minutos o Cesar Maluco marcou o segundo gol.Foi um alivio. Mario Lopomo

Eu, palmeirense, também gostava de assistir aos tapes sem saber o resultado, só que para isso eu tinha que me trancar no quarto e ficar ouvindo música bem alto, pois o meu pai era um tremendo de um espírito de porco. Ele ouvia o jogo no radinho de pilha e ficava andando pela casa. Às vezes ele se aproximava da porta do meu quarto e só a música não bastava, eu tinha que tapar os ouvidos. Terminado o jogo, ele ia dormir. Aí então eu ia para a sala aguardar o tape. O problema é que às vezes ele retornava à sala e ficava falando o que não devia. Quando ele ficou viúvo e foi morar com a minha irmã, meu cunhado, corinthiano como ele, passou pelo mesmo problema. Meu pai chegava na sala, sabendo que o genro não queria saber o resultado e saia-se com essas: ” Fulano fez o gol e foi expulso” ou ” O Corínthians não tem jeito mesmo”. Ficava dando pistas sobre o andamento do jogo. Êta velho ranheta aquele seu Osvaldo! Tony Silva

Eu fazia o mesmo, só que trancava a porta do quarto e ninguem entrava. O reporter que o Mario se referia erao corintiano Rubens Pecce da Gazeta, que junto com meu amigo Candido Guilherme Andreatta [Candinho]”bicão de campo”, formávamos o trio das noites Paulistanas. Ailton Joubert

Uma vez fiz isto. Aos 30 do segundo tempo, o meu S.Paulo perdia por 1×0 e já havia chutado três bolas na trave do adversário(Porruguesa), e perdido um penalti. Aí, não resisti e liguei o rádio quando as estações já havia saído do ar…Esperei então naTV o tempo restante e ví o S.Paulo virar o jogo em 5 minutos. Era legal esta prática , mais as vezes, fazia-nos sofrer. Um abraço !. Sua mensagem foi interessante . Valeu ! Francisco Lemmi Filho

3 pensou em “Histórias paulistas de assistir o Vídeo Tape do jogo sem saber o resultado.

  1. Walter Iris

    Tinha essa mania. Numa ocasião, resolvi esperar o video-tape, que passaria na extinta TV Rio, de um amistoso da Seleção Brasileira no Maracanã. Sabia que antes do tape tinha um jornal. Pouco antes do início do tape, sintonizei na TV Rio e o locutor do jornal deu a última notícia: TERMINOU O MARACANÃ, BRASIL 0-0 SELEÇÃO (NÃO LEMBRO O NOME). Nunca mais assisti um tape sem saber o resultado.

  2. Andre Martins

    putz essa sim é uma verdade verdadeira,,rsrsrsr…eu tenho essa mania de ver o video tape do jogo,até pq não consigo ver um jogo,fico nervoso ainda mais quando meu time leva o primeiro logo no começo da partida..dai torço no video tape..bem normal eu sou,diria!!…rsrsrsr

  3. Rodolfo Kussarev

    Já que estamos falando de um paixão e um pouco de loucura, vou contar as minhas. Eu não conseguia ver o tape porque pra mim, ficava a impressão que, por mais que me esforçasse, como o jogo já tinha ocorrido, minha “torcida” não valeria de nada :-). Ao contrário do meu pai, que fazia isso religiosamente e não permitia que eu cortassse o seu barato.

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